• Nenhum resultado encontrado

Das críticas ao androcentrismo da antropologia clássica e a construção de uma agenda de estudos de género.

No documento Maria Celeste Monteiro Fortes (páginas 61-70)

CAPÍTULO 3. Trajetória do género como objeto de estudo da antropologia.

3.1. Das críticas ao androcentrismo da antropologia clássica e a construção de uma agenda de estudos de género.

Será possível fazer antropologia e produzir conhecimento antropológico sem considerar vozes e olhares das mulheres? Terá sido essa a questão que orientou o surgimento daquilo que se convencionou denominar de antropologia da mulher e que posteriormente se reformula para uma antropologia do género.

O presente capítulo pretende analisar e discutir o lugar do género na antropologia, considerando a sua importância enquanto categoria central para a análise das relações sociais e culturais em várias geografias, destacando o seu uso em diálogo transversal com outras categorias analíticas como sejam a “classe”, etnicidade / etnia/ nacionalidade, idade.

Para tal importa fazer o percurso do género na antropologia, enfatizando as contribuições de algumas antropólogas, que participaram mais diretamente na construção desse lugar do género na antropologia, em diálogo transdisciplinar com outras ciências sociais. Destacar os argumentos centrais que orientam as suas reflexões, nomeadamente a crítica interna dirigida à formação do conhecimento científico pretensamente hegemónico e falocêntrico.

Interessa também analisar críticamente esse campo de estudos, no que toca às estratégias que orientaram a criação de múltiplas agendas de pesquisa no domínio do género. Por outro lado, reflectir sobre a produção geográfica de agendas, com ambições hegemónicas (agenda do Norte, europeia, universalizante) e as outras agendas de pesquisa (agenda do Sul, epistemologia do Sul), que procuram críticar as pretensões universalizantes do feminismo ocidental hegemónico, que apagam as particularidades e contextualidades da experiência de “ser mulher” (Spivak, 1988; Mohanty, 2008; Mendoza, 2010; Bidaseca,2010; Espinosa; 2010).

Traçar a trajetória temporal da categoria género na antropologia, é um empreendimento que nos coloca perante as contribuições e produções epistemológicas e metodológicas que o pensamento feminista trouxe para as ciências

62

sociais, facilitando olhares múltiplos para o uso do género como categoria de análise das relações sociais, culturais, políticas e económicas.

Contribuições que traduzem vozes críticas dentro da antropologia, cuja tarefa primordial tem sido a produção de reformas, principalmente, internas, tendo como meta, o resgate da voz das mulheres enquanto produtoras de conhecimento sobre as realidades socioculturais estudadas, enquanto antropólogas, e como intérpretes das socioculturas trabalhadas pela antropologia.

Com efeito, fazer o recenseamento e o mapeamento39 dessas contribuições, permitirá evidenciar as vozes críticas que salientam a universalização da ciência, a partir de uma perspetiva hegemónica e androcêntrica, cujo efeito central terá resultado num apagamento e silenciamento da voz feminina, nas suas possibilidades de ação, enquanto intérprete e produtora de conhecimento da sua realidade.

Várias investigadoras salientam o facto de que, sobretudo no seu período clássico, a antropologia deu pouca atenção e excluí as mulheres, não considerando a perspetiva feminina sobre as realidades sociais e culturais, trabalhadas (Moore, 1991; Haraway, 1995; Casares, 2008).

Para Casares (2008), esta ausência da perspectiva feminina, justifica-se pelo facto de que: “El hecho de que la production ‘científica’, que se reclama asexuada, universal y desprendida de cualquier subjetividad, haya estado dominada por los varones hasta have unos anos, afectada (y afecta) tanto a la recogida de dados como a las hipóteses planteadas y a los resultados obtenidos. La mirada androcéntrica ha constituído um lugar común en la construcción del pensamente cientifico, y la antropología, como las demás Ciencias Sociales, se acomodo a la corriente androcéntrica mayoritaria” (Casares, 2008: 22).

Segundo essa perspetiva, a própria ciência antropológica, usando o argumento da universalidade, homogeneiza olhares e vivências subjetivas, a partir das diferenças de pertenças de género. Os antropólogos clássicos não consideravam que a forma como os seus informantes, também eles na maioria das vezes homens, liam as suas

39 Não se busca produzir um mapeamento abrangente, pelo que as referências usadas nesse capítulo traduzem os caminhos que tenho seguido, para a construção das minhas pertenças a linhagens antropológicas. (Peirano, 1991).

63

realidades sociais e culturais e os transmitia aos antropólogos40, está amplamente alicerçada na sua identidade de género e na posição social que ocupam dentro dos seus grupos de pertença (Moore, 1991; Haraway, 1995; Casares, 2008).

Considerar que a visão dos informantes homens era a visão representativa do todo foi segundo as críticas um dos erros centrais da prática antropológica do período clássico. Por conseguinte, trata-se de combater esta ausência de vozes femininas, tanto enquanto objetos de estudos como enquanto sujeitos de estudo (Moore, 1991; Haraway, 1995; Casares, 2008).

Estas investigações defendem que a invisibilidade ou “silenciamento” das mulheres, não significa uma completa ausência nos estudos desenvolvidos pelos antropólogos clássicos, mas sim que as apresentações e representações da mulher nestes estudos, ocupavam um lugar físico e simbólico secundário. Isto é, há uma invisibilidade, que não se traduz sempre numa ausência, mas sim uma secundarização das vozes femininas; quando estas aparecem, geralmente as questões tratadas são as ligadas ao matrimónio e à família (Moore, 1991:13).

O interesse central seria a procura de respostas e criação de estratégias orientadas pela questão de saber como resgatar a voz e vez das mulheres.

É assim que na década de 70 é criada a “antropologia da mulher”, definida como uma vertente antropológica, cujos pressupostos iniciais seriam de inventariar, de forma crítica e aprofundada, o lugar ocupado pelas mulheres nos contextos socioculturais trabalhados pela antropologia (Moore, 1991; Casares, 2008).

Conforme anteriormente frisado, este empreendimento crítico, começa por referenciar o androcentrismo científico que vigorou durante várias décadas, e que se encerra numa visão parcial, pretensamente representativa do todo, do antropólogo homem; que nas suas pesquisas etnográficas sobrevalorizava as informações facilitadas pelos seus informantes, também eles, na maioria homens.

A etnografia clássica resulta (va) de uma ou numa cadeia de informações parciais, tradutoras do contexto sociocultural estudado e que espelham as relações hierarquizadas entre homens e mulheres. Quando transmitidas e apreendidas in loco

64

pelos antropólogos, são tidas em alta consideração, resultantes ainda das suas próprias visões hierarquizadas, tradutoras das suas pertenças subjetivas, enquanto antropólogo, homem e ocidental.

Nesta medida, para Moore, (1991) os antropólogos de então, sofriam de uma “parcialidade ideológica”, trazida do seu contexto sociocultural de origem, ou seja o mundo ocidental. O que significa que os argumentos da antropologia feminista, contra a visão androcentrica da antropologia, são construídos a partir da crítica central de que, as relações de género dos contextos etnografados, são avaliadas a partir dos modelos de relações de género dos seus contextos de origem.

Poder-se-á ainda dizer que é uma medida dos contrários e dos contrastes - se as conclusões ou observações sobre as relações de género nestes contextos são feitas sempre em comparação com as relações e género nos contextos ocidentais, resulta dizer que os primeiros correm sempre o risco de serem categorizados e interpretados enquanto desvio à norma (considerando que a norma são as relações de género nos contextos ocidentais).

Há então uma dificuldade em se distanciar das dinâmicas de género prevalecente nas sociedades de origem do antropólogo, que embora possam internamente não serem consideradas as mais igualitárias, para o caso das relações de comparação entre contextos culturais distintos, são conforme a norma do modelo de comparação. A escrita é assim uma textualização, que reflete forças hierarquizadas. Por um lado, o reflexo das hierarquias internas entre homens e mulheres dos contextos pesquisados, por outro lado o reflexo de hierarquias entre o contexto pesquisado e o contexto de origem do pesquisador.

O “combate” dentro da antropologia a estas parcialidades ideológicas, foram protagonizados pelas antropólogas feministas, que procurando uma coerência entre as críticas dirigidas aos seus colegas e as suas posições relativamente ao lugar das mulheres, às noções de igualdade, hierarquia e de género, à ausência /silenciamento das mulheres, reposicionam de forma positiva as mulheres no cenário das ciências sociais.

65

vozes femininas. O que se passa é que os códigos linguísticos de comunicação são aqueles ditados pelo “ poder do mundo masculino”. Conforme salienta Moore (1991):

“As estruturas sociais eminentemente masculinas inibem a livre expressão de modelos alternativos e os grupos dominados devem estruturar a sua conceção do mundo através do modelo do grupo dominante” (Moore, 1991: 15).

Posição que faz eco dos argumentos de Ardener (1975) de que as mulheres sentem-se frustradas, por não conseguirem comunicar a partir de vocabulários linguísticos próprios, estando muitas vezes sujeita a vocabulários dos grupos dominantes, os homens.

O que significa que, esse projeto interno de reforma ganha consciência de que trabalhar a partir do ponto de vista das mulheres, implica a introdução de novos vocabulários, entenda-se vocabulários que traduzam a visão das mulheres sobre o mundo, já que homens e mulheres têm “visões distintas” do mundo e concebem distintos modelos de sociedade e de sociabilidades (Ardener, 1975; Moore, 1991).

A agenda de trabalho dessas antropólogas que reivindicam também um lugar enquanto produtoras de conhecimento, alista um conjunto de tarefas etnográficas, tendo sempre as mulheres como informantes privilegiadas. Por outro lado, preconizam um conjunto de questões centrais, orientadoras das pesquisas, cuja pergunta de partida seria: Quais as atitudes e posicionamentos das mulheres, perante o mundo sociocultural em que vivem? Como vêem esse mundo sociocultural?

Deste modo surge a necessidade de definir as bases dessas reivindicações metodológicas, teóricas e epistemológicas, na medida em que tal empreendimento, que procura resgatar a voz das mulheres e tornar visível as suas participações, corre o risco de gorar fracassado, se se traduzir apenas numa junção à antropologia tradicional destas vozes, isto é, o empreendimento tem de provocar mudanças a nível metodológico, teórico e epistemológico.

A tarefa mais central e mais complicada, afirma Moore, é “remodelar e redefinir a teoria antropológica” (Moore, 1991:15). Não se tratava apenas de recolar as mulheres no centro das pesquisas antropológicas, mas reformular e redefinir as bases de trabalho, pois que aquelas posteriormente definidas e trabalhadas, não cumprem

66

os objetivos desta nova tarefa. Não haveria como trabalhar, a partir das vozes e dos olhares das mulheres, tomando como orientação as “velhas” postulações ou bases teóricas, porque: ”limitar-se a incluir as mulheres na antropologia tradicional não resolveria o problema da ‘invisibilidade’ analítica da mulher, não eliminaria o efeito distorcido provocado pelo androcentrismo” (Moore, 1991:15).

Contribuições como as de Moore (1991) ou Haraway (1995) têm exatamente o propósito de discutir críticamente o significado para a antropologia, desta ideia de “visão das mulheres sobre o mundo social”, porque coloca uma questão de caráter metodológico e ao mesmo tempo ideológico.

A partilha da mesma identidade sexual confere às antropólogas mais autoridades e legitimidade para pesquisarem e escreverem sobre as mulheres? As antropólogas têm então mais autoridade, legitimidade e ferramentas identitárias para pesquisarem e escreverem sobre as mulheres, pelo facto de partilharem a mesma “identidade sexual”? O que acontece quando aquilo que as une é a partilha da mesma identidade sexual, mas outros itens importantes as distingue, como seja a “classe”, etnia ou mais ainda, quando as suas conceções, subjetivas, do que é ser mulher são distintas, pois que os sentidos atribuídos ao ser mulher são sociais e culturalmente construídos.

Particularmente quando estas mulheres pertencem a outros contextos culturais, diferentes dos contextos de origem das antropólogas, terão as antropólogas do mesmo contexto étnico e cultural mais legitimidade para pesquisar as mulheres do mesmo grupo étnico, do que as outras investigadoras?

Estas questões atravessam vários trabalhos realizados por antropólogas que reclamam para si o facto de não pertencerem ou não se identificarem com as produções realizadas a partir de uma visão ocidental, e que questionam os perigos da universalização que a própria antropologia feminista impunha. Os riscos a assumir, com a adoção desta postura metodológica, são, no entanto, consideráveis.

Moore (1991) afirma que um deles pode ditar um único destino para antropologia feminista: a sua guetização enquanto disciplina, que redundaria numa eterna imagem de disciplina que “luta” contra a visão dominante masculina, privilegiando as mulheres.

67

Nessa medida, é importante questionar, de acordo com esta produção antropológica feminista, os perigos da universalidade que a própria produção epistemológica feminista em vários momentos defendeu e usou, criando categorias totalizadoras e universais, como seja a de mulher.

Conforme salientado na introdução da tese, esse é um dos objetivos que orientaram a presente pesquisa: produzir uma desconstrução e deshomogeneização da categoria “mulher cabo-verdiana” evidenciado que os estudos de género devem-se fazer acompanhar de diálogos com outros idiomas, como sejam aqueles que produzem diferenciações em termos de capitais educacionais /académicos ou étnicos.

A universalização da categoria mulher traduziu-se numa tendência para a produção de uma categoria “mulher” suportada por traços biológicos e não culturais. Por conseguinte, o risco é a categoria mulher ser definida com base nesses traços, esquecendo-se do papel central das diferenças culturais contextuais, que originam diferenças, a partir das quais cada mulher e cada sociedade em que ela vive, produzem definições múltiplas, do que é ser mulher.

“O caráter irrefutável das diferenças biológicas entre os sexos não fornece nenhum dado do seu significado social. Os antropólogos estão plenamente conscientes dele e reconhecem que a antropologia feminista não pode pretender que a biologia deixe de ser o fator limitativo e definidor da mulher e elevar, ao mesmo tempo, a fisiologia feminista a uma categoria social que prevaleça sobre as diferenças culturais.” (Moore, 1991:20).

Assim, a introdução de outras variáveis, também elas problematizadas e problematizantes, como sejam a “classe” ou a etnicidade, pode ter o efeito de descontinuidade, facilitando leituras menos universalizantes sobre as experiências de ser mulher e ser homem, contribuindo deste modo para uma “desnaturalização” dessa categoria.

Seguindo a produção disponível da agenda de produção científica sobre as mulheres, importa, por conseguinte, analisar uma das consequências dessa agenda: a produção da categoria mulher.

Essa produção, conforme fica salientado, foi o resultado de uma agenda que, apesar de um trabalho de autopoliciamento visível nos trabalhos de antropólogas

68

como Moore (1991), Strathern (1998, 2006), Haraway (1995), não conseguiu, em geral, escapar à criação de olhares binários sobre as relações de género. Isto é, a antropologia da mulher, ao procurar resgatar a voz das mulheres, fê-lo muitas vezes apoiando-se na ideia de que as experiências de vida das mulheres podem ser consideradas idênticas, independentemente de outros fatores de diferenciação.

Tais experiências são tidas como suficientes para criar um sentimento de pertença a um grupo homogéneo e singular, cujo denominador comum é o facto de viverem em contextos sociais e culturais que as tornam vítimas, dos homens, sobretudo.

Poder-se-á afirmar que, apesar da agenda de pesquisa da antropologia da mulher nos anos 70 pretender resgatar a voz das mulheres, uma das consequências foi a aquisição de olhares essencialistas (Moore, 199; Casares, 2008).

Por outro lado, essa perspetiva singularizante ofusca a possibilidade de olhar para as mulheres enquanto membros de contextos culturais e sociais diferenciados, que vivem e possuem experiências de vida também elas diferenciadas, ou seja, havia que pluralizar os olhares, para contemplar as mulheres nas suas pluralidades.

Críticar a ciência antropológica, pela sua prática de exclusão, mas limitar-se a valorizar apenas aquele que foi excluído (as mulheres), resulta ou resultaria também noutras exclusões. Terá sido este o argumento central para as profundas reformulações metodológicas e epistemológicas que a antropologia da mulher sofre a partir dos anos 80, e que desemboca na formação da antropologia do género.

Pluralizar os olhares não foi o único reparo ao empreendimento inicial da antropologia da mulher, que se reformula para a antropologia do género. A necessidade de trabalhar as mulheres, a partir dos seus contextos culturais e sociais também significou um exercício de reavaliação dos exageros dos determinismos biológicos (Casares, 2008).

Para evitar os riscos de essencialismo e de reificação, podemos notar que a então antropologia da mulher desenvolveu um trabalho de aperfeiçoamento disciplinar, promovendo reformulações metodológicas e epistemológicas, centrais.

69

A antropologia feminista41 apercebe-se que uma das importantes reformulações passa por trabalhar o género enquanto conceito social e cultural central, que organiza as relações sociais e as sociedades. Estrategicamente, o chamado feminismo ocidental é acusado de ter criado uma categoria grupal uniforme e universal de “mulheres”, com uma coerência biográfica universal e partilhando os mesmos desejos, interesses, lutas e desafios. Essa uniformidade não abala a unidade grupal pela existência de potenciais diferenças identitárias de classe, etnia, “raça”, fazendo com que os pressupostos de análise e caracterização das relações de género sejam também universais.

Esses pressupostos são, em alguns casos, políticos, e que estão subjacentes às metodologias e às estratégias analíticas, ou seja, ao modelo de poder e de luta que implicam e sugerem. Deve-se também frisar que a produção antropológica, a partir da etnografia e da escrita de textos etnográficos clássicos, mostra uma perspetiva parcial, que obriga a uma reflexão sobre o significado da objetividade (Haraway, 1995).

Segundo Haraway42 o ocidente e a produção de conhecimento que dai emana, têm seguido um caminho falacioso de procura de universalidade, que não problematiza a questão da objetividade: “A história é uma estória que os entusiastas da cultura ocidental contam uns aos outros; a ciência é um texto contestável e um campo de poder...” (Haraway, 1995: 11).

Questionar esse texto, implica a adoção da objetividade como postura de produção de conhecimento, mas não aquela objetividade do tipo universalista, mas sim, aquela que é localizada e parcial.

Haraway (1995) defende que a produção da objetividade implica uma visão capaz de associação direta e constante entre objetividade e localização dos saberes, que desemboca na adoção da parcialidade como inerente a essa produção. Localizar os saberes nos torna mais responsáveis da nossa produção e nos afasta da tentação da adoção de uma visão relativista, não problematizada.

41 As duas obras pioneiras para a criação das bases de antropologia feminista, foram, contudo: Woman,

culture and society (1974) que teve como organizadoras Michelle Rosaldo e Louisie Lamphere. A segunda obra, Toward an anthropology of women (1975) foi organizada por Rayna Reiter.

70

Afiança por conseguinte que:

“O relativismo é uma maneira de não estar em lugar nenhum, mas alegando-se que se está igualmente em toda parte. A ‘igualdade’ de posicionamento é uma negação de responsabilidade e de avaliação crítica. Nas ideologias de objetividade, o relativismo é o perfeito gémeo invertido da totalização; ambos negam interesse na posição, na corporificação e na perspetiva parcial; ambos tornam impossível ver bem” (Haraway, 1995:24).

3.2. Agenda de pesquisa dos estudos de género, na antropologia43: entre a busca da

No documento Maria Celeste Monteiro Fortes (páginas 61-70)