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Inaugurada em 04 de novembro de 1982, a 9ª Subdivisão policial de Maringá foi construída para receber 156 presos. Na época de sua inauguração, a maioria de sua população carcerária era constituída de homens. O número de mulheres reclusas ficava em torno de três apenas.

Atualmente a cadeia pública conta com uma superlotação, abriga uma população carcerária de aproximadamente 450 pessoas, dentre as quais, há 420 homens e 33 mulheres em média. Os homens e as mulheres compartilham da mesma estrutura física, administrativa e institucional, mas são separados por sexo. Há a galeria feminina e a galeria masculina.

A cadeia está localizada junto ao prédio da Delegacia, local onde são registrados e administrados os boletins de ocorrência relacionados aos crimes da cidade e região. Na frente deste prédio, há a Delegacia da mulher de Maringá, onde são registradas as ocorrências relativas à violência contra a mulher. Essa Delegacia e suas funcionárias não têm nenhuma relação direta e nem administrativa com as detentas da cadeia feminina.

O espaço da cadeia pública onde estão as mulheres tem três celas, em cada uma das quais há um banheiro e camas construídas em concreto – as “jegas”. No total, há três banheiros e dezesseis camas para trinta e três mulheres, que cumprem pena ou aguardam julgamento. Este número apresentou uma pequena variação durante o tempo em que realizamos o trabalho de campo, mas se mantinha nesta média. As detentas vivem amontoadas em virtude da superlotação, pois há, em média, quatorze pessoas ocupando uma mesma cela.

Segundo levantamento realizado por Picão (2007), em documentos da Vara de Execuções Penais do Poder Judiciário da cidade de Maringá, a superlotação na 9ª Subdivisão Policial de Maringá (9ª SDP), no início de 2003, fez com que a Promotora de Justiça, Valéria Seyr, solicitasse ao Juiz da Vara de Execuções Penais da cidade de Astorga a remoção das presas da 9ª SDP para a delegacia daquela cidade, local que havia sido reformado e adaptado para a reclusão feminina.

O Juiz concordou com a transferência das presas de Maringá. Em troca, solicitou a transferência dos presos do sexo masculino de Astorga para Maringá, tendo em vista que aquela delegacia não tinha estrutura para a reclusão desses presos. Sendo assim, no início de 2003, a delegacia de Astorga foi transformada em Mini Presídio Feminino e a 9ª SDP em uma carceragem masculina.

Em setembro de 2003, as detentas que estavam em Maringá foram transferidas para Astorga. Mas no início de 2006, o Juiz Gilberto Romero Perioto solicitou ao Juiz de Maringá, que cancelasse o acordo, com os argumentos de que a delegacia de Astorga não tinha estrutura para as cinqüenta mulheres que estavam presas e que os familiares e advogados, das detentas e dos detentos transferidos de uma cidade para a outra, solicitavam a volta de cada preso e presa para a sua cidade, pois o custo e o tempo gasto por eles com locomoção havia aumentado em virtude da distância para realizar as visitas. Por isso, os presos de ambos os sexos foram transferidos mais uma vez dessas delegacias e voltaram para a instituição de origem, em agosto de 2006. Essa é a razão de a Delegacia de Maringá ter hoje trinta e três mulheres.

Na 9ª Subdivisão policial de Maringá, as detentas são atendidas por carcereiros ou presos de confiança, não há agentes femininas e nem pessoal preparado para o atendimento específico para o presídio feminino, os funcionários que atendem os quatrocentos e vinte detentos são os mesmos que prestam assistência a essas mulheres.

Durante o tempo em que realizamos o trabalho de campo, ouvimos informações de que está sendo construída uma casa de custódia para abrigar homens, mas não há nenhum

projeto destinado às mulheres, que dividem um espaço pequeno, conforme será apresentado e descrito na seqüência desta seção.

E, nesse espaço, projetado para receber presos provisórios, há detentas condenadas, cumprindo suas penas e há presas provisórias aguardando julgamento. Elas passam a maior parte do tempo ociosas, quando não se dedicam a trabalhos artesanais. Freqüentam o pátio de sol, diariamente, das 14:00h às 15:30h aproximadamente. Recebem, na medida do possível, assistência médica, odontológica e religiosa, mas não há projetos voltados para a ressocialização profissional e nem educacional.

Aos sábados, no horário das 8:00 às 16:00 horas, as mulheres que estão reclusas recebem visita dos familiares e companheiro, caso comprove união estável. Os homens recebem visita aos domingos das 8:00 às 16:00 horas.

A seguir, será realizada uma descrição do interior do presídio feminino, com a apresentação de algumas imagens que foram fotografadas com a autorização do chefe da carceragem.

A porta do presídio feminino está localizada próxima do corredor que dá acesso ao presídio masculino e está próxima do parlatório, local onde os presos conversam com familiares e/ou advogados.

Por isso, essa porta está sempre fechada, como podemos ver na imagem a seguir. Parlatório Acesso P. Masculino Acesso P. Feminino

Na imagem seguinte, é possível observar um pequeno espaço que há depois da porta de acesso ao presídio. Provavelmente, por dar visibilidade a um outro espaço dentro da delegacia, próximo à carceragem, as janelas foram lacradas, para evitar comunicação com as pessoas do lado de fora.

Há uma porta que dá acesso ao consultório odontológico, onde são atendidos homens e mulheres. Durante o dia, as mulheres ficam “soltas” neste pequeno espaço, sem ventilação e sem luz solar suficiente, conversando, jogando baralho, olhando pela fresta da porta o movimento do outro lado e tentando interagir com as pessoas que estão do lado de fora. Os colchões que aparecem na imagem são utilizados durante a noite dentro das celas. Como o espaço na cela é pequeno, durante o dia eles são enrolados e guardados neste espaço.

A imagem abaixo apresenta um outro ângulo do espaço descrito anteriormente. Nela, aparecem duas mulheres, uma delas olha para fora e/ou se comunica com alguém por uma abertura existente na porta.

Nesta imagem, é possível visualizar a primeira cela – conhecida por X1. Esta cela foi construída para abrigar menores de idade, mas hoje é destinada a mulheres. Há quatro camas de concreto; ao fundo, há um pequeno espaço com palavras escritas nas paredes, local onde há uma latrina e um chuveiro. É possível observar também um televisor ligado.

A grade está aberta.

A imagem a seguir mostra o acesso à segunda cela – X2 e à terceira cela – X3. Durante o dia, a grade dessas duas celas também permanece aberta.

Nessa imagem, é possível observar roupas penduradas no varal para secagem. No corredor, há um freezer no qual são armazenados alimentos e água gelada.

Na seqüência, apresentamos a imagem da segunda cela, conhecida como X2. A imagem mostra duas camas, mas há mais quatro camas neste espaço. Aparecem fotos coladas na parede, geralmente da família, dos filhos ou de ídolos artísticos, como cantores ou atores. Há roupas de cama dobradas, toalhas e roupas penduradas. Por falta de espaço e local adequado para guardar as roupas, todo e qualquer espaço é utilizado para pendurar ou guardar as roupas.

A imagem abaixo mostra a mesma cela descrita anteriormente, vista por um outro ângulo. O que chama a atenção é o fogão utilizado pelas mulheres, para cozinhar. Provavelmente funciona através de energia elétrica, pois há fios em volta do fogão.

Aparecem toalhas penduradas, uma bolsa e um armário onde são guardados utensílios domésticos e alimentos.

Nesta imagem, visualizamos quatro camas. Uma delas está coberta com um lençol. Geralmente as mulheres usam este recurso quando querem manter sua individualidade, quando querem dormir ou ficar sozinhas.

Há algumas roupas penduradas, uma geladeira, utensílios de cozinha e alimentos. O que chama a atenção é o espaço reservado para a bíblia sagrada, que está aberta sobre um tecido branco. Provavelmente para simbolizar a religião e também resgatar uma característica presente em muitos lares, ou seja, um espaço reservado para exposição e leitura da bíblia.

Na seqüência, visualiza-se o X3 por um outro ângulo.

Aparecem mais duas camas, uma delas está coberta com um lençol. E, na outra, observamos alguns potes com alimentos, um ventilador e um aparelho de som.

Do lado esquerdo da imagem, é possível visualizar o local no qual cozinham, utensílios domésticos, panelas e alimentos.

Do lado direito da imagem, observamos o banheiro azulejado e sem porta, um tanque, uma bacia e alguns panos pendurados para secagem.

As imagens apresentadas têm como objetivo apresentar a estrutura do presídio feminino no qual se encontram as participantes da nossa pesquisa. Há também cinco mulheres que ficam do lado de fora do presídio, em quartos existentes no pátio da delegacia. São as presas de confiança, que estão com bebês e/ou ajudam na limpeza, na cozinha e na preparação da refeição para os detentos