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Contribuições da Teoria das Representações Sociais no Campo da Educação Matemática

A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS (TRS)

1.4 Contribuições da Teoria das Representações Sociais no Campo da Educação Matemática

A Educação Matemática foi estabelecida em 1908, por contribuição do matemático alemão Felix Klein, como uma disciplina, subárea da Matemática e da educação, de natureza interdisciplinar. Porém, somente após a Segunda Guerra Mundial a Educação Matemática consegue se desenvolver, e as pesquisas nesta área começam a ganhar força e crescer em intensidade. Começam a surgir muitas propostas de renovação curricular, na busca de uma Educação Matemática adequada à realidade Brasileira. Cruz e Maia (2008) apontam que foi a partir da década de 1980, que a Educação Matemática passou a ter estudos sobre o discurso, à linguagem e o conjunto interativo presente na gestão da sala de aula. Com isso abriu-se um espaço para que vários trabalhos venham a ser desenvolvidos no campo das Representações Sociais, para que aos poucos comecemos a compreender até que ponto estas representações construídas por professores e alunos contribuem na cristalização de comportamentos e generalizam suas condutas.

Para as autoras, a Matemática ocupa um lugar de destaque entre as ciências, sendo sacralizada, tornando-se ela uma matriz de referência. Afirmam ainda que, diante deste contexto complexo de seus construtos, a aprendizagem da Matemática escolar, de seus conteúdos e procedimentos lógico-matemáticos, se tornam fundamentais para o indivíduo desenvolver outras aprendizagens em outras disciplinas. No entanto, ainda segundo as autoras a aprendizagem da Matemática escolar é vista como um instrumento de inserção social, da mesma forma que a sua não aprendizagem legitima a seletividade social. Com isso, contribuições de pesquisas em Educação Matemática desenvolvidas à luz da Teoria das Representações Sociais vêm ganhando mais visibilidade a partir das últimas décadas, o que permite compreender melhor as ações e condutas dos atores educacionais que estão relacionados ao processo de ensino e aprendizagem nesta disciplina, bem como, os seus resultados.

Na visão de Cruz (2006b), ainda são poucos os trabalhos desenvolvidos com este aporte teórico e como exemplos, trazemos os estudos de:

Maia (1997), em sua tese do doutorado estudou as representações da

matemática e de seu ensino, tendo como sujeitos de sua pesquisa professores

continuadas oferecidas pelo LEMAT/UFPE (Laboratório de Ensino da Matemática da Universidade Federal de Pernambuco). Concluindo em seus estudos que as representações dos professores estão relacionadas ao tempo de participação destes nas ações de formação do LEMAT, e que, em relação à Matemática e seu ensino, os professores atribuem quatros elementos centrais, que são eles: número, cálculo, raciocínio e lógica, que por sua vez, sintetizam o conteúdo do conhecimento compartilhado por eles e exprimem sua essência de significados. Ela identificou também que existe uma forte tendência entre os professores, de buscar relação da Matemática com a vida cotidiana, expressadas em dois elementos centrais: problemas e compreensão. Concluindo seu trabalho identificando, ainda, os impactos das ações do LEMAT na construção das representações sociais destes professores.

 Cruz (2006b), na sua tese de doutorado, estudou as representações sociais sobre o fracasso escolar em Matemática de professores e alunos da educação

básica e do ensino superior, em instituições públicas e particulares no estado de Pernambuco, tendo como resultados a revelação de alguns estereótipos em

relação à Matemática e seus conteúdos, que por sua vez, é vista como uma disciplina para os que têm o “dom e a habilidade para o cálculo”. E ainda, que a teia de sentidos identificados, em relação ao fracasso escolar em Matemática, sinaliza para uma perpetuação do fracasso nas práticas de exclusão dos alunos de escolas públicas e inclusão dos alunos das escolas particulares.

Silva (2010) que focalizou as representações sociais da avaliação da

aprendizagem em cursos de formação docente em Matemática, em cursos on-

line, encontrou ambiguidades relacionadas aos aspectos cognitivos, sócios afetivos e pedagógicos, ficando evidente o compartilhamento de um repertório atualizado, mas também de uma diversidade de concepções.

Roma (2010) estudou as Representações Sociais dos Alunos do Curso de

Licenciatura em Matemática sobre a Profissão Docente, com o objetivo de

analisar como esses alunos representam a sua futura profissão, bem como identificar as representações sobre as situações formativas vivenciadas no curso. Esta pesquisa revelou que as representações dos alunos estão ancoradas no gosto pela futura profissão e busca pela articulação das disciplinas pedagógicas e específicas com as práticas e o estágio supervisionado. Buscou

contribuir para o surgimento de ações que valorizem a profissão, e favoreça a conscientização dos professores formadores em relação ao seu papel e, sobretudo, a conscientização em relação às melhores condições de trabalho nas escolas.

Chamamos a atenção para o detalhe de que poucas pesquisas em Educação e em Educação Matemática trazem a teoria das representações sociais relacionada ao objeto de estudo, livro didático, e quando acontece abordam-na como um tema dentro deste instrumento pedagógico. Como exemplo, temos os estudos de Carvalho (2008): Representações da mulher

em textos de Livros didáticos de Português do Brasil para estrangeiros.O foco foi à mulher

brasileira, configurada pela palavra e pela imagem e buscou a ideologia do gênero subjacente e estereótipos nas representações da mulher. Para isso, analisou textos de três livros didáticos publicados no Brasil nas décadas de 1950, 1980 e 1990, considerando o contexto político e social em que estes livros foram publicados.

CAPÍTULO II