• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III – MELANIE KLEIN E O TRATAMENTO DO SINTOMA

3.4.1 A cria nça no trat a ment o

A cr ia nça co n ceb id a p o r M ela nie K lein, co mo vim o s, é u m a cr iança a nco r ad a na p er sp ectiv a d o d esenvo lvim e nto . A p r ecar ied ad e iner e nte ao eu no s p r imó rd io s d a vid a d as cr ia nça s alm eja ao lo n go d e seu d ese nvo lv imento , su a inte gr ação , p o r meio d as id e nt ific açõ es d e p ro jeção e in tro jeção . A p er sp ectiva d o d ese nvo lv im ento se im p õ e na p r ática c lí nica d e M elanie K lein e r ep r esenta o qu e p ar a ela d est a ca a d ifer ença no tratam ento e ntr e o ad u lto e a cr ia nça. Po s ição essa q u e p od e ser c lar am ent e id ent if icad a no texto d e 1 921 do caso Fr itz, qu e fo i p o r nó s co n sid er ad o co mo p er tence nd o a uma p er sp ect iva p reven t iva d o tratam ento e, d esse mo do , no s ind ica nd o essa p r ática na co ntr am ão d a po sição p sican alít ica d a cria nç a co mo su jeito .

É no ano d e 19 26 , no texto Prin cíp io s Psico ló g ico s d a Aná lise I n fan til, qu e M elan ie Kle in es tu d a as d if er enças entr e a vid a m ent a l d as cr ianças e a d o s ad u lto s, p ar a, a p ar tir d e ent ão , d emarcar o qu e, p ar a ela, é co ns id er ad o co mo p o siçõ es d ifer enc iais na t écnica d e tr atam ento entr e eles.

M ela nie K lein ( 1 9 26 /198 1 ) po nd er a qu e, caso u tiliz em p ar a o tratam ento d e cr ianças a téc nica a p rop r iad a ao s ad u lto s, “não co nse gu ir em o s d ecer to p enetr ar nas ma is p r o fu nd as camad as d a vid a me ntal d a cria nça” ( p . 1 86 ). E, na ver d ad e, co ntinu a, são essas cam ad as qu e são r elevant es p ar a o p ro ced ime nto e êxito d e u m a aná lise. Sob r etu do , p ro ssegu e M ela nie K lein (1 926 / 198 1):

S e t oma rmos em co ns i dera çã o a s di fer en ças p si col ó gi ca s ent r e cri anças e adul t os e n os l emb ra r mo s de q ue, na s cri an ças , en co nt r amos fat o r es i ncon s ci en t es at uan d o ai nd a l a do a l a do com fat or es cons ci ent es , as t en dên ci a s mai s pri mi t i vas ao l a do dos des en vol vi ment os mai s compl i cad os ( p. 1 86).

Na an álise co m cr ianças, d e aco rdo co m M elanie K lei n ( 1926 /1 981 ) , as exp er iênc ias e fix açõ es d estas são d iretam ent e r ep r esentad as, enq u anto , na a nálise d e ad u lto s, essas exp er iênc ias su b jetiva s ser ão reco nstr u íd as no tr ab alho d e aná lise. E s sa p o sição , ao

d estacar a p er sp ect iva d o d esenvo lv ime nt o d ifer enciand o o tr atamento d a cr iança e o do adu lto , se d istancia d a p ropo sta d a clí n ica p sic ana lít ica d o su jeito , u m a vez q u e o s asp ecto s d a co nsciên cia são p or ela co ns id er ad o s r elevant es.

Ou tra d ifer en ça o b servad a p o r M elan ie Kle in ( 1 9 26 /1 98 1) , no tratam ento d e cr ianças e ad u lto s, se refer e à r ea ção d a cr ian ça à aceit ação d a inter p r etação no tr atam ento . S egu nd o Klein, p ara a cr ian ça, a aceit aç ão d a int er p r etação é m u ito mais f ácil d o q u e p ar a o adu lto . A r azão d essa fac ilid ad e na cria nça é p o rqu e, “em cer to s e xtr ato s d a m ent e infant il, e xiste co mu n icação mu ito mais fá cil entre co nscien te e inco nsc iente” ( p . 18 4 ) . E ssa fac ilid ad e d e co mu nic ação s er ia a exp licação d o efe ito ráp ido d a int erp retaç ão nas cr ianças .

Des se m o do , a co ns id er ação d a d if er ença entre a at ivid ad e m ent a l d a cr ian ça e a d o adu lto ind ica a nec es sid ad e, se gu nd o M elan ie Klei n ( 1926 /1 981 ) , d e u ma técnic a p r ó pr ia ad ap tad a às cr ia nça s. O b rincar é a téc nica ele ita p o r ela no tr atame nto co m cr iança s, p er mit ind o a co m p r eensão d o fu ncio nam ento p síqu ico d esta. E ssa técnica d em ar ca o esp ecí f ico d a clín ica kle iniana, q u e acr ed ita q u e, po r meio d o b r incar e d e qu alqu er ou tra ativid ad e na p r ática clínica, a cr ian ça s im b o liza su as fant asias. K le in ( 1 926 /1 981 ) enf at iza aind a qu e é po r meio d essa téc nica qu e “p od em o s ating ir a s exp er iênc ias e f ixa çõ es m ais p r o fu nd ament e r eca lcad as, o q u e no s fo rnec e u ma c ap acid ad e b ásica p ara inf lu e nciar o d esen vo lvim ento d as cr ianças” ( p . 190 ). M ais u m a ve z, a necess id ad e d e estab e lecer u m a d ifer ença entr e o tratam ento d a cr iança e o do adu lto evid enc ia u m d ista nciame nto d a pr opo sta d a clí n ica p sica na lít ica.

E sta d ifer en ça d a téc nica d a cr ia nça em r elação ao ad u lto , p rop o sta po r M ela nie Kle in no ano d e 1 926 , fo i r eco ns id er ad a e me lho r d ef inid a no ano d e 1 932 . Segu nd o Klein ( 1 932 /1 969 /1 9 81 ), as a sso cia çõ es r ealizad as p elo ad u lto no tr atam ento sã o am p lam ente r ea liz ad as p ela cr iança no p ro cesso lú d ico . O b rincar “é o m eio d e exp r es são m ais imp o rtante d a cr ia nça. Ao u tilizar esta t éc nica lú d ica, lo go se d esco b r e qu e a cr ia nça faz tant as as so c iaçõ es ao s eleme nto s iso lad o s d e seu b r inq u edo qu anto o adu lto ” ( p . 31 ). P elo b r incar, a cr iança age e, p o r

es se me io , sem p r ecisar fa lar , p rodu z asso ciaçõ es p ró p rias ao s seu s co nflito s p síqu ico s.

T od avia, o fato releva nt e na ap r op r iação d essa t éc nica, co nclu i M ela nie Kle in (1 926 /19 81 ) , é qu e “trata- se ap e nas d e u ma d ifer enç a na téc nica, ma s não no s p r incíp io s d o tr atame nto ” ( p . 1 90 ). Des se m o d o , p ar a e la, “o s m éto d o s do jo go p r eser vam to do s o s p r incíp io s d a p sicanálise, co nd u zind o ao s m esmo s re su ltad o s d a técn ica clá ss ica ” (p . 191 ). Aind a s egu nd o a au to ra, tod o s o s fu nd ame nto s d o método p sicanalít ico p ro po sto po r Fr eud , tais co mo : a tr ans fer ênc ia, a r es istência, o r ecalq u e e seu s ef e ito s, a a m n és ia infant il e a co m p u lsão à r ep etição , são co nser v ad o s na téc nica d o jo go .

A inter ve nção int er p r etativ a u tilizad a po r M ela nie Klein no tratam ento co m cr ianças semp r e fo i m o tivo d e cr íticas e d iscu ssõ es so b r e a téc nica. O e xce sso interp retat ivo , p or p ar t e d e Kle in, se mp r e fo i mo tivo d e ind a gação e inter r o gação so b r e es sa téc nica p o r co ns id erar u ma relaç ão d ir eta d o simb o lism o d o b r incar co m o s elem ento s d o inco nsc iente. T od o o b r inc ar d a cria nça , na m aio r ia d as v ezes, va i d e enco ntr o a u m valo r int erp r etativo ( 19 32 /19 6 9 /198 1 ) .

Aind a co m r elaç ão ao b rincar , M e lanie Kle in ( 1 93 2 /196 9 /19 8 1 ) d estaca q u e o jo go é u m meio d e exp r ess ão d as fanta sia s d a cr ian ça e, qu e, na r ep etição d essas fa ntas ias, o qu e se ver if ica é a p r esen ça d a ce na p r imária no p r ime iro p lano d a a nálise. A cena p r imár ia no s p arece op erar , no tr atam ento co m cr ian ças, co m o m o tivad o r p ar a a in cess ant e r ep etição d as inter p r etaçõ es co m cu n ho ed íp ico . M as, p or ou tro lad o , M ela nie K lein ( 1 9 3 2 /196 9 /198 1 ) ressalt a qu e

o s i mb ol i s mo con s t it ui ap enas uma part e dess a

l i n gu agem. S e q ui s er mos co mp reend er cor r et am en t e o

b ri nq u ed o da cri a nç a em r el açã o a t odo o s eu

comp o rt am en t o d ur a nt e a ho ra de a nál i s e, n ão devem o s con t ent ar- no s em des v en dar o s i gni fi cad o d e sí mb ol o s i s ol ado s, por mai s r evel a dores q ue s ej a m ( p . 31 ).

Des sa m ane ir a, a int er p r etação d eve rá ter co mo o b jet ivo co ntextu a lizar o b rin car d a cr ian ça em u m todo esp ecífico d a b r incad eir a. E co mo no s d iz Kle in ( 1 93 2 /1 969 /1 981 ) :

a i nt erpr et ação dura nt e al gum t emp o n ão é as s i mi l a d a p el a cri ança con s ci en t em ent e. Es s a t a r ef a, confo rm e t enh o co ns t at a do, é real i za da mai s t ar de e est á e m con ex ão co m o des env ol vi ment o de s eu e go e com o a ument o d e s ua adap t aç ão à r eal i dad e (p. 3 6).

Segu nd o M ela nie K lein, a int erp retação v isa a a lcançar o esclarecim e nto d a cen a p r imár ia e d o co nflito ed íp ico . Par a essa au to r a, o qu e intere ss a no p r o cesso a nalít ico , d izem- no s o s t exto s d a AM P ( 1996 ), não é a estru tu ra in icial d a cria nça , m as a p o ssí ve l r e lação qu e es sa cr iança t em co m o inter io r e o ex ter io r . Refer ind o - se à in ter p r etação p ropo sta p o r Kle in, a AM P ( 1 9 9 6) d estaca: “ela n ão int er p r eta p ela pu lsão , mas p elo s estad o s o ral, anal e fálico visand o u m a rep aração – r eco nciliação co m o s ob jeto s im aginar izad o s” ( p. 1 36 ). E ssa r elação ima ginár ia, v isa nd o à co mp letu d e co m o o b jet o , ser ia u m do s cr itér io s d e êxito em u ma aná lis e in fa nt il, se gu nd o Klein.

Ao exam inar m o s a p r át ica co m cr ianças tal co mo emp r egad a p o r M ela nie K lein, p o d emo s co ns id er ar q u e o se gu nd o mo mento po r nó s d estacad o se e nca m inha p ar a u m a co nsid er ação m aio r d a d im ensão pu ls io na l. O ca mp o revelad o d as f anta sia s e o o b jetivo r eco r r ente d e int egração d o eu med iante a o p o sição d as p u lsõ es d e vid a e d e mo r te são elemento s teó r ico s q u e no s le vam a r eco nhecer u ma p rát ica q u e se d ir ige p ar a u ma co nsid er ação m aio r d o in co nscie nt e e d e su as p rod u çõ es.

No entanto , a p o ssíve l le itu ra em r elação à interp retação p o r ela u tilizad a no s p er m ite co ns id er ar q u e Melanie K lein, ao int err o gar no tratam ento o qu e fa lta ao o b jeto , o faz na tent ativa d e e nco ntrar u m ob jeto q u e co mp lem ente essa falt a. Desse mo do , su as inter p r etaçõ es visam a u m r eco b r ime nto do im agin ár io e “n ão lhe p er m item sab er q u e a d ialét ica d o su jeito e d o ob jeto não é a co mp leme nt ação ” ( p . 13 6 ) . M ais do q u e is so , a le itu r a d a teor ia d e Klein re fer ente à co mp letu d e d a r elação d e o b jeto n ão p erm ite a e la fazer o q u estio nam ento d esse o b jeto co m o falta, p ró pr io d a p er sp ectiva d a p r átic a p sica nalít ica.

A s egu ir , aind a no q u e se r efere ao tr at ame nto co m cr ia nça s em M ela nie Kle in, no sso int eresse ser á d estacar qu al o lu gar d a famí lia no tratam ento .

3 .4 .2 Fa mília no t ra ta ment o

No qu e co ncer ne ao lu gar d a famí lia no tratam ento , M elanie Klein ( 1927 /1 981 ) d estaca d e antemão qu e o p róp r io fato d e a fam ília lhe co nfiar a cr ia nça co m o ob jet ivo d e a nalisá- la é u m e lem ento favo r áve l p ar a qu e ela p o ssa e ncam inh ar o p r o cesso analít ico p ara o qu e é m ai s co er ent e. Ou seja, segu ir “o cam in ho qu e me p er mite ana lisar s em qu alq u er r estrição as re laçõ es d a cr iança co m as p esso as q u e fo rm am o seu am b iente ” ( p . 2 25 ). E m ou tro s ter mo s, ela bu sc a u m a ind ep end ência d a int er f er ência d o s p ais e não acred ita qu e a aná lise po ssa m alo gr ar sim p lesme nte p o rq u e o s p ais não estão coo p er and o no tr atamento , o q u e não q u er d izer q u e isso nu nca p o ssa aco ntecer . Co mo no s d iz K lein, “se o s p ais no s en viam a s cr i anç as p ara ser em a nalisad a s, não ve jo r az ão p ar a qu e seja imp o ssível levar a b o m fim a a nális e, s im p les me nte p o rqu e a at itu d e d eles se m o str e d esf avo rável” ( p . 229 ). Desse m o d o, é na co nstr u ção a nalít ica e na s r esp o stas d e ss a co nstru ção realizad a p ela cr ia nça q u e tod o o tr atamento d eve se a nco rar.

M ela nie Klein ( 1 9 27 /198 1) r essalta q u e, p ar a o tr atamento , po r mais q u e a co ntr ib u ição do s p ais se ja imp o r tant e e valio sa, p r incip alm e nte q u and o r elatam mu d anças q u e o co r rer am no co m po r tam ento d a cr ianç a, “d ev emo s n ece ss ar iamen te s er cap az es d e ma nejar o tratame nto sem est a aju d a” (p . 229 ) .

A ind ep end ênc ia em r elaç ão ao s p ais no tr atam e nto se r efer e , se gu nd o M elan ie K lein ( 1 927 /19 81 ), à su a p róp r ia exp er iênc ia q u e lhe ens ino u q u e, “se a nalis ar m o s u m a cr ia nça sem q u alq u er esp écie d e id eia p r eco nceb id a, fo rm ar em o s d a cr ian ça u m qu ad ro d ifer ente ” ( p . 226 ), u m qu ad ro qu e ap resenta a cr ian ça sem a interfer ê ncia d a fa la d o s p ais na histó ria d a cr ianç a.

E ssa p o sição d e ind ep end ênc ia d o s p ais no tr atame nto p er mite a M ela nie K le in ( 1 927 /1 981 ) d efinir o lu gar d o analist a. Ass im, ela r essa lta : “o ana list a d eve ter u ma at itu d e inco ns cie nt e q u e exigim o s d o ana lista d e ad u lto s. E sta at itu d e d eve ca p acitá - lo a q u erer r ealment e só ana lisar e não d esejar mo ld ar e d irig ir a ment e d o s seu s p acien tes” (p . 230 ).

É necessário , segu nd o M ela nie Kle in (1 9 27 /19 81 ) , q u e o ana list a sa ib a m ane jar a s itu ação a nalít ica sem a aju d a d e fam iliar es o u p esso as p ró xim as d a cria nça. Ca so o pr o cesso analít ico ap r esente d if icu ld ad es d e o rd em tr ansfer e ncia l, é no p róp r io tratam ento q u e ele d ever á ser r eso lvid o . As q u estõ es d a vid a p síq u ica, na q u al o p ap el d a fantasia e d a r elação o b jetal d a cr iança e su a m ãe, b em co m o d e tod o s o s mecan ism o s d esignad o s no p r o cesso p síqu ico p ar a le var ad ia nte a r ela ção d a cr ia nça co m o m u nd o , são p o nto s releva nt es a se co ns id er ar no p r o cesso ana lít ico . São essas q u estõ es d a o rd em do p síq u ico q u e p er mite m a M ela nie K lein, co mo no s d iz Sa nt iago (2 005 ) , “reb aixar o p ap el d o s p ais, do meio e d a edu cação , tanto n a vid a in fa nt il d e m a neir a g er al co m o na aná lise d e cr ianças. O qu e impo r ta é, a ntes, o mu ndo pu ls io na l e a cap ac id ad e inata p ara su po r tar as fru str aç õ es” ( p . 9 8 ).

Po r tanto , pod emo s co ns id er ar q u e a fam í lia não se ap rese nt a d e u m mod o centr al no tr atam ento d a cria nça, tam p ou c o co mo co ad ju vant e. M ela nie Kle in co ns id era q u e o tratam ent o se faz p o r meio d a cr iança e do qu e esta ap r esenta co m o d if icu ld ad e no p ro cesso ana lítico . Ao su b trair a nec es sid ad e d a pr esenç a d a f amí lia no tr atamen to , M elanie Kle in se encam inha p ar a o q u e, p ar ece- no s, p r ivilegia r , no tr atam ento : as p rodu çõ es d o inco nsc ient e. De sse m o d o , ob serv a - se q u e a d im ensão pu ls io na l co m eça a s er to m ad a em co nsid e ração no tr atame nto .

A s egu ir, no sso p er cu rso vis a a r eve lar q u al p er sp ectiva d o sinto ma no tr atamento co m cr ian ças M ela nie K lein ir á p r iv ilegiar.

3 .4 .3 O sin to ma da cria nça

O s into m a d a cr ian ça na p rática c lín ica d e tr atame nto d e M e lani e Kle in ( 1 96 5 /1 981 ) se ap rese nta co mo efe ito d a ans ied ad e p ro venie nte d o med o d e an iq u ilam ento p ela p u lsão d e m o r te . A an sied ad e nas cr ia nças p r eced eria a fo r mação d o s s into m as e na mesma m ed id a ser ia a p r imeir a ma nif estação neu r ó tica d a cr ia nça p r ep ar and o o camin ho p ar a o s sinto mas. M ela nie K lein co mp leta d ize nd o qu e “p ar ece - me co r reto d izer qu e o s sinto m as, em co nju nto são fo r m ad o s, pu ra e sim p lesm e nte, co m o p ropó sito d e escap ar ao d esen vo lvim ento d a ans ied ad e” (p . 11 4) .

Do m esmo mo do , u m eleme nto fu nd amen tal n a teo r ia d e M elani e Kle in (AM P, 1 99 6 ) centr a- s e na imp o r tânc ia d a r elação d e o b jeto co mo ob jeto fa ntas iad o : “ isso sign ifica q u e tod a a pu lsão tem co mo co r relato u ma fant asia d e u m o b jeto p ara sat isfazê - la” (p . 1 27 ). E , d esse mo d o , se d ir ige ao o b jet ivo ana lít ico , q u e será o d e co ndu zir o su je ito a u ma r ealização p len a co m o ob jeto , à co mp letud e im aginár ia d o ob jeto . E m co nseq u ê ncia, a teo r ia d e M elanie K lein “ace ntu a a teo r ia d o ob jeto em d etr ime nto d a teo ria d as p u lsõ es e, m ais q u e ao d esen vo lvim ento pu ls io na l, e la r eser va u m a imp o r tânc ia fu nd amental à r eso lu ção d a am b ivalê ncia em relaç ão à mãe” ( AM P, 199 6 , p . 1 2 7 ).

E mb o ra a d imen são p u lsio nal esteja inse r id a em to do o p ercu r so teó r ico d e M elanie Kle in, a p er sp ect iva d o sinto m a co mo so lu ção não no s p ar ece to m ar o p r imeir o p la no na p er sp ectiv a d e M ela nie K lein. No q u e co ncer n e à su a inter p r etação , tal co mo exp o sto , u ma interp retação p elo eu é co ntrár ia à análise. No p ro cesso ana lítico , tem- se q u e inter p r etar p ela p u lsão . Diz- no s Br o u sse (1 997 ) , “a int erp retação so zinh a não p od e tratar o s s into mas” (p . 13 2) . O qu e no s f ica m ais p atent e é q u e há u ma r eco rr ência no tratame nto co m cr ian ça s em Klein ao situ ar to d a a int er p r etação do sinto m a no âmb ito do signif ica nt e d o co mp lexo d e É d ipo , não atingind o , d esse mo do , a p u lsão .

E sse co nt e xto teó rico kle iniano p er m ite ao s intérp retes d e su a teo r ia fa zer u m a le itu ra d entro d e u ma p er sp ectiv a d e u ma u nid ad e po ssí vel p o r m eio d e exp er iên cias p os itivas p o ssí veis a p ar t ir d a sim b o lização d a m ãe, d o p ai, do p ênis e d a va gina, e lem ento s d e sim b o lização qu e co ntr ib u em so b remaneir a p ara a fo r mação d a fant asia d a cria nça p o r meio d e u m “fo r ça me nto ” d e elem ento s s imb ó lico s p ar a a cr iança ( AM P, 199 6 ). O sinto ma nes sa c lí nica não to m a a p er sp ectiva d e so lu ção e no s p ar ece se anco r ar co mo co ad ju vante no p ro cesso analít ico r u mo à p ersp ectiva d e u m a po ssível u nid ad e entr e mãe e filho .

A segu ir , tr atar emo s d o lu gar reser vad o ao inco ns cie nt e na p rátic a klein iana.

Documentos relacionados