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4.1 ESCORES PARCIAIS DE SUSTENTABILIDADE (EPS)

4.1.1 Escore Parcial de Sustentabilidade da dimensão ambiental (EPS A )

4.1.1.2 Empresa B

A Empresa B apresentou desempenho superior em 07 (sete) dos 19 (dezenove) indicadores de sustentabilidade ambiental pesquisados, dentre os quais destacam-se: (1) a não produção de resíduos tóxicos; (2) as práticas associadas à redução de emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos; (3) a não geração de danos às águas de superfície por suas atividades de produção; (4) nenhuma ocorrência de instauração de processos ambientais; (5) a não ocorrência de acidentes ambientais no último ano; (6) o desenvolvimento de tecnologias equilibradas com o meio ambiente e; (7) o uso de fontes predominantemente renováveis.

Não há a geração de resíduos tóxicos nas atividades produtivas da Empresa B, visto que o processo em si é considerado limpo, com exceção da emissão de gazes provenientes da frota de caminhões utilizados para entrega das mercadorias. O Gestor da Empresa B ressaltou que a emissão gerada pela queima da lenha no processo de cozimento das peças cerâmicas gera CO2, mas que, devido à localização das instalações da fábrica ser em

zona rural, e o meio ambiente ao redor da mesma possuir mata nativa e plantações de eucalipto provenientes de reflorestamento, este gás é absorvido.

Em relação às ações realizadas para diminuição dos resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, a Empresa B possui filtros específicos instalados nas chaminés da fábrica, visando à diminuição da emissão dos gases provenientes da queima da lenha para cozimento das peças cerâmicas. Outro fator que deve ser levado em consideração é que a própria eficiência do sistema produtivo é um fator que leva à redução de resíduos sólidos, no momento que evita maiores perdas de peças cerâmicas.

O gestor da Empresa B comenta que o aproveitamento do calor do forno pelas câmaras secadoras da empresa reduz a probabilidade de perda das peças, uma vez que estas são secadas de maneira mais eficiente, evitando sua deformação no processo de queima. Ademais, o próprio controle da temperatura dos fornos, através de termopares, evita o surgimento de trincas pela queima excessiva, o que proporciona menos perdas. O raciocínio do gestor está condizente com o preconizado pelas Boas Práticas Ambientais, presente no Guia Técnico Ambiental da Indústria de Cerâmica Vermelha (FIEMG, 2013).

O gestor da empresa afirmou que, em face às práticas adotadas, bem como pela natureza da atividade produtiva da cerâmica, não há geração de danos às águas de superfície. A única atividade que foi vislumbrada como possivelmente ameaçadora às águas de superfície está relacionada à parte sanitária da empresa, mas foi totalmente descartada, visto que a Empresa B possui fossa séptica em local apropriado.

No tocante a processos decorrentes de infrações ambientais, o gestor da Empresa B afirmou que atualmente não há nenhum processo instaurado. Entretanto, o gestor comentou que há mais de cinco anos houve a instauração de um processo ambiental devido à utilização de mata nativa no processo de queima das peças cerâmicas, mas que o mesmo já foi extinto, tendo a cerâmica cumprido a condenação imposta. Ainda em relação a sinistros ambientais, não houve nenhum registro de acidentes relacionados ao meio ambiente no último ano.

Por fim, outro indicador que obteve desempenho superior foi o relativo ao desenvolvimento de tecnologias equilibradas. O gestor da empresa B afirmou que eles adquiriram tanto tecnologias desenvolvidas por outras empresas, como é o caso do novo forno do tipo túnel, que possui uma maior eficiência energética do que os outros, implicando em menos consumo de lenha, bem como o desenvolvimento de tecnologias próprias, como é o caso do caixão alimentador e do misturador da massa argilosa. A otimização da alimentação da mistura no caixão alimentador permite uma redução de custos com energia e água e, além disso, reduz a quantidade de resíduos provenientes de problemas de deformações e trincas no produto final.

Há de se ressaltar o desempenho intermediário em relação aos indicadores de sustentabilidade ambiental (1) avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio, (2) reciclagem e reutilização de materiais sólidos e (3) qualidade do solo.

Em relação às ações realizadas para reciclagem e reutilização de materiais sólidos, a Empresa B afirma que realiza a coleta das peças deformadas, quebradas, estocando-as em local delimitado, para que sejam utilizadas como metralha. A metralha é útil para possibilitar o aterramento de áreas que estão desniveladas devido à diversos fatores, como a própria erosão natural. Um exemplo comum é o nivelamento das vias de acesso à empresa, onde a metralha é utilizada para tapar buracos, bem como no nivelamento dos pisos de casas circunvizinhas. Resíduos líquidos como óleos lubrificantes das máquinas, veículos e equipamentos são condicionados em recipientes que são conduzidos a entidades que realizam a reciclagem ou o descarte apropriado desses óleos.

A questão relacionada à avaliação de aspectos e impactos ambientais do negócio é encarada com foco principalmente na exploração das jazidas de argila. O gestor da Empresa B afirmou que o processo de extração de argila é planejado de acordo com o melhor posicionamento indicado por estudo de mapeamento da jazida, realizado por um engenheiro de minas contratado, que fica responsável pelo processo de licenciamento ambiental para regularização da atividade junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral. As ações desenvolvidas para mitigar os impactos relativos à extração de argila são concebidas desde o planejamento da exploração, onde a atividade é direcionada à formação final de barreiros e açudes, que servirão de reservatórios de água para a empresa e para as comunidades vizinhas.

A gestão da qualidade do solo está intimamente ligada com a avaliação de impactos ambientais do negócio, no momento que as providências tomadas estão relacionadas ao planejamento da extração e gestão da lavra.

Os indicadores de sustentabilidade ambiental que apresentaram desempenho inferior estão relacionados ao treinamento, educação e capacitação dos funcionários em aspectos ambientais, à pesquisa dos ciclos de vida de seus produtos, a certificação ISO 14.001, à quantidade de combustível fóssil utilizada por ano, à reciclagem e reutilização da água, e também relacionado ao consumo de energia elétrica.

Não há treinamento, educação e capacitação em aspectos ambientais na Empresa B. O que há é uma orientação acerca dos impactos que determinada atitude pode ocasionar ao meio ambiente, embora a questão da própria educação doméstica influencie nas ações praticadas pelos funcionários. “A gente busca orientar, instruir como se portar em relação ao

meio ambiente, até mesmo no que diz respeito ao recolhimento de um papel ou embalagem de algum alimento, mas os funcionários até acham cômico”, desabafa o gestor da Empresa B.

No que diz respeito ao desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao ciclo de vida dos produtos cerâmicos, o gestor da Empresa B afirma que não as realiza, face ao trabalho que a própria ANICER faz: “A ANICER já nos disponibiliza várias pesquisas em relação ao ciclo de vida dos produtos cerâmicos, e até a APICER (Associação Portuguesa da Indústria de Cerâmica) também tem estudos nesse sentido”.

Em relação à certificação ISO 14.001, o gestor da Empresa B afirma que não descarta sua aquisição no futuro, mas que no momento busca adquirir outra certificação, como é o caso do selo de qualidade do Programa Setorial da Qualidade (PSQ). “Primeiro nós temos que fazer o básico. Contratamos a ANICER para realizar uma consultoria aqui na empresa para nos mostrar o que nós temos que melhorar para implementar as diretrizes do Programa Setorial da Qualidade”, afirma o gestor da Empresa B.

No tocante ao consumo de energia elétrica e na quantidade de combustíveis fósseis utilizados no ano, a Empresa B apresentou também um desempenho inferior por ter aumentado o consumo. Esse aumento decorreu do crescimento da produção de peças cerâmicas, mesmo com investimentos em maquinas (como a extrusora) e equipamentos mais modernos, com maior eficiência energética. Contudo, o fato da Empresa B ter construído um secador automatizado, bem como o forno tipo túnel, contribuíram em grande parte para esse aumento. A utilização de combustível fóssil cresceu pela incorporação de novos veículos na frota da empresa destinada ao frete dos produtos.

Por fim, a Empresa B não realiza a reciclagem e reutilização da água. “Não tem como”, afirma o gestor da empresa, alegando que toda água utilizada no processo produtivo é evaporada. No entanto, o gestor cogita a possibilidade de construção de cisternas para armazenamento de água da chuva para uso nas instalações da fábrica.