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3 DOMÍNIO METODOLÓGICO

3.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO

Um modelo é a representação de algum aspecto da vida real que contribua com o entendimento das diferentes facetas ao oferecer "uma maneira diferente de se pensar sobre algo" (PRETI, 2010, p. 53). Santaella (2010, p. 31) define modelo como uma "uma abstração formal e, como tal, passível de ser manipulada, transformada e recomposta em combinações infinitas”. Os modelos são construídos por meio da interseção da intuição e da razão e submetidos à prova da experiência, podendo ser corrigidos conforme necessidade de modo a contribuir com a explicação de uma dada realidade (BUNGE, 2013).

Segundo Bunge (2013), os modelos podem ser classificados como físicos, matemáticos e/ou conceituais. O tipo de modelo mais adequado é definido de acordo com o objetivo do investigador. Para o autor, o tipo de conhecimento que se está buscando - superficial (descrição e previsão de conduta) ou aprofundado (previsão de efeitos desconhecidos) - influencia a construção de objetos-modelos e, posteriormente, a de um modelo teórico.

Bunge (2013) destaca que o modelo conceitual é um sistema hipotético-dedutivo construído a partir das ciências teóricas. O mesmo autor (2006) define conceito como sendo uma ideia simples com significado que é simbolizada por um termo. Já teoria é um "sistema hipotético-dedutivo, isto é, um sistema composto de assunções e consequências lógicas" (BUNGE, 2006, p. 381). Em outras palavras, a teoria não é uma única proposição, mas "um conjunto infinito de

proposições" que emergem de hipótese explanatória (BUNGE, 2006, p. 381).

Diante do exposto, o modelo de DE como processo de gestão da elaboração de MCs foi definido como um modelo teórico-conceitual baseado em duas dimensões teóricas definidas:

 gestão do conhecimento, com definição de fluxos e etapas envolvidos na produção das MCs. Também foram estabelecidas as competências profissionais necessárias para a elaboração das MCs, de acordo com os processos definidos, e as tecnologias que podem servir de suporte para conduzir, acompanhar e avaliar o projeto em execução;

 gestão de projetos, agrupada com base em dez áreas do conhecimento: gerenciamento da integração, gerenciamento do escopo, gerenciamento do tempo, gerenciamento do custo, gerenciamento da qualidade, gerenciamento dos recursos humanos, gerenciamento das comunicações, gerenciamento dos riscos, gerenciamento das aquisições e gerenciamento das partes interessadas.

Estas bases conceituais foram concatenadas com pressupostos de DE e MC - constructos teóricos desta tese. Com esta idealização, teve-se a pretensão de dar uma imagem simbólica do real. A proposição do modelo elaborado foi organizada em cinco etapas: exploratória, descritiva, prática, análise e resultado.

3.4.1 Etapa 1 – Exploratória

Fase inicial da pesquisa (domínio conceitual) na qual teve-se o intuito de buscar maior familiaridade com o tema DE como processo de gestão. Nesta fase, identificou-se dois conceitos de gestão que convergem com a proposição de um modelo de DE para EaD, a saber: gestão de projetos e gestão do conhecimento. Além disto, reconheceu-se ainda o material didático como uma MC, considerando-se os conceitos que postulam suas características e sua funcionalidade na EaD. Esta etapa se consolidou na construção do capítulo 2 desta tese.

3.4.2 Etapa 2 – Descritiva

Fase de identificação, a partir da empiria, dos processos, das pessoas e das tecnologias presentes no processo de produção de MCs na EaD. Para isto, utilizou-se de um benchmarking com 12 instituições dos segmentos privado e público, prestadores de serviço, instituições de ensino, fundações comunitárias e autarquias, descrito no item 5.2 desta tese.

3.4.3 Etapa 3 – Prática

Fase relacionada à elaboração do objeto-modelo de DE como processo de gestão da elaboração de MCs, a partir da relação com DE, GC e GP, para verificação em pares pelos especialistas. Logo, concomitantemente à elaboração deste objeto-modelo, foi construído o Painel Delphi por meio da organização de assertivas elaboradas a partir de pressupostos definidos com a intersecção dos constructos considerados. O Painel Delphi foi elaborado com o uso da ferramenta 5W2H, um artefato de gestão que, por meio de sete perguntas42, busca orientar o desenvolvimento e o controle das tarefas envolvidas em um determinado projeto. A convergência do Painel Delphi com a ferramenta 5W2H deu origem ao formulário on-line que foi aplicado aos especialistas. Esta etapa está descrita no item 4 desta pesquisa.

3.4.4 Etapa 4 – Análise

Fase de consolidação das respostas dos especialistas, obtidas em uma rodada, para verificar, entre os pares, a aplicabilidade das assertivas e, assim, compor o modelo de DE. Com base nas contribuições apresentadas pelos especialistas, foram analisados outros aspectos previstos ou não para o modelo. Inferências da pesquisadora também foram consideradas, para que se pudesse proporcionar maior

42 A ferramenta de gestão 5W2H considera sete questões, a saber: What? Why? Who? Where? When? How? How much?

aplicabilidade à proposição. A descrição desta etapa está contemplada no item 6 desta pesquisa.

3.4.5 Etapa 5 – Resultado

Fase que teve por objetivo a proposição do modelo de DE como processo de gestão de elaboração de MCs para EaD, com a publicação da proposta e as considerações finais desta pesquisa de doutorado. Estas descrições estão apresentadas nos capítulos 6 e 7 respectivamente.

As cinco etapas anteriormente descritas ocorreram sequencial e integradamente, como mostra a Figura 14.

Figura 14 – Fluxo de construção do modelo de DE como processo de gestão da elaboração de MCs

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Para atingir o objetivo geral e os objetivos específicos desta tese de doutorado, cinco etapas distintas foram selecionadas pela autora para a elaboração do modelo de DE, a fim de que uma equipe

multidisciplinar e gestores da área possam elaborar, a partir do escopo do projeto, MCs que potencializem a aprendizagem. A estrutura didática proposta para a elaboração das MCs parte da visão sociointeracionista, defendida por Vygotsky, e foi corroborada pelas 18 diretrizes de material didático definidas por Silva (2013). Para dar apoio e gestionar o processo de elaboração de MCs com o objetivo de assegurar o cumprimento do prazo, do custo e da qualidade previstos, trabalhou-se com conceito de GP. Por esta ser uma atividade intensiva em conhecimento, adotou-se a intersecção do conceito com GC. Além disto, considerou-se que o DE é o elemento central do processo de produção de MCs, portanto, de atuação macrogerencial.