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O município de Sobral está inserido na bacia hidrográfica do Médio Rio Acaraú, portanto, será feita uma abordagem sobre o relevo da bacia como um todo e em seguida sobre o relevo referente à área de estudo. A bacia hidrográfica é representada em seu aspecto geral, por cinco unidades geomorfológicas principais (SOBRINHO, 2006):

Tabuleiros e Superfícies Similares – compreendem áreas próximas ao litoral. Constituem-se de sedimentos do Grupo Barreiras, que se assentam diretamente sobre o embasamento cristalino, diminuindo de espessura à medida que penetra para o interior. O relevo apresenta- se predominantemente plano, com trechos suaves ondulados. São observados na parte baixa da bacia.

Terraços Aluviais – referem-se às várzeas resultantes das deposições fluviais, constituindo-se estreitas faixas, ao longo dos cursos d’água da bacia, como podem ser observados ao longo do rio principal, no terço final da bacia do Acaraú. São terrenos tipicamente planos.

Cuestas – Na face Sudoeste da bacia do Acaraú ocorre um cordão de significativa elevação, onde se encontra a Cuesta da Ibiapaba (750-800 m). De direção N-S, apresentam-se como um verdadeiro paredão em forma de mesa que dá um aspecto de uma muralha quase contínua, que limita o estado do Ceará a oeste.

Superfícies de Pediplanação – essas regiões apresentam um relevo predominantemente plano e suave ondulado com partes onduladas, verificando-se a presença de maciços residuais. São observadas, principalmente, na parte alta e terço médio da bacia.

Maciços residuais e outros níveis elevados – correspondem às elevações, constituídas geralmente de rochas gnáissicas. Estes maciços atingem elevadas altitudes (superiores a 700 metros) como as serras das Matas ao Sul da bacia do Acaraú. Estão presentes ainda na parte central da face Noroeste da bacia, onde se situa uma importante região montanhosa, a Serra da Meruoca (600-800 m).

Para se compreender o relevo no Município de Sobral se faz necessário entender a evolução morfológica do Estado Ceará. Como descrito anteriormente a evolução do relevo resulta de vários ciclos naturais, que comportaram eventos tectônicos e variações climáticas. Os relevos foram formados e arrasados, para serem rejuvenescidos.

A morfoestrutura do Ceará começou a se delinear a partir da ruptura dos continentes Africano e Americano e de formação do Oceano Atlântico. As paisagens naturais formadas foram constituídas por: maciços cristalinos e inselbergs, depressões periféricas; chapadas sedimentares; planícies fluvial e sub litorâneas a litorânea (SOARES, 2008).

Essas morfologias foram esculpidas por movimentos tectônicos que fraturaram a crosta, formando graben, cuja extensão possibilitou a formação da rede de drenagem e seus principais rios, como o Acaraú. As litologias interferiram através da exposição de diferentes fácies de dissecação resultando em formas derivadas do trabalho seletivo dos processos morfodinâmicos (SOARES, 2008).

Segundo Soares (2008), em a “Evolução das Paisagens Naturais do Estado do Ceará”, sob efeitos climáticos de período mais seco, estabeleceu-se um mar raso que adentrou no continente, formando as estruturas de calcários hoje existentes. Com a intensificação dos movimentos tectônicos, a crosta se rompe em várias direções, com predominância no sentido SW-NE e W-E dividindo as unidades geomorfológicas. Os blocos entre as linhas tectônicas soerguem-se, mantendo-se uma face elevada e seu reverso inclinando-se suavemente (Figura 05).

O município de Sobral se insere neste contexto, cuja organização morfológica se caracteriza pela disposição de terrenos de forma semicircular cavado na encosta de altas terras cristalinas e sedimentares enquadrando superfícies com relevos residuais, suavemente inclinadas ao norte em direção ao Atlântico.

Figura 05: Bloco de diagrama onde é possível observar as unidades geomorfológicas e as direções das principais falhas que ocorrem no município de Sobral no Domínio Ceará Central (Falha Rio Groaíras, Forquilha, Humberto Monte e Sobral Pedro II), no Domínio Médio Coreaú (Sobral-Pedro II, Café Ipueiras, Falha de Granja, Martinópole, Itacolomi, Arapá, Contendas).

Fonte: Adaptado de Silva Filho et.al., 2009.

Constatam-se quatro domínios geomorfológicos no município. O primeiro compartimento é dado pela depressão sertaneja (DS) formada pelas ondulações relacionadas ao substrato rochoso do Complexo Ceará e/ou Grupo Ceará. O relevo arrasado da área na depressão sertaneja, com cotas em torno de 100 m, desenvolveu-se sobre gnaisses, rochas metabásicas e metacalcários pré-cambrianos.

O segundo compartimento é formado pela planície fluvial (PF) que compreende uma vasta área arrasada, com padrão plano suave a ondulado. A planície fluvial ocorre nos setores mais rebaixados dos grandes rios da região (Acaraú e Jaibaras), com cotas que podem alcançar 100 m no interior da área e diminuir paulatinamente em direção ao litoral.

O outro grande compartimento é formado por serras de composição granítica, que se mostram em destaque em relação aos outros compartimentos, que compõe os chamados maciço residual (MR). A morfologia superficial do maciço residual da Meruoca é de um platô

quadrangular com altitudes que podem chegar a cerca de 1000 m. O interior do platô é sulcado por vales, por vezes retilíneo. Dentre estes, destaca-se o vale do riacho Boqueirão, que separa o canto sul do “quadrado” separando a serra da Meruoca, a norte, da serra do Rosário, a sul (SILVA FILHO et.al., 2009).

Em menor proporção ocorrem as áreas de acumulações inundáveis (AAI), compreendem depressões de pequenos desníveis encontrados em vários pontos da depressão sertaneja e que, em decorrência da impermeabilidade dos solos, permite no período chuvoso o acúmulo de água na superfície, porém, devido às altas taxas de transpiração, estas águas tendem a desaparecer, principalmente quando a seca se intensifica, ressecando o solo e, consequentemente, ocasionando o desaparecimento da vegetação na área. São áreas planas com cotas em torno dos 100 metros de altitude (SOARES, 2008).

O relevo atual encontra-se amplamente relacionado com a evolução morfoclimática comandada pelos processos erosivos condicionados pelo clima seco. A fase estável em que o intemperismo químico atua, ocorre no período úmido promovendo o abaixamento do relevo. A partir da fase resistática (fase instável) passou a vigorar a evolução comandada pelos processos de pedimentação resultando numa superfície de aplainamento escalonado (SOARES, 2008).