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1.2 As variações das formas de expansão das cidades urbanas

1.2.2 Crescimento territorial urbano intensivo

O crescimento territorial intensivo caracteriza-se formalmente pela alta densidade ocupacional. Neste caso a intensificação da ocupação do solo ocorre de dois modos: pela verticalização e pela fragmentação ou extensão das unidades residenciais em assentamentos populares. Este padrão de crescimento territorial urbano apresenta-se na forma de ampliação da mancha edificada e pode ser de dois tipos: central ou periférico, dependendo de onde o processo ocorra dentro da cidade (figura 21).

O crescimento intensivo do tipo central (figura 22) ocorre nos centros urbanos, ou áreas centrais. As áreas centrais são estruturadas, localizam-se em partes mais acessíveis da cidade, mesmo que não seja o seu centro geográfico e caracterizam-se pela presença de equipamentos e serviços urbanos, infraestrutura, ofertas de emprego e lazer. Pelo exposto, as áreas centrais representam um ponto de atração de pessoas e de conversão de fluxos dentro da cidade.

Figura 21: Crescimento territorial urbano intensivo, suas classificações e características.

Figura 22: Esquema de expansão urbana para o crescimento intensivo do tipo central.

Já o crescimento intensivo do tipo periférico (figura 23) ocorre nas margens do centro urbano, que são áreas caracterizadas pela precariedade da configuração espacial e da oferta de infraestrutura e serviços, abastecimento de água, esgotamento sanitário, pavimentação das ruas, coleta de lixo e transporte público (OLIVEIRA, 2008, p.4). Nessas periferias destaca-se o uso residencial, assim a população que ali habita precisa recorrer ao centro para desenvolver suas atividades habituais de comércio, serviço e lazer.

Figura 23: Esquema de expansão urbana para o crescimento intensivo do tipo periférico.

Como o crescimento territorial intensivo está diretamente ligado ao grau de densificação do espaço urbano, o dado que nos ajuda a caracterizar esse tipo de expansão urbana em determinada cidade é a variação da densidade. Assim, o aumento da densidade

em determinada cidade, ou área da cidade, indica que ela passou por uma intensificação do seu crescimento. A indicação se esse crescimento foi central ou periférico depende da área que foi adensada dentro da cidade.

Por exemplo, tanto a cidade de Londrina, no Paraná (figura 24), como a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais (figura 25), passaram pelo crescimento territorial intensivo. No entanto a intensificação do crescimento na primeira cidade foi central enquanto que na segunda deu-se na periferia.

Figura 24: Localização dos edifícios construídos em Londrina, Paraná, entre 1950 e 2000.

Fonte: CASARIL, 2009, p. 85.

Figura 25: Vista aérea Belo Horizonte, Minas Gerais.

Como consequência do crescimento territorial intensivo, têm ocorrido no Brasil diversos problemas ambientais, principalmente devido ao aumento da densidade predial e populacional. Um maior número de pessoas utilizando uma área com menor dimensão aumenta a quantidade de resíduos gerados naquela área (sejam sólidos, líquidos ou gasosos), aumentando assim a quantidade de lixo produzido, por exemplo. Se não forem tomadas as devidas providências de descarte do lixo, sua presença em excesso na cidade pode causar:

aspecto estético desagradável, maus odores, proliferação de insetos e roedores, doenças por contato direto, poluição da água, desvalorização de áreas, obstrução de cursos d' água aumentando as possibilidades de ocorrência de inundações e diminuição do espaço útil disponível (NUCCI, 1999, p.8).

Além do lixo doméstico comum jogado na rua (figura 26), há também o problema de descarte de resíduos perigosos gerados por indústrias e hospitais. Muitas vezes esses resíduos são jogados clandestinamente em áreas inadequadas como terrenos baldios, corpos d‟água, às margens de rodovias, gerando graves problemas de poluição (NUCCI, 1999, p.8) e tornando-se um risco iminente à saúde da população (ALVES et al, 2008, p.5).

Figura 26: Rua Sena Martins, no centro de Londrina. Acúmulo de lixo após alguns dias sem empresa para coletar o lixo da cidade.

Fonte: londrina.odiario.com

De acordo com Nucci (1999, p.5), o melhor bioindicador da poluição é o próprio ser humano que apresenta diversos problemas de saúde em função da concentração de poluentes no ar e na água, como doenças respiratórias, de pele, dores de cabeça e mal estar.

Em síntese, o crescimento territorial urbano pode ser extensivo ou intensivo, podendo ocorrer de formas distintas. O extensivo pode ocorrer na forma de ampliação do perímetro urbano ou parcelamento do solo, enquanto que o intensivo ocorre na forma de ampliação da mancha edificada. Dessas formas derivam-se os sete tipos de crescimento

territorial urbano, que podem ser identificados na cidade ao se observar dados específicos em função das características inerentes a cada um deles, como já foi dito anteriormente (quadro 7).

Quadro 8: Dados a serem observados para identificação de cada tipo de crescimento.

Tipo de crescimento Dado observado

Pela soma de novas áreas à mancha urbana Existência de lei alterando o perímetro urbano original e/ou criando novos bairros Por anéis concêntricos Existência de plano determinando os limites

dos anéis de ocupação, assim como seu nível de saturação e outras informações necessárias

Por dispersão urbana Número de empreendimentos implantados em áreas periféricas

Por difusão urbana Número de parcelamentos do solo implantados em áreas periféricas

Tentacular Existência de vias com alta concentração de fluxos e usos

Central Aumento da densidade em áreas centrais

Periférico Aumento da densidade em áreas periféricas

Considerando as variadas formas e tipos de crescimento territorial urbano e os impactos negativos que esse processo pode acarretar às cidades, destaca-se a importância de que esse processo seja feito de forma planejada de modo a definir como a cidade será organizada espacialmente, considerando todas as suas características físicas e sociais. Na próxima seção deste capítulo discutiremos sobre o processo de planejamento do crescimento territorial no Brasil e seus impactos na organização espacial das cidades.