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Coordenação de políticas económicas entre os Estados-membros – Orientações Gerais de Política Económica (artigo 99.º)

orientações básicas das OGPE forneçam as principais mensagens de política que também se repercutem nos processos de coordenação mais especializados, os últimos permitem um tratamento e análise mais rigorosos de tópicos específicos e um acompanhamento eficaz da aplicação pelos Estados-membros das respectivas recomendações de política. As lições retiradas dos processos especializados, por seu lado, constituem informações que se repercutem num novo conjunto de OGPE para o ano seguinte. Além disso, a Comissão apresenta um relatório anual sobre a aplicação das recomendações das OGPE, de forma a acrescentar uma avaliação “de balanço” eficaz ao que, de outra forma, seriam orientações de política puramente prospectivas.

Com base nos instrumentos de política económica baseados no Tratado, e a fim de aumentar a sua eficácia, os Estados-membros adoptaram, no Conselho Europeu de Lisboa de Março de 2000, um novo “método aberto de coordenação”, de forma a apoiar a

divulgação de melhores práticas na política económica e a fazer novos progressos no sentido de atingir os principais objectivos da Comunidade. Manifestando um novo empenho na prossecução de uma nova reforma económica, o método aberto de coordenação inclui (i) acordos sobre orientações de política, juntamente com calendários específicos para a sua aplicação; (ii) o estabelecimento, sempre que necessário, de indicadores globais e referenciais para avaliar os progressos; (iii) a definição de metas para que essas orientações sejam traduzidas em políticas nacionais e regionais; e (iv) a monitorização e avaliação periódicas dos resultados. Para que se aplique o método aberto de coordenação a questões de política tão variadas como sistemas de pensões ou medidas de inclusão social, serão desenvolvidas formas variáveis de parceria, envolvendo não só instituições comunitárias e governos nacionais, como também autoridades regionais e locais, parceiros sociais e representantes da sociedade civil. Fonte: Comissão Europeia, DG-ECFIN.

Políticas orçamentais

Situações orçamentais dos Estados-membros; apresentação semestral de

dados do défice/dívida

Políticas de emprego

Reformas no mercado de trabalho que promovam emprego, iniciativa empresarial,

adaptabilidade, igualdade de oportunidades

Políticas micro/estruturais

Reformas económicas que promovam a estabilidade macroeconómica e um funcio-mento eficiente dos mercados do

produto e de capitais Diálogo macroeconómico entre parceiros sociais, governos, BCE, Comissão "Processo de Colónia" "Processo de Cardiff"

Revisão multilateral das reformas económicas; relatórios nacionais/da Comissão sobre o progresso das reformas

"Processo do Luxemburgo"

Planos de Acção Nacionais das Orientações do Emprego

Pacto de Estabilidade e Crescimento

Programas de Estabilidade/ Convergência; procedimento relativo aos défices excessivos

(artigo 104.º)

Orientações Gerais de Política Económica da Comunidade e dos Estados-membros

Os Estados-membros introduziram assim um método de governação económica que combina os benefícios da centralização parcial – isto é, acordos relativos a orientações, calendários, referências e indicadores comuns – com o grau de descentralização requerido pelas diferentes estruturas e preferências económicas dos Estados-membros. Além disso, a decisão de dedicar a reunião anual da Primavera do Conselho Europeu à reforma económica acrescentou o ímpeto político necessário para uma análise eficaz do progresso efectuado e para possíveis adições à agenda comum de reforma.

O papel da política monetária no enquadramento geral de política económica

Como já referido, a política monetária única representa um pilar fundamental do sistema de governação económica na área do euro. Como o BCE faz parte do enquadramento geral de política económica, foram estabelecidos canais adequados para um intercâmbio estruturado de informação e de ideias com outros decisores de política. Está-se, assim, de acordo com a prática estabelecida nos enquadramentos nacionais modernos, em que um banco central

independente e o ministério das finanças mantêm contactos informais para o intercâmbio de informação acerca da evolução e perspectivas económicas, proporcionando uma visão mais aprofundada da análise e da percepção de cada um acerca dos desafios de política do futuro. Estas ligações não são, de forma alguma, confundidas com uma coordenação ex ante das orientações das políticas monetária e orçamental. Neste contexto, o diálogo regular e estruturado entre o BCE e os governos nacionais exclui claramente qualquer coordenação de política ou acordos comuns ex ante que pretendam atingir uma combinação de políticas pré-determinada. No pleno respeito da independência do BCE, estes contactos assumem a forma de um diálogo de política não vinculativo, organizado a nível das instituições e organismos comunitários (ver o artigo intitulado “As relações do BCE com instituições e organismos da Comunidade Europeia” na edição de Outubro de 2000 do Boletim Mensal). O envolvimento do BCE no Eurogrupo, no Comité Económico e Financeiro ou no Diálogo Macroeconómico, por exemplo, permite um diálogo aberto, intercâmbios de ideias e partilha de análises, no pleno respeito das responsabilidades e prerrogativas de todos os participantes.

6 Conclusão

O Tratado de Maastricht estabeleceu uma constituição abrangente para as políticas económicas na Comunidade Europeia, que, juntamente com um Mercado Único em funcionamento e a introdução bem sucedida de uma moeda única, conferem à Comunidade um enquadramento completo de política económica. De forma a atender à diversidade de estruturas e preferências económicas nos Estados-membros da área do euro, o enquadramento exibe um grau considerável de descentralização em domínios importantes da condução da política económica. Contudo, apoia a condução consistente da política no conjunto da área do euro, dado que assenta numa

clara atribuição de responsabilidades de política, na definição dos objectivos de política e de princípios orientadores – nomeadamente preços estáveis, finanças públicas sólidas e livre concorrência – e numa rede de interacção entre decisores de política, oscilando entre formas mais ou menos condicionadas de coordenação da política e a livre actuação de objectivos de política concorrentes. Apesar destas características específicas, partilha diversos elementos importantes com o modelo tradicional de uma economia nacional, não diferindo muito dos enquadramentos existentes em entidades federais como os Estados Unidos.

As experiências dos três primeiros anos da UEM sugerem que o enquadramento existente está devidamente adaptado às condições específicas da fase actual de desenvolvimento da Comunidade. Com base na solidez dos seus fundamentos económicos subjacentes, o enquadramento provou, assim, ser um acordo viável. Os múltiplos canais de comunicação entre os decisores de política fomentam também uma crescente consciencialização das interdependências criadas pela União Monetária, e, desta forma, contribuem para a internalização dos requisitos da UEM por parte dos decisores de política. A recente “convergência filosófica” sobre a necessidade da reforma estrutural e o novo ímpeto político subjacente à rápida implementação da agenda de reforma de Lisboa mostram também que o enquadramento actual é capaz de enfrentar importantes desafios de política. Não obstante, certas adaptações operacionais do enquadramento existente – no pleno respeito das suas bases constitucionais – podem ser necessárias no futuro, quando as implicações da UEM se tiverem materializado

totalmente e se tiver adquirido uma maior experiência relativamente à utilização de procedimentos multilaterais e instrumentos comuns de política. As práticas e os procedimentos existentes deverão permanecer sob constante escrutínio, sendo, por conseguinte, necessária uma reflexão continuada sobre a melhoria da arquitectura e eficácia do enquadramento. No entanto, a viabilidade e credibilidade globais do enquadramento de política económica da área do euro assentam, acima de tudo, na eficácia dos processos existentes de coordenação a nível dos governos. Ao centrarem as suas energias políticas nas suas próprias responsabilidades e ao honrarem os compromissos assumidos nos actuais mecanismos, os Estados-membros podem dar um contributo importante para o sucesso da UEM e para uma melhoria da percepção externa acerca do sistema de governação económica da área do euro. A médio e longo prazo, porém, o desenvolvimento constitucional futuro do conjunto da União Europeia também influenciará a maior evolução do enquadramento de política económica da UEM.