• Nenhum resultado encontrado

No início do século XVII, a estratégia de colonização portuguesa no sertão cearense era a doação de terras (sesmarias) para a criação de gado como atividade principal. A ocupação territorial do Ceará deu-se pela implantação das fazendas de gado por criadores que partindo de Pernambuco e Bahia, passaram pelo interior da Paraíba e Rio Grande do Norte entrando pelo Sul do Ceará pela região do Cariri através de rotas. Foi no entroncamento das rotas, no século XVIII, formando um eixo comercial, que Sobral nasceu e cresceu dedicada inicialmente às atividades pastoris e comerciais (GIRÃO e SOARES, 1997).

A cidade de Sobral implantou-se às margens do Rio Acaraú, mais ou menos no ponto médio de sua ribeira. Sobral nasceu da Fazenda Caiçara, resultando do sucessivo parcelamento da Sesmaria de Antônio da Costa Peixoto, datada de 14/10/1702. Já havia o povoado da Caiçara, quando a igreja solicitou terras para sediar o Curato do Acaraú em 1742.

Com a construção da Igreja Matriz, o núcleo urbano desenvolveu-se alicerçado na criação de gado e venda do charque para a zona canavieira da Parnaíba e Pernambuco, possibilitando a elevação do povoado à Vila Distinta e Real de Sobral, em 1773 (Ursulino et al, 2006, “Construindo a Agenda 21 de Sobral”).

A topografia também influenciou na escolha do sítio para implantação do primeiro povoado à margem do rio, pois a cota deste lado era mais alta o que o protegeria das enchentes. O primeiro vetor de expansão do núcleo histórico foi no sentido oeste à Matriz de Caiçara, com casario e igrejas, dando as costas para o rio, aproveitando trechos mais estreitos do Acaraú, devido à rápida travessia de canoa (GIRÃO e SOARES, 1997).

O município e a cidade de Sobral nasceram através das fazendas de gados suprimindo a vegetação de caatinga primária, para fazerem suas plantações. Nesta época consta na história que o Senhor Vicente Ferreira da Ponte foi o primeiro que penetrou na Serra da Meruoca, para explorações agrícolas. O primeiro sítio a ser instalado pelo Capitão Mor José de Xerez Furna Uchoa, foi também, o primeiro a ser cultivado com as primeiras mudas de café, em 1747 (GIRÃO e SOARES, 1997).

Quatro anos após a criação da Vila, veio à seca dos “três setes” (1777), causando o início do declínio da pecuária. A função comercial fortaleceu o elo entre o interior e o litoral, ligando Sobral com o mercado nacional (capitanias de Pernambuco e Bahia – as principais). Existia intenso tráfego comercial em lombo de tropas de jumentos ou em carros de bois, entre Sobral e o porto de Acaraú, levando carne salgada, couro e sola para o litoral e trazendo de volta tecidos, artigos manufaturados, objetos de louça e prata e também alguns negros (AGUIAR JÚNIOR 2005)..

No século XIX, em 1841, Sobral passa de vila a cidade, e, diante do crescimento do aglomerado urbano, tanto em população quanto na diversificação das suas atividades econômicas e culturais. A “seca dos dois setes” (1877-1878) acarretou quase o total declínio do comércio das “charqueadas” no Ceará. A saída encontrada pelos fazendeiros foi plantar algodão, cultura que seria responsável pela intensificação da erosão do solo, em razão do desmatamento de grande parte da vegetação, para dar lugar ao seu plantio (AGUIAR JÚNIOR 2005).

Este século é marcado pela difusão das atividades algodoeiras. Fortaleza enriqueceu com o “ouro branco”. Sobral também reforçou sua economia, virando centro político e cultural da região norte da Província do Ceará. Ambas transformaram seus centros urbanos, ganhando ares de cidades comerciais, retomando o crescimento da economia cearense. A economia do gado teve notória decadência, nesse período, porém o binômio do gado-algodão

ainda foi o responsável pela expansão da cidade de Sobral. Outros tipos de indústrias sobralenses foram as extrativistas de produtos vegetais e minerais, cuja matéria-prima era comum na região, como: oiticica, palha e cera de carnaúba, mamona, argila (olarias), calcário, pedras (paralelepípedo) etc.

Ao se iniciar o século XX, o movimento da Estrada de Ferro de Sobral já era bastante acentuado, não somente no transporte de passageiros e bagagens, como também de mercadorias e animais. Segundo Oliveira (1994) , na década de 1910, o transporte de Sobral a Fortaleza era feito a cavalo, em comboios que percorriam estreita estrada carroçável, em, aproximadamente, cinco dias. A Estrada Sobral-Meruoca foi iniciada em 1916 e terminada em 1918, indo até a Mata Fresca, hoje limite entre os dois Municípios. Era pavimentada de pedras com numerosas curvas e aclives, em alguns pontos muito íngremes. Em 1919, chegou o primeiro Jipe com a comissão científica de Einstein para observar o Eclipse Solar. A partir da década de 1920, começou-se a utilizar, como meio de transporte entre as cidades, caminhões mistos, os paus-de-arara (AGUIAR JÚNIOR 2005).

As estradas fizeram a economia de Sobral crescer, o comércio era, no século XIX, e ainda é, no século XXI, a principal atividade econômica dos sobralenses. Praticamente não havia loteamentos em Sobral entre o século XIX e metade do século XX, mas sim glebas com poucos donos. Na periferia era comum o espaço agrário confundir-se com o espaço urbano, existindo ainda vacarias e plantações em bairros residenciais, a maioria localizada próximo ao rio Acaraú. Comumente, via-se e ainda se vê, embora raro, o gado andando nas ruas da cidade (AGUIAR JÚNIOR 2005).

As administrações da cidade de Sobral a partir da década de 70 no século XX deram início ao processo de crescimento econômico, com diversas ações como a construção do Palácio Municipal de Sobral, atualmente prédio da Prefeitura de Sobral, em 1979, com estilo moderno. Este criou uma nova centralidade administrativa e expansão de um núcleo comercial e residencial ao seu redor (casas, comércios, serviços). Com estas ações houve a necessidade de extração de bens minerais como areia, argila, cimento (AGUIAR JÚNIOR 2005).

Historicamente, o município de Sobral sofreu e sofre impactos do processo de uso e ocupação, que degradam o solo paulatinamente, ocasionando a remoção da cobertura do solo, levando ao aumento do escoamento superficial e gerando degradação no solo.