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CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

4 INSTRUMENTOS FUNDIÁRIOS

5.4 CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Uma vez em vigor o Plano Diretor, fundamental é que haja monitoramento, controle e fiscalização, por parte do Poder Público Municipal e da sociedade na

Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.

§ 1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.

§ 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.

§ 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.

§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I - a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;

II - a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos;

III - o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos. Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I - com mais de vinte mil habitantes;

II - integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

III - onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no 4º do art. 182 da Constituição Federal;

IV - integrantes de áreas de especial interesse turístico;

V - inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

§ 1º No caso da realização de empreendimentos ou atividades enquadrados no inciso V do caput , os recursos técnicos e financeiros para a elaboração do plano diretor estarão inseridos entre as medidas de compensação adotadas.

§ 2º No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.

Art. 50. Os Municípios que estejam enquadrados na obrigação prevista nos incisos I e II do art. 41 desta Lei que não tenham plano diretor aprovado na data de entrada em vigor desta Lei, deverão aprová-lo no prazo de cinco anos.

implantação e execução das diretrizes nele propostas, para que efetivamente as funções sociais da cidade sejam ordenadas e proporcionem melhor qualidade de vida e o bem-estar dos seus habitantes e daqueles que dela se utilizem. Caso isto não ocorra, o Plano Diretor será apenas um documento sem vida, sem efetividade, sem utilidade, esquecido numa estante ou gaveta de um órgão da administração.

O Plano Diretor é um instrumento de Política Pública Municipal que não se limita a uma administração, mas transpassa no tempo, já que a sua efetiva implementação num período histórico é que vai proporcionar os resultados previstos. A construção da cidade é diária, as gerações sucedem-se e cada uma coloca a sua contribuição. O ambiente urbano é uma construção coletiva e deve ser aperfeiçoada a cada nova etapa, para que cumpra as políticas de desenvolvimento urbano, ambiental, social e econômica previsto num Plano Diretor que tenha sido elaborado através de um processo democrático e participativo.

Os instrumentos de gestão democrática previstos no Estatuto da Cidade devem estar incluídos no Plano Diretor para que o efetivo monitoramento, controle e fiscalização ocorra. E entre estes instrumentos é importante destacar a implementação de um Conselho da Cidade, com a participação paritaria da administração municipal e da sociedade civil organizada e dos movimentos populares. Faz-se necessário também a existência de um sistema de informações, com o objetivo de organiza-las, sistematiza-las e colocá-las a disposição da comunidade, vinculado a administração municipal ou a um órgão que tenha como finalidade específica zelar pela aplicação do Plano Diretor.

Este sistema de informações sobre o Plano Diretor deverá possibilitar que todos os segmentos tenham acesso aos dados, de forma transparente, permitindo que demandas da população e políticas públicas sejam contempladas no planejamento, e que haja um efetivo controle social do que se está fazendo. Em muitas cidades, foram constituídos órgãos específicos na administração municipal para coordenar este sistema de informação, mantendo um controle sobre os diversos setores da administração, para que não se desviem do foco e dos objetivos estabelecidos pelo Plano Diretor. Exemplo é o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, IPPUC, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville (IPPUJ), Instituto de Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL) entre outros.

Tratando do Planejamento Estratégico Municipal, que pode ser adaptado para o Plano Diretor, Rezende e Castor (2005) propõem três tipos de controles municipais: estratégicos, táticos e operacionais. Os estratégicos devem abranger a monitoração e avaliação da estratégia e assegurar que as metas propostas sejam atingidas. Os táticos objetivam atingir os objetivos gerencial ou intermediário (tático), através de ações de monitoração de áreas específicas como financeira, humanas e sociais dos habitantes do município.

E, finalmente, os controles operacionais têm como finalidade que sejam alcançadas as metas propostas sob a ótica dos aspectos do cotidiano, ou das ações técnicas, como produtividade, controle de qualidade e outras. E acentuam Rezende e Castor (2005, p.105):

Essencialmente, um processo de controle municipal enfatiza o estabelecimento de indicadores para posterior mediação, acompanhamento e avaliação. Neste sentido, é fundamental estabelecer os meios de controles do planejamento estratégico municipal.

Conclui-se que tão importante quanto ter um Plano Diretor que efetivamente se constituía num instrumento da vontade popular, elaborado através de um processo democrático e participativo, é fundamental que seja implementação e o controle sobre os resultados. Estes resultados devem ser freqüentemente analisados, propostas soluções para os problemas encontrados e, periodicamente revisados. O Estatuto da Cidade (art. 40, § 3o.) estabelece que “a lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos”.

Como principal instrumento da política de desenvolvimento expansão urbana, o Plano Diretor deve ser utilizado pelo Poder Público Municipal para ordenar as funções sociais da cidade e garantir a materialização desses direitos. E assim, efetivamente, a política urbana vai proporcionar e garantir o bem-estar daqueles que moram na cidade ou dela se utilizam na vida cotidiana.