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3.5 T EMA 5: P OSSIBILIDADES D O A TENDIMENTO E M S ALA D E R ECURSOS

3.5.1 Contribuição para a Inclusão

Durante o processo de coleta de dados ficou claro, para as participantes que, o AEE ofertado em SRM é relevante e necessário ao processo de inclusão escolar. Mesmo diante das fragilidades expostas nos relatos, não se descartou, em nenhum momento, a sua importância para o aluno, público-alvo da educação especial, e para a escola que pretende ser inclusiva.

Como contribuição prestada por esse serviço à inclusão escolar, as participantes destacaram: a melhoria do desenvolvimento e da aprendizagem do aluno, a participação do professor especialista como orientador, a mudança na visão dos professores do ensino comum, a possibilidade do trabalho coletivo, o resgate da autoestima e afetividade do aluno, a valorização do serviço da SRM pela escola, mais o reconhecimento e envolvimento do aluno no seu processo educativo.

As professoras relacionaram ao trabalho pedagógico desenvolvido em SRM o desempenho de alguns alunos e a sua melhora no desenvolvimento e aprendizagem. Esses resultados ficaram expostos no Conselho de Classe, onde foi possível analisar a situação do aluno de maneira geral.

P1: [...] o aluno está se desenvolvendo através das atividades.

P3: [...] como o atendimento proporciona desenvolvimento nos alunos, é nítido como eles melhoram, as notas [...]

P4: Eu tenho aluno que estava para reprovar e que eu fiz o apoio e obteve melhora, eu posso perceber o avanço do aluno da SR.

P5: [...] você percebe no conselho de classe o desempenho do aluno. P6: [...] você percebe que o aluno está se desenvolvendo.

P7: [...] o aluno começa a entender melhor, se adaptar e se socializar, melhora sua confiança e sua auto-estima, isso reflete na sala de aula.

Essas questões também foram evidenciadas em outras pesquisas, como na de Oliveira (2009) onde se destacou que a SR oferecia a possibilidade de uma prática inclusiva e se analisou a escrita dos alunos que frequentavam a sala. Percebeu-se que foi superada a queixa inicial relacionada ao encaminhamento, concluindo-se que a SR era um serviço auxiliar no processo de inclusão escolar.

Em Barreto (2008), um dos aspectos que mereceu destaque foi a ampliação do sentimento de autoconfiança dos alunos, de confiança nos professores e colegas, contraposto ao anterior sentimento de isolamento, de baixa autoestima, à quietude e ao próprio medo de errar. Tal comportamento foi sendo paulatinamente, modificado, e substituído com maior participação, questionamento nas dúvidas, interesse em realizar as atividades e estudar os conteúdos, iniciativa, independência e maior sociabilidade.

Braun (2012) pôde perceber, em entrevista com as professoras participantes, que, na dinâmica do ensino colaborativo desenvolvido entre as professoras da sala comum, a

professora da SRM e a pesquisadora notaram possibilidades de organização e de estratégias facilitadoras da aprendizagem do aluno com deficiência.

Pode-se concluir que quando o professor especialista consegue desenvolver um trabalho de orientação com os professores do ensino comum, seja em atendimento individual, nos momentos de conselho de classe, seja em reuniões pedagógicas, é possível perceber resultados importantes para o processo de inclusão. Algumas participantes consideraram que os professores da educação especial podem trocar informações com os professores do ensino comum, necessárias para a construção de currículos mais inclusivos, com metodologias que beneficiem a aprendizagem dos alunos.

P5: Sempre na semana pedagógica a diretora separa um tempo para eu fazer as orientações aos professores [...] o professor da educação especial é uma ponte que faz a ligação com os professores regulares, para que saibam um pouco sobre como incluir esses alunos, como fazer esse currículo inclusivo necessário no dia a dia da escola.

P6: As orientações são feitas informalmente em períodos de intervalo ou de interesse particular de algum professor.

P8: Se você consegue se expressar no conselho de classe e trabalhar com o tema nos encontros possíveis, ajuda muito.

P9: A SR é um apoio que o professor do ensino regular tem, o professor especializado e professor do ensino regular podem manter a troca de experiências sobre avaliação e metodologias diferenciadas.

O trabalho desenvolvido na SRM, segundo as participantes da pesquisa, operou mudanças, deduzindo-se pelos dizeres abaixo que alguns professores do ensino comum, passaram a ter um olhar diferenciado para os alunos e a inclusão.

P2: Contribui para que os professores vejam os alunos com outros olhos no sentido da inclusão e não da exclusão.

P8: Eu percebi a mudança de postura do professor, acredito que o funcionamento da SR ajudou nesse processo.

P9: Hoje existe uma abertura maior para atender esse aluno, a visão está mudando bastante, os professores mais antigos tem mais resistência, gostam de salas moldadinhas, tudo certinho, mas a maioria vê com outros olhos.

Para Braun (2012), conforme a proposta do ensino colaborativo, que envolve parceria entre professor do ensino comum e professor especialista, não existe hierarquia de funções; ambos compartilham tudo o que envolve as ações em sala de aula: planejamento e intervenções com o grupo e com o aluno com deficiência.

Isso se dá quando o trabalho do professor especialista extrapola as paredes da SRM e se torna um trabalho coletivo, em virtude do qual se envolve a escola e se discutem questões pedagógicas referentes ao currículo e ao acesso a ele. Trata-se de um trabalho que envolve a todos os alunos e não somente os alunos, público-alvo da educação especial.

Para Bürkle (2010, p. 123), “[...] a interação constante entre os professores da educação especial e os da classe comum é o melhor meio para diminuir a resistência da escola regular em receber o aluno com necessidades educacionais especiais”.

Baptista (2011) considerou que:

[...] um contexto estimulante e exigente é um bom disparador de processos de aprendizagem em geral, deve-se reconhecer que os alunos com deficiência estarão no melhor caminho se frequentarem o ensino comum, com a complementação do apoio especializado. Para o autor, esse apoio deveria auxiliar na exploração de alternativas diferenciadas de acesso ao conhecimento, como dinâmicas que permitam ao aluno utilizar seu potencial, para aprender novas linguagens e desenvolver a capacidade de observar e de se observar (BAPTISTA, 2011, p. 70).

Milanesi (2012) percebeu que os municípios estavam enfrentando muitas dificuldades para organizar o espaço da SRM e realizar um trabalho pedagógico que propiciasse verdadeiro aprendizado bem como o estabelecimento de parcerias efetivas com a classe comum, notou também que houve importantes avanços na Política Nacional de Educação Inclusiva, que a legislação tem caminhado para garantir os direitos da população- alvo da educação especial e que as conquistas desta têm causado impacto em sistemas escolares do Brasil. Entretanto, é preciso destacar que ainda se requer um espaço educativo que dê conta das atuais demandas sociais e escolares, que não serão atendidas somente com a formação dos profissionais atuantes nessa área, nem mesmo com a implementação de novas políticas e a instalação de uma nova sala (SRMs). Seria utópico acreditar que a complexidade que envolve os processos educacionais de alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação pudessem ser efetivados a somente esses dois meios.

Para Lopes (2010), os dados e as observações permitiram constatar que a escola tem buscado atender às necessidades do dia-a-dia relacionadas ao desenvolvimento desse processo. Os dados das entrevistas facultaram avaliar as condições em que a inclusão vem sendo implantada na escola e que retratam a situação do país nessa área e o longo caminho que ainda precisa ser percorrido para que as escolas se tornem realmente inclusivas.

Bürkle (2010) considerou que a inclusão do aluno com deficiência é um processo complexo e que demanda investimentos e ações favoráveis à inclusão. As salas de recursos respondem aos objetivos da prática pedagógica inclusiva, pois os profissionais que

nela atuam organizam serviços de atendimento educacional especializado, disponibilizando, aos educadores e a toda a comunidade educacional, ferramentas pedagógicas que favorecem a participação efetiva do aluno, graças às quais ele pode melhorar a aprendizagem em turma regular e participar com eficácia em todos os ambientes da instituição.

Arnal (2007), baseado em seus estudos, diz que o apoio pedagógico especializado é fundamental para o atendimento das necessidades especiais dos alunos que frequentam a classe comum. Justamente por isso é imprescindível compreender o papel das políticas de inclusão e da implantação das práticas inclusivas no âmbito escolar e nos diferentes setores da sociedade, visto que o fundamental, no trabalho escolar, é a permanência e o desenvolvimento do aluno com necessidades educacionais especiais durante toda a escolarização.