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Capítulo III – Procedimentos de Investigação

3.2. Construindo o caminho para a interpretação do que é perguntado

O te rmo te ma tiz a r é formado pe la raiz te ma, ou s e ja, assunto, idé ia, algo sobre o que disse rtar, e pe lo sufixo iz ar que indica uma prátic a; indica o at o de subme te r a uma ação ou t rat ame nt o o proce sso de notado pe la raiz . As sim, te ma tiz ar que r diz e r pôr de forma e stabe le cida, localizad a um assunto ou tópico sobre o qual se vai discurs ar, disse rtar ou fal ar se riame nte ” (Martins & Bicudo, 1989, p . 76).

O modo como a pergunta é formulada revela a intenção do pesquisador. O cuidado que temos ao elaborá-la é para que ela dê liberdade de o sujeito entrevistado expor o sentido que os diagramas têm para ele, ou seja, a intenção é que o sujeito possa se sentir livre para relatar como ele percebe os diagramas nas atividades de ensino, pesquisa ou estudo de matemática, exemplificando sua vivência com os diagramas e relatar fatos que considera importante.

Gravamos as entrevistas concedidas pelos sujeitos, com sua anuência, e transcrevemos as fitas. A partir das transcrições, iniciamos uma organização dos dados para que fosse possível fazer a análise e interpretação das suas falas. Começamos por descrever os dados obtidos nas entrevistas.

A descrição é um momento que exige do pesquisador um rigor metodológico pois, segundo Bicudo (2000), a descrição, como trabalhada na investigação fenomenológica, é um relato do percebido pelo sujeito e, como tal, não admite, por parte do pesquisador, julgamentos ou avaliações.

Ou seja, fazemos a leitura das transcrições, tantas vezes quantas forem necessárias para que a linguagem do sujeito faça sentido ao pesquisador, que é orientado por sua interrogação. Sua interrogação é, segundo Martins35, o ponto principal na pesquisa, já que é ela que indica a trajetória, orienta os

procedimentos, define os sujeitos e aponta a direção das análises de dados na sua interpretação.

As leituras que são feitas na fase inicial, atentas ao sentido do todo, também nos orientam num próximo passo: delimitar, nas descrições, as “unidades de significado”. Essa delimitação se faz necessária porque, “não se pode analisar todo o texto simultaneamente, então temos que quebrá-lo em unidades manejáveis” (Giorgi, 1985, p. 11. Tradução livre36), que serão analisadas individualmente.

Destacadas as unidades de significados, o pesquisador busca por invariantes ou pelo que é característico em cada descrição. Estamos, nesse movimento, envolvidos com a redução fenomenológica que nos encaminha para invariantes cada vez mais abrangentes, para o que denominamos, também, as categorias abertas.

As categorias abertas são interpretadas pelo pesquisador num movimento de reflexão que procura transcender as descrições. Essa reflexão de que se vale a fenomenologia

“é um movime nto de busca do orig inário ... [que ] não se fe cha no pe nsame nto obje tivo [mas] se movime nta nos limite s do que é te matizado, do possíve l e do e vide nte , inve stigando os atos e fe tuados ne sse pe nsame nto, re colocando-os no seu contexto. Portanto a re fle xão transce nde os limite s do pe nsame nto obje tivo, cone ctando-o ao existe ncial, pois é a e xpe riência vivida ne sse níve l que inve ste ene rgia naque le pe nsame nto” (Bicudo, 2 000 , p. 58).

Na reflexão, nos dirigimos para as situações vividas na pesquisa, fazendo a redução transcendental, num movimento que Husserl considera necessário para que o pesquisador possa “compreender de dentro e a partir das fontes o

espetáculo do mundo” (Merleau-Ponty, 1992, p. 53),ou seja, é, pela redução

que o pesquisador pode evidenciar as situações que busca elucidar.

35 Martins, Joel & Bicudo, Maria A. Viggiani. A pesquisa qualitativa em Psicologia: fundamentos e recursos

básicos. São Paulo: EDUC, Moraes Editora, 1989.

As compreensões e interpretações do pesquisador que são expostas nas análises das categorias abertas revelam-se como sínteses de transição, ou seja, são expressões do percebido no movimento de reflexão orientada pelas descrições dos sujeitos e pela interrogação. Sendo compreensões do percebido elas são perspectivais37 e, como tal, “mutável e somente provável; isto é, se quisermos, não passa de uma opinião; mas que ... verifica ... a pertença de cada experiência ao mesmo mundo,seu poder igual de manifestá-lo a título de possibilidades do mesmo mundo.” (idem. p. 49), São abertas à interpretação e variação mas revela, em cada perspectiva, o todo percebido pelo pesquisador no movimento reflexivo, na tematização do que busca compreender.

“Cada pe rce pção envolve a possibilidade de sua substituição por outra e , portanto, uma e spé cie de de sautorização das coisas mas isso també m que r dize r: c ada pe rce pção é o te rmo de uma aproxi maç ão ... possibilidade que pode se r irrad iação de sse mundo único que ha” (ide m ibide m).

Desse modo, a análise dos dados obtidos na pesquisa de orientação fenomenológica, dão, ao pesquisador, elementos para dizer sobre o modo como ele compreende aspectos do fenômeno que investiga e, sendo assim, não expressam conclusões finais ou regras imutáveis. As análises do pesquisador fenomenólogo são abertas a novas tematizações e podem originar outras compreensões, interpretações e comunicações.

37 O termo perspectival está aqui sendo tomado para significar que a compreensão expressa pelo pesquisador

3.3 Organizando os dados das entrevistas: procurando explicitar

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