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Contexto da aplicação: o domínio jurídico

5.4 Implementação da aplicação RecomTour

6.1.1 Contexto da aplicação: o domínio jurídico

Quaisquer grupos de indivíduos podem ser classificados segundo uma enorme variedade de critérios, tais como: idade, gênero, origem, classe econômico- social, interesses etc. Este último em particular, é caracterizado, por exemplo, pela natureza das informações que satisfazem razoavelmente todos os membros do grupo.

No contexto da aplicação ora proposta, o grupo de usuários a que ela se destina é essencialmente composto por acadêmicos de Direito e por profissionais do meio jurídico, os quais se interessam, dentre muitos outros tópicos, pelo que se pode denominar genericamente de instrumentos jurídico-normativos, sendo eles, além da própria constituição, as leis, os decretos, as resoluções, as medidas provisórias etc. É justamente o conhecimento sempre atualizado dessas informações que permite a esses sujeitos bem desempenhar as atividades inerentes a suas áreas de atuação.

Tal interesse, porém, não recai apenas sobre as leis e afins atualmente existentes, abrangendo também os novos instrumentos jurídico-normativos que são freqüentemente promulgados, seja versando acerca de matéria inédita seja alterando ou revogando comandos legislativos vigentes. Para tanto, faz-se necessário um contínuo acompanhamento do processo legislativo, através do qual aqueles documentos legais são elaborados por parte dos poderes legiferantes.

Desse modo, há que se selecionar parcelas daquela informação de acordo com os interesses específicos de cada usuário. Assim, seria bem-vindo dispor de um meio através do qual se pudesse definir interesses – por exemplo, em função dos tipos e das categorias de instrumentos jurídico-normativos – e, após isso, tão somente se aguardasse que fossem entregues automaticamente as novas informações na medida em que surgissem. Além disso, dever-se-ia promover a evolução da representação dos interesses dos usuários toda vez que esses se modificassem, de modo a sempre satisfazer suas necessidades de informação.

6.1.2 Requisitos da aplicação

O que a aplicação InfoNorma objetiva é promover a filtragem de informações relativas a instrumentos jurídico-normativos e a entrega de maneira personalizada para cada usuário, conforme os perfis de interesse que eles apresentem. Como consequência, resulta facilitado o acesso a tais informações, uma vez que são fornecidas aos usuários as leis, decretos, resoluções, medidas provisórias etc que realmente possam lhes interessar em alguma medida, otimizando o seu aproveitamento.

Desse modo, a InfoNorma tem dois requisitos principais. O primeiro diz respeito aos usuários, ou seja, à forma pela qual cada um destes pode especificar explicitamente sua identificação e seus interesses por certos tipos e categorias de instrumentos jurídico-normativos, através da escolha direta dentre opções ou mesmo por meio da listagem livre de palavras-chave, constituindo diversos perfis de usuários. Isso para que, ao final processo, possa-se ter um atendimento personalizado daqueles interesses.

Já o segundo requisito é relativo à informação propriamente considerada, que provém de uma fonte, composta por índices de elementos de informação, a qual deve ser constantemente monitorada em busca de mudanças, isto é, do surgimento

de novos elementos que potencialmente satisfaçam os interesses de cada usuário, ocorrendo um processo de filtragem baseado na comparação do conteúdo desses elementos com as necessidades extraídas dos modelos daqueles usuários.

6.1.3 Fundamentos da aplicação

Como já delineado, a InfoNorma visa promover a entrega personalizada de instrumentos jurídico-normativos, de acordo com os interesses de cada usuário, fazendo-o através da filtragem de informação baseada no conteúdo. Diante disso, constatou-se que não havia à disposição do desenvolver nenhum modelo de domínio, framework multiagente ou agentes de software que pudessem ser reutilizados, impondo a construção sem qualquer reuso.

Assim, buscou-se fundamentos para a modelagem da InfoNorma em tópicos referentes à modelagem explícita de usuários e à filtragem de informação baseada no conteúdo, ambos resumidamente descritos a seguir.

6.1.3.1 Modelagem explícita de usuários

A modelagem de usuários é uma linha de pesquisa da Engenharia de Software que estuda as formas através das quais as informações dos usuários podem ser adquiridas, representadas e usadas por sistemas computacionais. O modelo de usuário é uma fonte de conhecimento que contém informações, explícitas ou implicitamente adquiridas, de todos os aspectos relevantes do usuário para serem utilizados por uma aplicação de software.

O conhecimento do modelo de usuário é importante, pois através dele se pode facilitar e melhorar a interação do usuário com o sistema, por exemplo, através da adaptação de interfaces ou da geração de recomendações.

Várias técnicas têm sido investigadas para abordar os problemas da modelagem explícita de usuários, algumas parcialmente tomadas de outras áreas de pesquisa e outras desenvolvidas no próprio campo da modelagem de usuário (KOBSA, 1994). Essas técnicas são aplicadas nas três fases do processo de modelagem de usuários: a aquisição; a representação; e a manutenção de modelos de usuário (SERRA JUNIOR, 2001).

Na fase de aquisição, o sistema coleta informações através de entradas fornecidas explicitamente pelo usuário, sendo utilizadas para isso técnicas como questionamentos através de formulários.

As informações coletadas são então processadas na fase de representação, onde são utilizadas técnicas para a representação formal das informações adquiridas sobre o usuário, ou seja, a construção do modelo do usuário.

A fase de manutenção contempla as técnicas para a incorporação de novas informações e atualização das informações existentes no modelo, bem como técnicas para fazer inferências a partir dessas informações.

6.1.3.2 Filtragem de informação baseada no conteúdo

A filtragem de informação é um processo utilizado para satisfazer as necessidades de informação de um usuário em longo prazo a partir de fontes de informação dinâmicas e desestruturadas (BURKE, 2000).

No processo de filtragem de informação baseado em conteúdo são feitas comparações entre as descrições dos itens de informações e os modelos de usuário. Poder-se-ia ter ainda modelos de usuário sendo atualizados com base na avaliação que o usuário faz de elementos de informação recebidos. Desta maneira, seriam filtrados itens similares a outros que o usuário tenha avaliado positivamente no passado.

O funcionamento básico de um sistema de filtragem de informação pode ser descrito da seguinte forma: primeiramente, cria modelos de usuário a partir de suas preferências, que podem ser capturadas de forma implícita, observando-se o seu comportamento, ou de forma explícita, especificados através de formulários; em seguida, são criadas as representações internas dos novos elementos de informação assim que são detectados; por fim, os elementos de informação são comparados com os modelos de usuário e aqueles com maior índice de similaridade são recomendados.

Existem várias técnicas para a representação interna dos elementos de informação, tais como: o modelo de espaço vetorial; as ontologias; as árvores de decisão etc, e para cada um existem técnicas para calcular a similaridade, como o coeficiente de Pearson e a distância angular entre vetores.