Contaminação das Águas Costeiras

Algumas pesquisas (Williams & Nelson, 1997; Blakemore & Williams, 1998; Morgan, 1999) indicam que, para a maioria das pessoas consultadas, a qualidade da água é o aspecto mais importante para o uso da praia.

Os mais importantes parâmetros para a análise da qualidade da água, são (http://weblab.co.wake.nc.us.htm):

Quantidade de coliformes fecais, streptococcus fecais e bactérias enterococcus, que são usados para avaliar a qualidade microbiológica;

Oxigênio Dissolvido, que indica a quantidade de oxigênio que está dissolvido na água, que é importante para a vida dos organismos aquáticos. O Oxigênio Dissolvido para praias com uso recreacional é usualmente menor que 6mg/litro;

pH, que representa a medida da acidez da água. O valor do pH para praias com uso recreacional varia de 6,0 a 9,0;

Temperatura da água;

Nível de turbidez da água.

A contaminação microbiológica é um dos principais aspectos a serem considerados na proteção da saúde pública em praias recreacionais. A probabilidade da presença de organismos patogênicos é determinada pela presença de “organismos indicadores”, como coliformes fecais e streptococcus.

A poluição das águas costeiras pode ocorrer devido, por exemplo, a:

• Derrames de óleo;

• Descarga de esgotos domésticos, principalmente vindos de pousadas e hotéis à beira-mar; • Contaminação a partir de portos e marinas, por exemplo, através de reparos, pinturas e

limpeza de embarcações;

• Introdução de sedimentos, fertilizantes e pesticidas, através das águas de escoamento superficial e subterrânea, a partir de terras cultivadas localizadas próximas à costa;

• Águas de escoamento superficial em zonas urbanas levando, por exemplo, fertilizantes ou pesticidas usados em jardins, urina e fezes de animais, produtos de limpeza, etc.

• Contaminação com resíduos (lixo, restos de material de construção, esgoto, etc.) vindos das barracas de praia, etc.

As doenças mais comuns associadas à contaminação microbacteriana são de natureza gastrointestinal. Os sintomas podem incluir diarréia, infecções respiratórias e infecções nos olhos e ouvidos.

As condições sanitárias das praias para o banho e lazer são avaliadas através de um monitoramento que identifica, através de exames de laboratório, a presença de coliformes fecais por 100ml de água. Essa avaliação define a balneabilidade da praia, conforme foi estabelecida pela resolução n° 20/86 art. 26 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente (Midaglia, 2001).

Além destes organismos patogênicos, esgotos podem levar até às águas costeiras produtos químicos nocivos, como mercúrio ou outros metais pesados.

A poluição das águas costeiras pode ser causada também por um aumento de turbidez, gerado, por exemplo, por atividades de dragagens, ou pelo aumento da erosão devido ao desmatamento nas margens dos rios, provocando uma diminuição na atratividade da praia (Behrhorst, 1976). Ao longo da Costa do Descobrimento é observado um alto nível de turbidez nas praias de Belmonte, próximo à desembocadura do Rio Jequitinhonha, onde a grande quantidade de material em suspensão diminui a atratividade dessas praias para o banho de mar.

Observações feitas ao longo da Costa do Descobrimento e informações cedidas por entidades locais indicam que alguns rios e estuários nas cidades de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro estão poluídos com esgoto doméstico e com esgotos e resíduos vindos de hotéis e pousadas, resultando provavelmente na poluição da praia nestes locais. Além disso, em Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Cumuruxatiba e Prado, existe um grande número de barracas à beira-mar, que representam um alto potencial de contaminação para estas praias. Os esgotos domésticos geralmente contêm restos orgânicos que aumentam a demanda biológica de oxigênio (DBO), além de altas concentrações de nitrogênio e fósforo, que podem levar à eutrofização das águas costeiras, resultando em modificações da biodiversidade, excessivo crescimento de algas e perda da balneabilidade das praias (Jiang et al., 2001).

5. Riscos

As praias estão constantemente se modificando para tentar encontrar e manter o equilíbrio entre as diversas forças que atuam sobre este ambiente. Muitas vezes estas mudanças podem

ocasionar situações de risco para pessoas e construções ao longo da costa e afetar a sua atratividade para fins recreacionais.

O aumento da ocupação humana em áreas costeiras leva também a um aumento do risco, para pessoas e propriedades, relacionado a eventos naturais ou eventos induzidos por ações antrópicas (Appendini & Fischer, 1998; Gares et al., 1994; Komar et al., 1991; White, 1978).

Uma das principais situações de risco encontradas neste ambiente está relacionada à ocorrência de eventos erosivos vigorosos, em geral associados a períodos de tempestades. Como no trecho costeiro aqui estudado estes eventos extremos não ocorrem, o risco oferecido pela ocorrência de eventos erosivos refere-se principalmente à perda de pequenas propriedades, especialmente de barracas de praia (Fotos 22 A e B). Por outro lado, a existência de extensos trechos com falésias ativas ao longo da Costa do Descobrimento oferece um outro risco associado à erosão – os deslizamentos e desmoronamentos (conforme será descrito no capítulo seguinte). Neste caso, encontram-se em situação de perigo tanto as pessoas que se encontrem próximo à base da falésia (Fotos 23 A e B) como também as pessoas e propriedades que estejam no seu topo.

Uma outra situação de risco relacionada à ocorrência das falésias ativas, principalmente para as pessoas que fazem caminhadas ao longo destes trechos, é a inexistência de praia recreativa durante a preamar. Desta forma, caso não haja um controle por parte destas pessoas em relação ao horário da maré, elas podem ficar, no período de preamar, em algum destes trechos onde as ondas arrebentam diretamente na base da falésia, sem que haja uma faixa de areia para protege-las da ação das ondas.

Em geral, as praias da Costa do Descobrimento são seguras para o banho (no capítulo VI serão analisados os principais riscos para os banhistas associados à morfodinâmica praial), porém, a presença de obstáculos submersos, como recifes de corais ou bancos de arenitos, comuns nesta região, pode oferecer perigo aos banhistas. Um outro risco para os banhistas está relacionado à prática de esportes náuticos, utilizando por exemplo barcos a motor e jet skis, em locais usados para banho e natação.

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Fotos 22 A e B - Erosão nas praias de Mundaí e Taperapuan, orla norte de Porto Seguro (Fotos publicadas pelo jornal A Tarde em 25/04/03 e 17/07/03, respectivamente) (Fig. 12, pág.55).

Foto 23 - Riscos oferecidos pelas falésias ativas A) d

entre Corumbau e Cumuruxatiba (Fig. 13)(Fotos de J. M. L. Dominguez).

esmoronamento de blocos ao sul de Trancoso e B) construção ameaçada

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