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4. Resultados

4.2. Dados Italianos

4.2.1. Contextualizando o sistema educacional italiano

O sistema educacional italiano é organizado em quatro grandes segmentos, como mostra a figura 17. O primeiro segmento é chamado Scuola dell’infanzia, o qual é seguido pelo Primo Ciclo (Scuola Primaria e Scuola Secondaria di Primo Grado) e Secondo Ciclo (Scuola Secondaria di Secondo Grado ou Istruzione e Formazione Professionale). Esses três segmentos são equivalentes à escola básica e antecedem a Istruzione e Formazione Superiore, a qual engloba tanto a universidade (dividida em dois ciclos, a Laurea Triennale, de três anos, e a Laurea Specialistica, de dois anos) e a Formazione Tecnica Superiore.

Figura 17. Organização e estrutura da educação italiana. Fonte: Ministero dell’Istruzione

dell’Università e della Ricerca.13

13 Disponível em: https://archivio.pubblica.istruzione.it/mpi/progettoscuola/allegati/nuovi_ordin03.pdf.

Segue a descrição de cada etapa da “educação básica” italiana:

1) Scuola dell’infanzia (Escola da Infância), para crianças de três a seis anos. As crianças mais novas ficam no asilo (creche).

2) Primo ciclo (Primeiro ciclo), que é dividido em duas partes. A primeira é a Scuola Primaria, na qual se encontram os alunos de 6 a 11 e a segunda é a Scuola Secondaria di Primo Grado (Escola Secundária de primeiro grau), com alunos de 11 a 14 anos, totalizando assim oito anos (cinco mais três anos, respectivamente).

3) Secondo Ciclo (Segundo ciclo), que se divide em duas opções para os estudantes. A primeira é chamada Scuola Secondaria di Secondo Grado, que se caracteriza por cinco anos de instrução (dos 15 anos 19 anos), mas com opções diferentes (liceo, istituti tecnici e istituti professionali). Os “liceos” podem ser de diversos tipos e o estudante pode escolhem qual deles frequentar entre várias opções (clássico, científico, artístico, lingüístico, econômico, instituto-tecnológico, musical, psicopedagogico e de ciências humanas). A segunda opção é a Istruzione e Formazione Professionale (Instrução e Formação Professional) e se caracteriza de três a quatro anos de estudos. Vale ressaltar que é possível a passagem dos alunos pelas duas opções e que os estudantes da segunda opção podem fazer o quinto ano da primeira e prestar o exame de Estado para entrar nas universidades.

A figura mostra algumas das características do “novo sistema de instrução e formação”, com algumas alterações introduzidas pela lei 53/200314. Uma das mudanças

estruturais estabelecidas foi a redução da quantidade de exames que passou a ser apenas um no primo ciclo, ao final da Scuola Secondaria di Primo Grado. Assim, os exames de estados são aplicados ao final do primo ciclo e ao final do secondo ciclo. Definiu-se também a oportunidade de uma alternância escola-trabalho, a partir dos 15 anos, ou seja, é possível para os estudantes italianos passarem da Scuola Secondaria di Secondo Grado para a formação profissional, e vice e versa, durante o percurso escolar.

Devido ao recorte deste trabalho, tem maior destaque a Scuola Secondaria di Primo e Secondo Grado. O primeiro, o qual tem duração de três anos, como supracitado, é organizado em disciplinas, dentre as quais são obrigatórias o italiano, a língua inglesa, história, geografia, matemática, música, artes, educação física, ciências e

tecnologia (ITALIA, 2012). Dentre os objetivos gerais desse segmento escolar estão: estimular o crescimento da autonomia de estudo e interação social; alfabetizar e aprofundar os estudantes nas tecnologias informáticas, além do conhecimento e habilidades em relação à tradição e evolução cultural, social e científica do mundo contemporâneo; desenvolver progressivamente a capacidade de escolha correspondente as vocações dos estudantes, entre outros15.

Dentre os objetivos específicos da disciplina de ciências, relacionados nas indicações nacionais do primeiro ciclo, aparece explicitamente habilidades evolutivas. O estudante ao terminar a Scuola Secondaria di Primo Grado deve “ter uma visão da complexidade do sistema dos seres vivos e da sua evolução no tempo” (ITALIA, 2012, p. 56, tradução livre). Especificamente sobre o componente de biologia na disciplina de ciências, acrescenta:

Compreender o sentido das grandes classificações, reconhecer nos fósseis formas de reconstruir no tempo as transformações do ambiente físico, as sucessões e a evolução das espécies (ITALIA, 2012, p. 57, tradução livre).

Sobre a Scuola Secondaria di Secondo Grado, os “liceos”, especificamente, permitem aos estudantes adquirir os instrumentos culturais e metodológicos, com o objetivo geral de se colocar com uma postura racional, criativa e crítica perante diversas situações, fenômenos e problemas, além de adquirir conhecimentos e competências coerentes com suas capacidades e escolhas pessoais, levando em consideração a continuação no estudo superior e na sua inserção na vida social e profissional16. São

organizados em cinco anos (dois biênios e um quinto ano que completa o percurso disciplinar).

Por mais que haja muitas diferenças significativas entre os diferentes tipos de “liceos”, o componente de ciências naturais, com diferenças na carga horária, está presente em todos eles. Dentre os objetivos gerais da área estão: saber estabelecer relações e efetuar conexões lógicas; resolver problemas; aplicar conhecimentos, entre outros. No primeiro biênio a abordagem é de tipo fenomenológico, enquanto do segundo, se formalizam conhecimentos e se introduzem modelos e conceitos (Decreto 89/2010).

15 Disponível em: http://www.miur.gov.it/scuola-secondaria-di-primo-grado 16 Disponível em: http://www.miur.gov.it/scuola-secondaria-di-secondo-grado

O conteúdo específico de evolução aparece, também, nos mais diversos percursos formativos. De acordo com as indicações nacionais sobre os objetivos específicos de aprendizagem, presentes no decreto supracitado 89/2010, nos “liceos” musicais, artísticos e de ciências humanas, por exemplo, o conteúdo de evolução está previsto no primeiro biênio. Ou seja, embora haja diferenças nas cargas horárias de ciências da natureza nos diferentes percursos formativos, o conteúdo de evolução é discutido.

Segundo Rufo (2013) o conteúdo de evolução foi introduzido no currículo italiano, especificamente na Scuola Secondaria di Primo Grado em 1979, na disciplina de ciências naturais. Em 2004, houve uma tentativa exclusão de evolução no currículo, sobre a qual teve grande repercussão da comunidade científica, levando a uma reformulação do currículo em 2005. Atualmente, como supramencionado, os programas ministeriais dos dois segmentos mencionam o ensino de evolução, mas não fazem indicação explícitas sobre as implicações evolutivas na espécie humana.

4.2.2. Concepções de evolução de estudantes italianos: resultados