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4. METODOLOGIA

4.1. Contexto metodológico

Visando refletir sobre a temática do envelhecimento/velhice na sociedade atual, em que concomitante ao aumento do número de idosos há necessidade de aumentar o número de profissionais engajados e aptos para atuar com essa demanda, buscamos conhecer as teorias a respeito do tema, por meio de uma pesquisa bibliográfica e as grades curriculares dos cursos de psicologia por meio do método documental.

O estudo tem como finalidade verificar como esse tema está sendo discutido e em que proporções, dentro das faculdades de psicologia de três estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, escolhidos por concentrarem o maior número de pessoas com idade média em anos maior que a do resto do país.

Para isso, foi preciso levantar e identificar o número de Instituições de Ensino Superior (IES) que disponibilizam on-line, especificamente no site das universidades os cursos de psicologia nos três estados escolhidos; após a identificação, o trabalho consistiu em mapear, analisar e avaliar as grades curriculares; e verificar se as disciplinas presentes nos fluxogramas curriculares abordam a temática do envelhecimento e longevidade, a fim de se contribuir para a formulação de subsídios reflexivo-críticos junto às políticas educacionais que levem em conta o aumento do número de idosos no Brasil e o tema do envelhecimento a serem abordados nesses cursos do país, trazendo assim mudanças sociais sobre o significado de velhice.

A estratégia de investigação escolhida foi a da pesquisa documental por ela possibilitar um conhecimento do passado, já que os dados documentais são capazes de oferecer conhecimento objetivo da realidade que foi escrita. As fontes documentais, segundo May (2004), tornam-se importantes para detectar mudanças na população, na estrutura social e cultural, permite também a obtenção de dados com menor custo de análise, além de favorecer a obtenção de informações sem constrangimento de sujeitos, pois a pesquisa não contém entrevista e nem questionários.

Considerando os objetivos deste trabalho, entendemos que a pesquisa documental – uma vez que se trata de uma forma de pesquisa cujo pesquisador utiliza documentos com a finalidade de extrair informações – nos permitiu examinar as grades curriculares dos cursos de psicologia, materiais à espera de um tratamento analítico, como afirma Helder (2006).

Esta pesquisa apresenta-se como um método de escolha e de análise de dados, possibilitando, a partir de dados passados, realizar inferências para o futuro, produzindo, assim, novos conhecimentos e novas formas de compreender os fenômenos e a forma como estes vêm se desenvolvendo. Este estudo também utilizou fontes que inclui documentos públicos, leis, registros estatísticos (IBGE) e registros institucionais (IES).

Assim, foram pesquisadas as matrizes curriculares dos cursos de graduação em psicologia de três estados com o número de pessoas com idade média em anos maior do país (32,1), segundo dados do IBGE (2010), que são: Rio Grande do Sul (34,9), Rio de Janeiro (34,5) e São Paulo (33,5).

Cabe destacar que, segundo o decreto 6.303, de 12 de dezembro de 2007 e pelo decreto 6.861 de 27 de maio de 2009, o Ministério da Educação dispôs sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de cursos e instituições e cursos superiores; e pela publicação da Portaria Normativa n° 40 de 12 de Dezembro de 2007, consolidada na Portaria Normativa n° 23 de 1º de Dezembro de 2010, em seu Art 32, § 1º – a Instituição deverá afixar em local visível junto à secretaria de alunos, as condições de oferta do curso, informando, entre as seções, a de n° IV – Matriz Curricular do Curso; e no § 2° – a Instituição manterá em página eletrônica própria, e também na biblioteca, para consulta dos alunos e interessados, registro oficial devidamente atualizado das informações referidas no § 1°.

Identificamos, em primeiro lugar, na plataforma do e-MEC, a existência de 84 cursos de Psicologia no Estado de São Paulo; 33 no estado do Rio Grande do Sul; e 23 no estado do Rio de Janeiro, totalizando 140 cursos de psicologia nesses três estados brasileiros. Desse total, esta pesquisa foi constituída por 11 cursos de psicologia, tendo como critério a inclusão das principais instituições públicas e privadas desses estados e suas respectivas instituições de ensino superior (IES).

No entanto, conforme constatado durante nossa pesquisa, nem todas as faculdades de psicologia disponibilizam via internet a grade curricular dos seus cursos, dificultando a coleta de informações.

A partir desses critérios, os 11 cursos de psicologia escolhidos (Quadro 2) foram: em São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/Campus Baixada Santista); a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); a Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e a Universidade de São Paulo (USP). No Rio de Janeiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj); a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ); e a Universidade Estácio de Sá (Campus Copacabana). No Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Quadro 2 – Lista de universidades pesquisadas

IES

São Paulo

Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul

Universidades Públicas Unifesp (Santos) USP UFRJ UERJ UFRGS Universidades Privadas

Mackenzie Estácio de Sá Unisinos

PUC-SP PUC-Rio PUCRS

Fonte:Ednéia Salviano (2013).

Após o levantamento das instituições, verificou-se o perfil de cada curso de psicologia de maneira descritiva com base no Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação presencial e à distância (2012), disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),3 nos seguintes pontos: se o PPP contempla as demandas efetivas de natureza econômica e social da região e do país; quais os objetivos do curso e se apresentam

3 Disponível em:

http://download.inep.gov.br/educacao_superior/avaliacao_cursos_graduacao/instrumentos/2012/instru mento_com_alteracoes_maio_12.pdf

coerência ao perfil do egresso, a estruturas curriculares e no contexto educacional; citar perfil do profissional egresso e suas competências; análise da estrutura curricular levando em conta aspectos de flexibilidade, interdisciplinaridade, articulação de teoria e prática, disciplinas relacionadas ao envelhecimento populacional.

Depois de fazer o mapeamento e análise do perfil de cada curso de TL por região, segundo o método de Análise de Conteúdo de Bardin (1977),4 percebeu-se em cada fluxograma curricular, um número extenso de disciplinas e cargas horárias. Como esta pesquisa prioriza investigar se o tema de envelhecimento é abordado no PPP e/ou fluxograma curricular, usou-se o critério de seleção e classificação das disciplinas relacionadas à educação em quatro blocos, cujas nomenclaturas das disciplinas eram comuns à maioria das matrizes. Com os blocos definidos se quantificou as disciplinas presentes ou ausentes na estrutura curricular dos cursos.

Após a coleta das grades curriculares, foi feito um levantamento das disciplinas que contemplavam o tema velhice/envelhecimento, psicologia do desenvolvimento ou alguma outra nomenclatura que seja convencionada, pelo meio acadêmico.

Foram feitos quadros descritivos das disciplinas, ano ou semestre em que são ministradas e por quantos semestres para cada curso. Posteriormente, foram realizados quadros comparativos entre eles.