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CONTEXTUALIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA CIDADE DE SÃO PAULO

A população do estado de São Paulo, segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, é de 44.396.484 habitantes, composta por 30,9% de pretos (as) e pardos (as). Segundo dados do Atlas de Desenvolvimento do Brasil – IDH (2013), cerca 57,3 % da população não tem o Ensino Médio completo. O rendimento médio do trabalhador é de R$ 1.084,46, o que o coloca o estado na segunda posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, entre os estados da

federação. De acordo com dados da ANTRA, São Paulo ocupa a terceira posição no número de mortes de travestis e transexuais, ao lado do Ceará (ANTRA, 2018, p. 14).

O município de São Paulo é a capital, e, com base no censo do IBGE de 2010, sua população é de 11.253.503 habitantes, composta por 37% de pretos (as) e pardos (as). Segundo dados do IDH (2013), cerca de 52,1% da população não tem o Ensino Médio completo, e o rendimento médio do trabalhador é de R$1.516,21, o que classifica o município na 28.ª posição no ranking do IDH, entre os demais municípios da federação.

Quanto à população trans, não há dados oficiais, o que dificulta o conhecimento sobre o perfil dessa população, inclusive para a formulação de políticas públicas. Entretanto, não se pode deixar de levar em consideração os estudos acadêmicos, que se têm apresentado como importantes referências para identificação do perfil socioeconômico dessa população, mesmo que com dados fragmentados.

Uma dessas amostragens é a pesquisa Projeto Muriel: vulnerabilidades, demandas de saúde e acesso a serviços da população de travestis do Estado de São Paulo (VERAS, 2016), realizada pelo Projeto Muriel, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – FCMSCSP,21 que realizou entrevistas com 673 pessoas, entre

as quais 58,54% se declararam pretas ou pardas; e 50,52% informaram não ter o Ensino Médio completo. Entre os 75% que afirmaram exercer atividade remunerada, cerca de 62,9% exerciam atividades informais.

Referente à população trans, no âmbito do município, a pesquisa Barreiras de acesso na atenção primária à saúde de travestis e transexuais na região central de São Paulo, de Luiza Magalhães (2018), entrevistou 20 pessoas: 50% declararam-se pretas ou pardas; 40% não tinham o Ensino Médio completo, com uma maior prevalência no grupo das mulheres transexuais (87,5%); e apenas 30% dos entrevistados exerciam atividade remunerada com vínculo empregatício formal.

Os dados do Programa Transcidadania, destinado às travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade social,22 apontam que das(os) 226 usuárias(os) atendidas(os)

até o final de 2016, 61% se declaram pretas(os) ou pardas(os), e nenhuma (nenhum) tinha o Ensino Médio completo.

21 A pesquisa entrevistou 673 pessoas de identidade trans (91% composta por travestis ou mulheres

transexuais) em sete municípios do estado de São Paulo, assim divididas: 363 em São Paulo; 109 em Campinas; 40 em Piracicaba; 24 em Santo André; 55 em Santos; 22 em São Bernardo do Campo; e 60 em São José do Rio Preto.

O estado de São Paulo é dividido em regiões administrativas, sendo que o município de São Paulo pertence a uma região metropolitana que integra 39 municípios,23

com uma população estimada de 21,2 milhões de habitantes.24 A gestão da política de

saúde está a cargo da Secretaria Estadual de Saúde – SES, que divide os serviços em 17 Departamentos Regionais de Saúde – DRS. Os municípios da Região Metropolitana de São Paulo pertencem ao Departamento Regional de Saúde I – DRS I Grande São Paulo.

A Prefeitura Municipal de São Paulo – PMSP adota como modelo de administração a divisão por subprefeituras: atualmente, há 32 prefeituras regionais.25 Isso

se justifica pela dimensão territorial e populacional do município. As prefeituras regionais administram, por sua vez, 96 distritos, que podem ter um ou mais bairros. Os distritos e as prefeituras regionais estão divididos por cinco regiões (zonas): centro, leste, norte, sul e oeste; conforme o Mapa 1.

23 Conforme definido pela Lei Complementar n.º 1.139, de 16 de junho de 2011. 24 Segundo dados do IBGE em 2014.

25 Com base em:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/regionais/subprefeituras/subprefeitos/index.php?p=2 1778, acessado em 27/08/2018, às 15h38.

Mapa 1 – Regiões, prefeituras regionais e distritos do município de São Paulo

Fonte:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/mapa/index.php?p=148 94

Com base nos dados da PMSP (2010), as regiões (zonas) mais populosas, por ordem, são: sul, leste, norte, oeste e centro.26 Os distritos com o menor IDH estão

localizados nos extremos das regiões (zonas) sul, leste e oeste. Finalmente, segundo dados do Censo da População em Situação de Rua (2015), da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social – SMADS, o município tem 15.905 pessoas em situação de rua, com a maior concentração na região central.

26 Dados disponíveis em:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/subprefeituras/dados_demograficos /index.php?p=12758

A gestão da política municipal de saúde está a cargo da Secretaria Municipal de Saúde – SMS, dividida em seis Coordenadorias Regionais de Saúde – CRS: Centro, Oeste, Leste, Norte, Sudeste e Sul; e 26 Supervisões Técnicas de Saúde – STS, conforme será apresentado no próximo tópico.

A oferta de serviços para a população trans no município de São Paulo iniciou-se no ano de 2001, mas foi a adesão ao BSH, no ano de 2005, que possibilitou a estruturação de serviços públicos a fim de promover a cidadania, com a criação posterior de políticas públicas específicas.

No âmbito do estado, a formulação de políticas públicas LGBT deu-se a partir de 2009, com a criação do Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais – ASITT, em 2009; e, posteriormente, com a oferta de procedimentos cirúrgicos transexualizadores em três hospitais estaduais. Contudo, no âmbito da rede universitária, o HCFMUSP oferta procedimentos cirúrgicos transexualizadores desde 1998 – e, atualmente, além desse serviço, há o atendimento ambulatorial às crianças e adolescentes trans, pelo IPQHCFMUSP, criado em 2010; e a recente instalação do Núcleo Roberto Farina, da FCM-Unifesp.