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O estudo foi composto por cinco (05) instrumentos: quatro escalas e um questionário, para mensuração dos fenômenos – bullying e resiliência. Esses instrumentos possibilitaram que os próprios alunos informassem acerca das experiências deles com esses dois fenômenos e a figura significativa, portanto, são fontes de informação para o delineamento levantamento e a pesquisa exploratória, utilizados nesta pesquisa.

Os instrumentos estão agrupados em dois blocos, o primeiro é uma bateria de testes psicológicos, composto pelas quatro escalas: escala que avalia as características dos

relacionamentos e formas típicas de interação entre alunos no ambiente escolar2; escala que avalia o impacto de experiências escolares negativas sobre o comportamento e funcionamento psicológico do aluno3; escala que mensura atitudes dos pais em relação aos filhos, com foco nas comunicações, apoio, acompanhamento, exigência, etc.4; escala que avalia o fenômeno resiliência5.

O segundo é o questionário sobre as experiências escolares, o qual avalia a resiliência ao bullying com o foco no apoio da figura significativa. Abaixo, seguem descrições detalhadas de cada instrumento utilizado na pesquisa:

3.4.1 Escala de Disposição ao Bullying Escolar (EDB) – (Anexo A): tal instrumento foi desenvolvido por Santos e Nascimento (2012). É composto por vinte itens do tipo Likert, com sete alternativas de resposta oscilando entre "discordo totalmente" a que corresponde a pontuação 1 a "concordo totalmente", a que corresponde a pontuação 7 e possui dois fatores: Fator 1 que indica Disposição à Vitimização por Bullying e Fator 2 que é composto por itens que indicam Disposição à Prática de Bullying. A utilização dele tem como objetivo identificar as vítimas e os praticantes do bullying, as formas de interações entre eles no ambiente escolar, os sentimentos e reações em resposta a esse tipo de violência.

3.4.2 Escala de Resiliência ao Bullying na Escola (ERB) – (Apêndice B): avalia se a vítima desenvolveu ou não capacidade de resiliência ao bullying no ambiente escolar, a necessidade e apoio de figuras significativas. A escala desenvolvida por Galdino e Nascimento (2012) representa um avanço metodológico, uma vez que na literatura não há instrumento que avalie, especificamente, esses dois fenômenos (resiliência e bullying). A escala é composta por vinte itens do tipo Likert, com cinco alternativas de resposta oscilando entre "discordo totalmente" a que corresponde a pontuação 1 a "concordo totalmente", a que corresponde a pontuação 5 e possui dois fatores: Fator 1 que é composto por itens que indicam Apoio Interpessoal e Superação/Fortalecimento Pessoal, pois compreende superação do bullying, a partir do apoio do outro significativo e Fator 2 que é composto por itens que indicam Assertividade, pois compreende uma postura de lidar de forma proativa e auto afirmativa com a prática de bullying enfrentada no ambiente escolar.

2

Instrumento de avaliação de disposição ao bullying escolar (Santos & Nascimento, 2012).

3

Instrumento de avaliação da capacidade de resiliência ao bullying na escola (M. Galdino & A. Nascimento, 2012).

4

Instrumento de avaliação de estilos parentais (Costa, Teixeira & Gomes, 2000).

5

3.4.3 Escala de Resiliência (ERES) - (Anexo C): essa escala foi desenvolvida por Wagnild e Young (1993), adaptada e validada no Brasil por Pesce et al. (2005) utilizando uma amostra de 997 escolares com idades entre 12 e 19 anos de uma escola do município de São Gonçalo, Rio de Janeiro. O instrumento apresenta 25 itens descritos de forma positiva com resposta tipo Likert variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente) e possui três fatores: Fator 1 que é composto por itens que indicam resolução de ações e valores, uma vez que os mesmos estão relacionados a energia, persistência, disciplina, concepção de valores que dão sentido à vida como a amizade, a realização pessoal, a satisfação e significado da vida; Fator 2 que é composto por itens que representam a independência e determinação, ou seja, capacidade do indivíduo resolver, sozinho, situações difíceis, lidar com várias situações ao mesmo tempo, aceitar as adversidades e aceitar situações que não pode fazer nada para mudar e o Fator 3 que são os itens que indicam a autoconfiança e a capacidade de adaptação a situações, ou seja, a capacidade do indivíduo acreditar que pode resolver seus problemas, bem como realizar ações contra sua vontade, mantendo o foco em coisas que considera importante. (Peltz, Moraes & Carlotto, 2010).

Vale observar que o instrumento não possui questões que identifiquem teoricamente a baixa resiliência, aferindo somente os indivíduos com capacidade de resiliencia (Pesce et al., 2005).

3.4.4 Escala de Estilos Parentais (EEP) - (Anexo B): Esta escala foi desenvolvida por Lamborn e colaboradores (1991) traduzida e adaptada para o português por Costa, Teixeira & Gomes (2000). Eles utilizaram uma amostra de 378 estudantes que cursavam o ensino médio, com média de idade de 15,77 anos de três escolas públicas de Porto Alegre que atendem populações de classe média e média-baixa. O instrumento é composto por duas escalas que avaliam dimensões de exigência e responsividade de pais e mães, que são fundamentais nas práticas educativas. As escalas apresentam seis e dez itens, respectivamente, todos avaliados através do sistema Likert de 3 pontos. A exigência parental compreende todas as atitudes dos pais que buscam de alguma forma controlar o comportamento dos filhos, impondo-lhes limites e estabelecendo regras. Já a responsividade refere-se às atitudes compreensivas que os pais têm para com os filhos, no intuito de buscar favorecer nestes o desenvolvimento da autoestima e autoafirmação, isso através do apoio emocional e da bi-direcionalidade na comunicação (Costa, Teixeira & Gomes, 2000). Sobre este instrumento, é importante salientar que o papel dos outros significativos na promoção de resiliência ao bullying, está sendo na

parte quantitativa deste estudo mensurado a partir das práticas parentais em seus dois fatores básicos – exigência e responsividade.

3.4.5 Questionário Sobre Experiências Escolares (QEE) - (Apêndice C): Tal instrumento tem por objetivo identificar os alunos vítimas de bullying que desenvolveram e os que não desenvolveram capacidade de resiliência ao bullying, compreender como lidam com esse tipo de violência e se têm suporte de figuras significativas. As questões do questionário foram desenvolvidas tendo como base os pressupostos da perspectiva teórica sobre resiliência fundamentada na noção de superação defendida nesta pesquisa6. O questionário também apresenta variáveis sociodemográficas, para se possibilitar cortes possíveis, no que se refere aos aspectos gerais da população investigada. Esse instrumento também é constituído de autorrelato para se possibilitar a emergência de respostas as mais subjetivas possíveis, de maneira que, a partir do olhar dos respondentes seja identificado ou não a promoção de resiliência, pois é necessário considerar o ponto de vista dos alunos a respeito de como enfrentam o bullying. Isto porque os sujeitos da pesquisa podem não ter vivenciado a violência imaginada pelo pesquisador, nem ter enfrentado qualquer tipo de situação de agressão, se assim for avaliado por eles, não se pode considerar que houve resiliência ao bullying (Brandão, 2009). Portanto, a partir desse instrumento é possível compreender, de maneira mais subjetiva os objetivos desta pesquisa.