• Nenhum resultado encontrado

Correlações entre as Dimensões das Práticas Parentais Recebidas na Infância e Adolescência e Estilos Parentais Atuais

FACES IV Média das Respostas das 12 Famílias

7.2.6 Correlações entre as Dimensões das Práticas Parentais Recebidas na Infância e Adolescência e Estilos Parentais Atuais

A partir da visualização geral da Figura 19, seguem as descrições das correlações das dimensões das práticas parentais recebidas pelos pais e pelas mães na sua infância e adolescência com os fatores dos seus estilos parentais atuais. A descrição das correlações partiu da dimensão “calor emocional”, a mais referida tanto pelos pais, como pelas mães (sentiam, quase que frequentemente, calor emocional nas práticas parentais recebidas); seguido do fator “superproteção” (ocasionalmente, sentiam-se superprotegidos); e a dimensão de “rejeição”, a menos referida (quase nunca se sentiram rejeitados pelos seus próprios pais).

Figura 19. Diagrama ilustrativo das correlações dos fatores das práticas parentais recebidas na infância e adolescência com os estilos parentais atuais dos pais.

O calor emocional nas práticas parentais recebidas na infância e adolescência da mãe mostrou correlações positivas com dimensões do estilo democrático-recíproco e negativas com dimensões do estilo permissivo. Quanto mais a mãe referiru calor emocional materno e paterno na sua infância e adolescência, mais referiu paciência/respeito no seu estilo parental atual (,661*, p = 0,019 e ,639*, p = 0,025, respectivamente). E também, quanto mais a mãe relatou ter recebido

-0,746 -0,702 -0,657 0,621 -0,622 -0,584 0,682 -0,594 0,661 0,771 -0,59 0,68 -0,643 -0,783 -0,593

Estilo Democrático-Recíproco Estilo Democrático-Recíproco

Estilo Autoritário 0,639 -0,579 -0,586 Estilo Permissivo Estilo Permissivo Estilo Autoritário Calor Emocional Paterno (Pai) Rejeição Materna (Pai) Superproteção Paterna (Pai) Superproteção Materna (Pai) Calor Emocional Paterno (Mãe) Calor Emocional Materno (Mãe) Superproteção Paterna (Mãe) Superproteção Materna (Mãe) Estimulação do Raciocínio (Pai-si) Hostilidade Verbal (Pai-si) Hostilidade Verbal (Pai-mãe) Castigo Físico (Pai-mãe) Estratégia Punitiva (Pai-mãe) Calor/ Envolvimento (Mãe-pai) Estimulação do Raciocínio (Mãe-si) Estimulação do Raciocínio (Mãe-pai) Paciência e Respeito (Mãe-si) Falta de Firmeza (Mãe-pai) Falta de Auto- Confiança (Mãe-si) Falta de Auto- Confiança (Mãe-pai)

QDEP (PAI) QDEP (MÃE)

EMBU (PAI)

calor emocional materno e paterno, mais relatou calor/envolvimento de seu esposo em seu estilo parental (,771**, p = 0,003 para o calor materno; e ,682*, p = 0,014, para o calor paterno).

O relato da mãe de calor emocional materno apresentou correlação moderada e negativa com um fator do estilo permissivo (falta de autoconfiança). Quanto mais a mãe referiu calor materno na sua infância, menos referiu dificuldade em disciplinar seu filho atualmente (-,643*, p = 0,024). Esta correlação mostrou-se ainda mais forte com relação ao calor emocional paterno. Quanto mais calor paterno a mãe referiu em sua infância, menos referiu difiuculdade de disciplinar seu filho (-,783**, p = 0,003) e também, menos dificuldade mencionava a respeito de seu esposo ( -,593*, p = ,042).

O relato da mãe de calor materno em sua infância relacionou-se ainda com o relato do pai quanto ao seu uso de hostilidade verbal: quanto mais calor materno a mãe relatava ter recebido, menos o pai mencionava utilizar-se da hostilidade verbal em seu estilo parental (- ,584*, p = 0,046).

E o relato do pai de calor emocional paterno recebido na infância e adolescência apresentou correlações negativas com fatores do estilo permissivo e autoritário nele e em sua esposa. Quanto mais o pai referiu ter recebido calor emocional paterno, menos ele referiu o uso de estratégias punitivas por sua esposa (-,594*, p = 0,042); e menos a esposa mencionava falta de firmeza do esposo em seu estilo parental (- ,586*, p = 0,045).

Até aqui, pode-se afirmar que a vivência de calor emocional na família de origem se relaciona positivamente com a adoção de estilos parentais mais saudáveis. Ou seja, o calor emocional recebido na infância e adolescência se relaciona positivamente com a adoção de fatores do estilo democrático-recíproco e negativamente com a adoção de fatores do estilo autoritário e permissivo. Vale destacar que estas relações não acontecem apenas com o estilo parental individual (vivência da mãe – estilo materno; vivência do pai – estilo paterno). Elas são observadas, também, entre a vivência de calor emocional de um com o estilo atual do companheiro.

Já a vivência de superproteção materna na família de origem mostrou relações negativas com fatores do estilo democrático e positivas com fatores do estilo autoritário. Quanto mais a mãe referiu ter sido superprotegida por sua própria mãe na sua infância e adolescência, mais seu esposo mencionava uso de castigo físico no estilo parental atual de sua esposa (,680*, p = 0,015). E quanto mais o pai referiu superproteção

materna, menos sua esposa mencionava uso de estimulação do raciocínio no estilo parental atual dele (-,657*, p = 0,020) e menos também ela referia uso deste fator em seu próprio estilo parental (-,702*, p = 0,011).

Em contrapartida, a superproteção paterna vivenciada na família de origem do pai mostrou relação positiva com fator do estilo democrático e negativa com fatores dos estilos permissivo e autoritário, tanto em si, quanto em sua esposa. Quanto mais o pai refeririu ter sido superprotegido por seu próprio pai, mais relatou uso de estimulação do raciocínio no seu próprio estilo parental atual (,621*, p = 0,031); e menos sua esposa referiu falta de firmeza no estilo do esposo (-,579*, p = 0,049). E ainda, menos ele referiu uso de hostilidade verbal e estratégia punitiva no estilo de sua esposa (-,622*, p = 0,031; e -,590*, p = 0,043, respectivamente).

Assim, com relação à vivência de superproteção na família de origem, a superproteção materna se mostra relacionada à adoção de estilos parentais atuais menos saudáveis (ao se relacionar negativamente a fatores do estilo democrático e positivamente a fatores do estilo autoritário). Contudo, a vivência de superproteção paterna, em especial na família de origem do pai, parece repercutir positivamente na adoção de estilos parentais mais saudáveis, tanto por ele quanto pela esposa. A relação que a superproteção paterna estabelece com os estilos atuais é inversa a da superprotção materna. A superproteção paterna se relaciona positivamente com fatores do estilo democrático, e negativamente com fatores do estilo autoritário na parentalidade atual.

Semelhante a relação negativa entre superproteção materna relatada pelos pais e fator do estilo democrático em suas esposas, ocorreu com a rejeição materna. Quanto mais os pais relatavam ter sofrido rejeição materna, menos suas esposas mencionavam utilizar-se do estímulo ao raciocínio no seu estilo parental atual (-,746**, p = 0,005). Vale lembrar que nas correlações das dimensões das práticas recebidas, a rejeição materna e superproteção materna relatadas pelos pais, em sua infância, apresentaram relação forte e positiva entre si (,748**, p = 0,005).

No presente estudo, a rejeição materna/paterna referida pelas mães não apresentou correlações com as variáveis dos estilos parentais atuais. Talvez pelo número reduzido de participantes e pela pouca referência das mães à rejeição na sua infância.

7.2.7 Correlações entre os Fatores da Relação Coparental e Estilos