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Sabe-se atualmente que a membrana basal é composta por diversas moléculas, dentre elas o colágeno IV e glicoproteínas como a laminina e a fibronectina (GONZÁLEZ et al, 1994; WILSON et al, 1999). Esta membrana basal apresenta papel funcional e estrutural nos estágios iniciais de desenvolvimento do organismo, mas também assume outras funções importantes como: exercer suporte estrutural, promover a ligação entre as camadas celulares e o tecido conjuntivo adjacente, servir como barreira para passagem de moléculas e controlar a proliferação celular (THORGEIRSSON, TUPEENNIEMI-HUJANEN, LIOTTA, 1985). O estudo das relações das células epiteliais entre si e destas com os componentes da membrana basal poderia trazer informações importantes para serem utilizadas no conhecimento mais aprofundado dos folículos pericoronários e dos cistos dentígeros.

As integrinas representam uma família de heterodímeros (α e β) que são ligados não-covalentemente e medeiam interações célula-célula e célula-matriz. Este estudo avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 que

laminina e fibronectina em folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes com o intuito de verificar se há diferenças que sirvam como subsídio adicional para reforçar a possibilidade de distinção histopatológica entre as referidas entidades.

Apesar da grande freqüência de realização de procedimentos cirúrgicos para remoção de dentes inclusos na Clínica Odontológica, um dos grandes contratempos do presente estudo foi a obtenção da amostra. Um dos motivos que justificaram esta dificuldade foi o hábito pouco disseminado entre os cirurgiões-dentistas de encaminhamento dos espécimes cirúrgicos para avaliação histopatológica. Isto poderia mascarar, segundo Curran e Damm (2002) uma incidência maior de patologias pericoronárias, dentre elas o cisto dentígero. Um outro fato que também dificultou a obtenção da referida amostra foi o critério imprescindível de informação duvidosa do cirurgião-dentista entre folículo pericoronário e cisto dentígero, sendo as medidas verificadas nas radiografias de rotina portanto não conclusivas de uma lesão cística. Adicionalmente, a obtenção das amostras de folículos pericoronários apresentou dificuldade em virtude da maioria dos espécimes não conservarem um fragmento representativo de epitélio reduzido do órgão do esmalte, que seria uma condição essencial para a avaliação destes no presente estudo.

Com relação aos resultados da presente pesquisa, foi observado que todos os casos de folículos pericoronários e de cistos dentígeros incipientes apresentaram marcação positiva para as integrinas que foram avaliadas, sendo esta positividade identificada através de um padrão de expressão granular disposto preferencialmente em localização citoplasmática e na maioria dos casos em proximidade com a membrana citoplasmática celular. Este tipo de expressão pericelular pôde ser identificado também por Jensen e Wheelock (1995) em ceratinócitos epidérmicos, reforçando o entendimento da importância das integrinas no processo de adesão célula-célula e célula-matriz extracelular, através da membrana basal. Essa positividade também foi identificada nas amostras de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral estudados por Modolo et al (2004), reforçando a importância das integrinas na manutenção arquitetural de diversos tipos de epitélio.

As ligações das integrinas podem ser homotípicas e heterotípicas, onde nesta última se destaca a E-caderina como importante molécula de adesão, fazendo especialmente uma ligação com a integrina α2β1. De acordo com Whittard et al (2002),

a interação existente entre a E-caderina e a α2β1 é importante na regulação da

estratificação epitelial e na manutenção estrutural do epitélio pavimentoso estratificado da pele, especialmente nas células da camada basal e da camada suprabasal.

No presente estudo, a integrina α2β1 apresentou um padrão de marcação

diferente entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes, sendo verificado que nos folículos pericoronários essa marcação foi mais discreta, tanto nas células que compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte quanto nas ilhotas de epitélio odontogênico, quando estas estiveram presentes nos espécimes. Em contrapartida, a marcação nos cistos dentígeros incipientes foi predominantemente intensa, especialmente nas células que compunham a camada basal do limitante epitelial cístico. Esses achados estão de acordo com os relatos de Bennett et al (2001), que referiram que a subunidade α2 é expressa em maior quantidade em células que estão em

proliferação. Isto justificaria a tendência de expressão mais significativa nas células da camada basal do epitélio cístico, uma vez que estas células encontram-se em constante atividade proliferativa no limitante epitelial, diferentemente das células que compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte, as quais apresentam tendência à quiescência, não sendo requisitadas a entrar constantemente no ciclo celular. Este fato pôde ser comprovado no presente estudo através da diferença estatisticamente significativa na expressão da α2β1 na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos

pericoronários e cistos dentígeros incipientes (p<0,0001). Em contrapartida, autores como Modolo et al (2004) referiram que a integrina α2β1 inibe o ciclo celular e promove

remodelação da matriz extracelular, apesar de verificarem uma forte expressão desta integrina em tecidos em proliferação como a lâmina dentária.

Nishimura et al (1998) referiram que a subunidade de integrina α2 tem

participação efetiva na estratificação de epitélios escamosos, dentre eles o epitélio de lesões císticas. Estes autores identificaram que a α2 esteve mais expressa nas células da

camada basal do limitante epitelial que compõe os cistos dentígeros e os ceratocistos odontogênicos, relatando que a redução de expressão nas camadas subseqüentes se deveria a uma redução na adesão célula-célula e favoreceria uma descamação das

células mais superficiais. Estes achados puderam ser constatados na presente pesquisa, uma vez que foi identificada uma diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão da integrina α2β1 nas células da camada basal em detrimento das células

da camada suprabasal no epitélio dos cistos dentígeros incipientes.

Acreditamos que esta marcação mais intensa pode ser justificada não só pelos argumentos explicitados anteriormente, mas também pela constatação das informações citadas por González et al (1994), Wilson et al (1999) e Oliveira et al (2002), onde o colágeno IV, principal proteína à qual se adere a integrina α2β1, encontra-se disposto

abundantemente em membranas basais, sendo o seu principal componente estrutural. Tal fato justificaria portanto a maior concentração de moléculas de integrina α2β1 nas

células da camada basal do epitélio dos cistos dentígeros incipientes, favorecendo destarte uma melhor organização estrutural destas células.

A marcação mais discreta para a α2β1, nas células que compõem o epitélio

reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários, pode ser justificada não apenas porque estas células não apresentam atividade proliferativa relevante. Uma outra explicação plausível se deve ao fato referenciado no trabalho clássico de Stanley, Krogh e Pankuk (1965), onde estas células epiteliais apresentariam uma adesão mais expressiva à superfície do esmalte através de hemidesmossomos, sendo a adesão celular ao tecido conjuntivo subjacente pouco eficiente, justificando portanto uma ligação mais tênue entre a integrina α2β1 e o colágeno IV presente nesta membrana basal.

Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico, foi verificado nesta pesquisa que estas, quando identificadas nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes, apresentaram um padrão de marcação mais discreto para a α2β1 em ambas

entidades, não havendo diferença estatisticamente significativa na intensidade de marcação nas referidas ilhotas entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes. Tal fato pode ser justificado em virtude das células que compõem as ilhotas de epitélio odontogênico apresentarem uma tendência à quiescência, especialmente com o passar do tempo pois, de acordo com Stanley, Krogh e Pankuk (1965); Kim e Ellis

(1993) e Moresco e Barbachan (1997) as ilhotas de epitélio odontogênico, tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros, apresentam a tendência de sofrerem calcificação, havendo inclusive uma redução do número de ilhotas com o passar do tempo de retenção intra-óssea destas entidades.

No presente estudo, a integrina α3β1 apresentou um padrão de marcação discreto

tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, entretanto algumas peculiaridades puderam ser identificadas. Observou-se que nos folículos pericoronários o padrão de distribuição predominante foi o focal, enquanto que nos cistos dentígeros incipientes esse padrão de distribuição foi difuso, não sendo identificada diferença na intensidade de marcação entre as células da camada basal e as células da camada suprabasal do epitélio cístico. Para os cistos dentígeros incipientes houve uma ligeira tendência de marcação discreta para a α3β1, com 52,28% dos casos

apresentando esta característica, enquanto que a grande maioria dos folículos pericoronários apresentou marcação discreta, com 86,96% dos casos.

A identificação da α3β1 em todos os casos avaliados nesta pesquisa encontra

respaldo nos achados de Darribère et al (2000) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais afirmaram a importância da interação da integrina α3β1 com a laminina-5 em

membranas basais, o que favoreceria a adesão das células epiteliais à referida membrana, bem como na adesão célula-célula, levando em conseqüência à organização e remodelação dos diversos tipos de células epiteliais. Ao ser comparada a intensidade geral de marcação para a integrina α3β1 entre folículos pericoronários e cistos

dentígeros incipientes, foi verificada uma diferença estatisticamente significativa entre as referidas entidades, apesar do padrão discreto ainda ser predominante nos dois grupos. Tal achado pode encontrar respaldo nos relatos de Nishimura et al (1998) que ressaltaram a importância da α3β1 na estratificação dos epitélios císticos estudados

naquela pesquisa, o que explicaria uma tendência maior de expressão da α3β1 nos cistos

dentígeros incipientes em detrimento dos folículos pericoronários, fato comprovado também através da diferença estatisticamente significativa da expressão da α3β1 na

interface epitélio/ tecido conjuntivo entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes.

O padrão de marcação para a α3β1 semelhante para todas as camadas do epitélio

cístico indica que a adesão célula-célula através da referida integrina encontra-se uniforme por toda extensão epitelial, indicando portanto que esta integrina, diferentemente da α2β1, não teria papel preponderante na estratificação das camadas

epiteliais. O padrão de marcação mais discreto desta integrina identificado na maioria dos casos, talvez indique que a α3β1 participe na organização estrutural do epitélio

cístico, porém de maneira menos expressiva.

Esse padrão de marcação mais discreto verificado para a α3β1 no presente estudo

também foi identificado nas pesquisas de Andrade (2003), que utilizou ameloblastomas e tumores odontogênicos adenomatóides, e de Miguel (2005), que utilizou adenomas pleomórficos e carcinomas adenóides císticos. Thorup et al (1998) também referiram que em patologias como a leucoplasia e o carcinoma epidermóide, há uma tendência de redução de expressão da α3β1. Azuma et al (1996) afirmaram que a redução na

expressão da α3β1 estaria inversamente proporcional ao grau de malignidade em

tumores de glândula. Em contrapartida, Dyce et al (2002) associaram que um aumento na expressão da α3β1 favoreceria a motilidade celular no caso de linhagens de células de

carcinoma epidermóide.

Estudos como os de Hemler e Rutishauser (2000) e Dyce te al (2002) referiram que a integrina α3β1 pode produzir e ativar algumas metaloproteinases, processo que

justificaria também a tendência de expressão mais intensa desta integrina nos cistos dentígeros incipientes em comparação com os folículos pericoronários, uma vez que se sabe da importância da participação de algumas metaloproteinases no processo de degradação da matriz óssea e conseqüente expansão cística. Esse processo seria menos intenso, por conseguinte, em se tratando dos folículos pericoronários, especialmente nos casos em que o dente perdeu a força de erupção e observa-se a inabilidade para reabsorção óssea e conseqüente exfoliação do dente não-erupcionado.

Houve uma constatação de diferença estatisticamente significativa no padrão de distribuição da α3β1 nos folículos pericoronários e cistos dentígeros incipientes, onde no

primeiro grupo foi predominantemente focal, enquanto que no segundo grupo esta marcação foi difusa em todos os casos. Esse achado pode ser justificado através dos relatos de Nishimura et al (1998) e deHart, Heally e Jones (2003), os quais reforçaram a importância da α3β1 na organização estrutural de epitélios pavimentosos como o

encontrado nos cistos dentígeros incipientes na presente pesquisa, onde esta integrina é necessária para adesão célula-célula e célula-matriz extracelular, sendo verificado portanto um padrão de marcação difuso nestas lesões. A fraca adesão das células do epitélio reduzido do órgão do esmalte ao tecido conjuntivo subjacente nos folículos pericoronários seria uma das possíveis explicações para um padrão de marcação focal da α3β1, o que justificaria a tendência do referido epitélio estar ausente ou com grandes

áreas de descontinuidade nos espécimes de folículos pericoronários, uma vez que estudos como os de Darribère et al (2000) e Hemler e Rutishauser (2000) enfatizaram a grande importância da ligação da integrina α3β1 à laminina-5 para organização de

células epiteliais com a membrana basal.

A integrina α5β1 apresentou intensa marcação e padrão de distribuição difuso e

granular tanto nos folículos pericoronários quanto nos cistos dentígeros incipientes, não sendo identificada diferença estatisticamente significativa na intensidade de marcação entre as duas entidades. Foi verificado também que não houve diferença no padrão de expressão entre as células da camada basal e as da camada suprabasal do epitélio cístico. As ilhotas de epitélio odontogênico, quando presentes nos espécimes das duas entidades, também apresentaram intensa marcação para a α5β1, não sendo observada

diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão entre os dois grandes grupos aqui estudados.

A interpretação dos resultados da integrina α5β1 tem apresentado várias

controvérsias na literatura, especialmente em se tratando de sua avaliação em neoplasias malignas, onde autores como Adachi et al (2001), Kawashima et al (2001) e Han et al

(2003) relacionaram uma superexpressão da α5β1 a tumores mais invasivos e com mais

habilidade para metástase. Em contrapartida, Su et al (2002) e Jayne et al (2002) relacionaram uma maior expressão da α5β1 a tumores com comportamento biológico

menos agressivo, enquanto que Miguel (2005) associou a redução na expressão da α5β1

a um comportamento biológico mais agressivo nos carcinomas adenóides císticos, uma vez que esse achado foi identificado nos subtipos sólidos desta lesão.

Segundo relatos de Bennett et al (2001) e Su et al (2002), a integrina α5β1 é

muito importante para a diferenciação celular, fato este que pôde ser corroborado pelos resultados do presente estudo, onde foi identificada uma intensa marcação nas células do epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários e nas células do epitélio pavimentoso estratificado dos cistos dentígeros incipientes. Estas células têm a característica de apresentarem diferenciação bem estabelecida, o que justificaria a alta expressão da integrina α5β1. Esses resultados entretanto são discordantes dos achados

de Kosmehl et al (1995), onde foi identificada uma marcação descontínua da α5β1 na

interface epitélio/ membrana basal em amostras de mucosa oral normal, e uma marcação mais intensa em amostras de carcinoma epidermóide pobremente diferenciados. Segundo estes autores, as células mais indiferenciadas é que apresentariam uma tendência de maior expressão da integrina α5β1.

De acordo com Labat-Robert (2002), a expressão da integrina α5β1 inativa os

genes de proliferação celular, favorecendo em conseqüência um controle no crescimento tecidual. Este fato pode justificar a intensa expressão da integrina α5β1

tanto no epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários quanto no epitélio pavimentoso estratificado nos cistos dentígeros, inclusive na interface epitélio/ tecido conjuntivo, onde não foi identificada diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão entre os folículos pericoronários e os cistos dentígeros incipientes, corroborando a importância da interação da α5β1 com a fibronectina,

presente em abundância na membrana basal subjacente, no controle da proliferação celular.

Foi observado, no presente estudo, que as células da camada basal exibiram o mesmo padrão de marcação para a α5β1 que o das células da camada suprabasal no

significativa entre as duas camadas celulares. Este fato pode ser explicado não apenas pela diferenciação celular em todas as camadas celulares do epitélio cístico, levando a uma maior expressão da α5β1 citada por Bennett et al (2001), mas também pela

participação desta integrina no processo de adesão célula- célula favorecendo uma organização estrutural do referido epitélio.

Os relatos de Bennett et al (2001) e Andrade (2003) referiram que as células em diferenciação terminal exibem uma grande tendência de superexpressar a integrina α5β1.

Talvez essa seja uma justificativa para a forte expressão da α5β1 nas células que

compõem o epitélio reduzido do órgão do esmalte nos folículos pericoronários.

Com relação às ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes, verificou-se também uma intensa marcação para a integrina α5β1, não havendo diferença no padrão de expressão entre as duas entidades.

Esse padrão de expressão também pode ser justificado pelos achados de Bennett et al (2001) e Andrade (2003), uma vez que as células que compõem as ilhotas de epitélio odontogênico também são células em diferenciação terminal, inclusive com tendência à calcificação, levando por conseguinte a uma maior expressão da integrina α5β1.

Adicionalmente, vale ressaltar a concentração significativa de moléculas de fibronectina nas membranas basais, bem como sua produção através da integrina α5β1, justificando a

intensa marcação não só nas ilhotas de epitélio odontogênico, mas também nas células que compõem os tecidos epiteliais nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes.

Diante de todos os resultados individuais para cada integrina, foi comparado o padrão de expressão entre cada uma delas dentro da mesma entidade, sendo verificado que houve uma diferença estatisticamente significativa na intensidade geral de expressão bem como na interface epitélio/ tecido conjuntivo entre as integrinas α2β1 e

α5β1 e entre a α3β1 e a α5β1 nos folículos pericoronários. Isto se deveu a uma expressão

mais significativa da α5β1 em comparação com a α2β1 e α3β1, indicando uma

participação mais efetiva da interação α5β1-fibronectina na organização do limitante

epitelial e das ilhotas de epitélio odontogênico nos folículos pericoronários. Tal fato pode ser justificado porque este epitélio é bem diferenciado e pouco proliferativo, onde

essas células apresentam-se quiescentes e, em virtude de uma alteração no padrão de erupção, encontram uma participação de fatores ósteo-reabsortivos menos evidente sobre as integrinas, o que alteraria ao padrão de expressão das mesmas, favorecendo uma tendência geral de fraca marcação nos folículos pericoronários.

De acordo com Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) e Wilson (1999) os cistos odontogênicos, dentre eles o cisto dentígero, encontram-se em contínua proliferação epitelial, favorecendo um crescimento ininterrupto da lesão. Segundo estes autores, os componentes da matriz extracelular, bem como seus ligantes, podem apresentar alguma participação neste processo. Tal fato foi identificado através da expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1 , α3β1 e α5β1 nos cistos dentígeros

incipientes aqui estudados, sendo verificada uma tendência de marcação mais intensa para a α2β1 e α5β1 tanto no aspecto de intensidade geral de marcação quanto na interface

epitélio/ tecido conjuntivo.

Observou-se portanto diferença estatisticamente significativa nos cistos dentígeros incipientes entre a α2β1 e α3β1, bem como entre a α2β1 e α5β1 e entre a α3β1 e

α5β1. Isso se deve ao fato que o epitélio cístico é bem diferenciado e mais proliferativo

do que o do folículo pericoronário, justificando as diferenças significativas na expressão entre as referidas integrinas.

Já com relação à expressão das integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico, observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a α2β1 e a α3β1, bem

como entre a α2β1 e a α5β1 e a α3β1 e a α5β1 . Tal fato pode ser justificado através das

observações anteriormente constatadas para as ilhotas de epitélio odontogênico, pois as mesmas apresentam-se quiescentes, sem atividade proliferativa evidente, reduzindo a intensidade de expressão para a α2β1, que se mostrou discreta em todos os casos

observados, diferentemente do que foi identificado para a marcação da α2β1 no

limitante epitelial cístico. Esta variação na marcação da α2β1 nas ilhotas de epitélio

odontogênico favoreceu portanto a verificação de diferença estatisticamente significativa entre as integrinas nas ilhotas de epitélio odontogênico dos cistos dentígeros incipientes.

A avaliação da marcação das integrinas nos contatos intercelulares foi realizada de maneira distinta nos folículos pericoronários e nos cistos dentígeros incipientes em virtude destas entidades apresentarem epitélios com organização estrutural distinta. Nos folículos pericoronários o epitélio é simples, com camada única de células, favorecendo uma observação mais simplificada nos contatos intercelulares, uma vez que a marcação pôde ser identificada nos contatos laterais das células e entre estas e a membrana basal. O padrão de marcação pericelular identificado na maioria dos estudos, dentre eles os de

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