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3.2 – Contexto e implementação do projeto Edulabs na Escola Básica Integrada da Boa Água

O estudo de caso é relativo à implementação do projeto Edulabs na Escola Básica Integrada da Boa Água (EBIBA), instituição de ensino localizada na freguesia da Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra11. Este município situa-se a sudoeste da Península de Setúbal e pertence a Área Metropolitana de Lisboa (Ilustração 2- Mapa de Localização da

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Quinta do Conde). Tem uma extensão de 194,98 quilómetros quadrados. A sua população, de acordo com os últimos censos (2011), era de 48.506 habitantes, sendo a distribuição pelas três freguesias feita do seguinte modo: Quinta Conde com 52,7 % da população, 37,4 % encontrava-se em Castelo e 9,9 % habitava na freguesia de Santiago. Em termos de distribuição etária, a maioria da população tinha entre os 25 e os 65 anos de idade (56,6%). Quanto aos níveis de escolaridade: 19,1% dos residentes

com nenhuma escolaridade12, 21,4% tinha o 1º ciclo de ensino básico, 12,9% com o 2º ciclo de ensino básico, 18,6% com o 3º ciclo, 15,7% com o ensino secundário, 1,7% com o pós-secundário e, por último, a percentagem de residentes com ensino superior estava na ordem dos 10,6%. É de salientar, que a freguesia Quinta do Conde concentrava a maior percentagem de alunos do 2º e 3º ciclo do ensino básico do concelho (Mantas, 2011:5).

A freguesia foi fundada em 1985 e é a mais jovem do concelho13. Graças ao seu crescimento populacional e ao desenvolvimento económico, foi elevada a vila em 1995. Contribuíram para tal o forte investimento na construção de equipamentos públicos: nove escolas públicas (jardins-de-infância, escolas básicas e secundária), um centro de saúde, o Mercado Municipal, os Bombeiros, o Pavilhão Gimnodesportivo, o Anfiteatro da Boa Água, o Cemitério Municipal, o Parque da Vila e outras zonas verdes de pequenas dimensões (Junta de Freguesia da Quinta do Conde, 2015). No domínio da oferta educativa, o município tem apostado na melhoria das condições do ensino e da

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Deve-se fazer notar que na percentagem de residentes sem escolaridade estavam também incluídas as crianças.

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Junta de Freguesia da Quinta do Conde: http://www.jf-quintadoconde.pt/a-freguesia- caracterizacao/

aprendizagem, nomeadamente, através da construção, reorganização e requalificação da rede escolar e no acesso a atividades de enriquecimento curricular. A freguesia também tem investido no apoio às famílias através do prolongamento do horário escolar, do acesso a refeições escolares e transporte dos alunos (Mantas, 2011:5).

Segundo o Projeto Educativo 2011-2015 do Agrupamento de escolas da Boa Água, a população escolar do agrupamento era constituída, maioritariamente, por alunos de nacionalidade portuguesa. Os restantes eram de origem diversificada, destacando-se os provenientes do Brasil e dos Países do Leste. Em relação ao corpo docente, em 2011, era composto por professores jovens e com vínculo laboral precário (Mantas, 2011:5). No ano de 2014/2015, a população docente já era mais experiente, tendo a maioria entre os 41 e os 50 anos, sendo que cerca de 39% dos docentes possuíam um vínculo permanente.

O projeto educativo14 deste agrupamento tem como principal objetivo proporcionar aos seus alunos a formação que corresponda às suas necessidades, de modo a contribuir para o crescimento e a aprendizagem de indivíduos felizes (Projeto Educativo, 2011). No documento entende-se que a necessidade de formar cidadãos aptos para o futuro passa não só pela formação do desenvolvimento das competências básicas, mas também por outras que geralmente não são valorizadas no curriculum académico, mas que se consideram importantes para a formação pessoal. São exemplos disso a criatividade, a comunicação, o trabalho em equipa, a capacidade de resolução de problemas, a tomada de decisões, a organização e a liderança. No seu conjunto surgem designadas como “competências para o Séc. XXI” (Mantas, 2011:14).

São ainda definidos os seguintes propósitos para o agrupamento: “Promover o sucesso educativo, melhorando a qualidade do ensino e os resultados escolares; melhorar a articulação curricular, vertical e interescolar; melhorar a oferta educativa do agrupamento e promover a formação do pessoal docente e não docente; diversificar as fontes de financiamento; prevenir/diminuir a indisciplina; promover uma cultura de segurança na escola; promover e desenvolver as competências do séc. XXI; e melhorar espaços e equipamentos escolares” (Mantas, 2011:17). Este conjunto de intenções resulta do

14 João Barroso define, o projeto educativo como um documento criado com o objetivo de

planificar atividades, “orientar a organização e o funcionamento do estabelecimento”, tendo em vista a unificação da comunidade escolar envolvente, a redução de custos e a criação de uma identidade para a escola ou agrupamento. Neste documento irá constar “os alvos a atingir, as opções estratégicas a seguir, em função do diagnóstico realizado, e dos valores perfilhados” (Barroso, 2006:126-127).

cruzamento entre os objetivos do projeto educativo delineado pelo concelho de Sesimbra, que orienta todas as escolas do concelho, e os dados recolhidos pelo estudo de diagnóstico para averiguar os pontos fortes e a melhorar do agrupamento. Enquadrado nestes fins, o plano de ação integra um conjunto de medidas para a execução destes objetivos, como a formação, implementação e desenvolvimento de metodologias e atividades com apoio das TIC (Mantas, 2011).

Criada em 2009 devido à carência da oferta educativa da freguesia, a EBIBA é uma das escolas mais recentes da Quinta do Conde. Foi inaugurada no mesmo ano da formação do agrupamento. A EBIBA coordena o agrupamento de escolas da localidade homónima. Integra mais três estabelecimentos de ensino: Escola Básica do 1º ciclo e Jardim-de- Infância do Pinhal de General, Escola Básica do 1º Ciclo nº 2 da Quinta do Conde, e o Jardim de Infância do Pinhal do General (Mantas, 2011).

A EBIBA é constituída por um edifício de dois pisos e um ginásio. O edifício contém 23 salas de aulas e nove salas para aulas especializadas (uma sala de informática, duas salas de Educação Visual e Tecnológica (EVT), três laboratórios, uma sala de música, uma oficina e um auditório), para além de contar com uma sala de professores, secretaria, reprografia, centro de recursos (biblioteca), gabinete médico, concelho executivo, refeitório e bar. No exterior, podemos encontrar um ginásio, dois campos exteriores para a prática desportiva e lazer e vários espaços livres ao redor da escola onde os alunos podem circular livremente.

No ano letivo de 2014/2015 tinha um número total de 861 alunos, distribuídos pelo 1º ciclo de ensino básico (174 alunos), 2º (294 alunos) e 3º ciclo (393 aluno).

Para além das ofertas curriculares educativas, a escola disponibiliza outras atividades extracurriculares, onde se destacam a orquestra (que tem uma parceria com o conservatório de música), o desporto escolar, o projeto no âmbito do SAPO Campus (em parceria com a Sapo), outras ferramentas de comunicação online (Facebook e blogs), e projetos internos. Nesta escola existem ainda vários clubes de xadrez, teatro, rádio e inglês.

A EBIBA foi escolhida para integrar o projeto Edulabs por quatro ordens de razões: primeiro, porque os objetivos e as metas daquele se inseriam no projeto educativo da escola, em particular os objetivos relativos “às competências para o séc. XXI” (o trabalho de equipa, a utilização de novas tecnologias, a aplicação de novas metodologias em sala de aula, proporcionar formação aos professores de forma a responder às novas

metodologias de ensino, proporcionar o desenvolvimento de competências tecnológicas e digitais [Mantas, 2011]), definidas no plano Educativo do Agrupamento; segundo, porque a escola tinha já experiência de participação noutros projetos com duas das entidades parceiras: Universidade de Aveiro e o SAPO Campus; o terceiro motivo que levou a escola a participar foi o facto da direção procurar outros modelos de ensino para cativar e motivar os alunos:

Aqui pela direção, como era um projeto que se enquadrava perfeitamente no nosso projeto educativo e além disso ia de encontro às expectativas que nós tínhamos, no sentido de tentar criar aqui modelos que fossem mais apelativos para os alunos, mais integradores e mais motivadores para eles. Este projeto ia de acordo com aquilo que nós queríamos (Entrevista a Nuno Mantas [Ent. NM]).

A quarta e última razão apontada por Nuno Mantas foi que o objetivo principal do projeto educativo é formar pessoas mais felizes: “E os alunos ficam muito mais felizes se utilizarem essas tecnologias em sala de aula” (Ent. NM).

O projeto começou a funcionar no ano letivo de 2014/2015 em duas turmas: uma de 3º ano do primeiro ciclo do ensino básico (com 28 alunos) com computadores portáteis Magalhães e uma turma de 7º ano de escolaridade (30 alunos), com Tablets. O total de alunos envolvidos no projeto-piloto foi de 58. No entanto, a preparação de toda a logística iniciou-se em Julho de 2014.

A implementação do projeto Edulabs na EBIBA foi sujeita a adaptações decorrentes do projeto educativo do agrupamento. Tal significa que, apesar do projeto conter diretrizes pré-definidas, estas foram adaptadas a cada estabelecimento de ensino, pois este é um projeto, tal como afirma o diretor da Escola, Nuno Mantas, “construído com as escolas, de acordo com as suas necessidades” (Ent. NM). Neste caso concreto, a opção foi utilizar a plataforma do SAPO Campus, como principal meio de comunicação. Esta escolha ficou a dever-se à experiência anterior que a escola tinha tido com a mesma.

Desde o início, ao funcionar como projeto-piloto, as metas estabelecidas pela direção da EBIBA eram pôr à experiência os resultados escolares finais dos alunos e construir e testar modelos de aulas para serem alargados a outros Edulabs:

(…) Ou seja, aquilo que os professores fizeram, essencialmente, neste ano foi integrar todas as tecnologias e todo o modelo em si, não só os equipamentos mas também as plataformas, em parceria com as editoras e todos os materiais de suporte, os Mythwares e essas coisas todas. E criar modelos de aulas que pudessem ser replicados noutros Edulabs (Ent. NM).