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2.7. AS COMPRAS PÚBLICAS SUSTENTÁVEIS(CPS)

2.7.1. Contexto sobre compras públicas sustentáveis no mundo

Após a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável realizada na África do Sul, também conhecida como Rio + 10, em 2002, foi lançado o Processo de Marrakesh, que consistia na definição de ações voltadas à mudança dos padrões de produção e consumo em nível global para os próximos 10 anos e também referia-se a um pacto de adesão voluntária para impulsionar os governos a promoverem políticas de mudanças nos padrões de consumo e no desenvolvimento sustentável tendo como objetivos principais “tornar as economias dos países mais verdes, ajudar empresas na criação e desenvolvimento de modelos de negócios amigáveis ao meio ambiental e conscientizar a população para um estilo de vida mais saudável” (BARTHOLO et al., 2012, p. 9). Sendo assim, o Processo de Marrakesh representou um marco significativo por conta de levar as compras públicas sustentáveis (CPS) a um patamar mais elevado na transição para padrões mais sustentáveis.

Os países que integraram a chamada Força-tarefa de CPS (Compras públicas sustentáveis), que foi criada em 2005, assumiram papel relevante nesse processo de Marrakesh e eram liderados pela Suiça e tinham como objetivo estabelecer ações concretas visando à construção de políticas de CPS (Compras públicas sustentáveis (CPS)) efetivas nos países dela participantes.

O tema Compras públicas sustentáveis (CPS) teve uma evolução no contexto mundial com a realização, em 2012, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, onde ocorreu o estabelecimento do 10 Year Framework Program on Sustainable Consumption and Production Patterns (10YFP). A finalidade dele é reforçar a cooperação internacional com intuito de acelerar a mudança referente ao consumo e produção sustentáveis nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Segundo CEPAL (2017), o Projeto SPPEL (Sustainable Public Procurement and Ecolabeling) foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –

PNUMA e tem como finalidade integrar as CPS(Compras públicas sustentáveis (CPS)) e os sistemas de rotulagem ambiental nos países, estimulando, assim, a demanda por produtos sustentáveis. A execução do Projeto SPPEL no Brasil teve início em 2014, através da parceria entre o PNUMA e os Ministérios do Planejamento (MP), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Meio Ambiente (MMA). Esse programa tem como base uma melhor compreensão sobre os benefícios e barreiras a utilização de sistema de rotulagem ambiental, certificações e outras ferramentas voluntárias disponibilizadas no mercado como ferramentas de apoio às ações de CPS do governo federal.

Segundo CEPAL (2017), dentre os países europeus considerados pioneiros na adoção de políticas de compras públicas sustentáveis (CPS) ou compras públicas verdes, destacam-se os constantes no quadro 6.

País Razões do Pioneirismo

Alemanha Referência no uso de sistemas de rotulagem ambiental.

Holanda Plano de Ação estabelecido em 2003, anteriormente à maioria dos demais países europeus.

Portugal Detém ferramentas para monitoramento dos benefícios proporcionados pelas CPV.

Espanha Política apoiada por instituições especializadas na definição de critérios para produtos e serviços e com preocupação relacionada às compras de nível local.

Suécia Ações de capacitação de servidores e diálogo com o setor produtivo.

Quadro 6 - Países pioneiros em CPS Fonte: CEPAL(2017)

Destaca-se que além dos países citados anteriormente, existem outros que estão sendo influenciados por essas práticas de compras públicas sustentáveis (CPS), inclusive o Brasil, como se pode verificar no quadro 7.

País Práticas de Licitações Sustentáveis

Brasil Dentre as práticas destacam-se as federais, tais como Decretos n. 99.658/90, 2.783/98, 4.059/2001, 4.131/2002, 5.040/2006, 6.204/2007;

Agenda Ambiental na Administração Pública(A3P); Instrução Normativa SLTI/MPOG 01/2010.

continua

País Práticas de Licitações Sustentáveis

Estados Unidos Executive order number 13.423 de 24/01/2007 (Strengthening Federal Environmental, Energy, and Transportation Management) na Administração de George W. Bush. Verificase também o Programa Energy Star, entre outros. O EPA (Environmental Protection Agency) disponibiliza uma série de guias e ferramentas para as aquisições verdes por meio do domínio eletrônico EPP (Environmentally Preferable Purchasing) e discrimina bens, serviços e obras verdes, e demais informações aos fornecedores. O Estado-membro de Nova York fornece incentivos fiscais para o uso de equipamentos eficientes sob o ponto de vista ambiental e energético.

Inglaterra e País de Gales

Os governos já realizam licitação sustentável há mais de uma década. Há um programa intenso de treinamento dos funcionários que atuam na área da licitação pública.

México Faz parte de um grupo de compras públicas verdes criado no âmbito do acordo de livre comércio do NAFTA e tem um programa de gestão ambiental pública implementado. A lei de licitação do México incluiu princípios de licitação sustentável, exigindo eficiência energética e econômica ao uso de água nos contratos e aquisições do governo.

Suécia O programa de licitação sustentável foi criado em 2001 e criou uma empresa composta por entidades públicas e empresas públicas e privadas, que define prioridades de ação para compras sustentáveis. Esta empresa realiza estudos científicos de ciclo de vida e análises econômicas, para a construção de critérios e indicadores de sustentabilidade de bens, serviços e obras. Suíça Possui um sistema em funcionamento e lei em vigor.

União Europeia A licitação europeia é regulamentada pelas diretivas, as quais contemplam uma série de critérios ambientais.

Quadro 7 - Práticas em licitações sustentáveis no mundo Fonte: Adaptado de Oliveira (2008, p. 73).

A troca de experiências com outras autoridades que já implantaram as CPS (Compras públicas sustentáveis (CPS)) é um dos meios que mais contribui para a aplicação da licitação sustentável nos países que estão iniciando (BIDERMAN et al., 2006).

A prática das CPS (Compras públicas sustentáveis (CPS)) junto com a conscientização, tanto dos países desenvolvidos, como os em desenvolvimento, vem aumentando. A proteção e

conservação do meio ambiente deve ser uma preocupação mundial, já que qualquer alteração no meio ambiental em qualquer canto do planeta altera a vida da humanidade.

As práticas de CPS(Compras públicas sustentáveis (CPS)) utilizadas como ferramenta de gestão ambiental, incentiva a melhoria dos parâmetros relativos a sustentabilidade, ampliando-se as ofertas de vendas de bens verdes no mercado com um ciclo de vida maior, contribuindo para que os resíduos sólidos sejam reduzidos no meio ambiente, a qualidade de vida da sociedade melhore, as empresas locais sejam beneficiadas, trazendo recursos para a economia local, entre outros aspectos sócio ambientais.

Os órgãos públicos, de um modo geral, internacionais, inclusive, estão sendo encorajados a buscar de forma sustentável, em reduzir seus impactos ambientais, e estimular a sustentabilidade no setor privado. Políticas governamentais que apoiam as compras sustentáveis são fundamentais para estimular a divisão das compras sustentáveis (BRAMMER, WALKER, 2011).

Isso se torna mais importante, ao se considerar o grande volume financeiro gasto em compras governamentais, nesse contexto as compras públicas sustentáveis (CPS) possuem um potencial de movimentar trilhões de dólares anualmente. (UNEP, 2014).

Achim Steiner, subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, afirma que:

Os países integrantes da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD) gastaram 13% do seu PIB em compras públicas durante 2011, enquanto em alguns países em desenvolvimento o índice pode chegar a 20%. Isso significa trilhões de dólares, dimensionando a escala desta oportunidade (UNEP, 2014).

Ainda segundo Achim Steiner:

Governos podem usar esse poder de compra para impulsionar os mercados em direção da sustentabilidade, solicitando produtos e serviços que conservem os recursos naturais, criem oportunidades decentes de trabalho e melhorem os meios de sustento ao redor do planeta (UNEP, 2014).