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Por objetivar analisar o nível de sustentabilidade de empresas de cerâmica vermelha do estado da Paraíba, a presente pesquisa contou com o método de estudo de múltiplos casos, selecionando indústrias que estivessem com suas instalações fabris localizadas próximas aos grandes centros comerciais de produtos cerâmicos (precisamente a um raio de 250 km), como as cidades de João Pessoa, Campina Grande, Recife e Natal. Neste sentido, optou-se por restringir o escopo deste estudo, limitando a pesquisa de campo às mesorregiões da zona da mata e agreste paraibanos, devido à maior concentração de bacias sedimentares paraibanas, portadoras de depósitos de argila para uso na indústria de cerâmica. Devido a esse fato, são nessas regiões onde se concentram as indústrias cerâmicas de maior porte e com melhor estrutura (INT, 2012).

Um dos critérios utilizados para a seleção desse primeiro polo cerâmico foi a acessibilidade do pesquisador às empresas, que foi incentivada pelo Sindicato da Indústria de Cerâmica Vermelha da Paraíba (SINDICER/PB), que possibilitou um primeiro contato com as cerâmicas, apresentando a intenção de pesquisa. As empresas pesquisadas são denominadas de Empresa A, Empresa B, e Empresa C. As empresas estão distribuídas no Litoral Norte, na microrregião de Itabaiana e na microrregião de Guarabira, conforme disposto na Figura 4.

Buscando analisar cerâmicas de realidades distintas, utilizou-se também outros critérios de seleção dos casos: (1) a localização das cerâmicas (acima descrita); (2) o número

de funcionários; (3) a área ocupada pelas instalações da fábrica e pelas jazidas de argila; (4) o volume de produção de peças cerâmicas no último ano de registro; (5) a origem dos insumos de produção, especificamente da argila (matéria-prima) e do combustível calorífico utilizado e (6) os mercados de comercialização das peças cerâmicas produzidas. Ainda, a tecnologia empregada no processo produtivo, especialmente no que concerne ao tipo de secador e do forno utilizado, foi levada em consideração nas observações das visitas realizadas.

Figura 4 - Mapa das mesorregiões da Zona da Mata e do Agreste da Paraíba.

Fonte: Andrade Neto (2008).

A necessidade de se investigar cerâmicas de diferentes volumes de produção, de porte, localização, bem como de tamanho da propriedade se justifica a partir do momento que Callado (2010) propõe um modelo que seja aplicável em diferentes contextos, com empresas de características diferentes, pertencentes a um mesmo setor ou não. Aliado a isso, existem indícios de que quanto maior o porte e o grau de formalização das indústrias de cerâmica vermelha, maior o nível de sustentabilidade ambiental e social das empresas (GRIGOLETTI, SATTLER, 2003), aspecto esse que estimula a investigação por parte do pesquisador.

O critério utilizado para classificação do porte das empresas baseou-se no número de funcionários empregados na indústria, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir dos dados representados na Tabela 3 abaixo:

Tabela 3 - Classificação do porte de acordo com o número de funcionários

Número de Funcionários Porte considerado da indústria

Até 19 (dezenove) empregados Micro indústria

De 20 (vinte) a 99 (noventa e nove) empregados Pequena indústria De 100 (cem) a 499 (quatrocentos e noventa e nove) empregados Média indústria Acima de 499 (quatrocentos e noventa e nove) empregados Grande indústria

A seguir, apresenta-se uma descrição de cada uma das empresas consideradas:

Empresa A

A Empresa A possui estrutura societária de capital fechado, sendo distribuído entre dois sócios, sendo a administração da empresa de cunho familiar. A empresa investe na fabricação de Tijolos de vedação de 08 furos, representando 44% da produção total, bem como na produção de Blocos Estruturais, com 40% de participação. Os outros produtos fabricados são os Blocos de Laje, representando 15% da produção, e Blocos especiais feitos sob encomenda, com 1% de participação. A empresa não permitiu a divulgação do volume total de peças produzidas no ultimo ano, por considerar essa informação estratégica para o desenvolvimento do negócio. A propriedade da fábrica tem quatro hectares. A empresa informou o número de funcionários para fins de classificação de porte, mas também não permitiu sua divulgação.

Para produção das peças cerâmicas, a empresa dispõe de parte dos insumos que utiliza, como a argila, sendo extraída da própria propriedade, e adquire parte dos insumos de outros produtores, como é o caso do recurso calorífico lenha, utilizado no processo de cozimento dos blocos cerâmicos. Os mercados de destino dos produtos compreendem a faixa litorânea dos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, principalmente nas capitais (João Pessoa, Natal e Recife), bem como na cidade de Porto de Galinhas, em Pernambuco.

Empresa B

A segunda empresa apresentada possui estrutura societária do tipo capital fechado, sendo este distribuído entre três sócios. A administração é familiar, tendo o envolvimento direto dos proprietários no planejamento, organização, execução e direção da empresa. A organização produziu no último ano 9.000.000 de peças cerâmicas, tendo foco predominante na fabricação de Blocos de Vedação (Tijolos), representando 70% da produção total, seguido por Blocos Estruturais (15% da produção), Blocos especiais (10%) e Lajotas (5%). A empresa conta com a colaboração de cerca de 40 empregados, sua propriedade possui uma área de 36 hectares, e a planta industrial ocupa uma área de 11.000 metros quadrados.

Esta cerâmica produz parte dos insumos que utiliza no processo produtivo, como a argila, que retira da própria propriedade, nos arredores da planta industrial, e também adquire lenha de fornecedores. Os mercados onde são comercializados seus produtos são a

capital paraibana (João Pessoa), representando 50% de todo escoamento, e as cidades interioranas circunvizinhas à unidade produtiva, com os outros 50%.

Cabe ressaltar que atualmente a Empresa B passa por um processo de reforma de seu sistema produtivo, com modificações no layout da fábrica, finalização da construção de um novo secador, e manutenção de recém construído forno industrial. Ao término dessas modificações, o gestor da empresa afirmou que a produtividade da cerâmica irá aumentar na ordem de 60%.

Empresa C

A terceira empresa é caracterizada como sendo de capital fechado, de sociedade por quotas com responsabilidade limitada (LTDA), cuja administração é de cunho familiar. A empresa destina 85% (oitenta e cinco por cento) de sua produção na fabricação de tijolos para vedação, 5% (cinco por cento) em blocos estruturais, e 10% (dez por cento) na fabricação de blocos lajotas, produzindo no último ano o equivalente a 1.200.000 (um milhão e duzentas mil) peças cerâmicas. A cerâmica emprega cerca de 68 (sessenta e oito) funcionários, e possui uma propriedade de 08 (oito) hectares.

Em relação à atuação da empresa na produção das peças cerâmicas, esta produz parte dos insumos que utiliza, notadamente a argila extraída da propriedade, e adquire lenha do próprio estado como combustível calorífico para a queima das peças. Os mercados de destino dos produtos da Empresa C estão limitados a um raio de 100 km da fábrica, notadamente os grandes centros como João Pessoa e Campina Grande, e cidades circunvizinhas à fábrica.