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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

No documento 0505 Topicos DirAdm (páginas 60-68)

358.

Contrato é um acordo de vontades entre as partes, com o fim de

adquirir, resguardar, transferir, modificar, conservar, ou extinguir direitos. São bilaterais, com manifestações livres de ambas as partes. Não podem ferir a legislação, devem ter objeto lícito e possível, e contratantes capazes.

359.

São contratos da Administração todos aqueles efetivados pela

Administração Pública, seja qual for o regime.

360.

Dentre esses, uma das espécies é o contrato administrativo, expressão reservada para designar tão-somente os ajustes que a

Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público.

361.

Os contratos administrativos propriamente ditos são aqueles em que a Administração atua com supremacia sobre o particular, seguindo regras do direito público, em face da supremacia do interesse público sobre o particular e da indisponibilidade desse interesse público.

362.

Esses contratos administrativos, em regra, são formais, onerosos, comutativos, “intuitu personae” (celebrados em função das características

pessoais do contratado) e precedidos de licitação, exceto se dispensável

ou inexigível.

363.

Têm presente a Administração, na qualidade de Poder Público, atendem ao interesse público e às regras formais previstas na lei.

364.

Contratos de adesão são aqueles nos quais as cláusulas são

propostas por uma das partes (a Administração Pública), e à outra cabe aceitar ou não as condições impostas, não podendo alterar, incluir ou suprimir cláusulas.

365.

Em regra, é proibida a subcontratação. Mas o contratado, na execução do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em cada caso, pela Administração. A proibição é absoluta no caso de empresa de prestação de serviços técnicos especializados que apresente relação de integrantes de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou como elemento de justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação.

366.

Cláusulas exorbitantes são as que caracterizam os contratos

administrativos, em prol do interesse público. Elas ultrapassam os limites do direito privado, onde são mesmo inadmissíveis. Neste tipo de contrato, onde

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há supremacia estatal, são obrigatórias. Nos contratos privados, proibidas, pois colocam uma parte em posição privilegiada.

367.

São algumas cláusulas exorbitantes: exigência de garantia,

alteração unilateral, rescisão unilateral, poder de fiscalização, aplicação de penalidades, restrições ao uso da “exceptio non adimpleti contractus”, retomada do objeto.

368.

Exigência de garantia: tem como principal objetivo assegurar o cumprimento do contrato. Pode ser:

a.

caução em dinheiro ou títulos da dívida pública;

b.

seguro-garantia;

c.

fiança bancária.

369.

A Administração, e somente ela, tem o poder de alterar

unilateralmente o contrato, para melhor adequação às finalidades de

interesse público, respeitados os direitos do contratado:

a.

quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos;

b.

quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela Lei.

370.

Limites de alterações:

a.

regra geral: acréscimos ou supressões de até 25% (vinte e cinco

por cento) do valor inicial atualizado do contrato;

b.

reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%

(cinqüenta por cento) para os seus acréscimos, permanecendo os mesmos 25% (vinte e cinco por cento) para supressões;

c.

por acordo entre os contratantes: qualquer percentual para supressões (note-se que aqui não se trata de cláusula exorbitante, pois

prevê acordo entre as partes). Devem sempre respeitar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

371.

Poderá a Administração rescindir os contratos, unilateralmente e por escrito, nos casos seguintes:

a.

não cumprimento ou cumprimento irregular do mesmo;

b.

lentidão do seu cumprimento;

c.

atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento, ou a

sua paralisação sem justa causa e prévia comunicação à Administração;

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d.

subcontratação total ou parcial do seu objeto, associação do

contratado com outrem, cessão ou transferência, total ou parcial, bem como fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato;

e.

desatendimento das determinações regulares da autoridade

designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores;

f.

cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas em

registro próprio, pelo representante da Administração;

g.

decretação de falência ou instauração de insolvência civil;

h.

dissolução da sociedade ou falecimento do contratado;

i.

alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da

empresa, que prejudique a execução do contrato;

j.

razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato;

k.

ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, impeditiva da execução do contrato.

372.

A rescisão será sempre motivada nos autos do processo,

assegurado o contraditório e a ampla defesa. Em alguns casos, sem culpa do contratado, poderá haver indenização (j e k retro).

373.

A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

374.

A Administração tem o poder de aplicar penas pelas faltas verificadas no decorrer da execução contratual.

375.

Sanções:

a.

advertência;

b.

multa;

c.

suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de

contratar com a Administração, por prazo não superior a 2

(dois) anos;

d.

declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a

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da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade. Essa reabilitação será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no item anterior.

376.

Restrições ao uso da “exceptio non adimpleti contractus”: essa

exceção não pode ser oposta à Administração, ou seja, ainda que ela

deixe de cumprir sua parte, cabe ao contratado continuar cumprindo a sua, em obediência ao princípio da continuidade do serviço público. Essa prerrogativa é temporária, pois o contratado está impedido de usar esse meio de defesa apenas durante os primeiros noventa dias de atraso. Após esse prazo, poderá interromper a execução do contrato ou rescindi-lo, com direito à indenização.

377.

“Pacta sunt servanda”: os pactos devem ser cumpridos como

combinado. Não é uma exclusividade do particular, mas sim de ambas as partes, que respondem pelas conseqüências da inexecução total ou parcial do contrato.

378.

O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado. A presença da fiscalização não retira do contratado a responsabilidade por seus atos, mas apenas acompanha a execução, orientando e, se for o caso, intervindo e até interditando a obra ou serviço.

379.

É de sua responsabilidade também os encargos trabalhistas,

previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

380.

A forma natural de extinção do contrato é o cumprimento do seu

objeto, seja a construção da obra contratada, a entrega dos bens adquiridos,

o fim do prazo de prestação de determinado serviço etc. Nesses casos, há o adimplemento do contrato.

381.

Outras formas de extinção do contrato: anulação e revogação.

382.

A anulação tem lugar a qualquer tempo, tanto administrativamente quanto pelo Judiciário, sempre que for identificada ilegalidade. A anulação da licitação macula de nulidade também o contrato. Não gera direito de receber indenização. No entanto, o contratado deve receber pelo que houver executado, até a data em que ela for declarada, e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa.

383.

A rescisão extingue o contrato antes de seu término, e pode ser unilateral, pela Administração, amigável, por acordo entre as partes, ou,

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ainda, judicial. Como regra geral, a parte que deu causa à rescisão deve indenizar a parte inocente.

384.

A inexecução poderá ser culposa ou sem culpa (em sentido amplo)

das partes. Neste segundo caso, haverá sempre uma justificativa admitida pelo Direito, desonerando as partes de suas responsabilidades (Teoria da

Imprevisão).

385.

Se a inexecução foi culposa, cabe aplicação das penalidades prevista na legislação e no contrato. Além disso, se advém do contratado, é motivo para rescisão unilateral do contrato e demais conseqüências previstas na lei. Por outro lado, se é da Administração, cabe indenização ao contratado, bem assim a devolução da garantia, os pagamentos devidos pela execução do contrato, até a data da rescisão, e ressarcimento do custo da desmobilização.

386.

Teoria da imprevisão (“rebus sic stantibus”). Requisitos:

a.

imprevisibilidade. Se previsível, deve ser de conseqüências incalculáveis;

b.

independência de participação culposa ou dolosa das partes.

387.

Espécies:

a.

força maior;

b.

caso fortuito;

c.

fato do príncipe;

d.

fato da administração.

388.

Força maior e caso fortuito: acontecimentos imprevisíveis e

inevitáveis que geram a possibilidade de revisão contratual para restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro do contrato, quando onerem demasiadamente o pacto inicial. Se impossível o cumprimento do acordado, haverá rescisão sem culpa das partes.

389.

Podem ser eventos da natureza (terremoto, furacão, enchente não previsíveis) ou humanos (guerra, revolução, greve).

390.

Tem-se um fato do príncipe sempre que uma determinação estatal,

não diretamente relacionada com o contrato, atinja-o de forma a onerar

demasiadamente ou impossibilitar seu cumprimento. Assim, é um ato de

autoridade geral que, pela via transversa, atinge o contrato (aumento não

previsto de tributo, proibição de importação de mercadoria fundamental para cumprimento do objeto etc).

391.

É considerado fato da administração a ordem ou omissão estatal

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ou tornando-o exageradamente oneroso (não liberação, por parte da Administração, de área para execução de obra).

392.

Contratos de concessão: subdividem-se em concessão de serviços públicos, obras públicas ou uso de bem público. Consubstanciam-se no

ajuste entre o particular e a Administração, através do qual esta delega ao concessionário a execução remunerada de um serviço público ou de obra pública, ou, ainda, concede-lhe o uso de bem público, que o explora por sua conta e risco, durante o prazo e sob as condições da lei e do contrato.

393.

São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:

a.

ao objeto, à área e ao prazo da concessão;

b.

ao modo, forma e condições de prestação do serviço;

c.

aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

d.

ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas;

e.

aos direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço e conseqüente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das instalações;

f.

aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização do serviço;

g.

à forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indicação dos órgãos competentes para exercê-la;

h.

às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação;

i.

aos casos de extinção da concessão;

j.

aos bens reversíveis;

k.

aos critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indenizações devidas à concessionária, quando for o caso;

l.

às condições para prorrogação do contrato;

m.

à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de contas da concessionária ao poder concedente;

n.

à exigência da publicação de demonstrações financeiras periódicas da concessionária; e

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o.

ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais.

394.

Os contratos relativos à concessão de serviço público precedido da

execução de obra pública deverão, adicionalmente:

a.

estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das obras vinculadas à concessão; e

b.

exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão.

395.

Permissão de serviço público é a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos, feita pelo poder

concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Será formalizada mediante contrato de

adesão, que observará os termos da lei, das demais normas pertinentes e

do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade

unilateral do contrato pelo poder concedente.

396.

Permissão: dar-se-á apenas através de contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente.

397.

Contrato de obra pública: é o ajuste entre a Administração e o

particular para construir, reformar, fabricar, recuperar ou ampliar bem

móvel ou imóvel, por execução direta ou indireta.

a.

Direta: feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos

próprios meios.

b.

Indireta: órgão ou entidade contrata com terceiros sob quaisquer dos

seguintes regimes:

I.

empreitada por preço global: quando se contrata a execução

da obra ou do serviço por preço certo e total;

II.

empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução

da obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;

III.

tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos

por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;

IV.

empreitada integral: quando se contrata um empreendimento

em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi contratada.

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398.

Contrato de serviços: envolve toda atividade destinada a obter

determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.

399.

O contrato que tiver por objeto a aquisição de coisas móveis, como papel, computadores, gasolina, é dito de fornecimento.

400.

Poderá ser contratado o fornecimento integral, feito de uma única vez,

e assemelhado ao contrato de compra e venda. Também poderá ser estipulado que a entrega será parcelada, sabendo-se a quantidade total contratada, como contrato para fornecer dez automóveis, um por mês. Por fim, pode, ainda, ser estipulado que o fornecimento seja contínuo, situação na qual há entrega de certo bem durante o tempo de vigência do contrato, como combustível durante um ano.

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CAPÍTULO XI

No documento 0505 Topicos DirAdm (páginas 60-68)

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