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O município de Sobral localizado na região NW do Ceará, está inserido no contexto geológico da Província Borborema, que consiste em faixas de dobramentos separadas por extensas zonas de cisalhamento (BRITO NEVES et. al., 1995). A Província Borborema é o nome dado à região situada a norte do Cráton São Francisco, delimitada a leste e norte pelo Oceano Atlântico e a oeste, pela Bacia Parnaíba (ALMEIDA et. al., 1977).

A província é subdividida em três segmentos tectônicos denominados de Subprovíncia Setentrional, Subprovíncia da Zona Transversal ou Central e Subprovíncia Externa ou Meridional. A Subprovíncia Setentrional é constituída pelo Domínio Médio Coreaú (DMC), Ceará Central (DCC) e Rio Grande do Norte (DRGN) (Figura 04).

Figura 04: Esboço geológico da Província Borborema e arredores lineamentos Patos. SJCM – Maciço São José Campestre, TM - Maciço de Tróia, TBL - Lineamento Transbrasiliano (Sobral – Pedro II), SPL - Lineamento

Senador Pompeu; PAL - Patos Lineamento, GC - Complexo Granjeiro.

O Município de Sobral está inserido em sua maior porção no Domínio Ceará Central e uma pequena parte no DMC. Os dois blocos crustais locados em Sobral formaram-se durante a orogenia Brasiliana, o DMC é representado por material crustal mais profundo e denso, associado a uma zona de sutura relacionada ao lineamento Sobral Pedro II, pela a intrusão granítica do stock granítico da Serra da Meruoca, que ocorre encaixado tanto no Graben Jaibaras, quanto nas sequências de rochas do DCC.

O DCC corresponde ao embasamento raso, associado a fragmentos crustais mais antigos, encontra-se sobreposto por sequências supracrustais depositadas no meso/neoproterozóico e metamorfisadas. Esse domínio é composto por embasamento gnáissico-migmatítico com várias fases de deformação, sequências supracrustais e intrusões graníticas sin a pós-tectônicas, que apresentam caráter cálcio-alcalina a localmente subalcalina com tendências alcalinas.

- Paleoproterozóico

• Complexo Ceará e/ou Grupo Ceará

O Complexo Ceará foi litoestratigraficamente dividido, segundo a área geográfica de ocorrência, em quatro unidades: Unidade Canindé, Unidade Independência, Unidade Quixeramobim e Unidade Arneiroz (MATTOS, 2005). O município de Sobral é representado pelas duas primeiras unidades.

A Unidade Independência compreende de forma essencial uma sequência de rochas de paraderivação do Mesoproterozóico do tipo paragnaisses, xistos, anfibolitos com presença marcante de granada, quartzitos, mármores e rochas calciossilicáticas.

A Unidade Canindé é considerada a unidade mais inferior, constituída por paragnaisses quartzo-feldspato migmatítico, milonitizados e metamorfisados, anfibolitos e ortognaisses granítico-granodiorítico no Paleoproterozóico. Os ortognaisses granítico- granodiorítico e migmatítico da Unidade Canindé foram formados e metamorfisados no Paleoproterozóico (idade U-Pb entre 2,15-2,10 Ga; FETTER, 1999).

- Neoproterozóico/Paleozóico

• Grupo Jaibaras e/ou Graben Jaibaras

O Graben Jaibaras é o mais importante e proeminente feição tipo riff do início do Paleozóico na Província Borborema. Tendo como principal característica uma evolução tectônica dominada por magmatismos. Foi formado a partir da reativação, em regime normal,

das descontinuidades crustais profundas e antigas pertencentes ao Lineamento Transbrasiliano (OLIVEIRA, 2001).

O Grupo Jaibaras é uma sequência de metaconglomerados polimíticos intercalados a metarenitos e metasiltitos. O ambiente deposicional deste grupo compreende um sistema de cones aluviais, com canais e planícies fluviais associados e sua deposição se deu em um clima seco. A sua área de ocorrência está intimamente ligada com o lineamento Transbrasiliano em um contexto de bacia “pull apart”. É subdividido em duas formações: a) Formação Massapê, constituída por paraconglomerados brechóides polimíticos/polimodais, matacões de mais de 1 metro de diâmetro, sobretudo possuindo a composição das sequências do embasamento; b) Formação Pacujá, formada por arenitos finos/médios a argilosos, garuvacas, além de arenitos conglomeráticos arcoseanos (GORAYEB et al. 1988). Recentemente a Formação Aprazível é colocada no Grupo Jaibaras em trabalhos de Torquato e Nogueira Neto (1996); Oliveira (2001) com depósitos de conglomerados polimíticos.

• Suíte Parapuí

A Suíte Parapuí consiste de três grupos de rochas: uma sucessão de derrames de basaltos, leitos restritos de riolitos e sucessivos depósitos piroclásticos e epiclásticos, que se acham interpostos aos sedimentos imaturos do Grupo Jaibaras (GORAYEB et al. 1988; NASCIMENTO e GORAYEB, 2004). Esta suíte magmática instalou-se sob um regime vulcânico intenso durante a tectônica extensional que originou a Bacia Jaibaras (Graben) em seu estado de rift; ou seja, consistiu em um magmatismo intracontinetal explosivo e efusivo sobreposto a um substrato paleoproterozóico (NASCIMENTO e GORAYEB, 2004).

• Granito Meruoca

O Granito Meruoca localizado no DMC é um batólito de forma quadrada que compreende uma área de cerca de 400 km². Seus contatos são marcados principalmente por zonas fraturadas e falhadas e, em alguns lugares se desenvolvem auréolas de metamorfismo de contato. Apresenta xenólitos de dimensões variadas de metaconglomerados e metarenitos parcialmente assimilados (GORAYEB et al. 1988).

Três fácies petrográficas são reconhecidas no Granito Meruoca: faialita-ortoclásio granito; biotita-hornblenda-ortoclásio granito e microgranitos. A primeira é constituída por uma rocha de coloração cinza com tons esverdeados, leucocrática, granulação grosseira, composta essencialmente de ortoclásio pertítico. O segundo tipo difere pela cor marrom típica, pela presença de biotita e hornblenda, constituindo a fácies predominante. A última

fácies observada representa fácies de resfriamento e corpos tardios (diques, pequenos corpos) cortando outras fácies (BRITO NEVES et al. 2000).

- Quaternário

• Depósitos Pleistocênicos-Holocênicos

Os depósitos pleistocênicos-holocênicos no município de Sobral recobrem as planícies fluviais, planícies de inundação, áreas de acumulação inundáveis e os terraços fluviais. O aluvião forma grandes depósitos ao longo dos rios Acaraú, Jaibaras, Groaíras e Pajé, sendo constituído por cascalhos e areias de granulometria variando de fina a grossa. Nas regiões de várzeas pode se acumular material síltico-argiloso de coloração variegada (cinza e cinza- escuro). Os depósitos coluvionares formam coberturas formadas por blocos, matacões, seixos e material detríticos de granulometria menor, que ocorrem nas encostas dos morros, morretes e colinas, principalmente dos granitos Meruoca-Rosário (SOBRINHO, 2006).