• Nenhum resultado encontrado

COOPERATIVISMO E PRÁTICAS SOLIDÁRIAS: A PERCEPÇÃO DOS E DAS DIRIGENTES

117 3.1 ORIGEM E PERFIL DAS COOPERATIVAS

Este capítulo apresenta a análise sobre a percepção dos e das dirigentes de cooperativas de trabalho no DF acerca do cooperativismo e das práticas solidárias desenvolvidas no interior das cooperativas de trabalho selecionadas para entrevista qualitativa. Os dados obtidos possibilitaram tanto a apreensão do perfil das quinze cooperativas estudadas como a discussão das principais categorias analíticas da tese.

A entrevista qualitativa com o ou a dirigente da cooperativa objetivava identificar sua percepção sobre a cooperativa com relação a: organização; administração; condições financeiras; relações de trabalho; condições de trabalho; direitos/benefícios; e relações com o mercado, a sociedade e o Estado. Também buscou identificar a sua percepção sobre o cooperativismo, seus ideais e princípios.

Na tabela abaixo, apresentamos alguns dados sobre o perfil dos entrevistados e das entrevistadas referentes a: cargo que ocupava na direção da cooperativa; tempo de trabalho nessa cooperativa; e sexo. Para preservar a identidade dos informantes, estes foram aqui nomeados como o ou a dirigente da cooperativa X ou Y, identificada por um nome fictício.

TABELA 21: Cargo ocupado por tempo e sexo do/da dirigente da cooperativa em dados absolutos – DF 2007/2008

Cargo Tempo de Cooperativa Total

Até 3 anos 3 até 6 anos 6 a 9 anos Acima de 9 anos

F M F M F M F M Presidente 1 2 1 3 1 1 2 1 12 Recursos Humanos - - - - 1 - - - 1 Cooperado/Motorista - - - 1 - - 1 Assessoria da Presidência - - - 1 1 Total 1 2 1 3 2 2 2 2 15

Conforme a tabela acima, dos quinze entrevistados doze ocupavam o cargo de presidente, os demais faziam parte da direção da cooperativa nos cargos de

118

assessoria da presidência, recursos humanos, cooperado/motorista55.

Seis dos entrevistados e entrevistadas são do sexo feminino e nove do sexo masculino. Se considerarmos a informação não apresentada na tabela sobre aqueles que ocupavam a presidência da cooperativa (e que não foram entrevistados), verificamos que o número permanece na mesma proporcionalidade, pois, em seis dessas cooperativas, a presidência era exercida por mulheres e em nove por homens. Significando que as posições de direção nas cooperativas investigadas eram majoritariamente ocupadas por homens.

Quanto ao tempo efetivo de participação dos entrevistados e das entrevistadas na cooperativa, treze dos quinze líderes declaram-se membros fundadores da cooperativa. Os e as dirigentes da COOPARTESANAL, da COORECOMEÇO, da COOPLANALTO e da COORECICLARTE informaram períodos de vínculo superiores ao tempo de existência da cooperativa, pois participaram do grupo de trabalhadores que desenvolvia as atividades desde antes da sua fundação. No primeiro caso, a cooperativa era uma associação de artesãos antes de tornar-se cooperativa. No segundo caso, a cooperativa foi formada por dissidentes de outra cooperativa de catadores. Nos dois últimos, as cooperativas formaram-se a partir de grupos informais de catadores.

No início da entrevista, observamos que entrevistados e entrevistadas demonstraram algum receio de prestar as informações, mas ficaram mais à vontade para expressar suas opiniões no decorrer da conversa. Pareceu-nos que estes e estas tinham alguma desconfiança de que a entrevista pudesse levar a alguma avaliação negativa das suas atividades, mas essa desconfiança dissipava- se no face a face.

Por exemplo, a dirigente da COOSANEAMENTO surpreendeu-se com o interesse da pesquisadora, pois nunca havia dado qualquer entrevista para uma pesquisa acadêmica. O dirigente da COOPINOVAÇÃO apresentou uma reação inversa, pelo fato dessa cooperativa ter sido objeto de interesse de vários estudos e pesquisas. De todo modo, o entrevistado ficou um pouco inseguro de conceder a

55 Nesse caso, o entrevistado era o pai da presidente. Por se tratar de uma cooperativa formada por familiares,

as relações de representação da cooperativa reproduziam relações domésticas ou familiares. O entrevistado havia sido presidente da cooperativa e, na época da entrevista, a presidência era exercida pela sua filha.

119

entrevista no lugar da presidente que estava presente no local. Essa cooperativa possuía, inclusive, um banco de dados para atender aos pesquisadores, que também foi disponibilizado para esta pesquisa. Apesar de não se recusarem a prestar informações, os dirigentes das cooperativas mais procuradas vinham cobrando dos pesquisadores o retorno de seus estudos à cooperativa.

É importante ressaltar que as informações prestadas pelos entrevistados expressavam a sua percepção sobre a cooperativa e que as visitas de observação realizadas por esta pesquisadora visavam também à confrontação dessas informações com os dados de realidade observados. Dessa maneira, ao longo deste capítulo, além das percepções dos e das dirigentes, destacamos algumas observações registradas durante as visitas e entrevistas que entraram em conflito com os seus discursos.

120

3.1.1 CARACTERIZAÇÃO, ORIGEM E ESTRUTURA DAS COOPERATIVAS

No quadro abaixo, podemos visualizar informações gerais sobre o perfil dessas cooperativas coletadas tanto no primeiro contato como, posteriormente, nas entrevistas qualitativas.

QUADRO 1: Tipo de cooperativa, atividade desenvolvida, ano de criação e número de cooperados ou famílias das cooperativas pesquisadas – DF 2007/2008 COOPERATIVAS TIPO DE COOPERATIVA ATIVIDADE DESENVOLVIDA ANO DE CRIAÇÃO NÚMERO DE COOPERADOS OU FAMÍLIAS

COOCOSTURA Produção Costura 2001 20 cooperados

COOPELETRICA Trabalho Serviços especializados de engenharia elétrica, civil e mecânica 1999 73 cooperados COOSANEAMENTO Trabalho Serviços especializados em construção civil e saneamento 1996 87 cooperados COOVESTUÁRIO Produção Produção artesanal e comércio de roupas e calçados 2004 205 famílias COOPARTESANAL Trabalho e Produção Artesanato e alimentação 2001 65 cooperados

COOPESPECIAL Trabalho e Especial Artesanato 1998 20 a 40 cooperados (número flutuante)

COOPESTRUTURA Trabalho e

Produção

Coleta de materiais

recicláveis e artesanato 2000 120 famílias

COOPINOVAÇÃO Trabalho e

Produção

Coleta de materiais

recicláveis e artesanato 1998 200 famílias

COORECICLAGEM Trabalho e

Produção

Coleta de materiais

recicláveis e artesanato 2005 42 famílias

COORECOMEÇO Trabalho e Produção Coleta de materiais recicláveis 2005 64 cooperados 34 famílias COOPLANALTO Trabalho e Produção Coleta de materiais recicláveis 2004 36 famílias

COOPINDEPENDENTE Trabalho Coleta de materiais

recicláveis 2002 75 famílias COOPAMBIENTAL Trabalho e Produção Coleta de materiais recicláveis 1992 50 cooperados COOMPANHEIRAS Trabalho e Produção Coleta de materiais

recicláveis e artesanato 2004 20 cooperados

COORECICLARTE Trabalho e Produção Coleta de materiais recicláveis e artesanato 2002 40 a 50 cooperados (número flutuante)

Para subsidiar a análise e melhor caracterizar as cooperativas investigadas, elaboramos a tabela a seguir apresentando quantitativamente as informações relativas ao tipo de atividade desenvolvida.

121

TABELA 22: Tipo de cooperativa e atividade desenvolvida nas cooperativas pesquisadas em dados absolutos – DF 2007/2008

ATIVIDADE