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Critério quantitativo

No documento MESTRADO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO (páginas 89-92)

CAPÍTULO 3- A PENSÃO POR MORTE NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA

3.4. Conseqüente normativo

3.4.2. Critério quantitativo

Consoante vimos, o critério quantitativo encontra-se no conseqüente da estrutura da norma jurídica.

O ilustre professor Paulo de Barros define o critério quantitativo como70 “o grupo de

notícias informativas que o intérprete obtém da leitura atenta dos textos legais, e que lhe faz possível precisar, com segurança, a exata quantia devida (...)”.

Ainda nas lições do referido autor71:

“(...) qualquer esforço retórico seria inútil para o fim de exibir a extraordinária importância de que se reveste o exame pormenorizado do critério quantitativo, bastando assinalar que nele reside a chave para a determinação do objeto prestacional, isto é, qual o valor que o sujeito ativo pode exigir e que o sujeito ativo deve pagar”.

70 Curso de Direito Tributário, p. 321. 71 Ibid., p 322.

Na estrutura da norma jurídica da pensão por morte, no Regime Geral da Previdência Social, o critério quantitativo indica o valor exato do benefício previdenciário devido pelo INSS ao dependente do falecido.

O art. 75 da Lei n. 8.213/91 previa que o valor da pensão por morte corresponderia a uma parcela de 80% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou que teria direito se estivesse aposentado da data do seu óbito, além de 10% para cada dependente.

Com a edição da Lei n. 9.528/97, que revogou a Lei n. 9.032/95, o valor mensal da pensão por morte será de 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito de receber se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

Eis a dicção do art 75 da Lei de Benefícios:

“Art 75 O valor mensal da pensão por morte será de 100% (cem por cento) do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquele a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art 33 desta lei”.

A contrário do que ocorre na legislação pátria, iremos verificar que, nos países abordados nesta dissertação, a porcentagem da alíquota da pensão por morte se sujeita ao número de dependentes do segurado falecido ou à idade avançada.

O Brasil é o único caso entre os países estudados neste trabalho em que se percebe pensão por morte com a porcentagem de igual valor ao da aposentadoria, independentemente do número de dependentes do segurado falecido. Entendemos que a porcentagem do valor do benefício pensão por morte deveria variar, na legislação pátria, de acordo com o número de dependentes do falecido.

Um dos temas que mais atormenta a doutrina e a jurisprudência referente à base de cálculo do benefício em estudo é a discussão sobre a possibilidade de revisão do benefício dos beneficiários que obtiveram a pensão por morte em percentual inferior a 100%, pois requereram o mesmo antes da Lei n. 9.032/95.

Parte da doutrina entende constitucional a revisão do benefício concedido anteriormente a Lei n. 9.032/95. De acordo com este entendimento, tendo em vista que o ato jurídico perfeito e o direito adquirido são princípios constitucionais destinados à comunidade, a referida revisão do ato concessório do benefício previdenciário em favor do beneficiário é possível.

Sobre o assunto, o STF após reverter a sua posição inicialmente adotada, entendeu pela inadmissibilidade das revisões das pensões por morte concedidas anteriormente da vigência da Lei n. 9.032/95.Vejamos a seguinte decisão:

EMENTA: Previdência Social. Benefício. Pensão por morte. Aposentadoria por invalidez. Aposentadoria especial. Renda mensal. Valor. Majoração. Aplicação dos arts. 44, 57, § 1º, e 75 da Lei nº 8.213/91, com as alterações da Lei nº 9.032/95, a benefício concedido ou cujos requisitos foram implementados anteriormente ao início de sua vigência. Inadmissibilidade. Violação aos arts. 5º, XXXVI, e 195, § 5º, da CF. Recurso extraordinário provido. Precedentes do Plenário. Os arts. 44, 57, §1º, e 75 da Lei federal nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei nº 9.032/95, não se aplicam aos benefícios cujos requisitos de concessão se tenham aperfeiçoado antes do início de sua vigência.

(RE 558064, Relator: Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 04/09/2007, DJe-112 DIVULG 27-09-2007 PUBLIC 28-09-2007 DJ 28-09-2007)

Para a Corte Constitucional, se o direito ao benefício previdenciário foi adquirido anteriormente ao advento da nova lei, o seu cálculo deve ser realizado de acordo com a legislação vigente à época em que foram atendidos os requisitos necessários, em homenagem ao princípio

tempus regit actum. Ademais, a aplicação da lei nova aos benefícios concedidos antes de sua vigência afronta a regra da contrapartida.

Conforme abordamos no segundo capítulo desta dissertação, a Constituição Federal de 1988 previu em seu art. 195, parágrafo 5o, a regra da contrapartida. Esta regra impede que sejam criadas ou majoradas prestações previdenciárias sem a respectiva fonte de custeio. É indubitável que a aplicação da lei nova aos benefícios concedidos antes da vigência da lei, que instituiu novo cálculo ao benefício previdenciário pensão por morte, afrontaria a regra em comento, em virtude da falta de previsão de custeio.

Em virtude de tais considerações, assiste razão o Supremo Tribunal Federal ao indeferir qualquer interpretação da Lei n. 9.032/95 que impute a aplicação de suas disposições a benefícios de pensão por morte concedidos em momento anterior a sua vigência.

Por derradeiro, cumpre salientar que o valor do benefício previdenciário pensão por morte não pode ser inferior ao salário mínimo nem superior ao maior salário de contribuição vigente. É o que dispõe o art. 33 da Lei n. 8.213/91:

“Art 33 A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor inferior ao salário mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário de contribuição, ressalvado o disposto no artigo 45 desta Lei”.

Quando o valor do benefício previdenciário pensão por morte for fixado em um salário mínimo e houver dois ou mais dependentes, cada um deles receberá valor inferior ao limite mínimo, sendo que neste caso não há que se falar em afronta ao disposto no art. 33 da Lei n. 8213/91 e art. 201, parágrafo 2o, da Constituição Federal.

No documento MESTRADO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO (páginas 89-92)

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