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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO Disposições Gerais

No documento Penal (páginas 47-54)

O art. 181 do CP trata das Escusas Absolutórias que são imunidades pessoais à lei penal. São hipóteses em que se tem o crime, mas ele não é punível. Tem-se o crime, mas não se tem a pena. Tem-se o fato típico, ilicitude e culpabilidade, mas não há punibilidade. Elas estão presentes nos crimes contra o patrimônio praticados entre ascendentes e descendentes (adotados, bastardos, etc.); e crimes contra o patrimônio praticados entre cônjuges (aplica-se à união estável) na constância do casamento. Nestas hipóteses, se houver furto do dinheiro entre tais pessoas, não haverá punibilidade, por escusa absolutória.

O cônjuge ludibriado tem seu direito garantido de persecução dos valores na esfera cível, inclusive com a pedida por danos morais.

O art. 182 traz hipóteses que se tem o crime, o fato é punível, mas não será investigado por meio de Ação Penal Pública Incondicionada (regra), mas sim condicionada à representação do ofendido. Serão hipóteses quando cometido em prejuízo:

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

O art. 183, por sua vez, prevê hipóteses em que não incide o os arts. 181 e 182, ou seja, em que não se fala em Escusa Absolutória e em ação condicionada à representação.Dar-se-á:

I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa;

II - ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. - Furto

É subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel. Justamente por isso, não é crime o furto de uso, pois não se subtrai nem para si nem para outrem, mas sim para devolver depois.

Quando ao sujeito ativo, podemos dizer que o crime de furto é comum. Isso, pois, pode ser praticado por qualquer pessoa. Não exige qualidade especial do agente.

Os sujeitos passivos se dividem em diretos (imediatos) e indiretos. Os primeiros são os titulares do bem jurídico. É o titular da coisa subtraída. Os últimos são o Estado, em todo e qualquer crime.

O objeto jurídico do crime de furto é o objeto jurídico tutelado pela norma penal. Sendo o furto um crime contra o patrimônio, o objeto jurídico seria o patrimônio. Logicamente, a doutrina majoritária esmiúça essa ideia, dizendo não ser o patrimônio completamente o objeto jurídico tutelado, mas sim a posse a propriedade.

O objeto material, por sua vez, seria a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. Considerando que no crime de furto a conduta criminosa recai sobre uma coisa, mais precisamente, a coisa alheia móvel. O conceito de mobilidade para o direito penal é natural, isto é, seria coisa móvel qualquer coisa passível de remoção. Não importa a classificação do direito civil.

Para fins de direito penal, equipara-se à coisa móvel a energia elétrica e outras energias de valor econômico. Lembre-se, também, que, em contrapartida, não se equipara à coisa móvel o sinal de TV a cabo. Subtração de sinal de TV a cabo é fato atípico, segundo entendimento do STF. Em contrapartida, o STJ entende ser furto.

A ideia de coisa alheia exclui, obviamente, algumas ideais. Quando se fala em coisa alheia excluem-se alguns conceitos, a coisa de ninguém, a coisa abandonada, a coisa perdida, e a coisa comum a todos (ex. luz do sol, ar que respiramos, etc.).

Núcleo do crime de furto é ‘subtrair’.

Não existe furto culposo, aliás, não existe crime patrimonial culposo. O furto, em contrapartida, pode ser privilegiado, simples, e qualificado. Furto simples é aquele que não é privilegiado nem qualificado, ou seja, é um conceito por exclusão. É a figura básica do caput.

O furto simples comporta uma hipótese de aumento de pena (em até 1/3), quando praticado durante o repouso noturno. Por repouso noturno não se deve entender, necessariamente, o repouso da vítima. Cite-se como exemplo o sujeito que furta uma casa de praia, durante a semana, na estação do inverno, em dia chuvoso. Ele teria certeza que os donos não estariam lá. Partindo do pressuposto que de seria um furto simples, essa é hipótese em que incidiria a causa de aumento de pena, mesmo que a vítima esteja em sua residência habitual e acordada. O que se pune, portanto, é o repouso da coletividade, ou melhor, se pune de forma mais gravosa por ter sido praticado o furto durante o repouso da coletividade.

Furto privilegiado, para que ocorra, é preciso que estejam presentes dois requisitos (objetivo e subjetivo). Objetivo é que se tenha furto de coisa de pequeno valor. E subjetivo, que se tenha um réu primário. Para a doutrina majoritária, o furto de coisa de pequeno valor é do bem que não ultrapasse um salário mínimo na data do fato.

Tem-se como consequências do furto privilegiado: - o juiz poderá substituir a pena de reclusão pela de detenção; - o juiz poderá diminuir a pena; ou

- o juiz poderá aplicar apenas a pena de multa.

Obs: o furto de coisa de valor insignificante não comporta parâmetro objetivo, dependendo do caso concreto. Ela torna o fato atípico, pois exclui a tipicidade material.

Temos cinco qualificadoras no crime de furto. A 1ª qualificadora é o furto praticado mediante a quebra ou rompimento de obstáculo à coisa. É o sujeito que destrói um cofre para pegar os valores lá insertos. O mesmo se dá nos numerosos exemplos de explosões em caixa eletrônico. A 2ª qualificadora é do furto com uso de chave falsa ou qualquer outro instrumento que venha a substituí-a, a exemplo canivetes, chaves de fenda, etc. A 3ª qualificadora é do furto mediante concurso de pessoas.

A 4ª hipótese é do furto praticado mediante abuso de confiança, destreza, escalada ou fraude. A confiança referida não pode ser presumida, ou seja, deve ser demonstrada. Sobre a destreza, esta é a grande habilidade, ocorrendo na hipótese em que o sujeito tem muita habilidade na prática de furtos, como nas hipóteses de ladrões que roubam objetos da bolsa sem que a dona nem perceba dentro da condução. Para o STJ,o “trombadinha” pratica roubo, não se enquadrando, em verdade, nesta hipótese de furto qualificado. A escalada, por sua vez, é auto-explicativa. Por fim, o furto qualificado pela fraude não se confunde com o Estelionato, apesar deste tipo penal comportar fraude em sua ação típica. Fraude é a enganação, ludibriação. No furto qualificado pela fraude, como o próprio tipo penal descreve, emprega-se a fraude para furtar. A fraude é um meio empregado para facilitação da subtração. É a hipótese do indivíduo que se passa por um técnico qualquer que irá realizar conserto na residência do sujeito passivo do crime. Já no estelionato, a fraude nada mais é que um meio para ludibriar a vítima para que esta entregue a vantagem. Seria hipótese do sujeito que se passa por técnico para realizar conserto em computador da vítima. Neste caso, a própria vítima entrega o computador ao criminoso, a vítima é enganada para entregar a vantagem indevida.

As quatro primeiras qualificadora têm pena de 02 a 08 anos. Já a 5ª e última qualificadora prevê uma pena mínima maior, de 03 anos. É a situação em que se tem um furto de veículo automotor destinado a outro Estado ou país.

Questiona-se: é possível que o furto seja, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado? A resposta é positiva. Imagine-se, por exemplo, a hipótese de furto mediante escalada, onde subtraiu coisa de pequeno valor sendo o agente primário.

- Furto de coisa comum

Nesse furto não se subtrai coisa alheia móvel, mas sim aquilo que também pertence ao agente. Logo, não pode ser praticado por qualquer pessoa. Quem o pratica é sócio, co- herdeiro ou condômino (co-proprietário). É a hipótese de 02 amigos quem compram um veículo juntos. Aí um decide sumir com o carro. É o furto de coisa comum, no caso, realizado por condômino. Isso, pois, o carro é bem indivisível, não se podendo falar que levou apenas a parte dele do bem.

Além de a pena ser menor, a Ação Penal não é Pública Incondicionada, mas sim condicionada à representação do ofendido.

É subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.

É crime pluriofensivo, ou seja, aquele que tutela mais de um bem jurídico. Quando se consuma, ofende mais de um bem jurídico. Neste caso, o bem jurídico primordialmente tutelado é o patrimônio, enquanto a integridade física (no caso de emprego de violência) ou psíquica (no caso de grave ameaça) do ofendido é o secundário.

Sob o ponto de vista de outra classificação, tal crime é chamado ainda de crime complexo. É aquele que resulta da junção de mais de um tipo penal. Neste caso, a junção do furto com a lesão corporal, com a ameaça, ou ainda com o constrangimento ilegal.

Ademais, quando se fala em roubo, ele pode ser próprio ou impróprio. O primeiro é o clássico, em que se emprega violência ou grave ameaça para subtrair a coisa. O segundo é aquele em que a subtração já se iniciou e o agente emprega violência ou ameaça justamente para assegurar o êxito da subtração.

Temos de falar ainda nas hipóteses de Roubo Circunstanciado, onde se tem as causas de aumento de pena. Tem-se costumeiramente chamada tais hipóteses de qualificadoras, contudo, deve-se ter em mente que elas não o são. As qualificadoras, como ocorrem no furto, aumentam a pena mínima e a máxima, o que não ocorre com o crime de roubo, que sempre tem previsão de 04 a 10 anos. As hipóteses de roubo circunstanciado fazem com que se aumente de 1/3 até a metade a pena.

A 1ª hipótese de roubo com causa de aumento de pena é a do roubo com emprego de arma. O STJ asseverou que não é necessário realizar perícia na arma para aferir seu potencial lesivo. Se a arma não for encontrada, a prova testemunhal do emprego da arma faz incidir a causa de aumento. Contudo, se a arma foi submetida ao exame pericial e ele atestar que não há potencial lesivo, não incidirá a causa de aumento.

Obs: a arma de brinquedo não faz incidir a causa de aumento de pena. Equiparar o brinquedo à arma seria uma analogia in malam partem (prejudicial ao réu). O poder de intimação da arma de brinquedo que faz consistir em crime de roubo.

A 2º hipótese de causa de aumento é do roubo praticando mediante concurso de pessoas. A 3ª hipótese seria a do roubo praticado contra a pessoa que está em serviço de transporte de valores, sabendo o ladrão desta condição. A 4ª hipótese é do roubo mediante restrição de liberdade da vítima. É, por exemplo, roubar a pessoa e mantê-la amarrada. Por fim, a última hipótese é de subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.

Não se deve confundir a 4ª hipótese com o Seqüestro Relâmpago. Esta é hipótese de extorsão qualificada e não de roubo circunstanciado.

Por sua vez, o roubo será qualificado quando da violência empregada no roubo resultar lesão corporal de natureza grave ou morte. Da hipótese de resultar a morte vai configurar o Latrocínio, que nada mais é que Roubo Qualificado pela morte. O termo latrocínio é expressão que não está presente no CP. Ele se refere a roubo seguido de morte. Contudo, a expressão está na Lei de Crimes Hediondos.

A Súmula 603 do STF nos diz que a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri. Isso, pois, o latrocínio não é crime contra a vida (homicídio doloso; induzimento, instigação e auxílio ao suicídio; infanticídio; e aborto), pois a tutela do bem jurídico ‘vida’ se dá de forma secundária.

Existe controvérsia acerca da previsão da Súmula 610 do STF: “Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima”. Ela é válida, e cobrada em concursos. A doutrina a critica. É a hipótese do criminoso não conseguir a consumação da subtração, mesmo com a morte da vítima.

- Extorsão

É constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa.Revela-se, por exemplo, na hipótese de se ameaçar alguém em troca de quantia em dinheiro.

É crime formal, ao contrário do furto e do roubo, que são materiais. Eles se consumam depois que ocorre a subtração. Não é necessária a posse pacífica do bem. Logo, o sujeito que subtrai violentamente algum celular na rua, sendo contido, em seguida por populares, praticou o crime de roubo, mesmo não tendo sido a posse pacífica.

A extorsão, portanto, não exige o resultado naturalístico. A só conduta já consuma o crime. Exigida a vantagem, o crime está consumado. Não é necessário que se obtenha a vantagem. Com a obtenção, tem-se o exaurimento, não a consumação.

O que diferencia o roubo da extorsão não é o comportamento da vítima, mas sim a imprescindibilidade deste comportamento. Não é saber se a vítima entregou ou não o bem, mas saber se o fato de entregar ou não era imprescindível para que o agente obtivesse a vantagem econômica.

Quando o comportamento da vítima é indiferente, ou seja, com ou sem o comportamento da vítima o agente ia obter a vantagem econômica indevida não há que se falar em extorsão, mas de roubo.

Configurar-se-ia a extorsão, por exemplo, na hipótese de sujeito abordar vítima que está na iminência de chegar à caixa eletrônico, apontando-lhe uma arma e determinando que ela saque o dinheiro e lhe entregue. Perceba: aí o comportamento da vítima se tornou imprescindível para que o agente obtivesse a vantagem. Se a vítima se negar, o criminoso não tem como obter a senha, restando-lhe matar, porém, a vantagem econômica não irá obter.

Por isso, como dito alhures, o seqüestro relâmpago não é roubo. É hipótese de extorsão, pois o criminoso apenas irá obter a vantagem econômica indevida com o comportamento da vítima. A extorsão tem a mesma pena do roubo (de 04 a 10 anos), porém, na extorsão qualificada (seqüestro relâmpago) a pena passa a ser de 06 a 12 anos.

- Extorsão mediante seqüestro

É o ato de seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.

É uma das raríssimas hipóteses em que o CP previu a figura da delação premiada. A delação premiada não se confunde com a confissão espontânea. Esta é circunstancia atenuante. Na delação premiada o sujeito não apenas confessa, mas delata, entrega outros comparsas. É premiada, pois o delator recebe prêmio do Estado. Ele pode ser diminuição de pena (no caso deste tipo penal) ou, até mesmo, perdão judicial.

A confissão espontânea vale para qualquer crime, enquanto a delação premiada pena quando expressa em lei. A confissão espontânea não necessita ser eficaz, enquanto a delação premiada sim. Ou seja, na confissão espontânea, se for confessado àquilo que já se sabe, o agente irá receber atenuante do mesmo jeito. Na delação premiada o sujeito deve colaborar com as investigações para que sejam descobertos novos crimes, criminosos, e, em especial nesse tipo penal, salvar o seqüestrado.

É crime hediondo. - Apropriação indébita

Ocorre quando o criminoso já tem a posse ou detenção da coisa, e ele passa, então, a agir como proprietário da mesma.

É necessário que o sujeito tenha se tornado possuidor ou detentor da coisa de forma legítima. Não existe dolo prévio, inicial. Tem-se a hipótese, por exemplo, na hipótese de pegar livros emprestados e não devolvê-los, passando a agir com o animus remsibihabendi (intenção de haver a coisa para si). É querer ficar com a coisa para si. Se já for pedido os livros emprestados com a intenção de ficar com os mesmos seria crime de estelionato.

Na prática, a apropriação indébita se consuma justamente no momento em que o momento passa a agir com o ânimo acima referido. Na prática, precisar tal momento não é tarefa fácil.

A pena é de um a quatro anos. A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;

III - em razão de ofício, emprego ou profissão. - Apropriação indébita previdenciária

Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.

Além de crime patrimonial, tem uma pequena característica de crime tributário. Essa apropriação é realizada pelo responsável tributário. Este é aquele que não tem relação direta com o Fisco, sendo este o contribuinte. O responsável tributário é aquele que pega o tributo do contribuinte e repassa ao Fisco, ao Estado.

Exemplifica-se:

Sendo o empregado segurado obrigatório, o empregador é o responsável tributário. Este fica encarregado de pegar o valor do tributo do contribuinte, repassando ao INSS. Quando o empregador pegar o dinheiro do empregado e deixar de repassar à Previdência configura-se o crime em comento.

Deve-se recordar que o empregador também é contribuinte, logo, o crime em comento só se configura quando o empregador deixa de recolher a parcela em que é responsável tributário. Da parte em que ele empregador é contribuinte, quando não paga, não há que se falar neste crime, mas sim o de Sonegação de Contribuições Previdenciárias.

De acordo com a jurisprudência, este crime dispensa o animus remsibihabendi (intenção de haver a coisa para si), dolo específico de se apoderar da coisa. Ele é dispensável.

Para a doutrina majoritária este crime é de conduta mista, ou seja, aquele em que há uma ação (consistente em recolher o valor do contribuinte) e uma omissão (deixar de repassar à previdência). Em jurisprudência prevalece a tese de que seja um crime omissivo, pois se caracteriza exclusivamente por deixar de repassar à previdência. Não importaria, portanto, a ação anterior.

A pena é de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.

É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa (perdão judicial) se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais (20 mil reais).

- Estelionato

Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.

É o clássico caso do golpe da venda de bilhete premiado. Neste caso, o eventual dolo da vítima não afasta a configuração do crime. E, quando a vítima quer ludibriar o criminoso também não se afastará o dolo do estelionatário.

Importantes súmulas tratam do tema:

“STJ Súmula nº 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”.

Ou seja, é o local onde o estelionatário passou o cheque.

“STJ Súmula nº 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”.

Este é o estelionato mediante falsificação de cheque. Quer dizer, é o estelionato praticado pelo titular da conta. O titular da conta passa o cheque sem fundo dolosamente. Esta súmula tem redação similar à 521 do STF.

“STF Súmula nº 521 - O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”.

Quem passa o cheque é o Emitente. A pessoa que recebeu o cheque é o Sacador. E o banco que paga o cheque é o Sacado. Refere-se, portanto, à hipótese em que o banco recusa o pagamento. A recusa do pagamento dá-se no local em que o Emitente tem a conta bancária, pouco importando o local onde se deu a apresentação do cheque. Por exemplo: o sujeito tem conta bancária em Salvador está em Brasília, onde passou o cheque. O comerciante, de posse do cheque, apresenta o cheque em São Paulo, onde descobre que o cheque não tinha fundos. O foro territorialmente competente para julgar o crime de estelionato é o de Salvador.

“STJ Súmula nº 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual”.

O crime de moeda falsa e de apresentação de moeda falsa (equiparado), de competência da Justiça Federal, são descaracterizados quando a imitação é grosseira. E, se o falso grosseiro enganar alguém, caracteriza Estelionato, de competência da Justiça Estadual.

“STJ Súmula nº 17 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”.

Ou seja, é a hipótese em que há um crime de falsificação que é o meio para a prática de estelionato. Se o falso ainda tem potencialidade lesiva, ou seja, eu falsifiquei uma

No documento Penal (páginas 47-54)

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