• Nenhum resultado encontrado

Critérios e Parâmetros de Avaliação

3. M ETODOLOGIA

3.1. Fase I – Estudo da Amostra

3.1.1. Critérios e Parâmetros de Avaliação

A avaliação da amostra de estudo, através da construção e análise de tabelas de base estatística descritiva, teve presente a hierarquização de procedimentos, a seleção de critérios e a identificação de parâmetros, descritos de seguida.

Constituintes

Nesta fase inicial foram selecionados os constituintes mais comuns das quintas na área de estudo: a “Casa Principal”, a “Capela”, o “Assento de Lavoura e Anexos”, o “Pombal”, o “Jardim”, o “Pomar”, a “Horta” e a “Mata”.

Esta avaliação tem como propósito identificar as quintas com o maior número de componentes, as quintas aparentemente mais íntegras, as mais autênticas e os tipos mais frequentes.

Sistema Hidráulico

O sistema hidráulico compreende captações / armazenamento, condução /

distribuição, orientados para consumos diversos.3 Pela informação disponível nesta

fase do trabalho apenas foi possível distinguir, para o universo em estudo, as captações e os fins a que estas se destinavam.

1 Cf. Vol. II, Quadro I, II, III, IV, V, VI, pp. 57-80 e Vol. II, Carta 5, p. 133.

2 É importante mencionarmos que a seleção destas 55 quintas foi realizada de acordo com as fontes disponíveis nesta fase do trabalho.

3 Cf. Mário Luís Soares Fortes, A Gestão da Água na Paisagem Romana do Ocidente Peninsular, Santiago de Compostela, Tese de Doutoramento, Universidade de Santiago de Compostela, 2008, p.45-98.

92

Nas captações inclui-se nascentes e furos, sejam verticais como poços ou horizontais como minas. No “Abastecimento / Função” distinguem-se os “Domésticos”, os de

“Rega”, os de “Força Motriz”1 e os de “Estética / Moderador Climático”.

Estado de Conservação

De modo a estudarmos o atual estado de conservação das quintas, foram definidas três categorias diferentes de conservação: “Ruína”, “Degradado / Descaracterizado” e

“Bom Estado de Conservação”.2

O primeiro refere-se, tal como o nome indica, às quintas, que pelo seu abandono, se encontram em ruínas, das quais poucos testemunhos subsistem.

O segundo, por questões de comparação expedita, abrange as quintas degradadas e descaracterizadas. O primeiro refere-se às quintas que não se podem considerar em ruína, mas apresentam patologias óbvias, e o segundo, corresponde às quintas que pelas inúmeras intervenções que foram alvo, ao longo dos tempos, perderam o seu carácter.

Por fim, a categoria de “Bom Estado de Conservação” corresponde às quintas que se encontram preservadas e com manutenção ativa, tanto ao nível dos elementos inertes, como elementos vivos.

Primeira Referência (Conhecida)

É relevante ter consciência da antiguidade das quintas na área em estudo. Para este efeito, tentou-se identificar e registar qual a primeira referência ao imóvel, com base na informação bibliográfica e cartográfica recolhida durante este trabalho.

Pela escassez de informação optámos por registar de forma genérica em três

períodos: XIX, XVIII e ≤ XVII.3

Cronologia das Intervenções

Um imóvel não permanece imutável ao longo dos tempos, pelo que urge documentar os períodos marcantes na história das quintas, seja a construção, as alterações, o abandono e até mesmo a demolição. Nesta fase, e sem atender a correntes estilísticas

1 Que contempla aos de feição pré-industrial, neste caso os moinhos de maré.

2 É importante referimos que esta avaliação foi realizada pela bibliografia e cartografia, pelas fotografias áreas e pelas fotografias, podendo originar alguma discrepância com o efetivo estado da amostra.

3 É importante mencionarmos que temos plena consciência que a época atribuída a cada quinta, pode não corresponder à sua origem de construção, isto deve-se sobretudo há falta de fontes para a área em estudo.

93 dominantes, optámos por registar apenas os períodos de significâncias mais relevantes para cada quinta.

A análise teve presente a inscrição de eventos documentados ou confirmados fotograficamente em quatro períodos: XX, XIX, XVIII e ≤ XVII.

Ordens Religiosas (Afetação e Cadastro)

As Ordens Religiosas foram detentoras de vastas áreas na “Margem Sul do Tejo”. O regime de exploração tanto podia ser direto como indireto através de contratos de arrendatários ou de enfiteutas, estruturando a paisagem em torno de diversas unidades. Acresce-se que após a extinção das ordens foram muitos os novos proprietários que reordenaram e criaram quintas. Assim é relevante identificar quais foram as quintas que pertenceram a antigas ordens religiosas.

Classificação

A legislação Portuguesa contempla as seguintes categorias e os seguintes graus: os “bens imóveis podem pertencer às categorias de monumento, conjunto ou sítio”, e “podem ser classificados como de interesse nacional, de interesse público ou de

interesse municipal”.1

Dentro da amostra pretende-se distinguir os imóveis classificados, dependentes da tutela do património dos restantes, os não abrangidos por classificação alguma e os dependentes de classificação municipal.

A contabilização das quintas classificadas dentro da amostra poderá suportar algumas ilações quanto ao reconhecimento dos valores culturais presentes na “Outra Banda”, ao nível de salvaguarda do património local, da proteção das quintas com valor patrimonial, entre outros.

Ligações Viárias e Fluviais

Até 1966, o rio era a ligação mais rápida entre a “Outra Banda” e a capital. Consequentemente, o transporte de pessoas e bens, nomeadamente o escoamento

de produtos era feito desta forma.2

Os povoados que partilhavam alguns dos seus limites com o Tejo e com os esteiros, eram todos providos de cais ou portos de dimensão variada, em função da relevância

1 Lei n.º 107/2001 de 8 de Setembro, in Diário da República n.º 209 – 1ª Série – A, disponível em:

https://dre.pt/pesquisa/-/search/629790/details/maximized.

2 Cf. Orlando Ribeiro, Introduções Geográfica à História de Portugal, Estudo Crítico, Lisboa, Impressa Nacional Casa da Moeda, 1977, pp.106-107.

94

do aglomerado e da proximidade à capital, e recebiam embarcações a remos, barcos de alguma dimensão, a vela e a vapor, e mais recentemente por embarcações impulsionadas por motores. Muitas destas estruturas desapareceram, por serem construídas com materiais precários, como madeiras, outras, ainda estão reconhecíveis, por possuírem materiais mais duradouros.

Muitas quintas da “Margem Esquerda do Tejo”, que se implantaram nas margens das linhas de água, também dispunham destas estruturas denunciando a relevância no transporte de pessoas e bens. Na “Carta Topographica Militar do Terreno da

Península de Setúbal” de 1813-1816, esta realidade está bem visível.1 Pela toponímia

nota-se que algumas quintas, situadas nas margens dos rios, eram providas por

portos, como o “Porto de Buxos”, na Quinta de Buxos2, concelho de Almada, e o “Porto

de Palença”, na Quinta de São Lourenço, concelho de Almada. Efetivamente, o destaque vai para esta frente ribeirinha, Trafaria – Cacilhas, pois a proximidade geográfica à capital, ditou que o número de portos, associados a quintas, bem como aos povoados, fosse muito mais denso aqui.

Também as principais vias de ligação da capital para o sul do país passavam pela “Margem Sul do Tejo”. Cacilhas e Aldeia Galega são exemplos disso, pois faziam a

ligação “fluvioterrestre”3. Os barcos, depois de saírem de lisboa, ancoravam nestes

portos e as pessoas e bens materiais, seguiam depois via terrestre em direção ao sul do país. Cacilhas fazia a ligação até o Cabo Espichel e Aldeia Galega era “a porta de

entrada do Alentejo”4.

O estudo das acessibilidades nas quintas afigura-se como relevante, possibilitando a distinção das mais próximas e rápidas por via fluvial e das consideradas mais isoladas no passado, pela lentidão dos meios terrestres.

Contexto

Quanto ao contexto em que se inserem as quintas, foram definidas três categorias: “Rural”, “Periurbano” e “Urbano”. O primeiro corresponde às quintas que se inserem em contextos marcadamente agrícolas e florestais. O segundo corresponde a zonas

1 Cf. Marquês de Campo Maior, José Maria das Neves Costa, Carta Topographica Militar do Terreno da Península de Setúbal, 1813-1816. .

2 V. Vol. II, Quadro I, p.59.

3 Duarte Belo, José Mattoso, Suzanne Daveau, Portugal, o Sabor da Terra, Um Retrato Histórico e Geográfico por Regiões, Lisboa, Temas e Debates Círculo de Leitores, 2010, p.522.

4 Orlando Ribeiro, Introduções Geográfica à História de Portugal, Estudo Crítico, Lisboa, Impressa Nacional Casa da Moeda, 1977, pp.106-107.

95 de transição geralmente marcadas pela entropia. O último, refere-se às quintas integradas em contextos urbanos.

Exposição Solar

Foram consideradas as exposições: “Norte”, “Sul”, “Este” e “Oeste”, bem como o “Sem Exposição Dominante”, sendo que esta última abrange as quintas com exposições múltiplas não dominantes ou planas.

A quantificação da exposição é relevante para a compreensão da radiação incidente, da produção e da amenidade local ou conforto ambiental.