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CAPÍTULO 2 CARTOGRAFIA ESCOLAR E ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

2.2 Contextualizando a Alfabetização Cartográfica

A Cartografia Escolar é acompanhada de outras categorias que compreendem um arcabouço de fonte de conhecimento cartográfico, sendo a Alfabetização Cartográfica uma

delas. Conforme Simielli (1999), a Alfabetização Cartográfica compõe a compreensão de noções de visão oblíqua e visão vertical; imagem tridimensional, imagem bidimensional; alfabeto cartográfico: ponto, linha e área; construção da noção de legenda; proporção e escala; lateralidade, referências e orientação.

Oliveira, Souza e Rocha (2016, p. 278) correlacionam que:

A alfabetização cartográfica refere-se ao processo de domínio e aprendizagem de uma linguagem constituída de símbolos, de uma linguagem gráfica (a Cartografia possui códigos e símbolos definidos - convenções cartográficas). No entanto, não basta à criança desvendar o universo simbólico dos mapas, é necessário criar condições para que o aluno seja leitor crítico de mapas ou um mapeador consciente. O processo de alfabetização cartográfica compõe essa apropriação e interpretação dos símbolos cartográficos, que podem oportunizar ao aluno a aplicabilidade posterior em leituras de mapas e contextos espaços-temporais.

Conhecer os códigos expressos na Cartografia torna-se fundamental para saber realizar a leitura cartográfica. O educando, ao aprimorar a técnica de conhecer o mundo por meio de representações em mapas, contribui para aguçar a curiosidade e aprender as localidades que existem no globo. Dessa forma, o estudante vai conseguir identificar o espaço de cada município, país e continente, e quando tiver informações como temperatura ou índices sociais de determinado lugar, saberá interpretá-las.

Ferreira (2017, p. 76) diferencia a Cartografia de Alfabetização Cartográfica, refletindo que a

Cartografia é o campo científico que trata dos estudos para a elaboração de mapas e representações cartográficas de qualquer parte da superfície da Terra, através de mapas, cartas, maquetes e gráficos, partindo das observações de quem elabora esses materiais utilizando sistemas de projeções e de escala. Já a Alfabetização Cartográfica refere-se ao domínio não só dos códigos utilizados nos mapas e das convenções cartográficas, como da aptidão para elaborar e entender mapas e permitir o desenvolvimento de habilidades e capacidades na leitura do espaço geográfico.

A Cartografia auxilia a Geografia, há uma necessidade da ajuda cartográfica para compreender o espaço, principal objeto de estudo da ciência geográfica. Desse modo, na escola, onde se ensina a Geografia Escolar, o objetivo de ensinar a Cartografia Escolar perpassa, a princípio, pelo entendimento de elementos básicos de um mapa, como título e legenda, para que se possa compreender a informação que quer ser passada, a análise crítica do que ele quer dizer.

Dessa maneira, as informações contidas em um mapa, sua simbologia, as linhas, títulos e outros componentes, são aprendidos na Alfabetização Cartográfica para que o estudante possa

compreender as informações passadas por um mapa e faça as interpretações corretamente que ele quer informar.

Pissinati e Archela (2007, p. 186) destacam que:

Assim como acontece na escrita, a descoberta dos significados que existem no mapa ilumina e encanta a mente dos alunos. Cada vez que o estudante descobre algo novo, seja através de aulas formais, seja por iniciativa própria, novos horizontes surgem e geram curiosidade para que ele avance mais em suas pesquisas. O aprofundamento do conhecimento vai mostrando que sempre há algo mais a descobrir e que cada nova descoberta vai ficando mais rica e interessante. Nesse sentido, descobrir que o mapa é o desenho de uma área vista de cima já é algo fantástico. É como descobrir que “abóbora” e “azar” começam com a mesma letra, mesmo tendo significados tão diferentes. Daí defendermos a expressão alfabetização cartográfica, que consiste no processo de ensino/aprendizagem para que a pessoa consiga compreender todas as informações contidas no mapa.

Alfabetizar o indivíduo cartograficamente é possibilitar uma maior compreensão do espaço que este habita, fazendo com que o sujeito entenda que o mapa é a representação do espaço vista por cima, e que desse espaço podem ser feitos recortes e representar tanto locais em escalas menores quanto maiores, partindo desde a amostra de um país à de um bairro, por exemplo.

Ferreira (2011, p. 41) considera que “a importância da alfabetização cartográfica está aliada ao exercício da cidadania. Valer-se dela para sua autonomia, seu bem estar social e econômico, bem como conhecer-se e reconhecer-se no espaço geográfico.”.

Ferreira (2011) destaca que, aprofundando no conhecimento geográfico do cotidiano educacional, consequentemente, iremos chegar à Cartografia Escolar e, simultaneamente, à Alfabetização Cartográfica. O desenvolvimento da aprendizagem cartográfica acompanha o educando por toda a vida, devido à compreensão de um saber específico aplicado que resulta em conhecimento social e uma validação do espaço que ocupa.

Ferreira (2011, p. 41), ainda contribui refletindo que

Ao iniciarmos a tarefa da alfabetização cartográfica, permitimos ao outro o novo, o sentir, o renovar das sensações que já foram vivenciadas, mas ainda não percebidas como, por exemplo, o de um simples desenho da sala de aula, vista de cima. É este contato com os elementos da cartografia, estabelecendo as relações espaciais a partir do referencial de seu conhecimento, que torna possível a leitura, a compreensão e a concepção do espaço geográfico transposto em um mapa.

Alfabetizar o indivíduo cartograficamente traz a possibilidade de maior entendimento da organização do espaço, compreendendo situações históricas e atuais do mundo globalizado, como confrontos geopolíticos separatistas, localização de espaços de valor econômico, social e

ambiental, e mais outros assuntos geográficos. O sujeito, ao compreender o que um mapa quer passar, poderá trazer para si sentimentos relacionados à temática proposta, provocando sensações, ora de revolta, seja por uma guerra, ou de contentamento, por mostrar um espaço arborizado, e assim por diante.

Almeida (1999), por meio da Língua Materna (latim), aborda o significado da palavra alfabetização, que quer dizer decodificação de signos. Segundo Almeida (1999), o conhecimento que se refere à Alfabetização Cartográfica é limitante para as representações elaboradas pelas crianças. Ou seja, após o requisito da compreensão da Alfabetização Cartográfica, carece de ir além das questões que envolvem esse conteúdo, devendo desenvolver o pensamento espacial dos escolares.

Santos e Fechine (2017, p. 501) retratam a Alfabetização Cartográfica como:

A geografia, enquanto ciência que visa discutir as transformações ocorridas no espaço a partir da relação sociedade versus natureza, tem na cartografia um mecanismo didático e eficaz de transmissão das transformações ocorridas no espaço, para tal, é necessário o ensino dessa ciência desde os anos iniciais, de modo a estimular o desenvolvimento das noções espaciais nas crianças. Neste sentido, a cartografia aparece como uma linguagem a ser ensinada e o ensino dessa linguagem perpassa por uma alfabetização: a alfabetização cartográfica.

Conforme Pereira (2017), a Alfabetização Cartográfica é imprescindível para que o discente desenvolva a capacidade de interpretar as representações dispostas em mapas, ocorrendo o aumento da capacidade de percepção e domínio do espaço geográfico pela criança.

Nesse sentido, é válido compreender o que seja pensamento espacial, sendo que:

[...] o uso do mapa para colaborar com o desenvolvimento de um pensamento espacial é imprescindível, já que a representação cartográfica expressa, por meio de sua linguagem de comunicação, a organização espacial da sociedade e, assim, possibilita a sua leitura na perspectiva geográfica. Em suma, o ato de utilizar, ler, refletir e construir um mapa está diretamente relacionado ao processo de um olhar mais espacial. (RICHTER, 2011, p. 30-31).

Para tanto, alfabetizar cartograficamente um discente desenvolvendo propostas pedagógicas no decorrer do ensino fundamental e médio é assegurar o ensino aprendizagem da compreensão da leitura de mapas. Muitos estudantes carregam consigo defasagens na aprendizagem cartográfica, levando a dificuldade de interpretar o que os mapas têm a passar e não conseguindo chegar às informações transmitidas pelo pensamento espacial. Não tem como dissociar a Alfabetização Cartográfica da representação espacial.

Outro destaque refere-se ao processo de alfabetização cartográfica e seus desdobramentos. Os estudos dessa temática possibilitaram uma forte integração da representação espacial com as atividades escolares das séries iniciais do ensino fundamental. Como resultado dessa maior aproximação entre Geografia e Cartografia, foi produzida uma quantidade relevante de publicações referente à área de Cartografia Escolar. (RICHTER, 2011, p. 29).

A Alfabetização Cartográfica é atrelada à representação espacial. Não se faz representações espaciais dos lugares sem saber elementos básicos de um mapa. Esses elementos são fundamentais para guiarem o entendimento do que os mapas querem representar. Por tanto, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, leva-se em consideração conhecimentos básicos cartográficos para que o estudante tenha, no futuro, aptidão para saber lidar com mapas e analisá-los espacialmente.

Ritcher (2011, p. 29) complementa a importância da cartografia escolar para a Geografia, dizendo:

Esse contexto revela que o debate da valorização do uso da Cartografia nas aulas de Geografia atingiu novos patamares, por exemplo, nas orientações e nas propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do ensino fundamental e médio. Esses documentos oficiais indicam a necessidade de desenvolver o trabalho didático- pedagógico de Geografia vinculado ao uso, à aprendizagem e à construção da linguagem cartográfica. Em outras palavras, o mapa é estabelecido como um importante recurso no processo de ensino-aprendizagem da Geografia por contribuir para a formação de uma análise espacial.

O ensino de Cartografia torna-se indispensável para o indivíduo, sendo necessário alfabetizá-lo cartograficamente, ensiná-lo tudo que compõe um mapa quanto à sua simbologia, orientação, dentre outros, enquanto estiver no período da educação básica, para que se possa desenvolver a percepção dos espaços vividos e as suas realidades, a fim de contribuir para a construção do conhecimento robusto e transformador.

CAPÍTULO 3 - AÇÃO E REFLEXÃO DO SUBPROJETO ALFABETIZAÇÃO