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3 A importância dos espaços verdes públicos urbanos

6.1 Operações de manutenção a realizar nos relvados

6.1.1 Corte

O objectivo do corte é o de manter a relva com uma altura de forma a obter-se um tapete verde denso e homogéneo. Da sua correcta execução dependerá o aspecto do relvado. Para além do

redução da raiz e consequente capacidade de resistência e uma maior susceptibilidade ao ataque de fungos.

Altura e frequência do corte

As alturas de corte variam principalmente em função da espessura das folhas e a época em que se realiza. Nas espécies de folha fina a muito fina o corte deve ser mais raso, entre os 2 a 3cm, e nas espécies de folha mais grosseira, a altura do corte deve variar entre os 4 a 5 cm. No entanto e de acordo com o caderno de encargos previsto para a manutenção, o tapete de relva nunca se deverá apresentar com uma altura superior a 5 cm. Também a época do ano é importante para esta operação, quanto maior for o crescimento mais se deve cortar, no caso das espécies C3 a época de maior crescimento é na Primavera, devendo o corte ser mais raso, enquanto que no verão estas espécies já tem alguma dificuldade no crescimento, não se devendo portanto efectuar um corte tão rente. No caso das espécies C4, como a época de maior crescimento é o verão, então será nesta época que o corte deverá ser mais raso. Em suma, a altura do corte deve ser de cerca de 1/3 do tamanho do limbo, deixando-se ficar cerca de 2/3 da folha. (Emmons, R. 2000)

Figura 18 - Comprimento das folhas e raízes de um tapete de relva. Fonte: (Emmons, R. 2000) Riscos de um corte baixo ou “Sacalfing”:

- Corte dos meristemas - Redução raízes

- Maior susceptibilidade a infestantes - Menos reservas; menos resistência

Nas situações em que o corte realizado é alto verifica-se uma menor homogeneidade da sementeira, e um maior gasto de água dado que as folhas tornam-se mais largas, o que provoca uma maior transpiração. A frequência do corte deve ser realizada em função do ritmo de crescimento das plantas que se encontra associado às condições climatéricas, regas e fertilizações do relvado. (Emmons, R. 2000) Não deverão ser admitidas periocidades de corte superiores a 5 ou 6 dias na época de maior actividade vegetativa é 10 a 15 dias no período de repouso vegetativo. (Caderno de encargos, 2008) Caso se verifique um incumprimento desta premissa o corte seguinte deverá ser executado faseadamente em um ou mais dias e nunca cortando de cada vez mais do que um terço da altura total do relvado.

Cuidados a ter na operação de corte

Antes de se iniciar a operação de corte, é necessário garantir que todos os resíduos vegetais, folhas, ramos, ervas, e outros que se possam encontrar depositados sobre os relvados, sejam removidos. Os equipamentos utilizados para o corte deverão ser adequados á dimensão e geometria das áreas de trabalho e ter as lâminas sempre bem afiadas de forma a realizar um corte “limpo”. As roçadoras de mato com fio devem apenas ser utilizadas nos rebordos dos relvados ou em locais onde não seja viável a utilização de outro tipo de maquinaria. (Caderno de encargos, 2008) Deve-se ainda evitar o corte dos relvados quando estes estão molhados, pois as máquinas de corte não conseguem realizar um corte tão limpo, deixando as pontas da vegetação escacilhadas. É também importante alternar o sentido e a direcção do corte, assim como proteger o colo das árvores e arbustos jovens com um tubo ou rede de plástico para não haver o risco de descuido por parte do operador e consequente dilaceração do mesmo.

No final da operação de corte, o equipamento deverá ser lavado e desinfectado. Esta operação é muito importante nas situações em que se verifique a ocorrência de pragas ou doenças, para evitar que o equipamento funcione como um agente propagador das doenças para outros relvados. O resultado do corte que não tenha sido recolhido pelos equipamentos de corte deverá ser removido dos relvados. (Caderno de encargos, 2008)

6.1.2 Escarificação / Arejamento

A operação de escarificação consiste na remoção da manta morta resultante da deposição do resultado do corte não removido e material vegetal em decomposição, que impedem a normal circulação do ar e água e o desenvolvimento radicular, facilitando o aparecimento de pragas e doenças.

Esta operação deve ser realizada duas vezes por ano, ou sempre que a espessura da manta morta seja igual ou superior a 1 cm. As épocas indicadas para a execução desta operação são na Primavera, antes do inicio do período de maior crescimento vegetativo, permitindo uma rápida recuperação do relvado, e outra no inicio Outono, que apesar de ser uma época de menor crescimento vegetativo, é uma época de precipitação permanente e como tal é importante garantir uma boa circulação da água. (Merino & Ansorena 1998)

A operação de arejamento consiste na perfuração do solo dos relvados com equipamento apropriado e remoção de parte do substrato da capa de enraizamento. Após a retirada da capa os espaços vazios deverão ser preenchidos com areia de granulometria média a fina misturada com matéria orgânica. Esta operação é mais frequente realizar-se na Primavera e em relvados mais velhos ou em solos compactados, permitindo melhorar a textura do solo, e com isso o desenvolvimento radicular. (Merino & Ansorena 1998)

Após ambas as operações deverão ser efectuadas ressementeiras e adubações necessárias ao rápido restabelecimento do relvado. As ressementeiras deverão também ser realizadas, sempre que o relvado apresente manchas ou “peladas”.

6.1.3 Fertilização e adubação

Através da fertilização é possível fornecer às plantas os nutrientes essenciais ao seu crescimento e aumentar as suas capacidades de resistência à secura, pisoteio e doenças. Dado que as raízes dos relvados são superficiais, a absorção de nutrientes no solo é mais difícil, justificando assim a necessidade de uma fertilização com alguma frequência. Esta operação ganha relevância, sobretudo no meio urbano onde a maior parte do solo da superfície é removido durante a construção, e o subsolo que irá a passar a ser o novo solo superficial apresenta carências em nutrientes essenciais.

Factores que influenciam a necessidade de adubação - Características / tipo de solo, (nos solos arenosos a retenção de adubos é menor)

- Tipo de relvado, (os relvados de protecção os que necessitam de menor manutenção e consequentemente menor adubação)

- Espécies, que podem ser mais ou menos exigentes

- Épocas de crescimento, (é necessária uma menor adubação quando o crescimento é maior)

- Remoção ou não do material resultante dos cortes, (o próprio material retirado poderá servir como adubo, uma vez que há a restituição dos nutrientes)

Fertilizações a aplicar

De acordo com o caderno de encargos deverá ser realizada uma adubação mensal no período de Fevereiro a Setembro aplicado à razão de 20 unidades/ha de azoto doseado e pelo menos 50 % de azoto de libertação lenta, e sempre depois dos relvados terem sido cortados. Está ainda prevista uma adubação no mês de Outubro com um composto ternário razão 1-3-3 (7-21-21) á razão de 40 gr/m2. A frequência de fertilização depende da tipologia de vegetação a fertilizar e do tipo de fertilizante. (Caderno de encargos, 2008)

Anualmente, no mês de Março devem ser recolhidas amostras de solo e enviadas para Laboratórios oficiais para avaliar os valores de pH e os teores de nutrientes essenciais. De acordo com o (Caderno de encargos, 2008) para que não sejam necessárias correcções ao solo os valores obtidos devem situar-se nos seguintes valores:

-pH: 5 a 7,8

-Fósforo e Potássio (mg/1.000 de solo): 51 a 100

Devem ainda ser fornecidos anualmente as seguintes quantidades de nutrientes: - N – 180 a 200 un/ha

- P2O5 – 80 a 100 un/ha - K20 – 100 a 150 un/ha

Cuidados a ter na fertilização

Durante os períodos de chuva limitada, deverá ser reduzida a percentagem e frequência de fertilizante aplicado, em zonas não regadas, pois podem prejudicar as raízes das plantas.

As árvores situadas em zonas de relvados, obtêm nutrientes provenientes do fertilizante aplicado aos relvados. Deste forma, a aplicação de um excesso de fertilizante nos relvados, como forma de “beneficiar” o crescimento das árvores é uma prática errada, que pode prejudicar os relvados. As plantas que se encontram em locais de sombra geralmente não necessitam de tanta percentagem de fertilizante, relativamente aquelas que se encontram com exposição solar total. Recomenda-se ainda que após as fertilizações se realize uma rega uniforme para a correcta dissolução do fertilizante. (Caderno de encargos, 2008)

A tabela abaixo apresentada resume o tipo de adubo a aplicar ao longo das diferentes estações do ano.

Tabela 2 - Adubação a aplicar anualmente. Fonte: (Caderno de encargos, 2008)

6.1.4 Tratamentos fitossanitários

Os tratamentos fitossanitários devem ser aplicados quando após inspecção visual se detecta a ocorrência de pragas ou doenças.

As principais doenças existentes nos relvados em Portugal são:

Rega Primavera Verão Outono Inverno

Adubação Adubo rico em

Tabela 3 - Principais doenças encontradas nos relvados: Fonte: (Wadington, D.V. et al. (1992).

Antes de se iniciar um tratamento fitossanitário é necessário realizar um diagnóstico do agente causador dos danos, e aplicar o método mais eficaz e menos prejudicial ao ambiente para erradicação do mesmo.

Doenças Sintomas Sinais Medidas culturais Luta química

Ferrugem (Puccinia sp)

Zonas de aspecto castanho avermelhado no relvado que começa a secar

Manchas

pulverulentas cor de ferrugem nas folhas

Adubação de Azoto (N) e Potássio (K); Retirar manta morta; Regar de forma equilibrada Fungicida de azoxistrobina;Mistura de clortalonil e tebuconazole Doença da mancha castanha (Rhizoctonia sp) Manchas de relva a secar em anel com parte central verde (olho de sapo), Manchas nas folhas cor de palha com contornos castanho/preto Evitar as regas nocturnas e adubações de Azoto (N) liquido Fungicida de iprodiona; Fungicida de azoxistrobina Antracnose (Anthracose sp) Manchas no relvado de cor amarela a bronze; Manchas nas folhas coloração castanho avermelhada

Pontinhos pretos (esporos-picnideos) nas manchas das folhas Aplicações ligeiras de Nitrato de Potássio (N:K) Fungicida de azoxistrobina; Fungicida de piraclostrobina Pythium (Pythium sp) Manchas no relvado de cor amarelo- acinzentado com aspecto oleosa Presença de “algodão” pegajoso (micélio do fungo) nas manchas Fertilização equilibrada (N:P:K); Evitar encharcamento; Aplicações de Fosfite de Potássio; Promover a descompactação Fungicida de fosetil de aluminio

6.1.5 Mondas

As mondas ou limpezas de infestantes deverão ser realizadas sempre que estas sejam detectadas após inspecção visual. As infestantes prejudicam o desenvolvimento homogéneo do tapete de relva, pela competição que estas têm com os relvados pela luz, e pela absorção de água e nutrientes destinados às misturas de plantas que compõem os relvados.

Para eliminar as infestantes podem ser realizadas mondas químicas ou manuais. As mondas manuais mesmo não sendo tão eficazes como as químicas são as mais recomendadas para situações pontuais, e podem ser executados em qualquer altura. As mondas químicas devem ser aplicadas quando a extensão das zonas infestadas é considerável.

6.1.6 Rega

A primeira consideração a ter em conta na manutenção de um sistema de rega de uma zona verde é a necessidade de ter um plano exacto de todos os elementos e de todos os sectores de rega, que consiste na especificação do tamanho dos tubos, dos bicos e das pressões e caudais teóricos de funcionamento.

A rega de um espaço verde deve seguir um programa anual calculado segundo as condições climáticas e as necessidades das plantas. Assim dados como a precipitação e evapotranspiração, das culturas de referência, são fundamentais. O programa anual de rega complementa-se com as particularidades de cada zona, como por exemplo a frequência de vento da zona em estudo. Os espaços verdes rodeados por asfalto, e que por isso são mais quentes, apresentam uma maior evapotranspiração, o que provoca um maior consumo de água. Em espaços públicos é importante que se modifique o programa de rega, durante e depois da época das chuvas. Ainda que a quantidade de chuva não seja por vezes suficiente para anular a rega, esta deve ser com menor frequência, devido à má imagem, e à sensação de desperdício de água que se pode criar nos seus utilizadores.

As necessidades hídricas dos relvados, a disponibilidade de água no solo, e as condições pluviométricas são os factores que influenciam directamente a frequência das operações de rega. Quando estamos na presença de um relvado instalado recentemente a frequência das regas aumenta, ainda que menos abundante, pelo contrário, um relvado já consolidado, deve ser regado com menos frequência, mas com mais quantidade de água. A água da rega deverá ser

distribuída uniformemente, evitando perdas de água e encharcamentos, por este motivo os equipamentos de rega devem ser inspeccionados regularmente. (Caderno de encargos, 2008) As regas devem ser aplicadas durante o período nocturno, ou excepcionalmente (regas a realizar após adubações e ressementeiras) será realizada a rega manual, e nesta situação recomenda-se que seja feita ao inicio da manhã ou fim do dia. Nestes casos devem ser usadas nas mangueiras um espalhador tipo chuveiro para propiciar uma distribuição da água mais uniforme. (Caderno de encargos, 2008) Deste modo e sendo a água um bem escasso essencial, é possível realizar uma gestão mais adequada às necessidades hídricas dos relvados

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