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CAPÍTULO 3. A CONTA GERAL DO ESTADO, AS ÊNFASES, E AS RECOMENDAÇÕES DO

3.1 A CONTA GERAL DO ESTADO

O Tribunal de Contas emite o Parecer333 sobre: a Conta Geral do Estado; a Conta da AR; as Contas das Regiões Autónomas; das Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas e sobre a Conta da Segurança Social334, onde aprecia a atividade financeira do Estado. A

CGE335, inclui as contas da Administração Central [serviços integrados (SI) e serviços e fundos autónomos336 (SFA), incluindo estes as entidades públicas reclassificadas (EPR)] e a Conta da Segurança Social. A CGE, também, compreende o conjunto das contas referentes às entidades337 que integraram o perímetro do Orçamento do Estado e inclui um relatório, as demonstrações orçamentais e financeiras e as notas às demonstrações orçamentais e financeiras338. Por sua vez, a verificação das contas baseia-se em trabalhos preparatórios feitos pelo Tribunal junto das entidades executoras e em auditorias em áreas particulares da gestão e execução orçamentais339.

O Orçamento do Estado é elaborado no início do (Ano N-1), aquele que antecede o ano a que o OE respeita (Ano N). Governo prepara o OE envolvendo todos os Ministérios. Em conjunto, definem uma estratégia orçamental a longo prazo, onde são decididas as prioridades de política e da distribuição de

333 Cfr., Lei n.º 98/97, de 26 de agosto, nº 2 e nº 3 do art. 41º. De salientar que o Parecer inclui um Juízo sobre a legalidade e correção financeira dos valores referidos na CGE e as recomendações formuladas ao Governo, no sentido de serem supridas as deficiências que afetam o processo orçamental, a fiabilidade das demonstrações orçamentais financeiras e dos elementos patrimoniais, os sistemas de controlo e a informação e transparência da Conta.

334 Cfr., art. 214º da CRP, art. 41º. da Lei nº 98/97, de 26 de agosto.

335 É um documento onde se verifica a realização do Orçamento do Estado correspondeu à previsão estabelecida e é um ato de prestação de contas. Com função de apreciação crítica da ação dos serviços da realização das despesas públicas. In controlo da execução orçamental elementos, Lisboa, junho 1994, p. 241.

336 Cfr., nº 2 do art. 2º da Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (Lei de Enquadramento Orcamental).

337 Cfr., art. nº 2 e 3 da Lei de Enquadramento Orçamental nº 151/2015, de 11 de setembro. 338 Cfr., Lei do Enquadramento Orçamental, art. 1º da Lei nº151/2015, de 11 de setembro.

339 Entidades executoras, nomeadamente Ministério das Finanças e no Ministério do Trabalho, Solidarieda/de e Segurança Social, no sumário p. I, disponível em, https://www.tcontas.pt/pt- pt/ProdutosTC/PareceresTribunalContas/ParecerCGE/Documents/Ano%20econ%C3%B3mico%20de%2020 16/pcge2016.pdf, [Consulta em 19/11/2019].

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recursos e definidos os objetivos para o OE340. Estabelecido o cenário macroeconómico, é preparada a Proposta de Lei do Orçamento do Estado341. De seguida num prazo de 45 dias, a Proposta de Lei do OE deve ser discutida e aprovada com possíveis alterações pela AR sob proposta do Governo. É então, que a Proposta de Lei do OE é promulgada pelo Presidente da República passando a constituir a Lei do Orçamento de Estado342. Passando a execução o Governo é responsável pela execução, ou seja, pela realização de despesa e cobrança da receita de acordo com o Decreto Lei da Execução Orçamental que regulamenta a Lei do OE343. Assim sendo, todos os meses, é publicada uma Síntese de Execução Orçamental344. Por sua vez, no ano a seguir no (ano +N), temos a CGE345, em que o Governo apresenta a CGE, incluindo a da Segurança Social, até 30 de junho. A AR aprecia e aprova a CGE, incluindo a da Segurança Social, precedendo Parecer do Tribunal de Contas até 31 de dezembro seguinte, na eventualidade de não aprovação, determina, se for o caso a efetivação da correspondente responsabilidade. O Parecer do Tribunal de Contas será acompanhado das respostas dos serviços e organismos às questões que esse órgão lhes formular. A Conta Geral do Estado inclui o relatório, os mapas contabilísticos e os elementos informativos346.

De referir, a Conta Geral do Estado é o principal documento de prestação de contas do Estado, o mesmo, fecha o ciclo orçamental anual e é apresentada à Assembleia da República até 30 de junho do ano seguinte aquele a que respeita347. Em Portugal, a Lei de Enquadramento Orçamental (LEO)348,

340 Cfr., Lei nº 151/2015, atualizada pela Lei nº 37/2018, de 7 de agosto.

341 A Proposta de Lei do OE tem como limite para entrega na AR a 15 de outubro do (ano -N), disponível em http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html [Consultado dia 19-11-2019].

342 Cfr., disponível em

http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html, [Consultado dia 19-11-2019].

343 Cfr., que estabelece as normas de execução do Orçamento do Estado. http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html [Consultado em 19-11-2019].

344 Na Síntese Orçamental são apresentados os valores efetivos das receitas cobradas e da despesa realizada no

mês anterior, em comparação com o período homólogo.

http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.html, [Consultado dia 19-11-2019].

345 Cfr., art. 73º da Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (lei de enquadramento orçamental) art. 66º.

346 Cfr., Lei nº 41/2014, de 10 de julho, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (lei de enquadramento orçamental).

347 Direção Geral do Orçamento, disponível em, http://www.dgo.pt/politicaorcamental/Paginas/Conta-Geral-do- Estado.aspx?Ano=2018 [Consultado em 28/06/2019].

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estabelece no seu artigo 1.º, entre outras disposições, as regras relativas à organização, elaboração, apresentação, discussão e votação das contas do Estado, incluindo a da Segurança Social, estabelecendo, entre outros aspetos, o conteúdo, o prazo para apresentação e a forma de publicação da CGE.

Por sua vez, de acordo com o art. 58º da Lei de Enquadramento Orçamental349, a execução do Orçamento está sujeita ao controlo orçamental e à responsabilidade financeira, de acordo com a Lei Enquadramento Orçamental e restante legislação aplicável, o qual tem por objeto a verificação da legalidade e da regularidade financeira das receitas e das despesas públicas, bem como a apreciação da boa gestão dos dinheiros e outros ativos públicos e da dívida pública.

Os relatórios tem a apresentação da Conta Geral do Estado e a análise dos principais elementos referentes à: Evolução dos principais agregados macroeconómicos durante o período da execução orçamental; evolução da situação financeira do Estado, incluindo a dos serviços e Fundos Autónomos e a da Segurança Social; execução e alterações do Orçamento do Estado, incluindo o da Segurança Social; outras matérias relevantes para a apresentação e justificação da Conta Geral do Estado350.

Ainda a CGE compreende mapas contabilísticos gerais referentes à: execução orçamental; situação de tesouraria; situação patrimonial; conta dos fluxos financeiros do Estado351. A Conta do Tribunal de Contas depois de aprovada, é enviada, até 30 de abril do ano seguinte àquele a que respeita à AR para informação, e ao Governo, para efeitos da sua integração na Conta Geral do Estado352. A publicação efetua-se depois de aprovada pela AR, a Conta Geral do Estado é publicada no Diário da República, nos termos a definir pelo Governo, que definirá igualmente o regime de publicação das contas próprias e dos elementos informativos, bem como a informação suscetível de ser publicada apenas em suporte informático353.

De referir que o Parecer354 emite um juízo sobre a legalidade e correção financeira dos valores referidos na CGE e as recomendações formuladas 355 à AR ou ao Governo, no sentido de serem supridas as deficiências que influenciam o processo orçamental, a fiabilidade das demonstrações orçamentais,

349 Cfr., Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 agosto (LEO). 350 Cfr., art. 74º da Lei 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 agosto (LEO). 351 Cfr., art. 75º da Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (LEO). 352 Cfr., art. 79º da Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (LEO). 353 Cfr., art. 80º da Lei nº 41/2014, oitava alteração à Lei nº 91/2001, de 20 de agosto (LEO).

354 O Parecer ampara-se nos resultados das ações de controlo e das auditorias realizadas de acordo com os métodos

e técnicas constantes dos Manuais de auditoria do Tribunal e as normas internacionais.

355 Este controlo através das recomendações observadas, representam uma missão pedagógica e um contributo

para o equilíbrio da vida financeira. JOSÉ F. F. TAVARES, Avaliação, controlo, avaliação e responsabilidade, Lisboa, 1º encontro INA, 1998, p. 6.

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financeiras e dos elementos patrimoniais, os sistemas de controlo e a informação e transparência da Conta356.

De acordo com o Manual de auditoria e princípios fundamentais do Tribunal de Contas, refere-se que em algumas situações pode ser necessário incluir no relatório, no âmbito do juízo de auditoria, parágrafo autónomo, designado de ênfases, com vista a chamar a atenção (destacar) para uma questão que se observa de importância fundamental para a compreensão das contas ou para qualquer matéria não apresentada ou divulgada no relato financeiro, relevante para a compreensão da auditoria, das responsabilidades do auditor ou do seu relatório357.