2. EXPERIÊNCIAS DE VISITA DO PÚBLICO NÃO-ESCOLAR: CONTEXTUALIZAÇÃO
2.2 O público não-escolar entre o conjunto de públicos do Pavilhão do Conhecimento
Com base nos registos de visitantes do PC, disponibilizados pela própria instituição, foi efectuada uma pequena análise quantitativa dos seus públicos. Uma breve comparação com o contexto museológico português foi possível através do recurso a dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O PC é actualmente um dos museus mais visitados de Portugal. Desde a sua abertura, em 25 de Julho de 1999, até ao final de 2007, o PC recebeu 2.110.391 visitantes, o que prefaz um volume anual de visitantes a rondar os 250.000. Este número destaca-se entre os museus portugueses, segundo as Estatísticas da Cultura, Desporto e Recreio do INE, em 2006, que apontavam para uma média anual de 35.000 visitantes por museu, e de 24.000 no caso dos museus de ciências e de técnica11. O valor indicado para o PC assemelha-se mais ao registado pelos monumentos musealizados e pelos jardins zoológicos, botânicos e aquários, que registavam uma média anual de cerca de 200.000 visitantes12 (INE, 2007).
Do total de visitantes do PC, indicado anteriormente, 73% visitaram a área expositiva e os restantes o espaço multimédia. O número total de visitantes da área expositiva do PC era assim, em Dezembro de 2007, de 1.540.585, o que dá uma média anual de cerca de 180.000 visitantes. No balanço global, 53% das visitas na área expositiva eram grupos, na sua maioria escolares.
O número de visitantes anuais tem-se mantido relativamente estável. Em 2007, e focando a atenção no ano em que decorreu maioritariamente o trabalho de campo no âmbito desta pesquisa, o PC registou um total de 206.076 visitantes na área expositiva13. Março e Novembro foram os meses com maior afluência de público, tendo ultrapassado significativamente a média desse ano de cerca de 17.000 visitantes por mês (Gráfico 1).
11 Foram considerados no inquérito 291 museus, os quais registaram um total de 10,3 milhões de visitantes em 2006 (mais 6% do que no ano anterior), correspondendo 17% a grupos escolares. Os museus de ciências e de técnica são identificados como os museus consagrados a ciências exactas ou técnicas, incluindo os centros de ciência. Estes constituem 5,5% dos museus e 3,7 % do total de visitantes em 2006.
12 A nível de comparação, refira-se também os cerca de 200 mil visitantes por ano do Museu Nacional dos Coches. Já o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa regista mais recentemente um número de visitantes anual de cerca de 10 mil visitantes.
Gráfico 1 Visitantes do PC em 2007, por mês 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nº de visitantes por mês
Média de visitantes em 2007
Fonte: PC, Registo de visitantes-2007.
Comparando o número de visitantes individuais (não integrados em grupos) com o número de visitantes incorporados em grupo, no ano de 2007, constatamos uma divisão muito semelhante em termos percentuais entre as duas categorias, sendo a que respeita aos primeiros de 52% e a que refere aos segundos de 48% (Gráfico 3).
Mas estes valores oscilam substancialmente consoante o mês do ano. Os visitantes individuais ultrapassam os grupos, em geral, apenas nos meses de verão, o que se deve, por um lado, ao aumento dos visitantes individuais, oriundos de outras localidades ou mesmo países, e, por outro lado, à diminuição de afluência dos públicos escolares, devido às férias lectivas. Note-se que outros factores, como a inauguração de exposições e as suas próprias características, também são passíveis de influenciar o número e o tipo de visitantes (Gráfico 2).
Gráfico 2 Visitantes do PC em 2007, por mês, segundo o tipo de visitante (grupo/indiv.)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
% % visitantes grupo por mês % visitantes individuais por mês % visitantes grupo em 2007 % visitantes individuais em 2007
44
Analisando apenas o período em que se concentrou o processo de selecção dos entrevistados, essencialmente nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2007 (meses que contaram com um total de 34.763 visitantes), verificamos a preponderância dos grupos (essencialmente escolares) no cômputo geral de visitantes. Os visitantes não incluídos em grupo (o denominado público não-escolar) têm um peso de 36% nos meses em apreciação, valor significativamente inferir ao registado no conjunto do ano (Gráfico 4).
Gráfico 3 Visitantes do PC, segundo o tipo de visitante(grupo/indiv.), em 2007 48% 52% Visit. grupo Visit. individuais
Gráfico 4 Visitantes do PC, segundo o tipo de visitante(grupo/indiv.), em Jan-Fev2007
64%
36% Visit.grupo
Visit. individuais
Fonte: PC, Registo de visitantes-2007.
Numa análise por escalões etários, verificamos que em 2007, 40% dos visitantes do PC eram crianças e 26% jovens. Os adultos representavam 33% do público e os seniores apenas 1% (Gráfico 5).
Tendo em conta apenas os visitantes individuais, ou não-escolares, no mesmo período temporal, verifica-se um aumento acentuado dos adultos e uma diminuição muito substancial dos jovens (a alteração atinge no primeiro caso os 20 pontos percentuais e no segundo caso os 17), comparativamente à composição do total de visitantes não discriminando a incorporação ou não em grupos. As crianças perdem o 1º lugar, ainda que o seu peso se mantenha sem uma redução significativa, em favor dos adultos (Gráfico 6). Em Janeiro e Fevereiro, a distribuição dos públicos individuais por idade foi semelhante à indicada para o conjunto do ano.
Gráfico 5 Visitantes do PC em 2007, segundo a idade*(inclui grupos)
40% 26% 33% 1% Criança Jovem Adulto Sénior
Gráfico 6 Visitantes individuais do PC em 2007, segundo a idade*(não inclui grupos)
36% 9% 53% 2% Criança Jovem Adulto Sénior
*Criança: até 11 anos; Jovem: 12-17 anos; Adulto: 18-64 anos; Sénior: a partir dos 65 anos. Fonte: PC, Registo de visitantes-2007.
Para além dos registos de visitantes, recorreu-se ao inquérito por questionário efectuado pelo PC, em 2007, a uma amostra dos seus visitantes individuais, não integrados em grupo escolar14. Este permitiu confirmar, a nível da caracterização geral do público, a persistência das habilitações literárias superiores - 50% dos inquiridos eram detentores de um diploma de ensino superior, percentagem que aumenta para 63% se se tiver em conta aqueles que frequentam ou frequentaram um curso superior mas não o completaram. É necessário tomar em consideração que o inquérito foi aplicado durante o mês de Agosto, um mês com características próprias, pelo maior número de visitantes estrangeiros15. Não obstante, ele transparece uma realidade já detectada na minha pesquisa de licenciatura e também em questionários efectuados noutros anos mas em meses que não Agosto - qualificações bastante superiores relativamente ao conjunto da população portuguesa. Tal não impede contudo que seja considerada significativa a proporção de visitantes com níveis mais baixos de escolaridade (Gráfico 7).
Gráfico 7 Distribuição de uma amostra de visitantes do PC por grau de escolaridade, em Agosto 2007
12 23 2 13 50 0 10 20 30 40 50 60
Até Básico 3 Secundário C. Médio Superior
incompleto
Superior
%
Fonte: PC, Inquérito ao público-Agosto 2007.
Para finalizar este capítulo, importa referir um dado relativo aos públicos supostamente mais regulares do PC - o número de aderentes do Clube PC-CV, cuja existência já foi mencionada anteriormente. Em 2007, o Clube contava com um total de 333 sócios.
14 O inquérito foi aplicado a 299 visitantes.