• Nenhum resultado encontrado

A sala de atendimento do berçário II13 localiza-se do lado esquerdo da

entrada principal, ficando próxima a sala do Atendimento Educacional Especializado. É uma sala ampla com uma configuração quadrada que, por vezes, torna-se insuficiente para livre circulação dos vinte e dois (22) bebês entre um ano e meio a dois anos que diariamente a frequentam. A porta de entrada é de alumínio e junto a ela há uma pequena cerca, a qual permite que as crianças visualizem o pátio interno, bem como a circulação de pessoas e crianças. Não há janelas grandes e amplas, apenas janelinhas próximas ao teto e cinco (5) janelas em formato retangular na parede, sendo duas delas na altura dos bebês. Na mesma parede onde fica a porta, há espaço para guardar as mochilas e seis (6) berços enfileirados,

e mais quinze (15) colchonetes empilhados no canto, proporcionando um maior movimento dos bebês no espaço da sala de aula.

Em uma parede que divide os berçários, tem um balcão com trocador, pia com torneira elétrica e um armário onde se guarda, em caixinhas, os pertences (fraldas, lenços umedecidos, pomadas e paninhos) de cada um dos bebês. Repartindo este ambiente do restante da sala, há um armário com materiais pedagógicos e duas estantes com brinquedos. Ao fundo, fica uma mesinha retangular, onde os bebês fazem suas atividades e refeições, um espelho pequeno e um tatame, onde eles interagem entre si e assistem TV. À frente deste local de brincadeiras, fica a porta para solário do berçário, onde há carrinhos, motocas e gira- gira de uso exclusivo da turma.

Foto 6 – Espaço destinado ao sono e as brincadeiras livres do BII

Foto 8 – Divisão do espaço do berçário em ambiente de cuidado e de educação

A separação espacial do berçário por um móvel revela um entendimento de educação dos bebês também fragmentado, pois as ações realizadas são particularizadas por seus profissionais e ambientes. Dessa forma, as ações de cuidado se restringem “atrás do armário” no trocador, quase que exclusivamente pelas quatro estagiárias, sendo duas (2) por ambos os turnos e, ações de educação, com o uso da folhinha “à frente do armário”, pela professora regente. Ao delimitar seus atos junto aos vinte e dois (22) bebês, a professora demonstra que não há partilha das tarefas, mas uma clara divisão profissional. Além de evidenciar a complexidade que o termo cuidar tem para o profissional da Educação Infantil, o qual ainda não o percebe como elemento substancial de suas funções. Ao cuidar, o professor não pormenoriza sua profissão, pelo contrário, admite-a como balizadora das experiências humanas, “[...] favorecendo o desenvolvimento da passagem de condição de bebê, onde praticamente os adultos fazem tudo por elas, para uma situação de relativa independência” (PPP, 2012, p. 68).

Compreendendo que tanto a auxiliar como a professora constituem-se ou devem se constituir mediadoras no processo de aprendizagem e interação dos bebês na sala do berçário II, inicialmente considerei a ambas, como sujeitos da pesquisa, juntamente com a diretora da escola. Contudo, como seguidamente havia mudanças de auxiliares, não havendo uma que pudesse ser considerada referência para os bebês e pelo fato da professora regente ter um vínculo estável de 40h no serviço público, ficando com as crianças em turno integral, optei por investigar

somente a sua prática pedagógica com os bebês, sem, no entanto, desconsiderar todas as ações das auxiliares.

Em virtude, da professora permanecer muito tempo junto das crianças, perfazendo um total de 9h diárias de trabalho, era nítido o seu cansaço e esgotamento físico, que por vezes manifestava tanto para as auxiliares, principalmente quando das atividades de trocas de fraldas, quanto para as próprias crianças, pedindo que brinque com ela sentados. Mas, como esperar que bebês com um ou dois anos fiquem sentados brincando? Eles, biologicamente e fisiologicamente precisam aprimorar suas capacidades de movimento, coordenação motora ampla de ultrapassar/deslocar, caminhar; em termos de desenvolvimento sócioafetivo, sentem necessidade de explorar e descobrir com e sobre o mundo a partir de interações com os adultos, as crianças, e os objetos que os envolvem. Precisamos, pois, é de professores tão ativos quanto às crianças no berçário, que conheçam, reconheçam e valorizem a potencialidade das diferentes formas de expressão e comunicação não verbal do bebê para a construção do conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo.

A colaboração da diretora e professora nas entrevistas a partir de suas percepções, conhecimentos e vivências, experiências e impressões foi fundamental para descortinar como as práticas com bebês são delineadas pelos preceitos legais e como elas se efetivam no contexto da prática de sala de aula e das propostas pedagógicas da escola.

A partir disso, organizo um quadro com a descrição detalhada dos sujeitos participantes da pesquisa, utilizando nomes fictícios para identificá-los ao longo da análise.

Nome Fictício Cargo

Julia Professora Berçário II

Vera Diretora

Quadro 3 – Descrição dos sujeitos da pesquisa

Durante todo o processo de realização da pesquisa, adotei o termo estar junto e não observar, porque compreendi que na dinâmica das turmas do berçário é

impossível ficar só olhando os bebês, sem partilhar de todos os momentos que eles vivenciam neste espaço, seja entre eles ou com eles. Os próprios bebês clamam pela participação de quem ali está, pois eles gentilmente dizem: “entra!”; acenam com as mãos dando as boas-vindas, quando não vão ao seu encontro e te agarram e dizem “Oi...beijo” ou puxam pela mão e dizem: “brinca!”.

Por tudo isto, que compartilhei e vi a cada dia na escola é que reitero que não observei os bebês, tampouco as professoras e a escola, mas sim, percorri com eles está mágica e única experiência que é estar na escola da infância dentro da sala do berçário.