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CAPÍTULO 1. As tecnologias digitais e o envolvimento parental na aprendizagem no

2.1 Paradigma e natureza da investigação

2.1.3 Contexto e caracterização dos participantes no estudo

Presente é uma investigação de desenvolvimento em contexto empresarial, que teve início em setembro de 2015, envolvendo uma equipa de investigação da Universidade de Aveiro, a equipa de desenvolvimento multimédia da empresa Criamagin® e quatro salas de jardim de infância do concelho de Aveiro (Figura 1). Desta forma, o público-alvo (pais e educadores de infância) foi envolvido em todas as fases do desenvolvimento, desde o levantamento das necessidades, às especificações funcionais, testes de User Interface – User Experience (UI-UX), utilização ao longo de um ano letivo e avaliação final.

Figura 1 - Relação entre atores envolvidos no projeto

Para envolvimento do público-alvo, foram identificados e convidados três jardins de infância do concelho de Aveiro, com o intuito de integrar quatro grupos de crianças no projeto. O grupo de crianças que compõe uma sala de jardim de infância varia, tipicamente, entre 20 e 25 crianças para um educador de infância, não podendo ultrapassar esse limite (DGE, 2016). Assim estimou-se um conjunto composto por quatro

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grupos, com um total de 80 a 100 crianças, acrescendo a colaboração dos pais e educadores de infância.

O convite às instituições foi feito pessoalmente pela investigadora, ainda em setembro de 2015, com uma apresentação do projeto aos jardins de infância, pré-selecionados de forma a constituírem uma amostra intencional (Creswell, 2012). A escolha recaiu sobre instituições e educadoras já conhecidas da investigadora, que tinham predisposição para utilizar tecnologias com as crianças e com os encarregados de educação, pois seria condição essencial para a utilização da plataforma Presente e para recolha de informação útil ao planeamento, desenvolvimento e avaliação. A apresentação do projeto constou de um conjunto de reuniões com elementos da direção e educadores de infância das instituições, entrega de documentação de apoio, incluindo descrição do projeto com explicação da participação prevista, cronograma e plano de ação. Fechou-se acordo, assinando declarações de colaboração com três instituições e consentimento informado das educadoras. Estes grupos foram envolvidos durante dois anos letivos, 2015/2016 e 2016/2017, em fases diferentes do estudo. Sendo grupos com heterogeneidade etária, houve alterações na sua formação, tendo entrado e saído algumas crianças na passagem de um ano para o outro. Uma das educadoras que participou no primeiro ano (Ed4), entrou de licença de maternidade no final do ano letivo 2015/2016 e a educadora que a substituiu não aderiu ao projeto, pelo que este grupo só participou no estudo preliminar e primeiro ciclo de desenvolvimento. A Tabela 1 sintetiza a informação sobre os participantes incluídos no estudo.

Tabela 1 - Jardins de infância, n.º de salas, educadoras, pais e crianças participantes no projeto

J. I. Tipologia Sala 2015/2016 2016/2017

Ed EE Crianças saíram Ed EE Crianças entraram

JI1 IPSS 1 Ed1 20 22 4 Ed1 22 24 6

JI2 IPSS 2 Ed2 24 24 6 Ed2 21 22 4

JI3 Privada 3 Ed3 24 24 9 Ed3 24 24 9

4 Ed4 24 24 8

A introdução dos pais no projeto ocorreu de forma diferente nos três jardins de infância. No jardim de infância 1 (JI1) e no jardim de infância 2 (JI2) foram as educadoras que explicaram o projeto aos pais, entregaram documentação e solicitaram o preenchimento de um questionário inicial e de uma declaração de consentimento informado. No jardim de infância 3 (JI3) foram feitas duas sessões de apresentação do projeto aos pais, nos

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dias 25 e 26 de novembro de 2015 para as duas salas de jardim de infância da Instituição. Estas sessões marcaram o início do projeto, com uma explicação geral, esclarecimento de dúvidas e partilha de opiniões dos pais. Foi entregue um questionário e declaração de consentimento informado. O questionário inicial teve como objetivo fazer o levantamento de informações pessoais dos pais (idade, habilitações literárias ou número de filhos, entre outros) e conhecer a sua afinidade com a tecnologia (facilidade de acesso às tecnologias, conhecimento e frequência de uso, hábitos de utilização com os filhos), para contextualizar o estudo e caracterizar os utilizadores que iriam estar envolvidos no processo de desenvolvimento da plataforma. Este questionário serviu também para auscultar as necessidades dos pais, relativamente a uma plataforma para envolvimento parental. Apresentam-se, em seguida, dados relativos à caracterização dos sujeitos envolvidos no estudo, para melhor compreensão do contexto.

Responderam ao questionário 52 encarregados de educação do sexo feminino (88,1%) e sete do sexo masculino (11,9%), com idades entre 24 e 51 anos, estando a média nos 37,5 anos. Relativamente às habilitações académicas, três não tinham terminado o 12.º ano (5,1%), sete tinham completado o 12.º ano (11,9%), 31 pais eram licenciados (52,5%), sete fizeram pós-graduação ou mestrado (11,9%) e nove eram doutorados (15,3%), dois não responderam. Sobre o agregado familiar, 42 disseram que o educando vivia com a família nuclear (pais e irmãos, quando existem); sete responderam que o educando não vivia com mais ninguém além do encarregado de educação e dos irmãos, nove não responderam. Ninguém mencionou outros parentes ou pessoas além dos pais e irmãos. Quanto aos filhos, o número variava entre um e quatro, estando a média em 1,64 com um desvio padrão de 0,69. As crianças do estudo situam-se entre os três e os seis anos, os irmãos situam-se, em média, entre um e nove anos, havendo casos individuais de irmãos com 10, 12, 13, 16, 18 e 21 anos. As profissões dos encarregados de educação são variadas: professor, investigador, gestor, doméstica, farmacêutico, vendedor, administrativa, manicura, contabilista, médica, entre outras.

Os resultados do questionário mostraram que os respondentes tinham facilidade de acesso às tecnologias, em particular, Internet, computador e telemóvel, e a maioria usava-as todos ou quase todos os dias. Todos utilizavam a Internet para fins pessoais e o conhecimento sobre utilização da Internet, à exceção da publicação de páginas web, era, em média, razoável a superior. Havia uma percentagem elevada de utilização de serviços Internet, como pesquisa de páginas web, e-mail, partilha de ficheiros, compras de bens e serviços e notícias, e menor percentagem nos serviços de criação de páginas web ou

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blogs, jogos e passatempos. Os educandos tinham acesso às tecnologias, principalmente em casa, sendo o tablet mais utilizado do que o computador ou o telemóvel. Relativamente ao acesso ao computador e à Internet no jardim de infância, as respostas não foram consensuais. Pais de crianças que frequentavam a mesma sala deram respostas diferentes, uns disseram que não tinham acesso e outros que tinham, pelo que se concluiu que alguns não teriam informação relativa a este tipo de atividade. O uso das tecnologias para realização de atividades com os filhos era comum nos participantes, sendo as atividades tecnológicas variadas, desde filmar e fotografar, a mostrar fotografias, fazer pesquisas e jogar ou usar apps educativas, entre outras.

Os resultados do questionário são apresentados de forma aprofundada no estudo preliminar, no tópico 3.1.1.