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3 MODELO COOPERATIVISTA PARA O APRIMORAMENTO DO ENSINO,

3.1 PERFIL DO PROFISSIONAL CONTÁBIL BRASILEIRO

A próxima década exigirá do contador, além de conhecimento profundo, abrangente e atualizado da contabilidade, cultura humanística e domínio das ciências comportamentais. Um cidadão com uma visão mais aberta ao mundo, capaz de adaptar-se facilmente a cenários cambiantes e que aceite a educação continuada como condição de vida (KOLIVER, 1993, p. 114).

Durante a década de noventa, mais precisamente nos anos de 1995 e 1996, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) com a colaboração dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs), em uma atitude inovadora dentro do sistema CFC/CRCs, procurou identificar o perfil do contabilista brasileiro. Assim, foi efetuada uma pesquisa, publicada com o título “O perfil do Contabilista Brasileiro”, que apresenta alguns dados conclusivos interessantes que serão demonstrados com itens suprimidos, porém na sua ordem original e a posteriori analisados:

[...] 2 – Cerca de 64,0% têm mais de 35 anos, o que caracteriza uma classe de profissionais amadurecidos, com menos de 9,0% tendo mais de 55 anos de idade;

[...] 10 - A dificuldade de obtenção de emprego é a causa principal para que 30,0% dos profissionais não tenham um trabalho permanente, quadro que se agrava para os técnicos;

[...] 12 - Entre os setores que mais empregam contabilistas estão os Serviços, com cerca de 68,9%, seguido do Comércio com 26,96% e Indústria com 22,49%;

[...] 18– A afinidade do profissional com a área contábil expressa-se no fato de que 71,0% estão utilizando todo o seu potencial de conhecimento contábil no trabalho. A falta de maior utilização não resulta, por sua vez, do desconhecimento na área contábil, mas da falta de exigência por parte dos setores que demandam seus serviços;

[...] 24 – No contexto das principais dificuldades encontradas pelos contabilistas situam-se constantes mudanças na legislação 24,46%; falta de valorização profissional 13,36% e baixa remuneração 13,06%;

25 – Na atividade contábil predomina a presença do generalista 71,0%, sendo muito consultado nas decisões das empresas onde trabalha, em função do domínio de diversas áreas da profissão;

[...] 29 – Para 27,0% dos contabilistas, os seus colegas recém-formados são muito generalistas, embora considerados aptos para funções operativas 26,0% e demonstrando iniciativa e criatividade 11,0%;

[...] 33 – É grande o interesse dos contabilistas em participar de programas de treinamento 70,63%, com preferência pelos cursos de curta duração sobre assuntos diversos da área contábil, imposto de renda pessoa física/jurídica e informática;

[...] 37 – Cerca de 76,0% dos contadores, contra 40,55% dos técnicos sentem necessidade de aprofundar seus estudos, havendo, portanto, uma demanda reprimida nesse setor;

[...] 43 – Grande parte dos contabilistas 78,43% deseja a realização de exame de suficiência para ingresso na profissão, como meio de assegurar a qualidade profissional;

44 – O código de Ética Profissional é conhecido por 81,09% dos profissionais de contabilidade; (CFC, 1996, p. 147 – 150)

Pode-se produzir algumas análises a partir desse estudo sobre o perfil do contabilista brasileiro. Delineia-se um perfil profissional que, cada vez mais, volta-se ao encontro de melhores horizontes em busca dos conhecimentos necessários ao bom exercício da sua profissão, caracterizado pelo dinamismo e direcionado às resoluções de problemas atuais e antecipação de possíveis problemas futuros.

Esses problemas são observados na medida que a pesquisa aponta que cerca de 64,0% têm mais de 35 anos, o que caracteriza uma classe de profissionais amadurecidos, dado que causa preocupação, visto que a grande massa de jovem ou não está preparada para enfrentar as oportunidades, ou vai precisar de mais tempo para adquirir esse preparo.

Esse dado é por conseqüência um reflexo do item dois supracitado que gera dificuldade de obtenção de emprego que é a causa principal para que 30,0% dos profissionais não tenham um trabalho permanente, quadro que se agrava para os técnicos em contabilidade, teoricamente profissionais menos qualificados.

Ao mesmo tempo que essa coleta de dados é positiva, é também negativa, visto que por um lado a empregabilidade no sertor de serviços contribui com cerca

de 68,0%, deixando a desejar nos setores do comércio e indústria, nichos da mesma forma importantes, que precisam ser ocupados por quem é de direito.

No que se refere ao potencial de conhecimento contábil, o uso é considerado bom posto que as exigências por parte dos setores que demandam os serviços não são expressivas, talvez por atendimento somente de questões fiscais, deixando de fora as questões da ciência contábil, fato que se confirma no item n. 24 da pesquisa efetuada.

Ainda para os pesquisados, existe o predomínio da presença do generalista com 71,0% e para esses 27,0% dos seus colegas recém-formados são muito generalistas, embora considerados aptos para funções operativas 26,0% e demonstrando iniciativa e criatividade 11,0%, indicadores ainda considerados baixíssimos, que foram confirmados também pela presente pesquisa.

Por se tratar na sua grande maioria de generalista, existe um grande interesse na participação de treinamento com 70,63%, aprofundamento nos estudos com 76,0% e a exigência do exame de suficiência para o ingresso na profissão, como forma de assegurar a qualidade profissional quando da atuação no mercado de trabalho.

Cabe salientar, que a pesquisa aponta que 81,0% dos profissionais da área contábil conhecem o Código de Ética, fator preponderante, já que a conduta humana e a conduta profissional são fatores decisivos para o profissional do futuro.

Os fatos devem ser observados com acuidade, e o são, levando-se em consideração o desejado pela proposta das diretrizes curriculares no que se refere às questões gerais e específicas da profissão.

Atualmente, de acordo com o perfil desejado do formando na proposta das Diretrizes Curriculares (1999) para os cursos de graduação em Ciências Contábeis, são necessários os seguintes elementos para que os alunos se tornem profissionais sintonizados com o mercado:

Perfil Geral – profissionais dotados de competências e habilidades, que viabilizem aos agentes econômicos o pleno cumprimento de sua responsabilidade de prestar contas da gestão perante a sociedade (“accountability”).

Perfis Específicos – profissional que exerce com ética e proficiência as atribuições que lhes são prescritas através de legislação específica.

Estas características definem perfis que, tanto o pesquisado pelo segmento da categoria profissional no meio econômico, quanto o desejado pelo meio educacional através das diretrizes curriculares têm como principal missão encontrar a excelência para a formação considerada a melhor forma de garantir um futuro mais promissor para o profissional contábil.