• Nenhum resultado encontrado

C) Experiências de visita

4.8 Apreciação, representações e contributos

4.8.3 Contributos da visita

Quando questionados sobre os contributos da visita efectuada, os entrevistados aludem a múltiplos proveitos, nem todos remetendo para o imediato - as aprendizagens, o suscitar de curiosidades, o fomentar do interesse pela ciência em geral ou por determinadas temáticas, a aquisição de informação útil para uma actividade de estudo, o aperfeiçoamento pedagógico, o desenvolvimento do pensamento lógico, da concentração e da persistência, o entretenimento, o convívio.

São vários os que referem a visita como uma actividade simultaneamente didáctica e divertida. Alguns acentuam a aprendizagem, o conhecimento obtido através da visita como um proveito da mesma.

O que é que acha que lhe trouxe esta visita ao Pavilhão, e em geral quando lá vai?

Aprendizagem, diversão, ao fim ao cabo é divertido fazer este tipo de coisas, mas também aprendizagem essencialmente, conhecimento.

[M5, 37 anos, prof. de física e química, +8ª visita, sobrinho] O PC é um espaço útil para quem está mais afastado da ciência obter algum conhecimento nessa área. No primeiro excerto transcrito de seguida, uma visitante que revela ter fracos conhecimentos sobre ciência afirma ter aprendido com a visita e revela ter-se sentido surpreendida com informações acerca das quais não tinha conhecimento ou sobre as quais simplesmente nunca tinha pensado ou questionado a sua razão de ser. Essa sensação é frequente em relação à exposição dedicada a Rómulo de Carvalho, onde são retratados muitos fenómenos que acontecem no quotidiano.

Eu gostei muito, acho muito giro aquilo, é muito útil, para nós, eu principalmente não percebo muito de ciência, e para o meu filho... para perceber o que se passa à nossa volta acho muito importante. (...) O que é que lhe trouxe essencialmente esta visita ao PC?

Aprendizagem, aprende-se sempre. O que é que acha que aprendeu?

Não sei... Aprendi de certeza. Eu lembro-me de ter dito às vezes “Ah que giro, não sabia que isto era assim” ou “Nunca tinha pensado nisto”.

Isso aconteceu mais em que exposição?

Mais naquela que está lá agora e que não estava da outra vez, do Rómulo de Carvalho.

[M8, 40 anos, sec, administrativa, 2ª visita, cônjuge e filhos] Mesmo quando a atenção dada aos textos explicativos é mais dispersa, os contributos são descritos frequentemente em termos de aprendizagem. Mesmo os menos interessados por ciência e que foram ao PC com uma atitude mais descomprometida, tendo como objectivo principal conhecer o museu e divertir-se, afirmam ter acabado por

142

aprender qualquer coisa. A próxima visitante citada afirma mesmo ter sido potenciado o seu fraco interesse por ciência.

Acha que aprendeu alguma coisa? Sim, aprendi.

O quê?

Na primeira sala [Exploratorium] aprende-se muito, não estamos à espera de ver coisas... a gente olha para uma coisa e dali não sai nada, mas sai.

(...) Mesmo para uma pessoa que não é tão interessada em ciência... Ah sai daqui a gostar! Nem que seja um bocadinho.

No seu caso, isso aconteceu?

Aconteceu. Por isso é que eu quero voltar cá com mais tempo.

[M2, 26 anos, sec, empregada de armazém, 1ª visita, amiga] No entanto, este visitante, com fracos conhecimentos sobre ciência e com maiores dificuldades durante a visita na compreensão dos textos e das experiências, refere que os contributos da visita não passaram propriamente pela aprendizagem, uma vez que não conseguiu ultrapassar as suas dificuldades e não teve ajuda nesse sentido:

[O que a visita me trouxe foi] a curiosidade. Lá está, a aprendizagem, não aprendi nada, pronto, não aprendi nada porque não tinha ninguém para me explicar essas coisas que eu não sabia.

[H4, 32 anos, bás3, impressor gráfico, 1ª visita, cônjuge e filho] Alguns entrevistados, em relação aos proveitos próprios, em vez de aprendizagens, referem essencialmente o suscitar de curiosidades (ou “perguntas que ficam no ar”) e a componente lúdica.

Eu como lhe digo, estive a ler algumas coisas que... perguntas que ficaram no ar... Portanto... Acha que aprendeu alguma coisa?

Não. (...) Sobretudo foi a diversão.

[H7, 57 anos, bás3, reformado, ex-técn. de informática, 2ª visita, cônjuge e netas]

Tem piada para os adultos também, não tanto nessa lógica educativa... (...) Mais do que aprender, acho que foi coisas curiosas. Quer dizer, sempre se aprende alguma coisa, em termos do corpo humano e da física e... (...) Pronto, até se aprende alguma coisa, mas também é muito entretido.

[H2, 30 anos, investigador em antropologia, 1ª visita, pais, filha e sobrinha] As motivações que os levaram ao PC reflectem-se também nos contributos que identificam. Este jovem afirma que o objectivo com que veio, de recolha de informação para o seu trabalho de matemática, foi concretizado e a visita trouxe mais-valias nesse âmbito. Mas os contributos ultrapassaram essa intenção. O jovem afirma que a visita teve um suplemento de “divertimento e descoberta”. A expressão “descoberta” é bastante referida pelos mais jovens. Frequentemente se expressa também como “curiosos” alguns módulos e os seus efeitos.

O principal objectivo era aquilo sobre o trabalho da matemática (...)

E achas que os teus objectivos ou os objectivos do grupo foram atingidos?

Sim. Os objectivos do grupo foram... A parte da matemática, pronto, foi tudo atingido, tirámos as fotografias que queríamos e o filme, foi tudo atingido. O resto foi mais divertimento e descoberta.

[H1, 17 anos, estudante sec, 3ª visita, colegas] Segundo este visitante, as visitas devem ser minimamente espaçadas precisamente para não aniquilar o efeito de novidade que aquele espaço e as suas experiências representam, para não se tornar em algo rotineiro:

Se formos todas as semanas deixa de ser engraçado porque passou a ser um hábito, torna-se algo corriqueiro, digamos assim, e se passarem uns meses entre cada ida lá, tudo volta a ser outra vez novidade.

[H6, 49 anos, director de rh, +12ª visita, filho] Não obstante, alguns visitantes revelaram maior dificuldade em se surpreender. O que se vê vai sendo por vezes encaixado em conhecimentos adquiridos anteriormente de forma formal ou informal.

Não há nada assim que me tenha deixado completamente de queixo caído (...). Nada do que ali vi achei que era assim “que novidade, não sabia que isso acontecia”, não fiquei nada assim surpreendida. Não estou com isto a minimizar... (...) Tive física até ao 12º ano, tive matemática (...) e também não ando completamente de olhos fechados ao mundo, vou lendo e vou ouvindo... É assim, de alguma maneira eu encaixava aquilo que via em conhecimentos que tinha adquirido ou em coisas que me faziam sentido, provavelmente por se encaixarem em conhecimentos que eu tinha adquirido ao longo da minha vida. Não era assim nada de transcendente.

[M7, 39 anos, psicóloga, 1ª visita, cônjuge] De facto, por vezes, trata-se de redescobrir, de relembrar, ou mesmo de “refrescar conceitos”. Recordam-se matérias que se deram na escola ou algumas experiências que se fizeram (no caso dos mais interessados, até auto-didacticamente, fora do âmbito escolar). Esta redescoberta é particularmente expressa em relação à exposição A Física no Dia-a- Dia. Nalguns casos, ainda que se tenham estudado aqueles assuntos, não se fizeram aquelas experiências, e ali tem-se essa oportunidade.

Note-se também que mesmo alguns visitantes menos escolarizados referem ter associado alguns módulos ou temas abordados no PC a matérias aprendidas, ainda que superficialmente, na escola. A memória nestes casos é mais vaga e imprecisa.

Quem tem uma formação nessa área fez aquilo. É que o Rómulo de Carvalho fez-me isso... Algumas daquelas experiências o próprio Rómulo me fez. Faziam parte do ensino da física, da matemática, das ciências naturais do 1º ano do liceu naquela altura, nos anos 40/50. (...) Se eu vier sozinho já não é para ver, é mais para recordar, “Olha...!”. É que antigamente faziam-se experiências...

144

M10: Nós também já conhecíamos as experiências do Rómulo de Carvalho, foi só mesmo para lembrar...

H10: (...) [Conhecia-as] da vida... A grande maioria das experiências não as fiz no sistema de ensino, mas...

M10: Tínhamos curiosidade natural de fazer aquele género de coisas...

H10: Durante toda a vida, livros... (...) Eu pessoalmente fiz muito poucas daquelas durante o sistema de ensino... fazer mesmo as experiências, tal como ali estava, foi muito pouca coisa. Fiz auto- didacticamente, digamos assim (...).

M10: Mas aquelas da electricidade acho que se faziam mesmo na escola, que eu lembro-me de fazer aquilo. (...) E aquelas com água a pessoa faz aquilo desde pequena...

[H10/M10 (ec2), 33/34 anos, prof. univ. de eng. informática/engenheira informática, 3ª visita, cônjuges]

Mesmo em termos de laboratórios nunca tinha feito nada exactamente assim. Os conceitos são fáceis de perceber, porque são os conceitos que eu aprendi durante o curso, mas fazer aquelas experiências mesmo assim nunca tinha feito.

(...) Eu quando vou gosto de ir lá e digamos que aprendo de certa forma, se calhar refresco alguns conceitos que já não estão..., que já não penso neles há muito tempo, portanto tem essa coisa interessante (...).

[H3, 30 anos, investigador em eng. física, 3ª visita, cônjuge e sobrinhos]

Por exemplo, na Física, ainda cheguei a estudar física, não fui muito longe mas estudei física, 8º ano, e puxei algumas pontas lá... “É verdade, isto...”, portanto lembrei-me de algumas coisas, mas claro nada de coiso...

[H4, 32 anos, bás3, impressor gráfico, 1ª visita, cônjuge e filho] Menciona-se também ao longo das entrevistas as lógicas do raciocínio e estratégias desenvolvidas para alcançar o sucesso na experimentação. Revela-se o empenhamento de alguns visitantes com vista à resolução das actividades experimentais. Ressaltam-se assim os benefícios ao nível do desenvolvimento do raciocínio, da concentração, da estimulação do espírito crítico. Nestes casos, segundo os visitantes, não se trata de aprendizagem em si, mas a base para ela.

Transparece também a motivação que aquelas actividades induzem à sua realização, porque apelam à curiosidade e, como é reiterado pelos entrevistados, é divertido desenvolvê-las. Expressa-se o prazer que está implicado na experimentação e a gratificação sentida quando se alcançam os resultados pretendidos.

Foi mais pela parte de divertimento, existe sempre curiosidade em certas coisas porque não podem ser realizadas no dia-a-dia. Acho que é sempre bom ter novas experiências porque o saber parte da curiosidade. Por mim acho que não aprendi nada de relevante…talvez que a concentração seja a base da eficácia.

[H9 (ec1), 19 anos, sec, técn. de informática, 1ª visita, namorada]

É bom para estimular o espírito crítico... Sei que aquilo tem de produzir determinado resultado e vou... (...) Há sempre algo de gratificante em fazer as próprias experiências, não só em termos lúdicos, diversão, mas mesmo ver as coisas a funcionar, pensar nos princípios envolvidos, (...) mesmo nas experiências conhecidas ou que já tenhamos feito várias vezes.

Para alguns entrevistados a visita significou também um bom tempo passado com outra/s pessoa/s. Essa foi aliás uma motivação recorrente - o convívio em família num espaço “diferente”. No excerto que se segue o visitante acentua precisamente a cumplicidade criada com o filho através da realização conjunta das actividades experimentais, em que se “aproximam da idade um do outro”.

O que me trouxe a visita é que nós passamos mais uns bocados da nossa vida, neste caso com o meu filho, isso é muito importante, e estamos um bocado sozinhos e cúmplices naquilo, e aproximamo- nos da idade um do outro, isso é sempre interessante.

[H6, 49 anos, director de rh, +12ª visita, filho] Paralelamente à interacção gerada entre os elementos do grupo, é acentuada a possibilidade de ligação posterior das experiências e dos assuntos tratados com fenómenos do quotidiano, por forma a que a compreensão desses assuntos seja mais facilmente propiciada pelos adultos em relação aos mais novos. O PC é considerado um instrumento pedagógico com potencialidades que podem ser aproveitadas para além da visita, posteriormente a ela.

E foi isso que aconteceu com esta visitante e o sobrinho que a acompanhou na visita. Uma experiência realizada no PC - Paisagem Eólica, do Exploratorium - foi recordada nos dias seguintes à visita, por ocasião de um passeio feito ao longo da costa marítima, onde o fenómeno que era retratado estava presente.

Acho que permitiu termos um espaço de comunicação entre os dois sobre aquela... portanto temos ali uma ponte ou uma referência sobre várias áreas que podemos depois aplicar em relação a fenómenos do dia-a-dia, reportarmo-nos àquela exposição por certas coisas, e penso que aí se calhar é mais interessante, e acho que é um espaço muito agradável por causa disso, porque é um espaço que não é um espaço morto, portanto em que as pessoas interagem naquele espaço e que tiram daí... tiram conclusões, aprendizagens, é importante.

(...) [No Exploratorium] fizemos algumas experiências e havia lá até uma experiência das paisagens eólicas que depois até adaptámos, porque fomos a um passeio ao pé da costa, em relação às paisagens, o vento e as dunas, e estivemos a ver e depois adaptámos isso mais tarde (...), disse “Olha, lembras-te...?” e lá estivemos a falar um bocadinho sobre isso.

[M6, 39 anos, médica, 1ª visita, sobrinho] A visita pode despertar para determinados assuntos e questões, que mais tarde são passíveis de ganhar significados na vida de cada um. Uma entrevistada que não conhecia a obra de Rómulo de Carvalho, afirma que quando voltar a ouvir falar dele vai associar ao que viu na exposição A Física no Dia-a-Dia. Também outro entrevistado refere ter ficado mais desperto para as questões das diferenças de género devido à visita que efectuou à exposição Uma Questão de Sexos.

146

Como refere Falk (2001), o visitante nem sempre percebe de forma imediata o sentido do que observa ou experimenta num museu ou centro de ciência, e apenas com o tempo “organiza as peças” daquilo que viu. É a isso que Falk chama de aprendizagem. Segundo este, a aprendizagem passa pela criação de sentidos, por um processo constante de relacionamento de experiências passadas com o presente. A aprendizagem faz parte de um diálogo entre o indivíduo e o seu ambiente físico e sociocultural, e é a partir das vivências de cada um que se constroem significados próprios. Atribui-se sentido ao que se vê como consequência dos conhecimentos, de interesses, de experiências de vida.

Continuando a análise dos contributos da visita ao PC, detecta-se mais um. Um dos proveitos pode ser o aperfeiçoamento pedagógico. Do ponto de vista didáctico, trata-se de captar formas simples de explicar conceitos complexos. A visita parece poder também proporcionar o incentivo de utilização daquele tipo de materiais e experiências nas aulas pelos professores.

É interessante é no aspecto didáctico, porque revela maneiras de nós... ver formas simples de explicar e de perceber coisas que nós já estudámos. Se eu quiser explicar a alguém que não sabe a forma é esta... E acho que é muito giro ver como é que de uma forma muito simples se podem explicar conceitos que às vezes não são assim tão simples.

[H10 (ec2), 33 anos, prof. univ. de eng. informática, 3ª visita, cônjuge]

Na exposição da Matemática várias coisas podem ser levadas para a sala de aula. Os polígonos, os sólidos platónicos, (...). Se calhar para o ano, com os mais novos, se calhar vai dar para... Por exemplo, a manipulação de polígonos feitos em polidrons, acho que é muito giro para os miúdos (...). Eu posso utilizar isso em sala de aula, perfeitamente.

[M3, 27 anos, prof. de matemática, 3ª visita, namorado] Alguns entrevistados foram ao PC motivados acima de tudo pelo contentamento das crianças, para apoiá-las em situações ligadas à escola ou para o seu estímulo intelectual. Como refere Lahire (2004), no caso de práticas culturais sob influência de outros ou como acompanhamento de crianças, o prazer - quando este existe e a prática não é vista como mera dedicação ou como um dever paterno - é sentido mais em segundo plano. Quando há crianças no grupo, os maiores proveitos da visita são transferidos para elas, principalmente no que respeita à aprendizagem.

No seu caso, acha que aprendeu alguma coisa com a visita, e o quê?

Não sei... Talvez, mas não... se me disser para eu lhe dizer alguma coisa de concreto que tenha aprendido... (...) Também não era esse o meu... o intuito de lá ir não era para mim, por isso passa sempre tudo para o próximo...

Ele [o filho] sim aprendeu algumas coisas. Estou a lembrar-me, por exemplo, da história da refracção, da luz a passar a água, em que ele viu cada experiência... manipulou as coisas e viu que eram diferentes e percebeu que os raios se moviam, mudavam de direcção ao passar de um corpo para o outro (...).

[H6, 49 anos, director de rh, +12ª visita, filho] Quando não se tinha tão presente o objectivo da aprendizagem, e não se explicou tanto, é a diversão o maior contributo identificado para a criança (tal como para o próprio adulto). Mas os proveitos dependem também da maturidade e das fases de aprendizagem das crianças. O lado lúdico ou a diversão é maximizado, em detrimento da motivação e aprendizagem, quando as crianças são mais pequenas. De qualquer forma, a componente lúdica é também considerada muito importante, assim como o simples contacto e familiarização com aquele tipo de espaço.

O meu filho disse “Hoje foi um dia muito divertido”, é a diversão, não sei se aprendeu alguma coisa, ele quer é divertir-se, divertir-se... Foi mais divertimento para o meu filho do que aprendizagem, acho eu.

[H4, 32 anos, bás3, impressor gráfico, 1ª visita, cônjuge e filho]

Eles gostaram imenso, mas lá está, não sei o que é que ficou naquelas cabeças, mas eu acho que já é muito bom eles verem, eles irem tomando contacto com estas questões. (...) com cinco anos acho que é muito difícil ficar alguma coisa, mas acho que só o facto de irem naquela altura e divertirem-se a ver as actividades que são propostas, acho que para eles já é óptimo. (...) A parte lúdica e o facto de se irem familiarizando com algumas coisas acho que também é importante.

[H3, 30 anos, investigador em eng. física, 3ª visita, cônjuge e sobrinhos] Mais do que aprender é também a motivação que aquele espaço proporciona por aquelas áreas científicas e que se quer transmitir aos mais jovens. No entanto, alguns expressam a sua percepção de que uma visita não chega para se alcançar o que se pretende, quando o intuito é o estímulo intelectual dos mais novos e o fomento do seu interesse por aquelas temáticas. Apenas com a continuidade se conseguem alcançar esses objectivos.

O aproveitamento que se faz daquele espaço vai evoluindo. A primeira visita acaba por significar essencialmente divertimento para as crianças, há um entusiasmo inicial de algo que não conhecem e que lhes sugere brincadeira. É preciso familiarizá-las com aquele tipo de espaço para depois se ir retirando proveitos de outra ordem. Para além disso, o próprio planeamento da visita por parte do adulto numa segunda vez já é diferente. Alguns dizem que visitas sectoriais poderão ser mais proveitosas, ao invés de uma visita extensiva em que se vê tudo num só dia mas sem grande atenção.

148

Em relação ao próprio adulto, reconhece-se que a compreensão das experiências e a interacção com os módulos depende da familiarização que se tem com o espaço, sendo que vai melhorando com a continuidade, com o suceder das visitas.

Mas eu acho que [o Exploratorium] será uma área em que ele tem de ir várias vezes, ele ou qualquer criança, e depois vai a pouco e pouco tirando mais informação, como nós... vamos vendo as coisas de maneira diferente. (...) Acho que há coisas que ele percebeu melhor e há coisas que se calhar fez sem valorizar muito o porquê, que requer outras visitas e um bocado de insistência nisso. (...) Acho que uma segunda visita a pessoa tem sempre outra leitura que não teve na primeira, há sempre um outro modo de ver as coisas e isso vai enriquecendo...

[M6, 39 anos, médica, 1ª visita, sobrinho]

Isto é preciso eles começarem a vir cá uma série de vezes para depois começarem a gostar (...). A primeira vez fica-se deslumbrado com tanto brinquedo, a primeira vez ou as primeiras vezes. Portanto eu acho que isto é daquelas coisas que não é preciso a pessoa pressionar, mas vir com frequência. (...) Continuo a dizer, que isto continuadamente... eu hei-de cá voltar, eu ou os pais dos miúdos, havemos de cá voltar depois com visitas sectoriais. (...) Eu fui perfeitamente ao acaso. Da próxima vez que cá vier já verei de outra maneira. (...) Eu lembro-me que a primeira vez que fui a Paris fui ver o Louvre e vi tantos quadros, tantos quadros, que não me lembro de nenhum. Donde, há que visitar isto como se visita o resto, várias vezes. Isto não dá para ver tudo num dia.

[H8, 69 anos, reformado, ex-prof. univ. de eng. química, 1ª visita, netos]

Também eu fui lá a primeira vez, metade não percebi, a segunda um bocadinho melhor... Essa continuidade também é importante...

Sim, acho que sim.

[M4, 33 anos, arquitecta, 3ª visita, filhos e amigos] Depois da visita, a troca de impressões sobre ela entre os elementos do grupo são recorrentes.

No final estivemos a falar e a trocar impressões (...). Foi do que é que gostámos menos e mais, os resultados também, e depois que iríamos voltar lá.

[M1, 15 anos, estudante bás3, 2ª visita, pais e irmão] Fala-se também da experiência posteriormente com outras pessoas, mostra-se fotografias lá tiradas, recomenda-se a visita.

Até depois, que eu tirei fotografias e não sei quê, até depois da visita e de lhe mostrar, ela [a mulher] ficou ainda com mais vontade de combinar com a irmã dela eventualmente e com os pais dela, e de ir lá.

[H2, 30 anos, investigador em antropologia, 1ª visita, pais, filha e sobrinha]

Mas olhe eu falei muito bem daquilo ao meus colegas, disse para eles lá levarem os miúdos, porque gostei daquilo, e disse que gostava de ver mais profundamente.

[H4, 32 anos, bás3, impressor gráfico, 1ª visita, cônjuge e filho]

Quando fui no fim de semana, depois até aconselhei às minhas colegas irmos lá um dia e estarmos lá no Parque das Nações e também no PC.

A procura posterior de informação adicional sobre as temáticas abordadas nas exposições é que não é muito frequente. Para alguns o interesse por aquelas temáticas é mais lúdico e a visita significou isso mesmo, pelo que não há uma continuidade depois.

Em termos de aprofundar conhecimentos não tive... eu eventualmente gostava de voltar lá para ver com mais atenção algumas coisas (...), mas ao nível de posteriormente ir à procura de mais coisas,