• Nenhum resultado encontrado

A Convergência do Social e do Ambiental

No documento Download/Open (páginas 41-45)

2 REVISÃO TEÓRICA

2.2 Responsabilidade Social e Ambiental – Definições e Histórico

2.2.1 A Convergência do Social e do Ambiental

Etimologicamente a palavra responsabilidade vem de responder. Daí, responsabilidade socioambiental pode ser entendida como a capacidade de responder aos problemas sociais e ambientais que vivenciamos (LIMA, 2007).

Tal entendimento pode ser transferido para dentro das organizações empresariais, com ações e práticas que tragam benefícios para o ambiente, funcionários, empresas e consequentemente para toda a sociedade. Como visto anteriormente, a noção de Responsabilidade Socioambiental que, crescentemente, penetra nosso cotidiano precisa ser entendida no contexto das mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais experimentadas pela sociedade contemporânea a partir das décadas finais do século passado (LIMA, 2007).

Nesse sentido, a variável socioambiental representa um novo condicionante interno ao processo decisório empresarial e não mais um fator exógeno e antagônico. Observa-se que, diante das transformações da economia mundial, cuja globalização alterou profundamente as características da demanda, o desempenho socioambiental passou a integrar as exigências de qualidade nos bens e serviços. Logo, as empresas bem sucedidas serão aquelas que conseguirem superar os desafios advindos da incorporação da variável ambiental e social em suas estratégias de longo prazo e que possam aproveitar as oportunidades que estão surgindo. (GUIMARÃES; DEMAJOROVIC; OLIVEIRA, 1995).

Os indicadores ambientais internos se referem aos investimentos que são realizados para atender aos seus funcionários, dependentes ou aposentados e podem ser: alimentação, previdência privada, saúde, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creche ou auxílio creche, participação nos lucros ou resultados e outros benefícios. Esses indicadores podem ser esclarecidos a partir do Quadro 2, a seguir.

Alimentação Gastos com restaurante, vale-refeição, lanches, cestas básicas e outros relacionados à alimentação de funcionários.

Previdência Privada Planos especiais de aposentadoria, fundações previdenciárias, complementações de benefícios a aposentados e seus dependentes.

Saúde Plano de saúde, assistência médica,

programas de medicina preventiva, programas de qualidade de vida e outros gastos com saúde, inclusive de aposentados. Educação Gastos com ensino regular em todos os níveis, reembolso de educação, bolsas, assinaturas de revista, gastos com biblioteca (excluído pessoal) e outros gastos com educação.

Cultura Gastos com eventos e manifestações

artísticas e culturais (música, teatro, cinema, literatura e outras artes).

Capacitação e desenvolvimento profissional Recursos investidos em treinamento, cursos, estágio (excluído os salários) e gastos voltados especificamente para capacitação relacionada com a atividade desenvolvida por funcionários.

Creche ou auxílio creche Creche no local ou auxílio creche a funcionários.

Participação nos lucros ou resultados Participações que não caracterizem complemento de salários.

Outros benefícios Seguros (parcela paga pela empresa), empréstimo (só o custo), gastos com atividades recreativas, transportes, moradia e outros benefícios oferecidos a funcionários podem ser aqui enumerados.

Quadro 2 – Indicadores sociais internos Fonte: IBASE (2008) apud SANTANA (2008)

Os indicadores sociais externos são a parcela que contempla o público externo e dizem respeito ao total das contribuições para a sociedade e os tributos (excluídos encargos sociais). Esses indicadores estão apresentados no Quadro 3.

Total das contribuições para a sociedade Somatório dos investimentos na comunidade que aparecem discriminados. Os itens da tabela aparecem como indicação de setores importantes onde a empresa deve investir (como habitação, creche, lazer e diversão, por exemplo). Porém podem aparecer aqui somente os investimentos focais que a empresa realiza regularmente.

Tributos (excluídos encargos sociais) Impostos, contribuições e taxas federais, estaduais e municipais.

Quadro 3 – Indicadores sociais externos Fonte: IBASE (2008) apud SANTANA (2008).

Por último, os indicadores ambientais se referem aos investimentos relacionados com a produção/operação da empresa, investimentos em programas/projetos externos e as metas anuais. A apresentação desses indicadores é feita no Quadro 4, a seguir.

Investimentos relacionados com a produção/operação da empresa

Investimentos monitoramento da qualidade dos resíduos/efluentes, despoluição, gastos com a introdução de métodos não poluentes, auditorias ambientais, programas de educação ambiental para os funcionários e outros gastos com o objetivo de incrementar e buscar melhoramento contínuo da

qualidade ambiental na

produção/operação da empresa. Investimentos em programas/projetos

externos

Despoluição, conservação de recursos ambientais, campanhas ecológicas e educação ambiental para a comunidade externa e para a sociedade em geral.

Metas anuais Resultado médio percentual alcançado

pela empresa no cumprimento de metas ambientais estabelecidas pela própria corporação, por organizações da sociedade cível e/ou por parâmetros internacionais como o Global Reporting

Initiative (GRI).

Quadro 4 – Indicadores ambientais

Fonte: IBASE (2008) apud SANTANA (2008).

A partir desses quadros foi possível estabelecer a delimitação de cada um dos grupos de indicadores socioambientais, visto que eles são considerados uma das variáveis para a análise aqui proposta.

Nesta perspectiva, Savitz (2007, p. 84) afirma que responsabilidade p “ p acionista, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a qualidade de vida das pessoas com que ma ”. J Instituto Ethos amplia o conceito ao abordar o componente gestão, caracterizando-a como:

forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as futuras gerações, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. (SAVITZ, 2007, p. 84).

No século XXI, a empresa responsável é também sustentável porque ultrapassa as relações clássicas da administração, impulsionando o equilíbrio e a corresponsabilidade em substituição à manipulação e ao confronto entre os diversos agentes sociais. Assim, apesar da ampla gama de abordagens, as discussões cada vez mais convergem para um consenso que, segundo Aligleri, Aligleri e Kruglianskas (2009):

 A responsabilidade socioambiental começa onde a lei termina, indo além das obrigações legais. É um investimento proativo no capital humano, meio ambiente e relação com outras partes interessadas;

 Está associada ao conceito de desenvolvimento sustentável, uma vez que considera o interesse de longo prazo da empresa e da sociedade;  Incorpora as expectativas da sociedade e integra nas operações e

decisões organizacionais uma análise do impacto econômico, ambiental e social;

 Está vinculada à forma como a empresa é gerida, devendo estar presente no planejamento estratégico, nas atividades das áreas organizacionais e praticada em seus relacionamentos.

No documento Download/Open (páginas 41-45)