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3. OS RESULTADOS ENCONTRADOS COM O PROJETO DE INTERVENÇÃO DE

3.2 Contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social

Em relação às contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social, inicialmente destacam-se algumas respostas obtidas com a aplicação do questionário as dez (10) famílias participantes da pesquisa. O primeiro questionamento versava sobre a importância de ser trabalhada a temática ―prevenção da violência‖. Conforme as respostas de sete (7) dos dez (10) sujeitos da pesquisa percebe-se que o projeto de intervenção contribuiu para a apreensão dos distintos tipos de violência ―[...] formas de violência‖ (S612

, S7, S8) e também as ―[...] várias maneiras de prevenir a violência" (S4, S10, S11, S12). Também emergiu nas respostas de duas (2) das dez (10) famílias pesquisadas que a temática foi importante pelo fato de ―[...] esclarecer algumas dúvidas‖ (S5) e de ―[...] como passar adiante" (S2) as informações apreendidas. Entende-se que o projeto contribuiu, além das famílias, na disseminação da ―prevenção da violência‖.

Sete (7) das dez (10) famílias pesquisadas destacou que a temática ―prevenção da violência‖ se mostrou ―[...] muito importante‖ (S2, S3, S5, S6, S7, S9, S11), pois ―[...] assim podemos avaliar o nosso comportamento, nosso modo de vida e refletir se em algum momento não estamos agindo com violência" (S9). Relacionaram a importância da temática com a sua conduta perante a violência, avaliando seu modo de agir diante dos assuntos expostos, "[...] sempre é importante falar sobre estes temas, assuntos, para podermos melhorar sempre‖ (S3), "[...] para ter melhor relação com a família e a conivência‖ (S1), ―[...] melhorar o ambiente familiar‖ (S4). A partir das informações dos sujeitos da pesquisa ou das famílias pesquisadas, constatou-se que o projeto de intervenção contribuiu na informação sobre

12 No decorrer do trabalho, as famílias pesquisadas serão chamadas de S1 = sujeito 1, S2 para o sujeito 2 e assim sucessivamente, a fim de indicar as respostas dos diferentes 10 sujeitos da pesquisa.

estratégias de enfrentamento à violência no ambiente familiar e também no reconhecimento da importância do papel da família na promoção da qualidade de vida na infância.

[...] A família tem sido reconhecida como um sistema essencial para o desenvolvimento dos seus membros, exercendo um papel preponderante na promoção dos direitos humanos e na inclusão social das pessoas com deficiência como primeiro universo social da criança. Sua influência torna-se muito significativa, devido, principalmente, à natureza emocional e afetiva que caracteriza suas relações singulares (SILVA; DESSEN, apud FENAPAES, 2011, p.17).

Outro questionamento visava identificar como os temas abordados (conflito familiar, negligência, violência física e psicológica) contribuíram na qualidade de vida da criança e sua família. De acordo com a totalidade de famílias pesquisadas, a qualidade de vida está intimamente relacionada com o ambiente familiar, o qual representa um papel importante no exemplo às crianças "A gente tenque mudar para as crianças ver porque se ele me ver brigar acha que é certo tenque viver em paz" (S1). Para dez (10) dos dez (10) sujeitos da pesquisa, os temas abordados contribuíram para ―[...] ter mais conversa em casa, diálogos para termos uma convivência melhor" (S3), destacando que para uma melhor qualidade de vida é preciso discutir os temas abordados em casa, ―repensando os atos‖ (S7, S8), conversando, dialogando, respeitando (S2, S4, S5, S6, S9) "[...] na maneira de agir e de falar‖ (S10), pois ―No ambiente familiar devemos ter uma vivência sadia para ter uma qualidade de vida melhor" (S1), e para ter uma ―vivência sadia‖, os temas abordados são extremamente importantes, pois interferem diretamente na qualidade de vida das crianças e suas famílias.

Entende-se então, que o projeto de intervenção contribuiu na promoção da qualidade de vida das famílias e crianças, uma vez que identificaram a importância das temáticas para o ambiente familiar. Porém percebe-se que os resultados referentes à qualidade de vida não é imediata, visto que a qualidade de vida é,

O conjunto de hábitos e comportamentos aprendidos e adotados durante a vida que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas e que influenciam as condições de bem-estar e o nível de integração pessoal com o meio familiar, ambiental e social (SESI, 2008, p.5).

Muitos são os fatores que influenciam na qualidade de vida como herança familiar e cultural, fase da vida, expectativa em relação ao futuro, possibilidades, ambiente (condições materiais e não materiais), condições de saúde, visão de mundo, da vida e relacionamentos. As dimensões da qualidade de vida compõem o todo de ser humano e todas estas dimensões devem ser cultivadas e desenvolvidas no dia-a-dia ao longo da vida (SESI, 2008). Por isso as

mães foram orientadas sobre prevenção da violência e como esta influencia na qualidade de vida, levando em consideração as condições de bem estar e as dimensões física, emocional, social e espiritual da vida da criança com deficiência e da família, o que só pode ser mensurado a partir de mudanças no cotidiano familiar e na prevenção e no enfrentamento de demandas relacionadas à problemática.

As famílias também foram questionadas sobre como os encontros contribuíram para elas. As respostas foram semelhantes às demais,

[...] pensar muitas vezes antes de discutir na frente das crianças para eles terem um futuro melhor (S3);

[...] contribuiu muito com o diálogo na família (S7, S8);

[...] na maneira do convívio na família, através do respeito (S10);

[...] para distinguir, educar sem maltratar, sem humilhar e sempre pensar o que se faz o que se fala (S9);

[...] na mudança de atitude (S1).

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência afirma a importância da família, preconizando:

Convencidos de que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade [...] e de que as pessoas com deficiência e seus familiares devem receber a proteção e a assistência necessárias para tornar as famílias capazes de contribuir para o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência [...] (BRASIL, 2007, p. 17).

Neste sentido, o contexto familiar no qual o usuário com deficiência se desenvolve é importante não só para ele, como para todos os membros da família, pois esta contribui para o exercício dos direitos da pessoa com deficiência.

A família também representa um papel de cuidado e proteção, Cohen (1980, p.59) entende que família desempenha, entre algumas funções o ―Cuidado e proteção às crianças, enfermos e velhos‖. Como a construção do conceito da família foi se configurando, o papel destas e os laços familiares que foram reconhecidos socialmente também criaram funções sociais. Suas funções são como, por exemplo, a responsabilidade com o apoio e a proteção de todos seus membros, conforme identifica a Política Nacional da Assistência Social (2004, p.29).

[...] São funções básicas da família: prover a proteção e a socialização de seus membros; constituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado.

Assim, a família também se apresenta como o primeiro grupo social de pertencimento dos sujeitos, é por meio da família que, num primeiro momento, temos acesso ao mundo, somos apresentados a uma série de informações que nos dirá quem somos e o que esperam de nós. Trata-se da unidade básica de desenvolvimento e experiência, onde ocorrem situações de realização e fracasso, saúde e enfermidade, é um sistema de relação complexo dentro do qual se processam interações que possibilitam ou não o desenvolvimento saudável de seus componentes (BATISTA, FRANÇA, 2007).

É importante salientar, porém, que embora a família se constitua como um grupo único, ela se encontra inserida em um contexto social maior, sendo a comunidade seu primeiro prolongamento imediato, até a sociedade como um contexto social maior. A família é afetada pelos determinantes sociais e também reage à sua influência. Os valores e os costumes aceitos e disseminados por esse contexto social maior exercerão influência direta sobre a família (BATISTA, FRANÇA, 2007).

Quanto à avaliação das oficinas do projeto de intervenção, dentre as alternativas: bom, ruim e regular, a totalidade de famílias pesquisadas avaliou-as positivamente, marcando a primeira opção (bom). Nesse sentido, as famílias pesquisadas consideraram pertinente a continuidade da intervenção do Serviço Social, propondo também outras ações profissionais, tais como "[...] desenvolver atividades com temas diversificados: benefícios, problemas sociais" (S4, S7, S8), ―seria importante trazer outros assuntos relacionados à família, crianças, outros" (S6).

Com a realização do projeto de intervenção, através dos três encontros com o grupo, percebeu-se a importância destes e a concretização dos objetivos propostos. Houve uma participação qualitativa das mães, as quais interferiram nas discussões apresentadas socializando experiências de vida relacionadas à temática violência, bem como, contribuindo para reflexões sobre o tema. Percebeu-se também, que as famílias entenderam o objetivo do projeto de intervenção, no sentido da informação sobre o acesso a garantia de direitos. Identificou-se a importância da temática ―prevenção da violência‖, em especial a contribuição do Serviço Social: ―[...] é a mesma coisa quando estamos doentes, se estamos doente procuramos um médico, assim é se a gente tem um problema desses, temos que procurar um profissional‖ (SCHMIDT, 2013, p.3513

). Portanto, as atividades contribuíram tanto para reflexões individuais quanto para análises coletivas sobre o trabalho desenvolvido.

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Em relação às contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social para a equipe multiprofissional, o mesmo contribuiu no exercício da interdisciplinaridade, uma vez que as oficinas foram realizadas em conjunto com as três profissionais coordenadoras do projeto institucional ―Clínica precoce brincar enquanto o futuro não vem‖. O projeto de intervenção demandou a realização de um trabalho interdisciplinar, contribuindo para a equipe multiprofissional no sentido de integrar os diferentes saberes na construção coletiva de uma ação profissional com vistas à integralidade.

A interdisciplinaridade reside na ―[...] capacidade de integrar modos de pensar de várias disciplinas para produzir um avanço ou salto do conhecimento a um patamar que seria impossível de ascender por meios disciplinares‖ (LEIS, 2011, p.12). Pode também ser caracterizada como ―[...] um ponto de cruzamento entre atividades disciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares, com lógicas e histórias diferentes‖ (PATRICK, 2011, p. 256). Ainda que a interdisciplinaridade não possa ser configurada de maneira unívoca e precisa, o certo é que há uma compreensão comum, por parte dos diversos autores, na necessidade de relação de sentidos e significados na busca do conhecimento, objetivando uma percepção de saberes em conjunto.

O conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente como os outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação [...] (BRASIL, 1999, p.88).

A interdisciplinaridade não só permite o compartilhamento de saberes, mas amplia a parceria e a mediação dos conhecimentos ao possibilitar a ação profissional, a construção de um diálogo entre as ciências humanas e também com outras ciências, ao estabelecer espaços que favoreçam proximidades entre as ciências de forma dialética buscando uma mudança social de paradigmas pré-estabelecidos culturalmente (CAVALCANTE et al, 2011). Nessa perspectiva, a interdisciplinaridade se apresenta como uma questão central do trabalho profissional do assistente social, embasado numa leitura dialética de realidade.

O assistente social compreende o ser humano como produto e produtor da história, isto é, partindo de um olhar materialista-histórico e dialético, busca-se estudar o processo no qual a realidade objetiva vivida pelo indivíduo se torna subjetiva. Diante da globalização, das divisões no campo social, cultural, financeiro, político, científico, etc., em particular da fragmentação na maneira de perceber e compreender o ser humano e suas relações, a interdisciplinaridade emerge como prática de articulação destas partes, reconhecendo de forma

dialética a necessidade de olhares diferenciados para um mesmo objeto, compreendendo o ser humano na sua totalidade.

Acredita-se que a base do trabalho interdisciplinar seja a interdependência entre os profissionais envolvidos, reconhecendo a área particular de competência de cada um, mas aliado à mútua compreensão e respeito, buscando-se a superação do conhecimento já existente da realidade social, apresentando-se como uma possibilidade de compartilhamento de conhecimentos e saberes que auxiliam na compreensão das relações sociais e que permita a superação de ideias já concebidas (CAVALCANTE et al, 2011).

A perspectiva interdisciplinar não fere a especificidade das profissões e tampouco seus campos de especialidade. Muito pelo contrário, requer a originalidade e a diversidade dos conhecimentos que produzem e sistematizam acerca de determinado objeto, de determinada prática, permitindo a pluralidade de contribuições para compreensões mais consistentes deste mesmo objeto, desta mesma prática (MARTINELLI, 1995, p 157).

Neste sentido, o termo interdisciplinaridade pressupõe um trabalho coordenado e com objetivo comum, permitindo diferentes contribuições para compreensões mais consistentes de um mesmo objeto, partilhado por vários ramos do saber, de forma integrada e convergente, o que nos reporta imediatamente ao conceito de trabalho em equipe multiprofissional. A equipe multiprofissional é apenas um grupo formado com profissionais de diferentes especializações. No caso da APAE de Panambi, há uma equipe multiprofissional formada por mais de cinco profissionais de diferentes áreas (psicólogo, terapeuta ocupacional, assistente social, fonoaudióloga, etc.), o projeto institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖ é formado por três destes profissionais (pedagoga, psicóloga e fisioterapeuta). Assim, simplesmente em ter vários profissionais, formando a equipe multiprofissional, não reside o fato de haver a interdisciplinaridade, esta ocorre com a articulação entre as áreas, promovendo conexões e interfaces entre as intervenções técnicas peculiares de cada área profissional, agregando contribuições num esforço de reconstrução do conhecimento, com vistas à inovação na forma de se pensar em agir diante de determinadas situações. Gomes (1997, p. 30) afirma que,

[...] A interdisciplinaridade não deve ser confundida com a estrutura de uma equipe multiprofissional. Ela emerge não da sua composição, mas da sua funcionalidade, que certamente dependerá, a nosso ver, da forma como cada profissional percebe e se apropria do seu saber, da sua profissão, das suas funções, dos seus papéis e, também, das expectativas que possa ter em relação ao outro, em relação à sua tarefa e em relação à sua vida.

Portanto, a equipe multiprofissional por si só não configura a interdisciplinaridade, mas o trabalho em equipe que estes profissionais realizam, compartilhando objetivos em comum, possibilitando a troca de conhecimentos e a construção de um diálogo entre as diferentes áreas de conhecimento.

No projeto de intervenção, o trabalho em equipe buscou valorizar todos os profissionais envolvidos (fisioterapeuta, psicóloga e pedagoga), permitindo que todos fizessem parte do planejamento e ações do projeto, efetivando a interdisciplinaridade na troca de conhecimentos e experiências, contribuindo para a equipe multiprofissional, pois os profissionais foram despertados ―[...] para ―aprender a desaprender‖ para intervir de forma consistente, crítica, competente e, principalmente, propositiva e coletiva‖ (FRAGA, 2010, p. 60). O trabalho em equipe ocorreu no planejamento das ações do projeto de intervenção, onde as profissionais deram suas contribuições, ideias e sugestões para as oficinas, bem como, na execução destas, com o auxílio das profissionais na organização e complementação de conceitos e experiências sobre os temas abordados.

A interdisciplinaridade no projeto de intervenção contribuiu também, para a formação profissional, na troca de saberes com as diferentes áreas, modificando alguns conceitos, terminologias e posicionamentos. Foram compartilhadas experiências e perspectivas do Serviço Social, havendo trocas entre as várias áreas profissionais e conhecimentos. As novas necessidades do mercado de trabalho demandam uma formação profissional que propicie aos assistentes sociais subsídios teóricos, éticos, políticos e técnicos que auxiliem no desenvolvimento de habilidades que possibilitarão uma ação crítica, criativa e comprometida. Para que isto se torne possível, as transformações das práticas profissionais devem perpassar por mudanças, o que requer uma atitude de diálogo e trocas, impulsionando a ter um olhar instigante para o mundo contemporâneo.

Diante do exposto, é inegável a importância do assistente social no projeto institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖, pois além de contribuir para as famílias participantes do projeto de intervenção, também contribuiu de forma interdisciplinar para a equipe multiprofissional, para a própria profissão e para a população usuária, na construção de novos aprendizados e qualificação nos serviços prestados. No entanto, o trabalho em equipe multiprofissional apresenta inúmeros desafios, que envolvem desde o planejamento da ação profissional até a avaliação dos resultados alcançados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tratou sobre as contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Panambi/RS, motivado pela experiência de estágio no projeto institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖. Para a contextualização do tema, inicialmente buscou-se resgatar a constituição histórica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no Brasil, e no município de Panambi/RS, apresentando também a inserção do Serviço Social no contexto sócio institucional. Na sequência, contextualizou-se o Estágio Supervisionado em Serviço Social, destacando sua importância para a formação profissional, bem como o processo de operacionalização do projeto de intervenção.

O processo de estágio é extremamente importante, pois a partir dele é possível apropriar-se dos meios que conduzem a ação profissional, para posteriormente intervir como profissional nas diferentes expressões da questão social, assim como na formulação de uma análise crítica e propositiva com vistas à apreensão dos elementos que constituem a realidade social, a fim de que o trabalho profissional se torne eficaz na efetivação dos direitos sociais. Evidenciou-se também, o importante papel da supervisão de estágio como momento educativo, do ensino da prática profissional. Percebe-se também, a importância das intervenções realizadas e acompanhadas no processo de estágio, através da descrição, análise e reflexão, em especial do projeto de intervenção, o qual se caracteriza pela primeira ação profissional com a ―identidade‖ do acadêmico.

Tal apreensão se fez necessária, pois além da discussão referente ao Estágio Supervisionado em Serviço Social, buscou-se evidenciar as contribuições do projeto de intervenção para as famílias participantes e a equipe multiprofissional. A partir disso, tornou- se possível identificar o perfil das famílias participantes e as contribuições para o atendimento das pessoas com deficiência e suas famílias, bem como, as contribuições para a equipe multiprofissional, com a interdisciplinaridade, no sentido contribuindo no sentido de integrar os diferentes saberes na construção coletiva de uma ação profissional com vistas à integralidade.

Em relação ao perfil das famílias participantes do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social, as mesmas foram representadas pelas mães, que possuem escolaridade em nível fundamental, não trabalham e são consideradas as responsáveis pela

pessoa com deficiência. Entende-se que estas informações relacionam-se à particularidade das famílias em ter uma criança com deficiência, bem como, pela suposta inferioridade feminina, ao papel cultural historicamente atribuído ao gênero feminino ou à mulher de garantir os cuidados com a prole, a manutenção do lar e a preparação dos alimentos para a família.

Ainda que complementada com algum benefício, a renda familiar baixa é característica comum a todas as famílias pesquisadas, evidenciada no valor da renda per capita, sendo que o pai desempenha o papel de provedor dos recursos financeiros necessários à manutenção da família. Percebe-se que a concretização dos direitos incorporados à Constituição Federal de 1988 nem sempre ocorre de forma efetiva, materializando-se na ausência ou insuficiência do atendimento à saúde, de educação de qualidade e de lazer, ou seja, com a exclusão social. A insuficiência da renda, no caso das famílias participantes da pesquisa, bem como a existência de circunstâncias e arranjos sociais que dificultam o acesso à vida digna, criam sérios impedimentos ao exercício dos direitos sociais, denunciando a falta de comprometimento do Estado e de políticas públicas eficazes.

Em relação às contribuições do projeto de intervenção, entende-se que tenha contribuído para as famílias participantes na informação na informação sobre estratégias de enfrentamento à violência no ambiente familiar e também no reconhecimento da importância do papel da família na promoção da qualidade de vida na infância. Também, entende-se que o projeto de intervenção contribuiu na qualidade de vida das pessoas com deficiência e suas famílias, uma vez que estas identificaram a importância das temáticas. Entende-se também, que tenha contribuído para a informação quanto ao acesso às condições necessárias para a efetivação de direitos sociais, uma vez que foram orientados e disponibilizados materiais e os serviços que devem ser procurados para a prevenção e o enfrentamento das expressões da violência.

A partir dessas considerações, pode-se dizer que o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) alcançou o objetivo de identificar as contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social junto ao projeto ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖ da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS