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Contextos de educação formal, não formal e informal em ciências:

2. Pilares teóricos de suporte ao desenvolvimento da sequência didática

2.5. Contextos de educação formal, não formal e informal em ciências:

É sabido que a escola não trabalha sozinha, mas em conformidade com as parcerias que estabelece, sendo a família uma das que se encontra em primeiro lugar. Uma outra parceria é estabelecida com a comunidade, que, ao ser tão abrangente, pode apresentar- se como uma ferramenta útil a utilizar pelo professor. A escola pode interagir com a comunidade através de palestras e exemplificações, workshops dentro do estabelecimento de ensino ou através de visitas de estudo a um leque diversificado de instituições. De modo a serem produtivas e enriquecedoras para o desenvolvimento dos estudantes as visitas de estudo devem estar bem planificadas e organizadas pelo professor, ou equipa de professores, bem como pelo responsável da instituição. Esta preparação inclui os objetivos e motivos da visita, a indicação das competências e ofertas de aprendizagem que serão permitidas às crianças e do tipo de interações que se podem estabelecer. Infelizmente, muito do que se verifica nas escolas é que esta preparação não existe, tornando a visita num simples passeio (Rodrigues & Martins, 2009).

A escola sempre foi o espaço privilegiado para a função de educar, sendo que aqui se integra o conceito de educação formal, como a educação que está devidamente organizada, regida por um currículo, com uma estrutura que deve ser seguida e onde os estudantes são avaliados segundo determinado sistema de avaliação (Gohn, 2006; Rodrigues, 2011).

Contudo, a educação não é um processo exclusivo da escola, pois é possível aprender-se ao longo de toda a vida e em interação com outros contextos. Assim, a educação não formal surge como complemento daquilo que não é escrito no currículo. A educação não formal é na mesma organizada e estruturada, pois é necessário refletir- se sobre os objetivos e aprendizagens que determinada atividade promove na criança. No entanto, a avaliação não tem cariz formal, a aprendizagem é interiorizada pelo estudante de forma diferente e pode ocorrer em vários sítios, tendo em conta a oferta da comunidade, permitindo também o conhecimento sobre o que rodeia o individuo (Gohn, 2006; Rodrigues, 2011).

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Com o desenvolvimento das sociedades e o agudizar de problemas a nível mundial, é cada vez mais importante o ensino das ciências, mobilizador de competências essenciais ao cidadão comum, tornando-o capaz de tomar decisões conscientes. Assim, surge a importância de integrar o ensino das ciências em contextos formais, englobando os não formais, isto porque a educação, quer seja formal ou não formal, deve ser encarada como complementares. Devem ainda complementar-se com a educação informal. Esta é desenvolvida sem intenção e é aquela que ocorre ao longo de toda a vida. As conversas com amigos, a visualização de filmes, a leitura, seja de livros, jornais ou revistas, bem como as viagens, cujo objetivo é o lazer, também podem trazer aprendizagens para os estudantes. Das vivências sociais surgem grandes aprendizagens, que não foram pré- definidas, nem organizadas (Rodrigues, 2011).

A educação formal, não formal e informal sempre estivera presente no processo de educação do indivíduo, no seu dia-a-dia, em interação com os diferentes contextos (Alves, 2014). Por isso, torna-se difícil delimitar as fronteiras entre os três conceitos, uma vez que, num espaço formal, há sempre fatores não formais e informais e em contextos não formais ou informais surgem elementos formais. Roger (2004), referenciado por Alves (2014), declara que a diferença entre os três conceitos é meramente administrativa, no sentido em que a educação formal está organizada de uma forma hierarquizada, com uma estrutura lógica e sequencial, a educação não formal traduz-se em atividades que não foram definidas na estrutura lógica e sequencial da educação formal, mas que visam determinadas aprendizagens das crianças e, por último, há a educação informal, que acontece ao longo de toda a vida, aquando da interação do indivíduo com os diferentes contextos.

Tal como a educação formal, o objetivo da educação não formal é proporcionar às crianças aprendizagens, mas que estão ou não integradas no currículo. Assim, espaços de educação não formal podem potenciar aprendizagens em ciências, sem a componente da avaliação, que muitas vezes intimida as crianças. Estes espaços, que podem ser centros de ciência, oferecem recursos, que muitas vezes não existem nas escolas, por serem demasiado dispendiosos. Surge assim a possibilidade de serem explorados aspetos e curiosidades que não podem ser explorados em contextos de sala de aula (Bianconi, Dias & Vieira, 2014).

Nos espaços que não são escolas, mas que foram criados com o intuito de se tornarem recursos educativos, há a possibilidade de as crianças experienciarem

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vivências únicas que lhes permitirão percecionar aspetos do quotidiano, tendo em conta a evolução da ciência e tecnologia. Por outro lado, a abertura destes espaços à escola, permite-lhes obter um feedback, através da reação das crianças e professores, em que poderão avaliar o seu nível de desempenho, podendo melhorar em vários aspetos e promovendo novas exposições que surgem das sugestões dos visitantes (Chagas, 1993). Exemplo desses espaços, que existe no contexto onde se desenvolveu o Pii, presente neste relatório de estágio, é o Serviço Educativo Municipal de Ílhavo [SEMI], projeto esse desenvolvido pela Câmara Municipal de Ílhavo, que pretende complementar objetivos educativos das escolas do município, proporcionando diversificadas actividades nos diferentes espaços disponíveis. São os casos da Biblioteca Municipal de Ílhavo [BMI], o Centro Cultural de Ílhavo [CCI], O Centro De Educação Ambiental [CEA], a Escola Municipal de Educação Rodoviária [EMER], o Museu Marítimo de Ílhavo [MMI], o Navio Museu de Santo André [NMSA] e o Centro de Documentação De Ílhavo [CDI]. Todos os anos, o SEMI, em conjunto com professores do agrupamento planificam atividades para cada ano de escolaridade, mapeando de seguida as visitas das escolas aos diversos locais. Por norma, cada ano de escolaridade visita dois dos espaços do SEMI. Na medida em que todos os anos há rotatividade, as crianças chegam ao final do 1.º CEB tendo visitado todos os espaços (SEMI, 2016).

Em suma, é essencial aos professores estarem atentos aos recursos que os rodeiam e que podem proporcionar ótimos momentos de aprendizagem para os seus alunos, seja em contextos formais, não formais, ou informais. As comunidades estão preparadas para dar resposta às necessidades sociais (SEMI, 2016).

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