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No ano de 2011, no Brasil, o setor de transportes consumiu 74,227 milhões tEP, de um total de 228,659 milhões tEP consumidos pelos demais setores econômicos, contabilizando 32,5% do total de energia consumida no País, apresentando um acréscimo de 6,6%, em relação ao ano anterior (MME, 2012). Assim como no mundo todo, o setor de transportes brasileiro é altamente dependente de derivados de petróleo, mesmo a despeito do uso de etanol e biodiesel. Na Figura 2.4 pode-se observar a evolução do consumo de derivados de petróleo pelos diferentes setores da economia no Brasil nos últimos 30 anos (1970 a 2010).

De acordo com os dados da Figura 2.4, pode-se notar a importância do setor de transportes em relação aos demais setores da economia no consumo de derivados de petróleo no Brasil. No período todo de análise, o setor de transportes foi responsável por cerca de 50% do consumo de derivados de petróleo. No ano de 2010, o consumo de derivados de petróleo do setor de transporte foi de 55.519 mil tEP, ou seja, 53,1% do total (MME, 2011a). A Figura 2.5 mostra o consumo de energia do setor de transportes, por energético, no ano de 2011.

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Figura 2.4: Consumo total de derivados de petróleo por setor da economia brasileira – 1970 a 2010

Fonte: MME, 2011a.

* Outros incluem o setor comercial, público e agropecuário.

A análise da Figura 2.5 denota um consumo preponderante do óleo Diesel e da gasolina A, com 48,8% e 28,% respectivamente. O álcool etílico (anidro e hidratado), no ano de 2011, foi responsável por consideráveis 14,5% da energia consumida pelo setor de transportes. Vale lembrar que por Lei o etanol anidro é misturado à gasolina A em teores que variam entre 20% e 25% – com isso a gasolina misturada ao etanol anidro recebe a alcunha de gasolina C. Desde outubro de 2011, o etanol anidro está sendo misturado à gasolina em um teor de 20%. A Figura 2.6 mostra o consumo de derivados de petróleo e gás natural entre os diferentes modos de transportes no Brasil – em 2010.

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Figura 2.5: Consumo de energia no setor de transportes brasileiro por energético no ano de 2011 – 103 tEP

Fonte: MME, 2012.

¹ Inclui biodiesel; ² Inclui apenas gasolina A (pura – sem adição de etanol anidro); ³ Inclui gasolina de aviação e óleo combustível.

Figura 2.6: Consumo de derivados de petróleo e gás natural entre os diferentes modos de transporte no Brasil – 2010

Fonte: MME, 2011a.

De acordo com os dados da Figura 2.6, observa-se que os modais ferroviário e hidroviário consumiram em 2010 apenas 3,75% do total dos derivados de petróleo e GN utilizadas pelo setor de transportes brasileiro. Apesar de ser o modal que apresenta o maior crescimento de consumo de energia, em nível mundial, o modal aeroviário brasileiro ainda apresenta consumo de energia

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reduzido, em relação ao modal rodoviário no Brasil, representando apenas 5,84% do consumo total dos derivados de petróleo e GN do setor de transportes brasileiro. Mesmo possuindo intensidade energética superior aos modais ferroviário e hidroviário (IEA, 2008b), o transporte rodoviário é o mais utilizado dentre todos os modais do setor de transportes brasileiro. No Brasil, no ano de 2010, o modal rodoviário foi responsável pelo consumo de 90,41% do consumo total de derivados de petróleo e GN utilizado pelo setor de transportes (MME, 2011a). A Figura 2.7 apresenta o consumo de energia por fonte do modal rodoviário nos anos de 2001 e 2010.

Figura 2.7: Consumo de energia por fonte do modal rodoviário

Fonte: MME, 2011a.

Pelos dados da Figura 2.7, observa-se a importância que o etanol hidratado ganhou nos últimos 10 anos. O consumo de etanol hidratado que era de 2.170 103 tEP (ou 5,05%) em 2001 aumentou para 8.243 103 tEP (ou 12,89%) em 2010. A gasolina A, no mesmo período considerado, diminui sua importância, passando de 30,26% em 2001 para 27,4% em 2010, assim como o óleo Diesel (incluindo os 5% de biodiesel) que também reduziu sua participação, passando de 56,05% para 51,03%. Apesar da importância do etanol na matriz energética de transportes brasileira, os combustíveis fósseis ainda são a principal fonte de energia utilizada no setor rodoviário, representando 81,19% da energia total consumida. A Figura 2.8 apresenta a evolução histórica da utilização das diferentes fontes de energia pelo setor de transportes no período de 1975 a 2010.

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Figura 2.8: Participação no consumo do setor de transportes das diferentes fontes de energia – 1975 a 2010

Fonte: MME, 2011a.

Face aos dados da Figura 2.8, é notória a alta taxa de crescimento do consumo do etanol, no período de 1973-1980, quando se iniciou do Programa Proálcool. Após a primeira crise do petróleo em 1973/74, o governo brasileiro começou a investir em um combustível alternativo para substituir a gasolina. Em 1975, o álcool anidro começou a ser misturado à gasolina nos postos de distribuição de combustíveis em maiores alíquotas Fato que também explica, em certa medida (não totalmente, claro), a queda no consumo de gasolina no mesmo período – outro fator importante foi a elevação do preço da gasolina em virtude do 1º Choque do Petróleo, ocorrido em 1973. Entre 1980 e 1985 observa-se uma queda ainda maior na taxa de consumo de gasolina e um aumento da taxa de consumo de etanol, pois nesse período começaram a ser produzidos no Brasil veículos movidos exclusivamente a etanol hidratado. Com a queda dos preços dos barris de petróleo em 1986, a diferença entre os preços dos dois combustíveis diminuiu17 consideravelmente e como o poder calorífico do álcool é menor do que a gasolina, já não era

17 Essa elevação do preço do etanol na segunda metade dos anos 1980 ocorreu, concomitantemente, ao

desabastecimento do citado combustível nos postos distribuidores. Em grande parte, isto deveu-se à elevação do preço do açúcar no mercado internacional. Basicamente, pode dizer que oss usineiros passaram a privilegiar a produção de açúcar em detrimento do etanol.

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vantajoso financeiramente para o consumidor adquirir carros movidos a álcool. Com isso, o consumo de gasolina voltou a crescer e o consumo do álcool hidratado diminuiu. O crescimento acelerado do consumo de etanol após o ano de 2004 é devido à introdução e posterior expansão no mercado dos veículos flex fuel.

Desde o inicio dos anos 1980 o consumo de óleo Diesel sempre se manteve em primeiro lugar e relativamente constante, com taxas variando entre valores próximos de 50%, mostrando a importância desse energético no setor de transporte brasileiro, principalmente no seu uso praticamente exclusivo pelo setor de transportes de cargas. No ano de 2010, o consumo de óleo Diesel representou 47,3% do total de energia consumida em todo o setor de transportes brasileiro (MME, 2011a). Já nesse novo milênio, o gás natural surge como uma nova alternativa para a diversificação das fontes de energia do setor de transportes, mesmo que, ainda, em 2010 apresenta pequena participação na matriz energética do setor de transporte18.

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