• Nenhum resultado encontrado

4.2 Análise estatística das variáveis

4.2.1 Correlações Paramétricas – Coeficiente de Pearson

O texto que segue relata interrelações entre os fatores das escalas psicométricas do estudo, utilizando-se o coeficiente de correlação de Pearson.

Em se tratando dos resultados quanto à vitimização e a prática do bullying nas escolas pesquisadas, é possível verificar as correlações apresentadas na tabela a seguir 8:

8

Os itens das escalas estão representados da seguinte forma em todas as tabelas (4-8) que constam as Intercorrelações de Pearson: VB: Vitimização ao Bullying; PB: Prática ao Bullying; RB.AS: Resiliência ao Bullying/Assertividade; RB.AI: Resiliência ao Bullying/Apoio Interpessoal-Superação/fortalecimento pessoal; R.RA: Resiliência Geral/Resolução de ações e valores; R.AC: Resiliência Geral/Autoconfiança e capacidade de adaptação; EX.P: Exigência (Pai); RESP.P: Responsividade (Pai); EX.M: Exigência (Mãe); RESP.M: Responsividade (Mãe).

Tabela 4. Intercorrelações de Pearson entre os itens da Escala de Disposição ao Bullying e os

itens das escalas de Resiliência ao Bullying, Resiliência Geral, Exigência e Responsividade (Pai) e Exigência e Responsividade (Mãe).

Itens VB PB RB.AS RB.AI R.RA R.AC EX.P RESP.P EX.M RESP.M Vitimização ao Bullying 1.00 .162* -.111 .043 -.106 -.079 .002 -.103 -.055 -.167* Prática de Bullying .162* 1.00 .171* .013 .085 .163* -.210** -.255** -.268** -.196**

* Correlação significante ao nível de .05; ** Correlação significante ao nível de .01.

Entre as correlações que se revelaram estatisticamente significantes, encontrou-se que há uma correlação positiva entre a Disposição à Vitimização por Bullying – fator I da Escala de Disposição ao Bullying (EDB) – e Disposição à Prática de Bullying – fator II também da EDB – (r =.162 ; p = .015), ou seja, na população investigada existem alunos que são potencialmente vítimas e também praticantes de bullying. Deste modo, estudantes que são alvos dessa violência e também a praticam são caracterizados como vítimas agressoras (Fante & Pedra, 2008). Para essa vitimização, nota-se que há uma correlação negativa com mães responsivas Fator II da EEP – Escala de Estilos Parentais – (r = -.167; p = .015), ou seja, quanto menos atitudes compreensivas, comunicação, afetividade, reciprocidade e aquiescência a mãe demonstra aos filhos, mais eles tendem a sofrer com a prática desse tipo de violência.

Observa-se na Tabela 4 que sujeitos praticantes de bullying analisados nesta pesquisa também demonstram capacidade de resiliência. Isso é verificado através de correlação positiva que há entre as variáveis referentes à Disposição à Prática de Bullying – fator II da EDB e à resiliência ao bullying (r =.171 ; p = .010), com foco no fator II – Assertividade (caracterizado por uma postura de lidar de forma proativa e auto afirmativa com a prática de bullying enfrentada no ambiente escolar) – da ERB (Escala de Resiliência ao Bullying). E também correlação positiva entre as variáveis referentes à Disposição à Prática de Bullying e à resiliência (r =.163 ; p = .015), com o foco no fator II – a autoconfiança e a capacidade de adaptação (caracterizado pela capacidade do indivíduo em acreditar que pode resolver seus problemas, bem como realizar ações contra sua vontade, mantendo o foco em coisas que considera importante) – da ERES (Escala de Resiliência). Isso significa que quanto maior a tendência dos alunos em se praticar o bullying maior a capacidade que eles têm em superar os problemas ocasionados por esse tipo de violência. Dessa forma, percebe-se que se trata também de alunos que praticam e sofrem a violência, ou seja, vítimas agressoras (Fante &

Pedra, 2008). Neste caso, alunos que têm experiência tanto da prática quanto da vitimização, possivelmente conhecem melhor a dinâmica da violência e a partir desses olhares dos dois principais protagonistas do fenômeno bullying - agressor e vítima, esses alunos quando atacados não se deixam sucumbir, pois conhecem as facetas utilizadas pelos bullies.

Os resultados da Tabela 4 também evidenciam que filhos de pais (r = -.210 ; p = .003) e mães (r = -.268 ; p < .001), poucos exigentes, bem como poucos responsivos (pai (r = -.255 ; p < .001); mãe (r = -.196 ; p = .004)), podem resultar em alunos que se enveredam na prática do bullying.

Quanto à resiliência, têm-se os resultados das correlações apresentados na tabela abaixo:

Tabela 5. Intercorrelações de Pearson entre os itens da Escala de Resiliência ao Bullying e os

itens das escalas de Disposição ao Bullying, Resiliência Geral, Exigência e Responsividade (Pai) e Exigência e Responsividade (Mãe).

Itens VB PB RB.AS RB.AI R.RA R.AC EX.P RESP.P EX.M RESP.M Assertividade -.111 .171* 1.00 .429** .204** .142* -.024 -.034 -.043 .020

Apoio

Interpessoal .043 .013 .429** 1.00 .203** .153* .041 .063 .033 .054

* Correlação significante ao nível de .05; ** Correlação significante ao nível de .01.

Das correlações estatisticamente significantes encontradas, há correlação positiva entre resiliência com o foco no fator II – assertividade – e, resiliência com o foco no fator I - Apoio Interpessoal Superação/Fortalecimento (r =.429 ; p < .001), ambos os fatores da Escala de Resiliência ao Bullying (ERB). O fator I está relacionado à superação do bullying, a partir do apoio do outro significativo. Nesse sentido, percebe-se nessa correlação que, nesta pesquisa, alunos que apresentam maior capacidade de resiliência, utilizam uma postura proativa e auto afirmativa para lidar com a prática desse tipo de violência no ambiente escolar e conseguem superá-la com mais facilidade, a partir do suporte do outro significativo. Tal resultado corrobora com a hipótese do presente estudo, o qual parte do pressuposto que o apoio fornecido pelas figuras significativas aos alunos vítimas de bullying os ajuda a promover resiliência de maneira que apresentem estratégias cognitivas para lidarem positivamente com esse tipo de violência no contexto escolar.

É possível perceber correlação positiva entre resiliência ao bullying com o foco no fator II da ERB e resiliência com foco no Fator I da Escala de Resiliência (ERES) que indica a

resolução de ações e valores (r =.204 ; p = .002). Tal resultado aponta que, para os participantes desta pesquisa, ter uma postura de lidar positivamente com a prática de bullying enfrentada no ambiente escolar, ajuda a estabelecerem amizades, obterem realizações pessoais e darem sentido à vida, implicando numa maior capacidade de resiliência. Há também uma correlação positiva entre o Fator II da ERB e o Fator II da ERES que indica a autoconfiança e a capacidade de adaptação (r =.142 ; p = .035). Isso significa que ter uma postura de lidar positivamente com esse fenômeno no contexto escolar ajuda o aluno a acreditar que pode resolver seus problemas, bem como realizar ações contra sua vontade, mantendo o foco em coisas que considera importante, repercutindo numa maior capacidade de resiliência ao bullying. Vale salientar que essa autoconfiança é no sentido de buscar superar esse tipo de violência, mas isso não descarta a papel da figura significativa, pois foi verificado nos resultados supracitados o quão é importante sua ajuda na promoção de resiliência ao bullying. Pode-se dizer, então, que essa autoconfiança e o apoio do outro significativo se complementam e representam papeis importantes na superação da violência.

Também é possível perceber correlação positiva entre resiliência com o foco no fator I – Apoio Interpessoal e Superação/Fortalecimento – da ERB e o fator I (r =.203 ; p = .003) – resolução de ações e valores – da ERES. Tal resultado aponta que, para os participantes desta pesquisa, ter o apoio da figura significativa, ajuda a estabelecerem amizades, obterem realizações pessoais e darem sentido à vida, refletindo numa maior capacidade de resiliência ao bullying. Há também uma correlação positiva entre resiliência com o foco no Fator I da ERB e o Fator II (r =.153 ; p = .023) da ERES. Isso significa que o apoio do outro significativo ajuda o aluno a ser mais determinado em acreditar que pode resolver seus problemas, bem como realizar ações contra sua vontade, mantendo o foco em coisas que considera importante, implicando numa maior capacidade de resiliência ao bullying.

Quanto à resiliência geral, têm-se os resultados das correlações apresentados na tabela abaixo:

Tabela 6. Intercorrelações de Pearson entre os itens da Escala de Resiliência Geral e os itens

das escalas de Disposição ao Bullying, Resiliência ao Bullying, Exigência e Responsividade (Pai) e Exigência e Responsividade (Mãe).

Itens VB PB RB.AS RB.AI R.RA R.AC EX.P RESP.P EX.M RESP.M Resolução de ações e valores -.106 .085 .204** .203** 1.00 .644** .148* .056 .206** .213** Autoconfiança e capacidade de adaptação -.079 .163* .142* .153* .644** 1.00 .047 -.040 .109 .060

Entre as correlações que se revelaram estatisticamente significantes, verificou-se que há uma correlação positiva sendo a mais alta encontrada neste estudo, que foi entre resiliência com o foco no fator I e o fator II – (r =.644 ; p < .001) da Escala de Resiliência (ERES). Nesse sentido, nota-se que quanto mais os alunos têm energia, persistência, disciplina, concepção de valores que dão sentido à vida como a amizade, a realização pessoal, a satisfação e significado da vida, mais acreditam que podem resolver seus problemas, bem como realizar ações contra sua vontade, mantendo o foco em coisas que considera importante. Os resultados desta tabela também evidenciam que pais (r = .148 ; p = .040) e mães (r = .206 ; p = .003), exigentes, bem como mães responsivas (r = .213 ; p = .002), resultam em alunos que conseguem desenvolver capacidade de resiliência, estabelecendo vínculos de amizades, apresentando realizações pessoais e atribuindo sentido à vida.

Sobre esse comportamento parental, têm-se apresentados na tabela abaixo os resultados das correlações:

Tabela 7. Intercorrelações de Pearson entre os itens da Escala de Exigência e Responsividade

(Pai) e os itens das escalas de Disposição ao Bullying, Resiliência ao Bullying, Resiliência Geral e Exigência e Responsividade (Mãe).

Itens VB PB RB.AS RB.AI R.RA R.AC EX.P RESP.P EX.M RESP.M Exigência (Pai) .002 -.210** -.024 .041 .148* .047 1.00 .621** .413** .286**

Responsividade

(Pai) -.103 -.255** -.034 .063 .056 -.040 .621** 1.00 .204** .421**

* Correlação significante ao nível de .05; ** Correlação significante ao nível de .01.

Das correlações estatisticamente significantes encontradas, há correlação positiva entre as variáveis referentes à responsividade e à exigência de pais e mães, de uma forma geral. Assim, pais (r = .621; p < .001) e mães (r = .549; p < .001) mais exigentes tendem a ser também mais responsivos. Há, ainda, uma associação entre a exigência das mães e exigência dos pais (r = .413; p < .001), e também das respectivas responsividades (r = .421; p < .001).

Ainda sobre esse comportamento parental, têm-se na tabela a seguir os resultados das correlações:

Tabela 8. Intercorrelações de Pearson entre os itens da Escala de Exigência e Responsividade

(Mãe) e os itens das escalas de Disposição ao Bullying, Resiliência ao Bullying, Resiliência Geral e Exigência e Responsividade (Mãe):

Itens VB PB RB.AS RB.AI R.RA R.AC EX.P RESP.P EX.M RESP.M

Exigência (Mãe) -.055 -.268** -.043 .033 .206** .109 .413** .204** 1.00 .549**

Responsividade

(Mãe) -.167* -.196** .020 .054 .213** .060 .286** .421** .549** 1.00

* Correlação significante ao nível de .05; ** Correlação significante ao nível de .01.

Das correlações estatisticamente significantes encontradas, há correlação positiva entre a exigência das mães e a responsividade dos pais (r = .204; p = .005); bem como da exigência dos pais em relação a responsividade das mães (r = .286; p < .001); ). Verifica-se, portanto, a partir das tabelas 7 e 8, que as atitudes dos pais e das mães influenciam umas as outras, indicando que a percepção que os alunos têm quanto ao comportamento parental se mostra de maneira bastante interrelacionada. Isso significa que monitoração e controle são também demonstrações de interesse e cuidado para com os filhos.