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Em 24 de abril de 2007 foi lançado um novo Plano de Desenvolvimento para a Educação (PDE 2007). Neste Plano, dentre outras providências, uma das metas era a implementação de tecnologias, técnicas, mídias e hipermídias digitais, dedicadas à Educação, por meio da universalização dos laboratórios de informática para escolas públicas de 5ª a 8ª séries, num primeiro momento, e depois de 1ª a 4ª. Para concretização dessa meta, uma das ações previstas pelo governo foi disponibilizar computadores com acesso a Internet para as rede publica de Ensino incluindo o incentivo à produção audiovisual digital para promover uma a educação de qualidade. Uma medida efetiva foi a publicação do Edital Público (001/2007 MCT/MEC), gerado em conjunto entre Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com recursos de geridos pelos „Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação‟ (FNDE). Esse edital tinha a finalidade de financiar projetos educacionais para a criação de objetos educacionais digitais, por instituições que tivessem seus projetos aprovados por um Comitê de Avaliação formado pelos dois ministérios, e que ficou conhecido por CONDIGITAL.

Os objetos educacionais produzidos e aprovados seriam depositados em um silo digital, hoje denominado Banco Internacional de Objetos Educacionais (BIOE)

(http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/), e disponibilizados a todos os cidadãos brasileiros, em particular os do âmbito educacional, pela Internet.

Na esteira desse cenário, entre agosto e outubro de 2007 foi elaborado um projeto denominado Física vivencial: uma aventura do conhecimento (CARVALHO NETO, 2007), e submetido à apreciação de um Comitê de Avaliação composto por especialistas convidados de algumas Universidades Federais e Instituições de Pesquisa em Educação e Tecnologias. Este projeto produziu e disponibilizou um total de 208 (duzentos e oito) objetos educacionais digitais, distribuídos da seguinte forma:

 120 (cento e vinte) simuladores-animadores (SF);  40 (quarenta) experimentos educacionais (EE);  24 programas de áudio (RD), e

 24 programas de audiovisual (TV).

A produção deste Projeto foi submetida ao Comitê de Avaliação Nacional, cumpridos os protocolos exigidos, em nome do Instituto Galileo Galilei para a Educação (IGGE)3, num certame público nacional do qual participaram inúmeras

instituições, dentre elas universidades públicas federais e estaduais, universidades e centros de ensino superior privado, organizações não governamentais, institutos de pesquisa e outros.

Nesse contexto insere-se esta pesquisa para a concepção educacional, tecnológica e midiática dos objetos educacionais mencionados e a modelagem complexmedia. Este desafio tornou-se o objeto de investigação deste trabalho. Após a concepção e o desenvolvimento dos objetos e da plataforma complexmedia realizou-se uma aplicação experimental na modalidade Educação Digital, com um grupo de estudantes do ensino médio e tecnológico e professores-mediadores. A perceptiva desta aplicação foi de observar o desempenho dos mesmos no contexto pedagógico-tecnológico elaborado e apreciar as suas reações e percepções, tendo como parâmetro a fundamentação eleita e os desafios da complexmedia. Embora não se tenha realizado uma análise comparativa em profundidade, é possível

3 O Instituto Galileo Galilei para a Educação (IGGE) foi fundado em 1997 e tem como foco de suas ações a elaboração de projetos de pesquisa e execução de ações sócio-educacionais. Disponível em: <www.igge.org.br>. Acesso em 15 mar. 2011.

realizar uma análise inicial e fundamentada pela percepção dos participantes a respeito de como objetos educacionais digitais estão integrados e disponibilizados em uma Plataforma Complexmedia.

2 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Como a espectativa de vida no Brasil elevou-se continuamente nos últimos 20 anos oferecer uma educação que apresente consistência entre currículo escolar e vida civil, na perspectiva de uma formação efetiva para a cidadania, passa a ser um dos elementos de justificativa ampla desta pesquisa.

Em 2050, conforme referenciado na abertura deste estudo, a participação da faixa etária de 0 a 14 anos terá sido reduzida à metade, de tal modo que este grupo representará 13,15% da população brasileira em comparação a 2008, quando apresentava um índice percentual de 26,47%. Por outro lado, a população idosa ultrapassará os 22,71%, contra os 6,53% apontados em 2008, registrando, portanto, um crescimento da ordem de 3,5 vezes. Tais aspectos devem, necessariamente, ser levados em consideração pelas políticas educacionais tanto quanto às condições de contorno mais específicas e que dizem respeito aos possíveis impactos que diferentes modelos de ensino terão sobre a população, desde agora, até a linha- limítrofe do ano de 2050, aqui considerada.

Uma das questões que se coloca diante de tal cenário é como conciliar o desenvolvimento econômico, assegurando a manutenção dos atuais níveis de bem– estar geral e, ao mesmo tempo, reduzir os elevados níveis de pobreza e as diferenças sociais marcantes tendo como um dos macro fatores de desenvolvimento a Educação.

Se a educação é considerado um valor a ser perseguido,

a educação não pode contentar-se com reunir pessoas, fazendo-as aderir a valores comuns forjados no passado e deve, também, responder à questão: viver juntos, com que finalidades, para fazer o quê? E dar a cada um, ao longo de toda a vida, a capacidade de participar, ativamente, num projeto de sociedade (DELORS, 1996, p. 52).

Esta proposição tem como aspecto intrínseco um elemento que coloca, sob intensa crítica, modelos educacionais cuja ênfase pedagógica recai na figura de um docente como centro da informação e do saber, para uma plateia de ouvintes que pouco interage entre si no espaço físico e restrito de uma sala de aula, na perspectiva de que o silêncio é esperado em uma aula discursiva, e cujas razões de

existência remontam a fragmentos de paradigmas historicamente construídos e validados, mas que necessitam adequações e reformas ao longo do tempo.

A preparação para uma participação ativa na vida de cidadão tornou-se para a educação uma missão de caráter geral, uma vez que os princípios democráticos se expandiram pelo mundo (DELORS, 1996, p. 53).

Além dos aspectos citados são levados em conta no presente estudo as possibilidades e impactos que as tecnologias digitais representam e poderão significar para a Educação:

A digitalização da informação operou uma revolução profunda no mundo da comunicação, caracterizada, em particular, pelo aparecimento de dispositivos multimídia e por uma ampliação extraordinária das redes telemáticas. [...] Observa-se, igualmente, uma crescente penetração destas novas tecnologias em todos os níveis da sociedade, facilitada pelo baixo custo dos materiais, o que os torna cada vez mais acessíveis (DELORS, 1996, p. 55).

Em Jomtien (1990) os países firmaram a proposição geral de que "a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro". Declararam, também, entender que a educação é de fundamental importância para o desenvolvimento das pessoas e das sociedades, sendo um elemento que "pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, e que, ao mesmo tempo, favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a cooperação internacional".

Enquanto se apresentam tais expectativas universais, projeções e cenários de futuro se têm como efetivo contexto no que tange à Educação no Brasil, um quadro adverso para o qual se busca desenhar nos tópicos de estudos, a seguir.

2.1 O CENÁRIO DE FUNDO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: INDICADORES