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Seção 1 – A reinvindicação histórica dos direitos das mulheres e o seu reconhecimento pelas

B) Convenções nº s 156, 183 e 189

A Convenção nº 156 sobre a Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Trabalhadores e Trabalhadoras com Responsabilidades Familiares56, a Convenção nº 183 sobre a Proteção da Maternidade57, e a Convenção nº 189 sobre Trabalho Decente para as

52 Organização Internacional do Trabalho. Recomendação 111 Sobre Discriminação em matéria de Emprego e Profissão. 1958. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_242717/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 04 ago. 2018.

53 BRASIL. Decreto nº 41.721, de 25 de junho de 1957. Promulga as Convenções Internacionais do Trabalho de nº11,12,13,14,19,26,29,81,88,89,95,99,100 e 101, firmadas pelo Brasil e outros países em sessões da Conferência

Geral da Organização Internacional do Trabalho. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D41721.htm>. Acesso em: 15 maio 2018.

54 ______. Decreto nº 62.150, de 19 de janeiro de 1968. Promulga a Convenção nº 111 da OIT sôbre discriminação em matéria de emprêgo e profissão. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950- 1969/d62150.htm>. Acesso em: 15 maio 2018.

55 PROVENÇA, João. A OIT e a Igualdade de Gênero no Trabalho, p. 40. Cadernos Sociedade e Trabalho, Lisboa, n. 16, p.37-42, 2011. Disponível em: <http://cite.gov.pt/asstscite/downloads/publics/sociedade16.pdf>. Acesso em: 15 maio 2018.

56 Organização Internacional do Trabalho. Convenção nº 156 sobre a Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Trabalhadores e Trabalhadoras com Responsabilidades Familiares. 1981. Disponível em: < http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_242947/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 04 ago. 2018. 57 ______. Convenção nº 183 sobre a Proteção da Maternidade. 2000. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_242947/lang--pt/index.htm>. Acesso em: 04 ago. 2018.

Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos58, adotadas pela OIT, também se mostram sensíveis ao gênero e devem ser observadas pelos Estados e demais atores internacionais na promoção da igualdade de gênero e do empoderamento das mulheres no campo laboral e econômico.

A Convenção nº 156 foi adotada em 3 de junho de 1981, durante a 67ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho. O texto aprovado reconhece que os problemas de mulheres e homens com responsabilidades de família são aspectos relacionados a problemas mais amplos concernentes à família e à sociedade, que devem ser levados em consideração nas políticas nacionais, sendo necessário estabelecer uma efetiva igualdade de oportunidades e de tratamento entre mulheres e homens trabalhadores com responsabilidades de família e entre esses e outros trabalhadores.

A norma aplica-se a mulheres e homens com responsabilidades em relação a seus filhos dependentes ou a outros membros de sua família imediata que precisem de seus cuidados ou apoio, quando essas responsabilidades restringem a possibilidade de se prepararem para uma atividade econômica e nela ingressar, participar ou progredir (Artigos 1º e 2º).

Para promover a efetiva igualdade de oportunidades no campo do trabalho, os Estados Membros devem incluir entre os objetivos de suas políticas nacionais a eliminação da discriminação com relação a mulheres e homens com responsabilidades familiares, fornecendo condições materiais que assegurem o exercício do direito à livre escolha profissional, inclusive mediante serviços de seguridade social, bem como serviços e meios de assistência à infância e à família que sejam sensíveis às necessidades desses trabalhadores (Artigos 4º e 5º).

Os Estados Membros comprometem-se, dentro de suas possibilidades nacionais, a dar condições a mulheres e homens com responsabilidades familiares de se integrarem e permanecerem integrados na força de trabalho, assim como nela reingressar após ausência imposta pelas referidas responsabilidades, a exemplo do que acontece após o nascimento de uma criança (Artigo 7º).

Outra importante norma da OIT aplicável a mulheres com responsabilidades familiares é a Convenção nº 183, adotada em 30 de maio de 2000, durante a 88ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho. A referida norma dispõe sobre a proteção à maternidade reconhecendo que assegurar a proteção da gravidez constitui responsabilidade partilhada pelos

58 Organização Internacional do Trabalho. Convenção nº 189 sobre Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos. 2011. Disponível em: <http://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang-- pt/index.htm>. Acesso em: 04 ago. 2018.

poderes públicos e pela sociedade. A OIT já havia regulamentado a proteção à maternidade por meio da Convenção nº 3 (revogada), de 1919, e da Convenção nº 103 (revista pela Convenção nº 183), de 1952.

A Convenção nº 183 reconheceu, pela primeira vez, o direito à proteção da saúde da gestante ou lactante, impondo aos Estados Membros o dever de assegurar que mulheres nessas condições não sejam obrigadas a desempenhar um trabalho que seja prejudicial à sua saúde ou à saúde do nascituro (Artigo 3º). A licença maternidade foi ampliada de 12 semanas (Convenções anteriores) para, no mínimo, 14 semanas de duração (Artigo 4º), ficando assegurado o direito à percepção de uma remuneração suficiente ao sustento da mulher e da criança em boas condições de saúde e com um nível de vida conveniente durante a referida licença (Artigo 6º).

A norma estabelece medidas de proteção do emprego e não discriminação, proibindo a demissão da mulher em caso de gravidez, no gozo da licença maternidade e por período posterior ao seu regresso ao trabalho, este último a ser fixado pelas legislações nacionais. É proibido exigir a uma mulher candidata a um posto de trabalho que se submeta a um teste de gravidez ou que apresente um certificado atestando que se encontra ou não em estado de gravidez (Artigos 8º e 9º). É assegurado à lactante o direito a uma ou mais pausas por dia ou a redução da duração do trabalho diário para realizar a amamentação (Artigo 10º).

Por último, a Convenção nº 189, adotada em 1º de junho de 2011, durante a 100ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho oferece proteção a um grupo particularmente vulnerável de trabalhadoras e trabalhadores que desempenham suas atividades no âmbito de um ou mais domicílios. A norma em questão reconhece que o trabalho doméstico é executado principalmente por mulheres e meninas, muitas das quais são migrantes ou membros de comunidades desfavorecidas.

A Convenção nº 189 adota como princípios fundamentais a liberdade de associação e a liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva; a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório; a erradicação efetiva do trabalho infantil; e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação (Artigo 3º).

As condições de emprego das trabalhadoras domésticas devem constar em contratos escritos ou acordos coletivos que incluam, em particular o nome e sobrenome do empregador e do trabalhador e os respectivos endereços; o endereço do domicílio ou domicílios de trabalho habituais; a data de início e, quando o contrato é válido por um período determinado de tempo, sua duração; o tipo de trabalho a ser executado; a remuneração, método de cálculo e periodicidade de pagamentos; as horas regulares de trabalho; as férias anuais remuneradas e os

períodos de descanso diários e semanais; a provisão de alimentação e acomodação, quando for o caso; o período de experiência, quando for o caso; as condições de repatriação, quando for o caso; e as condições que irão reger o término da relação de trabalho, incluindo todo o prazo de aviso prévio comunicado pelo trabalhador doméstico ou pelo empregador (Artigo 7º).

O Brasil ainda não ratificou as Convenções nºs 156 e 183. A Convenção nº 189 foi aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 17259, de 04 de dezembro de 2017, e ratificada em 31 de janeiro de 2018,60 aguardando promulgação interna por Decreto do Executivo.