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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO

5. REVISÃO DE LITERATURA

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

6.4.2 Escala de Funcionamento Familiar (FACES IV)

A FACES IV (Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scales) é um instrumento para a avaliação do funcionamento familiar

(Olson & Grall, 2006; Olson, Gorall & Tiesel, 2007). Esta Escala de Avaliação da Adaptabilidade e Coesão Familiar na versão IV ainda não é validada para a população brasileira. No estudo de Minetto (2010) foi realizado Back-Translation e adaptação semântica, bem como se buscou os índices de Cronbach do instrumento feitos a partir da população de amostra do estudo que variaram entre 0,79 a 0,84. Embora não tenha sido uma amostra de validação, de acordo com a autora, os índices encontrados sugerem que a FACES IV é um instrumento que tem boas chances de ser validado para utilização em pesquisas no Brasil.

Cabe destacar que, atualmente, pesquisadores do Laboratório de Psicologia da Saúde, Família e Comunidade (LABSFAC/ UFSC), em parceria com pesquisadores da Universidade de São Paulo estão desenvolvendo um estudo de validação da FACES IV. Com a devida autorização dos autores americanos, foi produzida uma versão brasileira cujo estudo de validação encontra-se em andamento. Na presente pesquisa foi utilizada esta versão, uma vez que as pesquisadoras (doutoranda e orientadora) trabalham em colaboração na validação da versão brasileira em estudo.

A FACES IV é a mais recente versão para avaliar a coesão, flexibilidade e comunicação familiar e atualmente utilizada em âmbito internacional com maior confiabilidade (Olson et al., 2007). A análise é feita a partir do Modelo Circumplexo, descrito anteriormente. É um instrumento auto-aplicativo, composto por 62 itens, divididos em três escalas: Inventário de Autopercepção Familiar, Dispositivo de Avaliação Familiar e Escala de Satisfação Familiar. Os itens são afirmações respondidas através de uma escala de cinco pontos (1 = discordo totalmente; 5 = concordo totalmente), para as duas primeiras escalas; e (1 = muito insatisfeito; 5 = extremamente satisfeito) para a terceira escala. Destas três, derivam duas subescalas positivas (funcionamento saudável): Coesão e Flexibilidade; quatro subescalas negativas (funcionamento problemático): Desengajada; Emaranhada; Rígida; Caótica; uma subescala de Comunicação e uma subescala de Satisfação.

O modelo prevê novas formas de entender e analisar os relacionamentos familiares. Permite a comparação de seis diferentes tipos familiares em diversos critérios e variáveis. Descreve seis tipos de famílias que se classificam como os mais saudáveis e felizes, até os menos saudáveis e problemáticos (Equilibrados, Rigidamente Coesos, Medianos, Flexibilidade Instável, Desordenadamente Frouxo e Desequilibrados). A correção e interpretação dos resultados se dão em

três etapas, que caracterizam e estruturam o sistema familiar. A primeira parte da correção diz respeito a aspectos relacionados à coesão e flexibilidade dentro do sistema familiar. A segunda etapa faz menção a conteúdos relacionados à comunicação. Enquanto na terceira etapa pode-se avaliar a satisfação do sujeito quanto ao seu relacionamento familiar. Aliando os três resultados é possível levantar dimensões e pontos específicos a serem trabalhados na família. Para isso, os valores obtidos na soma da pontuação das subescalas, resultado bruto, são transformados em percentil equivalente de acordo com uma tabela. Os resultados mostram como o individuo observa a coesão e a flexibilidade dentro da sua família, bem como avalia os extremos de ambos os índices. Os índices obtidos são transportados a uma tabela denominada Perfil FACES IV, que determina a que modelo esta família mais se aproxima com base nos seis tipos familiares (Olson & Grall, 2006). 6.4.3 Questionário de Dimensões e Estilos Parentais (QDEP)

O instrumento original de Robinson e colaboradores, o Parenting Practices Questionnaire (PPQ; Robinson, Mandleco, Olsen & Hart, 1995), foi desenvolvido com o intuito de criar uma medida de avaliação dos estilos parentais consistentes com os principais conceitos de Baumrind, bem como identificar as práticas parentais específicas que ocorrem no contexto dessas tipologias (Darling & Steinberg, 1993). Para cada uma das três dimensões gerais reveladas pela análise fatorial (democrático-recíproco, autoritário e permissivo) foram identificadas subescalas específicas. O questionário original é constituído por 62 itens agrupados segundo os três estilos parentais. São 27 itens relativos ao estilo democrático-recíproco, com uma consistência interna de .91 (alpha de Cronbach); 20 itens relativos ao estilo autoritário, com uma consistência interna de .86 (alpha de Cronbach); e 15 itens relativos ao estilo permissivo, com uma consistência interna de .75 (alpha de Cronbach).

Estudos posteriores resultaram em uma versão reduzida deste instrumento, o Parenting Styles and Dimensions Questionnaire (PSDQ) – Short Form (Robinson, Mandleco, Olsen & Hart, 2001) constituído por 32 itens, com coeficientes de .86, .82 e .64 para os estilos democrático-recíproco, autoritário e permissivo, respectivamente. O estilo democrático-recíproco (15 itens) está dividido em quatro subescalas: calor e envolvimento (ex.: Conforto e sou compreensivo(a) quando o meu filho está “pra baixo”); estimulação do raciocínio (ex.:

Ajudo o meu filho a compreender o impacto do seu comportamento, encorajando-o a falar sobre as consequências das suas ações) participação democrática (ex.: Encorajo o meu filho a expressar-se livremente mesmo quando ele não concorda comigo); paciência e respeito (ex.: Mostro respeito pelas opiniões do meu filho, encorajando-o a expressá-las). O estilo autoritário também apresenta quatro subescalas: hostilidade verbal (ex.: Quando o meu filho se comporta mal falo alto ou grito); castigos físicos (ex.: Castigo fisicamente o meu filho para discipliná-lo); estratégias punitivas/ sem explicar razões (ex.: Uso ameaças como castigos dando pouca ou nenhuma explicação) e diretividade excessiva (ex.: Repreendo ou critico o meu filho quando ele não se comporta como nós esperamos). E o estilo permissivo apresenta duas subescalas: falta de firmeza (ex.: Ameaço o meu filho com castigos mais vezes do que o castigo efetivamente) e excesso ou falta de auto-confiança (Acho difícil disciplinar o meu filho).

Este instrumento compreende uma versão “Mãe” e uma versão “Pai”, sendo que cada uma é constituída pelos mesmos 32 itens, cuja resposta se situa numa escala Likert de cinco pontos (1 = Nunca; 5 = Sempre), de acordo com a frequência com que ocorrem as situações que estão descritas nas afirmações. As duas versões diferem apenas quanto ao gênero no qual se formulam os itens, sendo que na primeira parte as respostas se referem ao modo como o respondente age em relação ao seu filho(a) e na segunda parte, ao modo de atuação do cônjuge com relação ao seu filho(a).

Embora seja um instrumento de auto-avaliação, a configuração do QDEP nas versões “Mãe” e “Pai” (por apreender o relato de ambos os pais sobre as práticas parentais, deles próprios, e com relação ao cônjuge) ajuda a contornar o possível efeito da desejabilidade social, quando os respondentes tendem a assumir as suas práticas parentais como as mais desejáveis e aceitas socialmente (Brás, 2008).

As qualidades psicométricas do PSDQ estão bem estabelecidas internacionalmente e este instrumento tem sido frequentemente utilizado na literatura e adaptado para utilização em diversos contextos culturais. O instrumento ainda não está validado para a população brasileira, e foi utilizada, na presente pesquisa, a versão portuguesa, o Questionário de Dimensões e Estilos Parentais (QDEP) (Robinson, Mandleco, Olsen & Hart, 2001; adaptado por Carapito, Pedro & Ribeiro, com a devida autorização por parte das autoras). A escolha desta versão se deu em função das similaridades da cultura e da língua entre Brasil e Portugal.

O estudo de adaptação do instrumento à população portuguesa foi realizado com uma amostra de 398 indivíduos, casados ou em união estável, com filhos. A análise mostrou uma elevada fiabilidade do instrumento, apresentando para o estilo democrático-recíproco um alpha de Cronbach de .86; para o estilo autoritário um alpha de Cronbach de .82 e para o permissivo um alpha de .64, tendo-se verificado uma estrutura trifactorial, através da análise de componentes principais (Brás, 2008; Esteves, 2010).

Outro estudo que teve por objetivo apresentar uma versão portuguesa do Parenting Styles and Dimensions Questionnaire – Short Form (Robinson et al, 2001) foi realizado por Miguel, Valentim e Carugati (2009), com uma amostra de 344 pais e mães com filhos do Primeiro Ciclo do Ensino Básico em Portugal. A versão utilizada neste estudo é bastante semelhante à versão adaptada por Carapito, Pedro e Ribeiro, que manteve os 32 itens da escala original.

A análise fatorial confirmatória do estudo de Miguel, Valentim e Carugati (2009) revelou que a estrutura da versão portuguesa mostra-se semelhante à original: multidimensional e hierárquica, formada por fatores que diferenciam os estilos parentais democrático-recíproco, autoritário e permissivo, bem como as respectivas dimensões (suas subescalas). Em termos gerais, segundo os autores, os resultados finais revelaram um bom ajustamento do modelo teórico aos dados. A análise dos valores demonstrou uma boa consistência interna para duas das dimensões, com alpha de Cronbach de .82 para o estilo democrático- recíproco e .80 para o estilo autoritário. O estilo permissivo mostrou-se o menos consistente dos três, com um coeficiente alpha de .63, fato que pode decorrer do reduzido número de itens (5) desta dimensão. Em termos gerais, os resultados obtidos aproximaram-se bastante dos valores da versão original do PSDQ – Short Form, cujos autores (Robinson et al, 2001) reportam coeficientes de .86, .82 e .64 para os estilos democrático-recíproco, autoritário e permissivo, respectivamente, podendo, assim, ser considerada satisfatória.