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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3 Instituições – governamentais e não governamentais

4.3.2 Consultório de Rua

recursos para manutenção dos programas são provenientes do Governo Federal e Estadual, que faz o controle através de relatórios semestrais e anuais enviados ao MDS.

Como o trabalho do entrevistado começou no departamento em 2012, pode afirmar que algum resultado positivo já pode ser sentido com a reinserção de aproximadamente 5 (cinco) atendidos aos lares, ressaltando que esse trabalho não pode ser mensurado dado a sua heterogeneidade. Salienta que já foi feita uma aproximação com as entidades filantrópicas para parceiras na atenção aos moradores de rua, sem exercer controle na atuação das mesmas. A intenção é reorganizar as entidades para o melhor aproveitamento do trabalho delas em prol dos moradores de rua, com um cronograma de atendimentos, evitando se sobrepor. Foram realizados também parcerias para prestação de serviços voluntários na Casa Rais com oficinas, lavanderias e outras atividades.

Aponta ainda a dificuldade de ter uma conversa mais alinhada com as entidades filantrópicas pelo medo que têm do Poder Público aproveitar do seu trabalho para se promover. As reuniões em 2017 eram mensais e acabaram após a inauguração da Casa Rais, quando a equipe (CREAS) precisou dedicar-se a esse projeto. Afirma também que existe o cadastro único das pessoas em situação de rua, elaborado pelo CREAS, mas o sistema integrado desse cadastro único à rede de atendimento no município ainda não está pronto, mas é um projeto em andamento para aprimorar essa rede, mobilizando os órgãos oficiais como saúde, emprego, habitação, assistência social e educação, para minimizar os fatores de risco e controlar quem de fato está recebendo este atendimento, além de ampliar as parcerias.

Para finalizar chama atenção para a corresponsabilidade, como munícipes, cidadãos e profissionais, porque não basta retirar essas pessoas da vista, há necessidade de se organizar como sociedade para diminuir os fatores que levam as pessoas a estarem nas ruas, com parcerias e corresponsabilidade, garantindo o direito dos cidadãos que estão nessas condições.

4.3.2 Consultório de Rua

A entrevista foi realizada com o psicólogo coordenador do consultório de rua, ligado à Secretaria de Saúde do Município de Itapetininga, que faz parte da rede de atenção psicossocial, atendendo o que está na Lei e criado em outubro de 2017, sendo ele funcionário público concursado. Ele aponta que principal dificuldade no Município é a ausência do controle de dados dos moradores de rua por falta de censo demográfico que, teoricamente, deveria ser realizado pelo CREAS. O que se têm são dados aproximados do CREAS, que apontam 70

pessoas em situação de rua, mas sem ser oficial. O consultório de rua abordou na noite anterior a entrevista 20 pessoas.

Quando iniciou o consultório de rua, o CREAS já atuava em prol dos moradores de rua, devido a violação de seus direitos, com blitz para cadastramento e encaminhamento ao S.O.S.

O consultório na rua é vinculado à atenção básica de saúde, sendo que sua equipe lotada na UBS Genefredo Monteiro, com a logica de redução de danos (sociais e saúde). Trabalha um psicólogo, uma assistente social, uma enfermeira, uma técnica de saúde bucal e algumas vezes uma médica voluntária. Tentam fazer um vinculo, encaminhar para a Unidade Básica de Saúde ou realizar algum procedimento na rua mesmo, curativos, aferir pressão e quando o caso é mais grave aciona o SAMU e um ator da equipe acompanha. Pelo menos durante umas 15 horas semanais é realizado o consultório de rua.

O acompanhamento daqueles que tem HIV, sífilis ou hepatite é feito pelo consultório de rua, rastreando para que elas façam o tratamento e entrando em contato com a vigilância epidemiológica da cidade para realizar sua intervenção quando for o caso.

Interessante o relato que anteriormente era exigido comprovante de residência para abertura de ficha nos postos de saúde dos moradores de rua e hoje não é mais necessário. Importante destacar os problemas notados pelo entrevistado que são o preconceito, a violência e a invisibilidade do morador de rua que causa medo de ações violentas, principalmente no pernoite. Fala ainda que nem todos esses moradores fazem uso de drogas.

Quando questionado sobre auxilio financeiro do Estado, o entrevistado afirma que não recebem nenhum recurso, mesmo sabendo que é direito de alguns deles, mas não é da seara dele, mas do CREAS.

O entrevistado aponta que a devolutiva neste projeto é difícil de avaliar, mas pode ser medida pela melhora de um ferimento tratado em uma semana e que denota melhora na semana seguinte. A logica de redução de danos é mais complexa, mas a intenção é cuidar da saúde do vulnerável, sugerindo inclusive o não compartilhamento do “corote”.

Pelo conhecimento que o entrevistado tem as entidades filantrópicas estão restritas a entrega de alimento e a maioria delas ligadas a grupos religiosos. Não que exista parceria, mas o consultório de rua acompanha um trabalho que é realizado na igreja onde um voluntário serve café da manhã, almoço, banho e corte de cabelo aos moradores de rua, mas sem intervenção do Poder Público.

Assinala que existe entre os atendidos certa divisão territorial, que impede a integração dos moradores de rua. Por isso os locais de atendimento do consultório de rua são variados e respeitam um cronograma que respeita essa divisão tácita, para abranger toda a população.

O consultório de rua não trabalha com a perspectiva de internação, mas tem conhecimento o entrevistado de que alguns grupos trabalham com unidades terapêuticas para internação.

Não existe atendimento prioritário legitimado para os encaminhados pelo consultório de rua, porém existe uma prioridade tácita na rede que facilita o atendimento aos moradores de rua. Ressalta em sua narrativa a iniciativa do Ministério Público (2018) para articular os serviços em prol dos moradores de rua, mais especificamente o consultório de rua e a Casa Rais. Porém aponta também a necessidade de criar um sistema de informações onde todas as instituições públicas tenham acesso.

4.3.3 Serviços de Obras Sociais (S.O.S)

A entrevista foi realizada com a gerente da entidade que funciona há mais de 60 anos, em local cedido, contando com uma equipe técnica, assistente social e coordenadora que é psicóloga. Os atendimentos são realizados 24 horas de segunda a segunda. Primeiro é realizado o atendimento emergencial, comida ou banho e depois solicitação de documentos pessoais caso não possua, ou a entrega de passagem para retorno aos seus lares e outros procedimentos de acolhida temporária.

A gerente afirma que são atendidas aproximadamente 100 pessoas em situação de rua sendo que aproximadamente 45 pessoas frequentam o local, aumentando a frequência no inverno. Nesta entidade as pessoas que trabalham são contratadas. Os recursos para manutenção dos serviços são advindos de convênios com o Município e com o Estado de São Paulo. Lembra a entrevistada que o local também funciona como casa de passagem. A entidade segue um plano de trabalho anual confeccionado em conjunto com o Poder Público para o atendimento aos moradores de rua.

Aponta a entrevistada que existe uma mescla de idade entre os atendidos e que outros fatores como existência de família, local de origem, delitos e uso de sustâncias psicoativas lícitas e ilícitas são anotados em um prontuário local para destinar o melhor atendimento possível aos beneficiários. Sabe que alguns atendidos fazem uso dos programas da prefeitura como CAPS e Casa Rais e conseguem Bolsa Família e outros benefícios.

Afirma também que o município está implantando um cadastro unificado para toda rede pública, conforme conhecimento nas reuniões que a participa semanalmente.

Destaca o suporte que a rede municipal dispensa ao SOS com blitz da Policia Militar ou Guarda Municipal, com exceção do SAMU que tem alguma resistência. Destaca também o

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