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3 CONSTRUINDO NINHOS DE BARRO: TECENDO CONEXÕES

4.2. CORPOS NEGROS SÃO MUITOS CORPOS

Evidente que sim, é sobre esta diversidade que pautamos a importância dessa pesquisa, pois esse é o entendimento fundamental para pensar a dança desobediente afrocentrada. Corpos são muitos corpos, pessoas são muitas pessoas, logo geram danças e existências específicas.

Vale ressaltar que ao fazer um recorte voltado para o corpo negro não se tem a intenção de uma coletividade que generaliza, neutraliza as diferenças, ou que minimiza as singularidades e subjetividades das diversidades do universo negro, das quais nós corpos negros emergimos, trata-se de refletir sobre elos comuns entre as diversas formas de identidades singulares negras.

139 O que se precisa entender é que por trás do coletivo sempre existiu a pessoa e ela sempre terá suas buscas (e isso não é luta em prol de todos). O ideário de coletividade não pode suprimir nem parecer ser utópico para com as necessidades de cada pessoa que compõem nossa sociedade, nesse caso, em nosso grupo social enquanto negros.

[...] Tornar-se sujeito é uma busca dos grupos sociais marginalizados. [...] entretanto, o que é ser sujeito para uma mulher branca ou uma bicha branca não compreende o que é ser sujeito para uma mulher negra ou uma bicha negra, já que, dentro das vivências sociais, as realidades de uma se distanciam das realidades da outra. Isso acontece da mesma maneira em diversos grupos. A questão é que, dentro dele, os indivíduos que os compõem também diferem nas suas concepções do que é ser sujeito. (RIBEIRO, 2016, p.1)

Ao pensarmos em corpos, no plural, somos levados a entender apenas enquanto números estatísticos. A problematização aqui não se trata de quantificar corpos, nem de hierarquizar opressões, mas de dimensionar esta pluralidade acerca do entendimento da complexa diversidade das subjetividades de identidades de gênero e sexualidades pautadas ativistamente na Arte, que neste momento faremos um recorte a partir de corpos negros. Por entender que corpos negros são muitos corpos. Corpos negros gays são muitos corpos, corpos negros gays afeminados e periféricos são muitos corpos, corpos de mulheres negras lésbicas são muitos corpos, corpos trans são muitos corpos, corpos de mulheres negras são muitos corpos. Corpos são muitos corpos.

Nosso recorte ao pontuar o artivismo negro na cultura é a Dança, o Teatro, o Canto e a performance de modo interseccional, uma vez que nos reconhecemos parte de uma gama de lutas – como as dos povos originários no Brasil, e dos LGBTTTIs (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, intersexuais e todas as minorias sociopolíticas que se colocam contra as hegemonias epistêmicas brancas, o patriarcalismo, o colonialismo, o capitalismo em seus diversos modos de atuação em nossa sociedade).

No entanto, ainda que números revelem demandas e indicadores sociais, um dos aspectos que se pretende dialogar neste momento é sobre as diversidades de gênero, sexualidade sob a perspectiva da interseccionalidade

140 de corpos negros promovendo e fomentando ações ativistas. Ações que construam novas abordagens metodológicas para o ensino e na criação artística, considerando as pluralidades das dimensões sociais contemporâneas. Considero essas dimensões como as diversidades socioculturais, étnico- raciais, as de gêneros e sexuais presentes em nossa sociedade. E, a Dança é parte da sociedade, essas dimensões se apresentam nela, ou ao menos deveria se apresentar. Nessa perspectiva, faz-se necessário pontuar a importância de garantirmos e legitimarmos lugares de fala de pessoas historicamente silenciadas.

Essas questões, que a Arte também discute, tornam-se mais complexas à medida que os indicadores sociais de violência, como crimes de racismo, feminicídio, xenofobia, transfobia e homofobia tornam-se estatísticas reveladoras. É a partir deste sentido, do entendimento de que corpos são muitos corpos que se estabelecem alguns diálogos, como ações artivistas nas artes pode ser uma ação emancipadora. Torna-se urgente abordar metodologias e práticas artísticas pedagógicas que estejam atualizadas com estas e outras demandas sociais. E isto implica em expandirmos mais ainda o nosso próprio entendimento de corpos negros, ativismo e Arte/Dança negra – assim como entendemos Arte – como plurais e de diversidades identitárias, a partir de suas singularidades como elementos fundamentais para o desenvolvimento social, artístico e cultural humano.

Ao pensarmos em pluralidade de corpos negros, reafirmamos a necessidade de pensar em todos os modos de sermos no mundo e em respeito à existência das diferenças identitárias do outro. A diversidade e pluralidade de corpos em função da complexidade que somos, que cada contexto demanda. Por uma questão moral e ética, comprometemo-nos com a garantia e efetivação de uma Arte/Dança livre de preconceitos e fronteiras estéticas corporais e técnicas, tanto no fazer, no conhecer, como no apreciar as muitas maneiras de dançar, atuar e performar.

Foco, portanto, nesta pesquisa, a garantia de fala de corpos negros ativistas da dança em nossa contemporaneidade que criam rasuras a partir de uma abordagem crítica reflexiva capaz de criar parâmetros de análises que

141 contribuam para formular existências possíveis de corpo sociais, e torná-los um projeto reflexivo e político para pensar um mundo com princípios de alteridade e diversidade social, cultural, étnica de sexualidade e gênero, de modo interseccional.

Estas falas revelam-se ser fundamentais na medida em que se incluem as contribuições que negros e negras trazem para ao pensamento educacional, artístico, científico e pedagógico na Arte/Dança.

Com base nestas considerações, sobre a necessidade de uma revisão a partir de uma dança desobediente afrocentrada, pode-se refletir e determinar quatro questões fundamentais e nucleares para pensar a formação em Dança no Ensino Superior da Escola de Dança (UFBA).

1. Para atender a quais demandas sociais está apto o professor de Dança? 2. Para atender a quais demandas sociais está apto o artista de Dança? 3. De quem seria o interesse de se ter um professor de Dança na escola? 4. Qual o papel do professor de Dança na escola?

As experiências formativas no Ensino Superior na Escola de Dança não conseguem estruturar em seu currículo, nem em suas ações formativas, de modo efetivo, um projeto corporal, educacional e de dança que tenham a dimensão da grandeza e contribuição significativa de saberes afrocentrados e do contexto social, cultural em que a Escola está inserida.

Equivocadamente, utiliza epistemes de modo universais e eurocêntricas que atuam como metáforas colonizadoras na dança. Pois, se utilizasse os conhecimentos de modo democrático, ético e afrocentrado poderiam trazer ricas contribuições. Ao invés disso, o que se tem estruturado, em termos pedagógicos de modo geral, é uma abordagem superficial da ponta do iceberg que são as perspectivas das ciências cognitivas, das filosofias afro-brasileiras, africanas e ancestralidades negras, por exemplo. Apesar de propagar-se um discurso de corpo e de dança que se autorizam com base nas ciências cognitivas, na prática os professores não as aplicam em suas proposições artístico-pedagógicas, pois se assim o fizessem, esta pesquisa e os fatos por ela evidenciados seriam desnecessários.

142 É perturbador perceber que um espaço que se propõe a pensar o corpo com todas as suas formas de ser, perceber e existir como projeto artístico educacional de dança, um ambiente onde deveria possibilitar existências de lugares de fala, potencializar e fomentar danças enquanto espaço de resistências humanas e política, é na prática esse ambiente tão acometedor, hostil e colonizador com os corpos que adentram seus espaços, principalmente com corpos negros, igualmente à violenta e genocida sociedade brasileira em relação às pessoas negras, mulheres e LGBTs. Paradoxalmente a Escola de Dança é sobre esta sociedade violenta e possui pretensões de formar professores que atuem de maneira emancipadora para combater por meio da dança esta sociedade desigual.

O que me faz pensar que ser apenas negro não nos basta, de certo que representa muitas coisas, mas para mim e para tantos outros que são negros, baixas, periféricas, artistas e acadêmicas é insuficiente. Ser apenas negro não nos basta porque a negritude enquanto signo identitário sem minha sexualidade e gênero nunca será o suficiente. Interessa-me saber como aquele sujeito negro age, como se percebe, o que ele faz e como pensa politicamente sua dança e seu corpo. O ser negro realmente não basta, quando estamos em processo de formação em Dança esse demarcador não é levado em conta enquanto corpo que demanda e traz especificidades cognitivas de pensar/dançar de determinados lócus sociais.

Quero mesmo é conhecer os modos de ativismo de danças desobedientes e suas políticas educacionais e culturais. E por isso, para finalizar, estamos aqui para dialogar com a existência de corpos políticos em suas várias maneiras de ser e fazer danças e ativismos negros. Demarcando não o fim, mas o começo de uma nova era de revolução ativista negra na dança em nossa sociedade e na formação de Dança no Ensino Superior. Traduzida neste momento como uma Dança desobediente afrocentrada do sul como opção decolonial para o ensino e aprendizagem de dança.

A Escola de Dança tomou e adotou como modelo permanente, fixo no tempo e ideologias a desobediência eurocêntrica da dança expressionista alemã. E até hoje faz dessa desobediência padrão e pensamento filosófico a

143 ser seguido. O que para mim, em parte é um lamentável retrocesso. Não quero dizer com isso que a desobediência da dança expressionista alemã não teve sua importância significativa para o campo da dança no Brasil e no mundo, uma vez que ela se propôs a instaurar um novo pensamento para confrontar os que faziam do balé clássico a única verdade absoluta para suas existências na dança, cultura elevada e técnica/conhecimento de dança legitimadora que habilitaria pessoas com pretensões a ser um artista ou professor de Dança.

Meu argumento é que não há progresso nem ação emancipatória, seja qual for a natureza de uma desobediência epistêmica, essa não deve ser tomada como modelo fixo para não correr o risco de homogeneizar danças e corpos, pois a potência da existência epistemológica da dança está na heterogênese de nossa contemporaneidade, de nossos ambientes presentes nos corpos e danças que somo e produzimos. Ainda que a dança expressionista alemã ou qualquer outra se torne juízo para desobediências epistêmicas, em dança, devem existir para gerar, fomentar outra desobediência, pois essa deve ser a ação ética e moral pela qual os pesquisadores de dança devem agir/ser para descolonizar o conhecimento em dança, e não para criar desobediências obedientes e homogeneizantes. No jogo das relações políticas acabam se tornando estratégias de dominação e ocupação de poder.

Fato que acarretaria lesões culturais. Não existe a possibilidade de mudança de uma desobediência epistêmica de dança ser universal para todos os corpos, porque sempre existirá um modo peculiar de corpo e de existência de identidade cultural individual, gênero, sexualidade, classe e de lugar que demandará especificidades. Os criadores da dança expressionista moderna fizeram seu dever de casa ao problematizar o seu fazer artístico a partir da realidade e seus contextos políticos e culturais em seu país. No entanto, o que pude evidenciar nesse estudo é que foi criado um juízo de valor dessa desobediência na Escola de Dança da UFBA como estratégia de poder e perpetuação do pensamento de vanguarda da dança expressionista alemã, de

144 maneira a não refletir e nem contextualizar o ambiente, Salvador, onde está inserida até hoje.

Ela dança soberana e imponente em corpos com certo grau de alienação, algumas vezes disfarçada o suficiente para passar despercebida e outras vezes tão visível que chega a ser deprimente ver corpos se forjando de uma desobediência que não dá conta de suas individualidades, mas que mesmo assim faz uso dessa opressão disfarçada de técnica legitimadora para a dança.

O entendimento de dança como tecnologia educacional23 me parece

oportuno para fundamentar minha crítica a esse modo engessado de pensar a formação e criação de Dança disseminado ao longo do tempo sob os pilares do legado da dança moderna alemã até hoje na Escola de Dança. Para melhor contextualizar minhas constatações, o entendimento de corpo, cognição, assim como o próprio conceito de dança como tecnologia educacional estruturados em seu currículo não passam de ações formativas e danças de tecnologias analógicas, ou seja, não comportam os corpos e danças de tecnologias sofisticadas que se atualizam, elas limitam e causam retrocesso no processo cognitivo dos discentes ao insistirem com modelos metodológicos e abordagens formativas colonizadores disfarçados de progressistas que não contempla a dança de fato como uma tecnologia educacional potente para o processo de ensino e aprendizagem dos futuros professores de dança.

23 A expressão "Tecnologia na Educação" abrange a informática, mas não se restringe a ela. Inclui também o uso da televisão, vídeo, rádio e até mesmo cinema na promoção da educação. Entende-se tecnologia como sendo o resultado da fusão entre ciência e técnica. O conceito de tecnologia educacional pode ser enunciado como o conjunto de procedimentos (técnicas) que visam "facilitar" os processos de ensino e aprendizagem com a utilização de meios (instrumentais, simbólicos ou organizadores) e suas consequentes transformações culturais. O uso de tecnologia em educação não é recente. A educação sistematizada desde o início utiliza diversas tecnologias educacionais, de acordo com cada época histórica. A tecnologia do giz e da lousa, por exemplo, é utilizada até hoje pela maioria das escolas. Da mesma forma, a tecnologia do livro didático ainda persiste em plena era da informação e do conhecimento. Na verdade, um dos grandes desafios do mundo contemporâneo consiste em adaptar a educação à tecnologia moderna e aos atuais meios eletrônicos de comunicação. Nos anos 1950 e 1960, a tecnologia educacional era vista como sinônimo de recursos didáticos. A partir da década de 1960, o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa passou a revolucionar o mundo em todos os setores, principalmente no campo da educação.<http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem16/C OLE_932.pdf> Acesso em 24/05/2018.

145 Algumas verdades críticas evidenciadas nesta pesquisa sobre as lógicas racistas estruturais e institucionais estarão sempre julgadas sob uma disfarçada moralidade e conduta ética, cujo único objetivo é o protecionismo e corporativismo executado por uma oligarquia com interesse principal em perpetuar o poder de epistemes eurocêntricas, pessoais e de certos grupos de professores que faz do espaço de formação da Escola de Dança um ambiente parecido ao que presenciamos no Parlamento brasileiro, ao que se refere aos modos escusos e antiéticos que os políticos fazem seus conchavos para benefício próprio e de uma classe e grupo específicos (classe média alta branca e elitista da dança).

O que fica evidente nesse jogo do discurso/Dança autorizada para falar/dançar de processos de ensino e aprendizagens, identidades e diversidades culturais no fazer artístico e atuação docente dos futuros professores de dança é o modo controverso e epistemicida (SANTOS, 2010) que esta temática se legitima e é abordada no ambiente formativo na Escola de Dança (UFBA). O conceito de epistemicídio permite-nos a partir dos dois contextos de análise por Boaventura (1999) e Sueli Carneiro (2005), compreendermos as múltiplas formas em que se expressam as contradições vividas pelos negros com relação à educação e, sobretudo, as desigualdades raciais nesse campo e na Dança.

Assim, a história do epistemicídio em relação aos afro-descendentes é a história do epistemicídio do Brasil, dado o obscurantismo em que o país foi lançado em sua origem. O projeto de dominação que se explicita de maneira extrema sobre os afrodescendentes é filho natural do projeto de dominação do Brasil, um sistema complexo de estruturação de diferentes níveis de poder e privilégios. Coube aos africanos e seus descendentes escravizados o ônus permanente da exclusão e punição; a administração do acesso à educação adquiriu uma de suas especificidades. Ação do sistema educacional sobre o aluno negro. (CARNEIRO, 2005, p.98)

A invisibilização genocida da produção de conhecimento negro muito presente nas disciplinas voltadas para práticas artístico-pedagógicas e educação, que estão ausentes em disciplina como Introdução da Dança como Tecnologia que, como um espelho, reflete a imagem da estrutura curricular da Escola da Dança ao deixar de fora de seu aporte teórico autores negros que

146 tratam principalmente de identidades culturais, educação e o contexto social brasileiro. Estas contradições serão tratadas com detalhes no capítulo seguinte, para que possamos entender a lógica controversa e operante quando se trata de conhecimentos negros na Escola de Dança.

5 MEMÓRIAS DE CORPOS QUE DANÇAM DESOBEDIENTES: A PRESENÇA NEGRA NA ESCOLA DE DANÇA DA UFBA

O racismo é uma ideologia que se

e grupos, no desenho e desenvolvimento das políticas públicas, nas estruturas de governo e nas formas de organização dos Estados. Ou seja, trata

penetra e participa da

requisita uma série de instrumentos capazes de mover os processos em favor de seus interesses e necessidades de continuidade, mantendo e perpetuando privilégios e hegemonias. Por sua ampla e complexa atuação, o

sistema, uma vez que se organiza e se desenvolve através de estruturas, políticas, práticas e normas capazes de definir oportunidades e valores para pessoas e populações a partir de sua aparência, atuando em dife

institucional.

(Racismo institucional: uma abordagem conceitual. Geledés, da Mulher Negra, 2012)

Figura 4 – Ato em apoio a aluna Gabri Autora da denuncia de racismo por pa

Fonte:

Retomar a origem das ações afirmativas no Brasil é imprescindível para esta pesquisa. Ler obras acadêmicas e artísticas de pesquisadores prioritariamente negros que apresentam a temática das questões abordadas neste estudo é fundamental para entender que a

pesquisadores trazem especificidades enquanto sujeitos negros. Eles são MEMÓRIAS DE CORPOS QUE DANÇAM DESOBEDIENTES: A PRESENÇA NEGRA NA ESCOLA DE DANÇA DA UFBA

O racismo é uma ideologia que se realiza nas relações entre pessoas e grupos, no desenho e desenvolvimento das políticas públicas, nas estruturas de governo e nas formas de organização dos Estados. Ou seja, trata-se de um fenômeno de abrangência ampla e complexa que penetra e participa da cultura, da política e da ética. Para isso, requisita uma série de instrumentos capazes de mover os processos em favor de seus interesses e necessidades de continuidade, mantendo e perpetuando privilégios e hegemonias. Por sua ampla e complexa atuação, o racismo deve ser reconhecido também como um sistema, uma vez que se organiza e se desenvolve através de estruturas, políticas, práticas e normas capazes de definir oportunidades e valores para pessoas e populações a partir de sua aparência, atuando em diferentes níveis: pessoal

institucional.

(Racismo institucional: uma abordagem conceitual. Geledés, da Mulher Negra, 2012)

Ato em apoio a aluna Gabriela Sampaio, aluna do curso de Dança da (UFBA). racismo por parte de professaras da escola de Dança/UFB

Dandara

Fonte: acervo pessoal do autor (2017)

Retomar a origem das ações afirmativas no Brasil é imprescindível para esta pesquisa. Ler obras acadêmicas e artísticas de pesquisadores prioritariamente negros que apresentam a temática das questões abordadas neste estudo é fundamental para entender que as trajetórias desses pesquisadores trazem especificidades enquanto sujeitos negros. Eles são 147 MEMÓRIAS DE CORPOS QUE DANÇAM DESOBEDIENTES: A

realiza nas relações entre pessoas e grupos, no desenho e desenvolvimento das políticas públicas, nas estruturas de governo e nas formas de organização dos Estados. Ou se de um fenômeno de abrangência ampla e complexa que cultura, da política e da ética. Para isso, requisita uma série de instrumentos capazes de mover os processos em favor de seus interesses e necessidades de continuidade, mantendo e perpetuando privilégios e hegemonias. Por sua ampla e racismo deve ser reconhecido também como um sistema, uma vez que se organiza e se desenvolve através de estruturas, políticas, práticas e normas capazes de definir oportunidades e valores para pessoas e populações a partir de sua rentes níveis: pessoal, interpessoal e (Racismo institucional: uma abordagem conceitual. Geledés, Instituto

ança da (UFBA). Dança/UFBA. Coletivo

Retomar a origem das ações afirmativas no Brasil é imprescindível para esta pesquisa. Ler obras acadêmicas e artísticas de pesquisadores prioritariamente negros que apresentam a temática das questões abordadas s trajetórias desses pesquisadores trazem especificidades enquanto sujeitos negros. Eles são

148 pertencentes a um universo particular, estão imersos nos contextos sociais brasileiros que corroboram com esta pesquisa nos revelando dados primordiais para inversão da construção ideológica e hierárquica do conhecimento estruturado na educação de Dança.

Este recorte faz-se politicamente necessário em virtude do epistemicídio (SANTOS, 2010) cometido contra pesquisadores negros (as) no âmbito do ambiente cultural, artístico e no universo acadêmico da dança e outras áreas

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