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Tamandaré foi emancipada do município de Rio Formoso, do qual era distrito, por meio da Lei Estadual nº 11.257, de 28 de setembro de 1995 (CONDEPE, 2001). O município é relativamente recente, todavia o contexto histórico do seu povoamento remonta ao século XVI possibilitado pelo desenvolvimento da atividade canavieira, uma vez que as características físicas, isto é, o solo, o clima e os índices pluviométricos, da localidade são apropriados para o cultivo da cana-de-açúcar.

O povoamento do território de Tamandaré tem semelhanças com o litoral pernambucano, ou seja, começa a partir do estabelecimento do Sistema de Capitanias Hereditárias, em 1535, quando é criada a Capitania de Pernambuco (CONDEPE, 1998), e tinha como característica principal o modelo de exploração da produção açucareira no período colonial do Brasil.

Até o início do século XVII o povoamento do litoral pernambucano ocorre intensamente devido ao crescimento econômico obtido pelo sistema canavieiro, desta forma condiciona a formação de pequenas aglomerações urbanas, com isso há o desenvolvimento do mercado de abastecimento local e fortalece a agroindústria canavieira de Pernambuco,

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tornando o território de Mata Meridional, uma das áreas mais tradicionais de produção de cana-de-açúcar. 3

As terras férteis, os índices pluviométricos e os solos interessantes do litoral pernambucano contribuíram efetivamente para que a cultura canavieira obtivesse sucesso, mas também a condição de reserva de mata em abundância que alimentava os fornos dos engenhos, além do sistema fluvial existente que facilitava o deslocamento das cargas de açúcar. Estas características contribuíram para que o território fosse sendo ocupado e a inserção de novas atividades fosse oportunizada, como por exemplo, o comércio, caminhar que não foi diferente na Mata Meridional do Estado, particularmente, às margens do Rio Formoso, na denominada Vila de Tamandaré que abrigava o Porto de Tamandaré importante centro de distribuição do açúcar, tal qual destacado abaixo pelo CONDEPE (1992, p. 18):

Por ter profundidade adequada à navegação em todo o seu percurso, o rio Formoso propiciou o transporte de açúcar para o Recife e também diretamente para o porto de Tamandaré de onde era exportado, além de facilitar o transporte de pessoas e a comercialização de gêneros alimentícios diversos. A intensificação do transporte fluvial possibilitou o surgimento de estaleiros, ampliou a atividade pesqueira e a agricultura na área litorânea, destacando-se nesse item a cultura do coco que além de propiciar o fruto já bastante consumido na época, fornecia matéria prima para a fabricação de móveis e outros utensílios.

De acordo com relatos de José de Almeida Maciel, “o maior porto natural do norte brasileiro a começar do São Francisco” (MACIEL, 1984). Segundo o autor o topônimo Tamandaré (Tamanduar-é) caracteriza o que se assemelha ao tamanduá, o que sobe às árvores como o tamanduá, o que faz o papel de tamanduá (FIRMINO, 2006), todavia outra versão destaca a denominação a partir do acidente geográfico, isto é, a baia de Tamandaré.

No município são externadas outras significações, particularmente, relacionadas ao vocábulo indígena, tupi, que denomina tamoindaré (tab-moi-inda-ré) que significa o repovoador, mas também contextualiza como Tamandaré sendo um pajé, a quem Tupã, o grande Deus do Trovão, revelara o seu desígnio de exterminar os homens. “Assim quando houve o cataclismo que inundou a terra, Tamandaré, escolhido por Tupã para repovoar a região, já estava abrigado numa arca gigantesca com sua família e assim permaneceram até cessar o dilúvio” (CONDEPE, 1992).

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Entre os engenhos que se notabilizaram na história pernambucana, destaca-se o Mamocabas, dos Paes Barreto. Inclusive, ainda podem ser encontradas no Município de Tamandaré as ruínas da capela do engenho, construída, em 1777, pelo mestre de campo José Luiz Paes de Mello, conforme informa BARRETO (1960).

A urbanização do território de Tamandaré sofre intensa transformação na segunda metade do século XX, quando a pequena vila formada por pescadores e agricultores, que possuía apenas alguns equipamentos coletivos, como a igreja, escola e o comércio local pouco expressivo, ganha maior impulso de crescimento econômico, particularmente, na ocupação local quando começa a fixar-se a prática do turismo veranista no distrito, ao longo da orla marítima (PLANO DIRETOR DE TAMANDARÉ, 2000).

A segunda metade do século XX também foi o momento que o distrito Tamandaré, pertencente a Rio Formoso, recebe o primeiro hotel de grande porte, denominado de Hotel Tamandaré, posteriormente já na década de 1970 o distrito ganha notoriedade quando suas praias são descobertas para uso do veraneio, bem como lazer, fato que acarreta o aumento da taxa de crescimento anual e desponta como pequeno núcleo urbano que tem um padrão de ocupação urbana extensivo na linha costeira (MACEDO; PELLEGRINO, 1999).

A crise da agroindústria canavieira em meados do século XX, momento que a apropriação do território se configura de maneira distinta em relação ao seu contexto histórico (FIRMINO, 2006), também é outra característica que contribui para a urbanização da localidade, inserção e fortalecimento do turismo, especialmente veranista. O turismo emerge como atividade que influencia na urbanização e que pode contribuir com o desenvolvimento econômico e social do município.

Na década de 1990, o distrito de Tamandaré sofre forte transformação, devido à intensificação da crise do seu principal setor econômico, a agroindústria canavieira (sucroalcooleiro). Diversas usinas são fechadas, como por exemplo, Usina Santo André e Usina Central de Barreiros que empregavam a população da localidade e compravam a produção de cana-de-açúcar desta área, provocando assim o êxodo rural e urbano, proporcionando uma nova territorialidade baseada na propriedade familiar, particularmente, no distrito de Saué. Já na área que atualmente é o distrito sede, desenvolve-se o turismo que contribui para a urbanização da faixa costeira.

Em 1995 o distrito de Tamandaré é emancipado do município de Rio Formoso, no intuito de diminuir as desigualdades sociais e fortalecimento da atividade turística. Com isso ocorre expansão do turismo de segunda residência e da rede hoteleira, bem como da cadeia produtiva local. Todavia, os indicadores sociais, econômicos e ecológicos ainda são baixos.

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