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3 MODELO COOPERATIVISTA PARA O APRIMORAMENTO DO ENSINO,

3.3 O CONTADOR DE GESTÃO : O NOVO PARADIGMA DO SÉCULO XXI

O mundo atual é muito apelativo, fato concreto é a globalização, as mudanças se processam de forma muito veloz. O contador para se tornar um contador gestão se dirigindo ao encontro do novo modelo, tem de acompanhar de forma dinâmica e de preferência antecipando-se a essas modificações.

A única coisa que diferencia nossa época das anteriores é a velocidade das mudanças, que se torna cada vez mais rápida. Em função dessa velocidade, existe a necessidade de convencer as pessoas a encarar a mudança como um desafio, incentivá-las a considerar como um desafio pessoal e superar o que antes parecia inatingível. Ou seja, é imprescindível perceber os benefícios que o profissional poderá tirar disso (FERREIRA, 1999, p. 240).

O contador para se tornar um contador de gestão, terá que acompanhar essa transição, o desafio é a evolução constante, trazendo a tona as grandes e pequenas idéias.

A sabedoria convencional tende a sugerir que todas as idéias importantes vêm de laboratórios de pesquisa e que nada mais resta para ser descoberto pelas atividades mundanas, como a operação de linhas de montagem ou a produção de roupas - mas a sabedoria convencional desconhece completamente o potencial para a “melhora contínua”, como implementado pela indústria montadora de automóveis japonesa, assim como desconhece o potencial para os supercondutores de alta temperatura feitos de cerâmicas. Para compreender o crescimento, precisa-se compreender não apenas como as grandes idéias, assim como os supercondutores de alta temperatura, são descobertas e colocadas em uso, mas também como

milhões de pequenas idéias, assim como melhores formas de produzir camisas, são descobertas e colocadas em uso. Para compreender o desenvolvimento, existe a necessidade de compreender como ambos os tipos de idéias, mas especialmente as milhões de pequenas idéias, podem ser utilizadas e produzidas em um país em desenvolvimento (KLEIN, 1998, p. 327).

O desenvolvimento provém do conhecimento, pela transferência mútua e simultânea de idéias pequenas e grandes entre as pessoas.

A base do conhecimento, determina Drucker (2000, p.15), “decorre da especialização cada vez maior de cada respectivo conhecimento. Desse modo, não se aceita mais somente uma visão, mas deve-se ter o discernimento necessário de que a vida é uma troca de várias formas de conhecimento”.

Assim, o contador, voltado para esse conjunto de conhecimentos, está retomando sua relevância diante das novas dinâmicas organizacionais.

Essa relevância tem sido mencionada e colocada em pauta por diversos segmentos, como percebe-se na entrevista publicada no Jornal do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de Santa Catarina.

A contabilidade está retomando seu papel relevante dentro das organizações, e isto ocorre em virtude das novas tecnologias de informação. São essas tecnologias que permitem ao profissional da contabilidade processar com agilidade e rapidez os dados necessários à tomada de decisões. O contador tem o domínio integrado e pode perfeitamente assessorar os demais gestores da empresa. Com os novos meios da informática e da comunicação, é possível, cada vez mais, decidir a partir de cenários e de projeções dos demonstrativos contábeis (QUEIROZ, 2000, p.10).

Diante disso, para Boisvert (1999, p.18), “a contabilidade de gestão tem por finalidade produzir informações úteis aos gestores. Estas informações deverão permitir-lhes reduzir os custos e melhorar a performance da empresa”.

O profissional possuidor de conhecimento e de forma dinâmica que está capacitado para fazer a análise desses dados é o profissional da contabilidade. Nos países mais desenvolvidos, os cursos de graduação e de pós dão ênfase à contabilidade de gestão, formando assim o contador de gestão para atuar nas empresas, tendo em vista esse novo padrão de conhecimento.

Avi (1999, p.38) afirma, reportando-se a McElroy em entrevista à revista A

View of Tomorrow (1995, p.8), que “você pode ter as melhores idéias do mundo,

Buscando-se caracterizar o perfil do contador do próximo milênio, apresenta- se, a seguir, algumas tendências para 2005 da profissão de gerente financeiro, incluindo-se a de contador, na visão de autoridades da área, que formam opiniões em alguns países. Avi (1999) sustenta a afirmação de que as opiniões são provenientes de traduções, interpretações e adaptações de entrevistas publicadas na revista A View of Tomorrow.

Austrália – (BILL McELROY)

Para Bill McElroy, um dos fatores que apresenta grande importância para o desenvolvimento da profissão é a tecnologia de informação. A tecnologia terá um impacto significante no papel tradicional do contador. Devido à aceleração das mudanças no mercado de trabalho, o contador deverá aproveitar as oportunidades se adaptando e buscando habilidades novas. A alta competição exigirá padrões de competência e de qualidade. Através da tecnologia, com o uso da informática, o profissional poderá administrar a informação, fazendo articulações. No entanto, faz- se necessário vender as idéias, saber influenciar e motivar as pessoas. Os contadores precisam ser treinados, objetivando olhar o negócio em sua totalidade, possuindo capacidade de analisar e interpretar os números. Outro fator enfocado por Bill McElroy é a mudança na educação do contador, em termos de preparação acadêmica, fazendo-se necessário um desenvolvimento continuado. (Avi, 1999)

Canadá – (HUGUES BOISVERT)

O ambiente sócio-econômico, onde operam as organizações, passa por um crescimento rápido, com muitas mudanças. Com a globalização de mercados, ocorre a introdução de novas tecnologias, principalmente no campo da comunicação e informática. Para Boisvert, os fatores de sucesso profissional serão a criatividade, capacidade de inovação, habilidade, capacidade para novas condições econômicas e tecnológicas. É enfocada assim a importância da tecnologia de informação. Outro fator mencionado é a redução dos custos e o aumento de benefícios para os clientes. (Avi, 1999)

Estados Unidos – (CLARK JOHNSON)

Para Clark Johnson, torna-se imprescindível reduzir e controlar os custos para melhorar as eficiências. É preciso somar valor às organizações, ou seja, propiciar

lucros. Com a globalização de mercados e com o avanço da informática, os contadores precisam ser profissionais flexíveis, comunicando-se bem. Clark Johnson menciona que não basta ser contador tem que ser uma pessoa empresarial. (Avi, 1999)

França – (JEAN-CLAUDE PERRIN)

Jean-Claude Perrin enfoca, em sua entrevista, a importância da administração do recurso humano. O futuro é o desenvolvimento de pessoas confiáveis. É preciso criar uma atmosfera de confiança, incentivando a comunicação entre os profissionais. Deve haver um equilíbrio entre coordenação e competência. Outro fator destacado é a tecnologia de informação. Os baixos custos de PCs e as eficiências de cadeias acelerarão o fluxo de informações. Para Jean-Claude Perrin, o contador do futuro deverá ter uma personalidade forte, alta competência técnica, coragem, persistência, habilidades e autonomia. É preciso servir a alta administração com informações úteis e relevantes. O futuro está sobre as pessoas que sabem comunicar-se. É muito mais fácil achar um bom controlador de administração do que achar um bom contador, um contador que é corajoso. Há um futuro luminoso para contadores corajosos. (Avi, 1999)

Itália - (CARLO BUORA)

O processo de reestruturação é apresentado por Carlo Buora, enfocando as tecnologias de informação. A contabilidade deverá desempenhar o papel principal de proteção e qualidade dos dados contábeis garantindo os procedimentos operacionais e administrativos. Com a globalização de mercados torna-se fundamental que os profissionais contábeis tenham habilidades fortes, visão global e sensibilidade às evoluções ambientais. (Avi, 1999)

Itália - (CLÁUDIO ARRAGON)

Para Cláudio Arragon, o fator de grande importância para o desempenho da profissão é a tecnologia de informação, sendo que deve existir um sistema de informações de dados corretamente projetado. (Avi, 1999)

Reino Unido – (JIM BEVERIDGE)

Segundo Jim Beveridge, os profissionais contábeis devem adaptar-se às mudanças, fazendo planejamentos estratégicos. É preciso possuir uma consciência comercial e um maior conhecimento em marketing.

Percebe-se, com muita clareza, a necessidade de introduzir no contexto real das organizações a promoção da gestão, por intermédio dos contadores, no sentido de promover uma atitude pró-ativa, criativa, crítica, holística e interdisciplinar para desenvolvimento das habilidades intelectuais holísticas e integrativas, como também as habilidades emocionais, fazendo-se surgir a autoconfiança e a criatividade. (Avi, 1999)

BRASIL – (ANTÔNIO DIOMÁRIO DE QUEIROZ)

As novas tecnologias, a informática e os meios de comunicação permitem que a contabilidade retome sua relevância. As decisões fundamentadas numa boa massa de informação são vistas cada vez mais como elementos essenciais para a melhoria da qualidade da gestão dos negócios. Nos países mais desenvolvidos, os cursos de graduação e de pós graduação dão ênfase à contabilidade de gestão, cumprindo uma função primordial dentro das organizações. Assim, preparar o contador nessa direção significa prepará-lo para ser um profissional indispensável.

Para se ter a percepção das opiniões que devem ser levadas em consideração pelo contador de gestão, como um novo paradigma do século XXI, a exposição da opinião derradeira acima tem como finalidade a comparação com as opiniões dos demais autores entrevistados. As entrevistas permitiram uma análise, demonstrando assim as características necessárias à busca incessante de fórmulas e de modelos que sejam capazes de resolver os angustiantes problemas de gestão, que entre encontros e desencontros da teoria com a prática impactam não somente nos diversos tipos de negócios, mas também, e de forma bastante dramática, nas diversas instituições de ensino superior, onde se processa o ensino, pesquisa e extensão nesta área de conhecimento.

O que ficou bem claro nas entrevistas apresentadas, é a visão de cada autor que deixa evidente o caminho a ser percorrido pelo contador do próximo milênio .

Para facilitar o entendimento, apresenta-se o quadro n. 1 que demonstra os países com seus respectivos autores entrevistados e as opiniões convergentes:

Quadro 1 - Países e autores/Opiniões convergentes Países Autores Austrália Bill McElroy Brasil Antônio Diomário de Queiroz Canadá Hugues Boisvert Estados Unidos Clark Johnson França Jean- Claude Perrin Itália Dott. Carlo Buora e Cláudio Arragon Reino Unido Jim Beveridge Opiniões Convergentes Necessidade de adaptação a mudanças Competividade Educação Contábil Globalização de Mercados Habilidade Marketing Planejamento Estratégico Tecnologia de Informação Profissional de Gestão

Fonte: Elaborado a partir de Avi (1999)

Cabe salientar que todos os itens anteriores, sublinhados pelos autores, apresentam-se agregados, de forma ampla, pelo entrevistado brasileiro, em um perfil imaginado como sendo o verdadeiro profissional de gestão, formando assim, um profissional comprometido com a contabilidade de gestão, tendo como conseqüência a melhora no nível profissional contábil.

3.4 PONTOS DE CONVERGÊNCIA DO COOPERATIVISMO NA PRÁTICA